Somebody that I Used To Know . escrita por Brigit Rausing


Capítulo 7
Elastic Love


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. *-*



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Professora: boa tarde.

Todos: boa tarde.

Professora: iniciaremos a aula de hoje com cada aluno falando um pequeno trecho de seu livro. Quem não ler, vai perder 4 pontos. Quem se habilita?

Désiree: eu!

Professora: muito bem, turma silêncio.

Dési foi pra frente da sala, se concentrou e falou.

Désiree: esse trecho é do livro é Romeo e Julieta, foi escrito na Inglaterra por William Shakespeare. “Amor é uma fumaça que se eleve com o vapor dos suspiros; purgado, é o fogo que cintila nos olhos dos amantes; frustrado, é o oceano nutrido de lágrima desses amante. O que mais é amor? A mais discreta das loucuras, fel que sufoca, doçura que preserva.”

*Aplausos*

Professora: agora, precisamos de mais um voluntário. Quem se habilita?

Jon: eu.

Que filho da puta, vai dar uma de sabichão, metido a nerd, lendo porcaria de verso do livro que a idiota aqui pegou pra ele com “peninha” que ele ficasse sem nota. Antes ele se fudesse sozinho.

Jon: é... esse trecho eu vou, dedicar a alguém aqui da sala que eu conheci... quer dizer, reconheci a poucos dias porque... ela sempre esteve muito presente na minha vida e no passado eu a magoei muito. Eu acho que ela já sabe quem é (riso) mas, eu queria que soubesse de um jeito mais claro, através desses versos, tudo o que eu sinto. “O pensamento assim nos acovarda, e assim é que se cobre a tez normal da decisão com o tom pálido e enfermo da melancolia; e desde que nos prendam tais cogitações, empresas de alto escopo e que bem alto planam, desviam-se e cessam até mesmo de se chamar ação.”

*Aplausos*

Professora: muito bem Jon, meus parabéns. Qual o nome do livro?

Jon: Hamlet, professora, será que eu podia citar só mais um verso?

Professora: se a turma concorda.

Todos: é Jon, vai lá.

...: vai lá garanhão!

Jon: certo. Esse vai pra a mesma pessoa, e esse verso retrata tudo o que eu quero dizer mas... não tenho, coragem.

Ele parou na sala, adiante-se de mim com os olhos verdes esmeralda se aprofundando cada vez mais a medida que me olhava, ajoelhou-se na minha frente e começou a recitar.

Jon: “Duvida da luz, dos astros, de que o Sol tenha calor, duvida até da verdade, mas confia no meu amor.”

Pois é, nesse momento eu e o tomate viramos gêmeos. Todos da sala aplaudio e teve ainda alguns que ficaram de pé. Pelo canto do olho dava pra ver que Dési me olhava, aliás, todos me olhavam, mas eu estava presa em seu olhar. Sim, a cada respiração uma dor emergia não sei da onde, e seguia ao meu peito, me afetando com o veneno. Sim, o veneno que o amor tem. Mas não pode ser assim, não pode. Ele me fez ir pra uma clínica de reabilitação, passar por todo aquele sofrimento e agora vem com declarações de amor. Honestamente, eu acho melhor manter distância dele, o quanto maior melhor. Eu me nego assentir qualquer coisa, me restrinjo de sentir qualquer sentimento, prefiro não sentir nada, me tornar um cubo de gelo. Me senti como Ícaro chegando perto do Sol por pura vaidade e ter as suas asas de cera derretida. Mas desta vez, eu sou Ícaro, e ele é o Sol. Não quero perder as minhas asas.

Ele se levantou e foi sentar na sua cadeira. Eu fiquei imóvel, e daí eu percebi que estava prendendo a respiração. Pude sentir pelas costas seus amigos dando-lhe tapinhas de “parabéns” como se o que ele fizesse foi algo bonito, legal e agradável para todos.

Eu não estava conseguindo respirar e um nó se formou em minha garganta. Não, aqui não.

Désiree: Sophie? Sophie, você está bem?

Eu não consegui me segurar e a ardência dos meus olhos foi se derretendo formando pequenas poças no canto, e levemente transbordando. Me levantei as pressas, abri a porta com o braço no rosto, ninguém podia me ver chorar. Fui correndo pelo corredor até que cheguei no banheiro, estava vazio. Entrei e fechei a porta e aí sim, eu me derreti em lágrimas, não de amor, e sim de dor. Tudo o que eu sentia... parece que tudo que todos esses anos escondeu, decidiu me mostrar agora. Chorei sentada perto da privada, escondida num canto, com os joelhos flexionados para que eu possa colocar meus dois braços e apoiar a minha cabeça, a cada soluço um flashback de tudo o que eu já vivi. Dizem que quando se está perto do fim, começa-se a lembrar do começo. De quando eu o vi pela primeira vez no jantar, do beijo na minha mão, da minha queda da árvore, da sensação de quando eu montei em Esmeralda e o deixei sozinho na cachoeira, da vez em que eu o achei cuidado da minha égua no estábulo, quando ele montou em Black, da nossa cavalgada, das vezes que ele me pediu desculpas, da formatura... de tudo. É tudo doloroso. Ele não é aquilo que eu pensei que tinha se tornado. Três dias, apenas três dias e tudo isso aconteceu, estou sobrecarregada de informações e sentimentos mas eu não posso demonstrar fraqueza agora. Falta apenas 2 meses pra o fim do ciclo escolar e tentar fazer alguma faculdade de Direito em Mullingar ou nos E.U.A, tenho que tentar, eu vou tentar. Abrindo a porta, me dei de cara com uma menina no espelho de olhos azuis, cabelos lisos e negros no comprimento da cintura e pálida. Seus olhos estão vermelhos e seu nariz rosado. Essa sou eu. Lavei meu rosto com água gelada da pia, prendi meu cabelo num rabo de cavalo com um elástico que eu sempre tenho no bolso, molhei um pouco a parte da frente pra acalmar os fios rebeldes, molhei a minha boca seca com um gloss rosado e sai. O sinal tocou para o fim da aula de Literatura e eu voltei pra sala, mas a professora ainda estava dando aula. Abri a maçaneta delicadamente.

Professora: Oh! Olá Sophie.

Sophie: oi.

Professora: porque você saio tão repentinamente da sala?

Eu fitei a sala, e todos estavam me olhando silenciosamente. Jon estava sentado lá atrás dessa vez, lendo alguma coisa e quando notou a minha presença levantou a cabeça e passou a me olhar. O nó na minha garganta se formou novamente, a vontade de chorar também, mas eu tenho que ser forte.

Sophie: problema pessoais.

Professora: mas isso não justifica a sua saída repentina na aula. Isso é um absurdo, sem nem me comunicar você saio, não deu explicações nem nada.

Sophie: eu estou me explicando agora.

Professora: Não, você não está.

Sophie: problemas pessoais. (tentei argumentar)

Professora: Não. Para sala da diretoria, até o fim da aula.

Sophie: o sinal já tocou.

Professora: o professor de química faltou e eu pedi a diretoria ocupar essa aula pra desenvolver melhor os conteúdos. Até o fim da aula ao menos que se explique.

Não, eu não vou me explicar. Fiquei em silêncio.

Professora: pois bem, pegue as suas coisas.

Eu abaixei a cabeça, peguei o livro que eu loquei na biblioteca ainda cedo, coloquei na bolsa e sai. Que droga. Mil vezes droga. Tudo por culpa ... ARGH! Fui lentamente caminhando para a biblioteca e devolvi meu livro. Na volta, fui para a sala da diretoria.

Magnavus: Olá Sophie, o que faz aqui?

Sophie: fui suspensa de aula.

Magnavus: porque?

Sophie: saí da sala sem comunicar a professora.

Magnavus: porque você saio?

Hora de inventar uma mentira das boas.

Sophie: quando o aluno novato, Jon, recitou o seu verso do livro para o trabalho de literatura, eu me emocionei e relembrei o... momento em que... o noivo da minha irmã se declarou pra ela e... me deu... saudade.

Magnavus: hm... já tentou ligar pra ela?

Sophie: ela mora nos Estados Unidos, mas... vem pra Irlanda daqui a 2 semanas.

Magnavus: hum...

Ela girou a sua cadeira e ficou de costas pra mim, pensou, e depois dirigiu a palavra.

Magnavus: parece uma causa justa, vamos até a sala e eu falarei com a professora.

Ela se levantou e nós duas nos dirigimos a sala de aula. Magnavus bateu na porta e a professora que escrevia algo no quadro olhou e consentiu que nos abríssemos.

Magnavus: bom dia turma.

Todos: bom dia.

Magnavus: professora, Sophie veio até mim e explicou os fatos. Agora ela irá assistir aula com o meu consentimento.

Professora: sim senhora.

Magnavus: bom dia.

Professora: bom dia senhora.

Chupa professora, chupa. Eu me dirigia a minha cadeira, coloquei a minha bolsa nas costas da cadeira, peguei meu caderno e caneta e comecei a anotar o que a professora estava escrevendo. Désiree me passou um bilhete.

O que aconteceu?”

Eu fui responder.

ele não tinha nada que recitar aqueles versos na aula pra mim.”

“mas bem que você gostou.”

“não Désiree, não gostei. Pelo visto você ainda não sabe de nada sobre nós dois.”

“ah, então ainda tem mais?”

“ e se tem.”

Ela pegou o bilhete e colocou dentro do bolso da calça, pra que ninguém veja. Comecei a copiaro que estava escrito no quadro e antes que a professora pudesse explicar o sinal tocou novamente e já poderíamos ir pra casa. São cerca de 17:00. Saindo, fui guardar meus livros no armário e por detrás da porta, vejo alguém encostado na porta do armário seguinte. Ah, não.

Jon: me desculpe. Eu só queria... recitar aqueles versos pra alguém e...

Sophie: cala a boca.

Jon: oque eu posso fazer pra que você me desculpe?

Sophie: você é bipolar.

Jon: eu fiz amizade com alguns meninos da turma, inclusive Thomas. Você é virgem não? Pensei que mentir fosse feio.

Sophie: eu não lhe devo explicações da minha vida.

Eu guardei o resto dos livros e fechei a porta do armário com um tanto mais força do que o normal e me virei a caminho da entrada, pronta para ir embora.

Jon: ei, ei, ei, espera.

Sophie: o que você quer?

Jon: você andou chorando.

Sophie: imagine o porquê. (¬¬)

Jon: eu pensei que... você iria levar na brincadeira.

Sophie: se você tivesse passado por tudo que eu passei na infância não ia levar tudo na brincadeira.

Jon: eu sei mas... eu só queria fazer alguma coisa pra você rir de novo. Eu, pensei que recitando aqueles versos e os dedicando a você, suas bochechas iam corar e você iria olhar pra baixo. Eu...

Ele se aproximou pra tocar a minha face, a costa da sua mão me alisando... a sensação. Agora suas mãos estão dos dois lado do meu rosto, sua testa colada com a minha, olho no olho.

Jon: o que eu posso fazer pra você acreditar em mim? (sussurro)

Eu fechei os olhos, me embriagando com o som de suas palavras. Parece que eu vou vomitar meu coração, mas eu volto a mim mesma abrindo os olhos, e vendo sua íris tão próxima de mim, com os olhos verdes me encarando.

Jon: você é tão linda.

Eu peguei as suas mão e as afastei do meu rosto.

Sophie: sua alternância de humor está me matando. Eu preciso ir.

Jon: eu vou pra casa com Thomas hoje e pelo resto do mês vou ficar indo e vindo com ele.

Sophie: está bem. (suspiro) Tchau.

Eu fui me dirigindo a saída até descer as escadas para ir ao estacionamento. Nem vi Désiree, talvez tivesse saído com o seu motorista enquanto eu conversava com Jon. Joguei a minha mochila no banco traseiro e liguei a ignição. Chegando em casa, meus pais não estavam apenas Zezé preparando o jantar. Subi para o meu quarto e fui tomar banho. Vestir uma calça skinny branca e uma blusa de mangas compridas verde turquesa. Estava chovendo bastante e o clima lá fora estava ficando cada vez mais frio. Liguei o pequeno som que estava ao lado da minha cama e me sentei para fazer as tarefas escolares. Acabando as 12 questões de biologia, alguém bate a minha porta.

Sophie: quem é?

...: sou eu, Dési.

Sophie: entra.

Ela estava com o seu cabelo numa trança escama-de-peixe, com um vestido de seda bege com estampa lisa, um casaco de linho vermelho por cima, e uma sapatilha também vermelha. É impressionante como tudo que se coloca nela fica lindo, sexy e maravilhoso.

Désiree: e então?

Sophie: o que?

Désiree: você vai me contar tudo.

Sophie: tudo entre eu e Jon?

Désiree: lógico!

Sophie: é uma longa história.

Désiree: estou a todos ouvidos.

Seus olhinhos vibravam.

Sophie: não conta pra ninguém.

Désiree: tá! E tem uma coisa que eu também tenho que te contar.

Sophie: conta você primeiro, enquanto eu tento organizar as palavras.

Désiree: lembra de Lanna?

Sophie: a patricinha?

Désiree: não, essa daí é a irmã dela Wanessa, Lanna é amiga de Rebecca.

Sophie: ah, sei. Continue.

Désiree: eu vi ela e Jon, hoje.

Sophie: eu também vejo os dois todos os dias.

Désiree: não, mas dessa vez, ela tava forçando a barra pra... “ficar” com ele.

Rebecca (ou simplesmente Becc) é uma metida a rica da escola. Tem o estilo meio roqueira e mas todos os meninos caem de quatro por ela. Literalmente de quatro. Ela é meio branca, tem cabelo curto, rente a cabeça, estilo meio “raspado crescido” branco, de franja lateral lisa que ela muda de cor todo ano, esse semestre está azul. Olhos azuis, alta, magra...enfim, a típica modelo. Mas o que ela tem beleza, tem de chatice. Foi ela que saio espalhando pra todo mundo que eu e Thomas tínhamos transado na festa dele.

Sophie: sério? O.o

Désiree: estava Jon, Thomas, Becc, Thaina, e Georgia indo para a casa de Thomas.

Sophie: disso eu sabia, que Jon estava no carro de Thomas, mas indo pra a casa dele? E com elas?

Désiree: pois é, eu achei que você deveria saber.

Sophie: achou errado, eu não tenho nada com Jon.

Désiree: agora me conta a história.

Eu contei tudo pra Désiree, mas minha cabeça ainda está no fato de Jon ter saído com as pessoas populares da escola... Será que ele beijou ela? E se eles estiverem namorando? Se ele não falar mais comigo... Não, até isso agora? Primeiro ele vem todo romântico e agora dá uma de pegador? Como assim? Como isso é possível? Como? Aquela exibida, metida a nada, vadia que sempre está aceitando ficar com qualquer noite com qualquer um, agora está exibindo o novato que eu conheci a 3 dias atrás e que eu provavelmente estou apaixonada. Que lindo! Não pode ser possível :/ A noite se passou e Désiree logo foi embora. Minha mãe e meu pai chegaram e me chamaram para ir jantar. Escovei os dentes e fui dormir. Sem querer, deixei escapar um suspiro juntamente com uma lágrima. Amanhã não iria ser fácil.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leem a minha Fanfic, eu realmente estou amando isso! Reviews fantasmas, apareçam. Eu não mordo. :3
Um beijo a todos os meus leitores.