O relógio marcava sete horas e meus pais ainda não haviam chegado, preparei o jantar, Julia e eu acabávamos de comer quando ouvi estacionarem o carro em frente à casa.

___Eles chagaram! Exclamou Julia pondo se de pé indo apressada em direção à porta da frente, recolhi os pratos da mesa levando para pia e não demorou adentraram na cozinha.

___Olha preparou o jantar. Comentou minha mão enquanto mexia no fogão.

___Jura nem percebi. Respondi irônico secando minhas mãos ______... se não precisam mais dos meus serviços de baba e de cozinheiro vou para meu quarto. Disse por fim indo em direção as escadas sendo impedido.

___Espera um pouco, seu pai e eu temos que falar com você e Julia. Disse indicando para que me sentasse a mesa onde os demais já estavam.

___Então oque é. Perguntei me sentando sem muita vontade.

___Seu pai e eu conversamos muito, e decidi que vou voltar a trabalhar, Julia já esta grandinha e você pode tomar conta dela. Contou, Julia me olhava acho que sem entender bem oque ocorria.

____Oque vocês fizeram o dia inteiro. Perguntei.

____Quero reabrir minha empresa de paisagismo por isso fui comprar alguns matérias e ver alguns galpões. Respondeu animada antes de perguntar___... Mas então oque acha?

___Bem se já compraram material, arrumaram todo o necessário, não acho que minha opinião mudaria muita coisa, mas obrigada por me deixar participar das decisões da família. Disse sarcástico me levantando ______... eu coloco a Julia na cama. Avisei por fim pegando a no colo antes de sair.

Minha mãe era uma boa paisagista, com sua pequena empresa tendo feito trabalhos para algumas famílias bem importantes, vindo dessa convivência muito de sua mania de grandeza, mas quando minha irmã nasceu largou tudo para cuidar dela, sendo que em seis anos o tempo que ficam separadas não passa de algumas horas, consequentemente quem mais sofreria com essa historia seria Julia.

____Mamãe vai trabalhar que nem o papai. Perguntou enquanto pegava seu pijama no guarda roupa.

____Sim. Respondi, ela então pensando por alguns segundos.

____Quem vai cuidar de mim. Perguntou com os olhinhos arregalados.

____Eu, não acha que vai ser divertido. Respondi ajudando a colocar o pijama.

____Não, eu te amo, mas você é chato. Afirmou tristonha, sua sinceridade me fazendo rir.

___Eu sou chato? Perguntei ainda rindo.

___É, mas nem sempre. Disse enquanto subia na cama.

___Então quando eu sou legal? Perguntei curioso por sua resposta.

___Quando pega o pote de doce em cima da geladeira onde eu não alcanço, quando me dá dinheiro, quando me faz cosquinha, quando eu quebro as coisa e você diz pa mamãe que foi você pa ela não briga comigo e quando vem de noite espanta o monstro de baixo da minha cama. Respondeu contando nos dedos cada vez, bocejando entre uma palavra e outra.

___Vou me lembrar disso, agora dorme. Disse antes de me levantar e sair do quarto, era incrível como aquela criaturinha de meio metro conseguia realmente me divertir.

Logo pela manhã, já havia movimento em casa, me preparei para o colégio com minha usual “animação”.

___Estou saindo. Avisei indo em direção à porta.

___Não vai tomar café? Minha mão perguntou da cozinha.

___Acho que a frase “estou saindo” já responde essa pergunta. Disse cruzando a porta, podendo ouvir minha mãe gritar por fim para eu que buscasse Julia na escola.

Fiz um caminho lento e enfadonho até o colégio ouvindo meu ipod como distração não muito eficaz.

Entrei na sala, sentei-me em minha carteira, mas para minha surpresa Patrícia não estando lá, e a aula começou sem que houvesse aparecido.

___Pessoal, vou dar um trabalho, para vocês então formem duplas. Disse Marcia professora de Historia à sala assim entrando em movimento.

___Pither você também. Prosseguiu chamando minha atenção, pois permanecia parado sentado sobre minha mesa.

____Faço individualmente. Respondi desmotivado.

____Seus trabalhos em geral são notáveis, mas valorizo muito a habilidade de se trabalhar em equipe, antes permiti que fizesse sozinho porque tínhamos um numero impar de alunos oque não é mais o caso, então arrume uma dupla. Intimou autoritária, eu revirando os olhos em resposta, antes que ela continuasse ___Tem três alunos que não vieram e estão sem par, Tainara, Fernando, e Patrícia, escolha um. Concluiu após olhar em sua lista de presença.

Pensei por um segundo considerando minhas possibilidades.

Possibilidade um: fazer com Thainara, a ruminante, garota ruiva que masca chiclete de boca aberta e emite sons ao fazer isso.

Possibilidade dois: Fazer com Fernando, o egocêntrico, cara moreno que se olha no espelho de cinco em cinco minutos e fala de si mesmo na terceira pessoa.

Possibilidade trez: fazer com Patricia, a tagarela, garota loira com voz de taquara e capacidade congnitiva reduzida. Ouviu se o som na porta a professora mandando que alguém entrasse, eu sem olhar quem era comprenetrado em minha “difícil” escolha.

____Faço com a Patrícia. Decidi após um suspiro, um barulho de algo caindo ao meu lado me chamando a atenção.

____Oi. Disse Patrícia da qual não tinha notado a chegada, após pegar sua garrafa d’agua que havia derrubado no chão, sentando se logo em seguida me lançando um olhar estranho.

____Bom agora com as duplas formadas vou passar na lousa o que vocês tem de fazer. Disse a professora retomando a atenção para si antes de se virar e começar a escrever no quadro.

____Pensei que não viesse. Comentei em desanimo por sua presença, mas acho que ela não entendeu, pois abriu um sorriso ao me ouvir.

____Tinha que entregar alguns documentos na secretaria, encontrei a professora no corredor e ela me deu permissão. Explicou se ainda sorrindo, eu nesse momento não lhe dando mais atenção. Se comentasse mais alguma coisa seria como jogar gasolina no fogo e ela dificilmente calaria a boca.

O restante das aulas passaram lentas e maçantes até o sinal anunciar a saída, já passava a gostar desse som. Acabava de cruzar portão a fora quando alguém me chamou logo em seguida segurando meu braço.

____Espera Pither a gente tem que falar sobre o trabalho você podia ir lá em casa hoje. Disse Patrícia desenfreada, enquanto começávamos a andar.

___Hoje não dá tenho que pegar minha irmãzinha na escola. Expliquei soltando meu braço, que por algum motivo ela ainda segurava.

_____Eu queria ter uma irmãzinha, mas sou a caçula então... Começou a tagarelar desenfreada, enquanto me perguntava como ela conseguia respirar se não parava por um segundo pra puxar ar, quando por fim disse algo que fazia algum sentido eu ouvir ___... Te dou uma carona, a gente pega sua irmã e ela vai junto com a gente até minha casa. Ofereceu apontando para o carro preto que já estava a sua espera.

___Tá. Concordei querendo acabar logo com aquilo.

(...)

___Quem é essa? Perguntou Julia ao se deparar com Patrícia.

___Patrícia ela foi à minha festa de aniversario lembra. Respondi pegando sua mão guiando a para fora da escola.

___Oi lindinha tudo bem. Cumprimentou Patrícia sendo simpática, enquanto Julia lhe olhava curiosa, entramos no carro e não demorou Julia e Patrícia já brincavam se dando bem, talvez por terem a idade mental semelhante.

Seguimos de carro por alguns minutos ate pararmos em frente a um grande portão de ferro que lentamente se abriu para entrarmos deparando-nos com um jardim enorme e uma casa imensa ao fundo.

___Você morra em um castelo! Exclamou Julia em quanto descíamos do carro em frente à casa, Patrícia apenas rindo do comentário.

___Olá, vejo que trouxe visitas. Disse uma senhora de baixa estatura cabelos escuros pele negra, e sorriso amigável.

___Sim Nana esses são Pither e sua irmã Julia. Apresentou, cumprimentamos a senhora antes de Patrícia continuar ______... Essa e Fernanda ou Nana, ela foi minha baba desde que era um bebe então e como uma segunda mãe para mim. Explicou agarrando se ao braço da senhora, que ainda sustentava o sorriso. ___Temos que fazer um trabalho escolar a senhora poderia cuidar da Julia enquanto fazemos. Perguntou, a senhora que assentiu esticando a mão para Julia, que me lançou um olhar receoso.

___Pode ir esta tudo bem. Disse abaixando-me para ficar na sua altura, ela então segurando a mão de Nana olhando algumas vezes para traz enquanto era guiava para outra sala.

___Vem comigo podemos ficar na sala de estar. Disse Patrícia chamando minha atenção, eu então a seguindo até a uma sala enorme.

___Por onde quer começar. Perguntei conformado enquanto sentava no sofá retirando meus cadernos da mochila.

___Você e sua irmãzinha se dão bem, você parece diferente quando fala com ela. Comentou ignorando minha pergunta, mas perante minha falta de resposta continuou___... Antes que me esqueça, queria agradecer por me escolher para fazer o trabalho com você. Disse por fim abaixando o olhar.

___Não leve isso muito a serio. Alertei, considerando sua atitude estranha.

___Como não, isso prova que apesar de tudo você gosta de mim, pois podia ter escolhido qualquer outra garota. Afirmou abrindo um sorriso corando ao terminar a frase, eu acho que entendendo sua insinuação.

____Escuta bem, não gosto de você nem de nenhuma outra garota do colégio. Disse para que se desiludisse, sobre suas ideias estranhas, e por um minuto achei ter funcionado.

____Nossa só agora eu entendi. Exclamou fazendo uma expressão estranha, levando uma das mãos à boca.

___Entendeu oque? Perguntei confuso.

____Bem você usa maquiagem, pinta as unhas, suas calças são bem apertadas e acabou de dizer que não gosta de garotas... mas nada contra. Insinuou pondo as mãos em frente ao corpo em sinal de inocência.

___Eu não sou gay. Afirmei quase com um grito quando entendi oque aquela jumenta queria dizer, em todos os momentos que a achei uma idiota aquele realmente merecia um premio.

___Me desculpa não... e .Começou vacilante tentando se desculpar

___Por favor, não fala mais nada, vamos começar esse trabalho para que eu possa ir embora logo. Pedi sem acreditar naquela situação.

Começamos o trabalho, eu me atendo a falar o necessário, algum tempo depois Estela entrando na sala.

___Oi Pither por acaso veio me ver. Perguntou ignorando completamente a presença da irmã enquanto sentava se ao meu lado, dando sem meu consentimento um beijo no meu rosto.

____Não. Respondi tirando seu braço que estava sobre meu ombro, considerando sua atitude invasiva, não gosto que toquem em mim e meu humor também não estava dos melhores.

____Estamos ocupados. Patrícia avisou para que a irmã saísse, mas Estela não parecia ter a menor intenção de fazê-lo, interrompendo a todo o momento falando sobre assuntos dispersos, Patrícia a repreendendo, ambas entrando em uma espécie de guerrinha de provocação eu estando bem no meio, deixei minha cabeça cair para trás sobre as costas do sofá já deduzindo que não sairia tão cedo daquela casa.