Somebody that I Used To Know . escrita por Brigit Rausing


Capítulo 6
Both of Us




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Chegando, meu pai estavam conversando em frente a Picape e o pai de Jon num Audi cinza já se preparando para entrar quando me viu. Apenas entrei no carro silenciosamente no banco de trás e em seguida mamãe e meu pai entraram também. Foi uma viagem silenciosa, sem conversas e meu cérebro se desligou por aquele instante e a única coisa que me importava era a paisagem repleta de verde. No hospital, fizemos o check – in e esperamos. Jon e Bobby ficaram lá fora, discutindo alguma coisa. Passaram-se alguns minutos e eu já estava impaciente de ficar ali, quero ir embora logo, detesto hospitais. Decidi-me ir na recepcionista que olhando em seu crachá se chamava Elena .

Sophie: falta quantos pra eu ser atendida?

Elena: consultório ou enfermaria?

Sophie: enfermaria.

Elena: já pode se dirigir senhora. Fica na sala oito, dobrando a esquerda no segundo corredor.

Sophie: certo. Mãe, eu estou indo.

Pai: eu vou acompanha-la.

Sophie: não , eu vou só.

Me dirigir sozinha pelos longos corredores brancos com verde e na sala oito, bati na porta e ouvi uma voz no fundo me mandando entrar.

Sophie: oi.

...: oi, meu nome é Jéssica. O que temos aqui? (sorriso)

Sophie: ah, eu me machuquei na cabeça.

Jéssica: hm... deixe-me ver. Sente-se aqui.

Me sentei na maca. O lugar era muito iluminado, excessivamente branco, amplo e podia-se ver um armário de cor verde que supostamente tem alguns remédio e instrumentos. Tem 3 macas, uma média, grande e outra pequena, uma pia de inox do lado do armário e um ar-condicionado extremamente forte para climatizar a sala. Ela examinou o ferimento e em seguida pegou uma agulha , linha, gases e um líquido marrom.

Jéssica: vai levar 3 pontinho, não dói nada.

Jéssica era loira platinada, aparentemente uns 40 anos mas com aparência jovem. Vestia bata branca (que mania de ter tudo branco, cara) com o emblema do hospital, uma calça cinza e uma blusa verde. Tempos depois meu curativo estava pronto.

Jéssica: não se preocupe que a linha vai se dissolver na pele. Leve essa ficha que eu preparei sua pra a recepção, qualquer coisa é só voltar.

Sophie: certo. Obrigada.

Ela me deu um sorriso e a ficha, e eu fechei a porta da sala. Na recepção entreguei a ficha e logo meus pais se levantaram.

Mãe: filha , Bobby e Jon tiveram que ir devido a problemas pessoais, mas seu namorado falou que amanhã você pode buscá-lo para a escola.

Sophie: certo mãe, ele não é meu namorado.

No carro...

Pai: talvez nos possamos tomar um sorvete!

Sophie: é, mas onde?

Mãe: amanhã Sophie tem aula, temos que chegar cedo pra poder jantarmos cedo.

Sophie: nem um sorvetinho?

Mãe: não.

Sophie: nem se eu fizer a cara de cachorrinho?

Mãe: não.

Sophie: nem se eu disser um “te aminho”?

Mãe: não.

Sophie: vadia. (sussurro)

Mãe: eu ouvi.

Sophie: love ya,

Voltamos pra casa e eu fui separar meus livros para a escola de amanhã. Procurando o livro de Biologia nas prateleiras, um simples devaneio me veio e comecei a procurar qualquer coisa na prateleira até que achei um dos meus livros preferidos O morro dos ventos Uivantes de Emliy Brontë e com o pensamento qualquer abri o livro em uma página qualquer e li uma linha qualquer, que nela dizia: Nelly, sou eu Heatcliff! Ele está sempre, sempre em minha mente... não como um prazer, mais do que prazer pra mim mesma mas... como meu próprio ser.” A memória de tempos me preencheu, de quando nós éramos crianças e nada nos preocupava apenas queríamos aproveitar cada minuto de diversão juntos como se fossemos um só, do jeito que eu chorei sem que ninguém soubesse quando soube que ele foi embora e me deixou como um pássaro com a asa despedaçada aos cuidados de estranhos, só eu e eu mesma apesar de todo o sofrimento que me fez na formatura, ainda me proporcionou a dor da sua perda. Mas eu mudei, pra melhor, queria que não fosse tão fácil assim e que tudo voltasse a ser como antes, que Jon voltasse a ser como antes, mas no fundo eu sei que isso não vai mais acontecer, nuca mais. Melhor desistir, não vai dar certo mesmo. Eu sou uma caipira, que fala dormindo e ele um “galã” de novela que tem uma oratória impecável, mas... tem alguma coisa, que eu não sei explicar direito, é como se toda vez que eu olhasse pra seus olhos eu... pudesse ver a verdade. Ainda tenho uma ponta de esperança que ele seja meu, mas meu subconsciente me alerta que não tenho mais 7 ou 8 anos. Eu vou me formar esse ano, em Direito, talvez vá morar com a minha irmã no Canadá e ele? Vai ser tudo de novo, a dor da perda. Não vou suportar tudo de novo. O engraçado é que foram apenas 2 dias pra tudo voltar, os sentimentos voltar. Estou perdida num oceano misto de sentimentos e eu estou esperando a onda certa pra investir nela. Só isso. Eu quero saber o que eu sinto.

Coloquei meus livros na bolsa balançando a cabeça pra espantar os pensamentos e desci pra jantar, mas nem fome eu tinha. Comi apenas salada com arroz com um copo de vinho branco e fui subir novamente no meu silêncio comum diário, mas antes peguei meu copo com água e fui pra o meu quarto, até que eu lembrei das papeladas eu vi hoje pela manhã em cima da mesa da cozinha sobre a venda do rebanho de gado. Desci e encontrei com meu pai no bar bebendo alguma coisa transparente.

Sophie: pai?

Pai: oi bebê.

Sophie: hoje pela manhã (sentei-me no banco) eu vi umas papeladas na cozinha.

Pai: ah.

Sophie: temos que pagar os vendedores de alimentação do gado pai.

Pai: eu sei amor, eu sei. As coisas estão complicadas.

Papai passou a mão pelo meu rosto e me olhou de um jeito tão amoroso que me fez crescer um bolo na garganta.

Sophie: vamos ter que vender o rebanho...?

Pai: vá dormir meu bem, vá dormir. Não esqueça que amanhã você vai dar carona a Jon.

Sophie: eu tinha esquecido, mas tudo bem.

Pai: te amo.

Sophie: eu te amo mais. (beijo na testa)

Subi para o meu quarto, coloquei as pantufas perto da cama e me deitei. Rapidamente dormi com um sono profundo sem sonhos ou pesadelos. Acordei com o despertador ás 5:15 em ponto, já que eu pego na escola ás 6:30. Me espreguicei levantando as mãos para cima e coloquei minhas pantufas pra ir ao banheiro ver a situação do meu rosto, e... SURPRESA, a mesma merda de sempre: olheiras, olhos azuis arregalados e cabelo tufão, beautiful. Escovei os dentes enquanto tomava um banho pra despertar, lavei meu cabelo com o típico shampoo de morango e me enxuguei. Vesti um jeans preto, meu all star surrado e a camisa uniforme branca com um símbolo estranho vermelho no lado direito do peito. Penteando meus cabelos e sabidamente o prendi num rabo de cavalo por precaução do efeito tornado ninho de joão de barro que ele ia ficar mais tarde, mas sabia que quando secasse iria se desmanchando aos poucos pelo movimento. Peguei a minha mochila amarela gema lisa e desci pra tomar café. Zezé preparou ovos com bacon e queijo cheddar junto com um suco de limão pra acompanhar, meu pai tinha saído pra cuidar dos negócios e minha mãe ainda está a dormir.

Sophie: Zezé onde estão as chaves do carro?

Zezé: em cima da mesa.

Sophie: obrigada.

Zezé: tenha um bom dia Sophie.

Sophie: igualmente.

Peguei as chaves e fui direto pra a garagem pegar a caminhonete. Botei a minha mochila no banco de trás e liguei-o na ignição. Saindo, fui pela estrada de terra até que eu cheguei em frente ao portão da casa de Jon. Não é exatamente uma fazenda feito a minha casa, é apenas uma casa grande com lotes de terra no fundo. O muro de cerca de 5 metro e o portão único de ferro gigantesco me intimidaram, mas eu desliguei o carro e toquei o interfone.

...: SenhorCampbell.

Sophie: oi... ér... sou eu Sophie. Eu já cheguei.

Jon: já estou indo.

E ele desligou o telefone bruscamente NA MINHA CARA. Que filho da profissional. Entrei no carro novamente e liguei o rádio pra me distrair. Tocava Need you Now de Lady Antebelum e com a melodia me deixei levar observando a letra mas a esquecendo logo em seguida, até que ele abre a porta do meu carro e entra. Rapidamente seu cheiro... ah seu cheiro num tom refrescante inundou o meu olfato.

Jon: bom dia.

Sophie: bom dia.

Jon: tudo bem?

Sophie: tudo.

Liguei o carro e partimos pra a estradinha de terra até chegarmos na pista central IR-26 no sentido norte. Estava chovendo forte e o céu estava cinza escuro com gotas grossas caindo no para-brisas e rapidamente se escorrendo pelo canto. Fazia frio, muito frio e o aquecedor parecia não estar funcionando e bendita hora que eu não trouxe meu casaco ou meu suéter. A música parou de tocar e várias outras canções agitadas começou a tocar.

Sophie: Ér... tem como você ligar mp3? Detesto músicas agitadas.

Jon: claro.

Ele ligou o botão que iniciava a sequencia de minhas musicas preferidas e começou com Total Eclipse of Heart.

Jon: sério mesmo?

Sophie: o que?

Jon: você gosta de músicas tão...

Sophie: sem graça?

Jon: românticas.

Sophie: pois é. Aprendi a gostar com acontecimentos corriqueiros.

Jon: como por exemplo?

Sophie: a vez que eu matei o hamster da minha irmã e tinha que chorar pra pensarem que não foi eu.

Jon: claro. (riso)

Sophie: deu certo.

Jon: sei.

Fez se silêncio e pelo canto do olho pude ver que Jon tomava impulsos pra falar comigo mas quando a palavra ia sair ele se autocontrolava e se silenciava.

Sophie: tem algo que queira falar?

Jon: me desculpe.

Sophie: até em quando você vai parar de me pedir desculpas? Aquilo está no passado.

Jon: eu vi que você levou 3 pontos.

Sophie: é.

Jon: eu podia ter evitado ajudando você a subir na árvore ou eu mesmo ter subido.

Sophie: tem como ser um pouco menos negativo?

Sua boca se firmou numa linha reta e eu percebi que ele ficou magoado com o que eu falei.

Sophie: perdão eu... me desculpe.

Jon: tá tudo bem.

Sophie: mas e então? Gostou da nova casa?

Jon: gostei, é bem grande mas não é exatamente uma fazenda, apenas se tem alguns lotes de hectares mas não é usado.

Sophie: seu pai pretende vender?

Jon: eu acho que sim.

Sophie: nem vai tentar construir algumas casas pra poder alugar depois? Deve render bem.

Jon: eu acho que se ele vender vai ganhar bem mais, não sabemos se vamos ficar por aqui até os fins dos tempos. Se vendermos eu acho que ganharemos cerca de uns 4 milhões.

Sophie: a fazenda lá de casa está estimada em 13 milhões com todos os animais e mobília.

Jon: quantos hectares?

Sophie: eu não sei.

Jon: mas seu pai cuida muito bem da fazenda.

Sophie: mas estamos correndo o risco de perder todo o rebanho por conta das dívidas.

Jon: dívidas?

Sophie: é uma longa história, não quero ...

A voz me falhou, é realmente muito difícil imaginar meu pai perdendo tudo o que ele levou anos e anos pra construir com tanto sacrifício, suor e sangue. Meses e meses de trabalho duro onde todos ajudaram de ir comprar mobílias até pegar em cimento e ergui a casa sem ajuda de pedreiros ou algo assim e aos poucos ir reformando, aumentando e com o dinheiro do comércio ir comprando mais terras até temos tudo o que temos hoje. Perder tudo seria uma grande desfeita, mais um dos motivos de eu ser uma boa estudante e ter o desejo de ajudar de todas as formas.

Jon: o rebanho tem aproximadamente quantos gados?

Sophie: eu acho que uns 100.

Jon: wow, são muitos.

Sophie: todos estavam ontem conosco na cachoeira.

Jon: eu nem percebi. O tempo ontem passou tão depressa.

Sophie: não acho, foi um dia muito longo.

Jon: ou não.

A música mudou e agora toca Caught Myself de Decode, a chuva aumentou ainda mais e por sorte olhei no retrovisor que tinha uma capa amarela pra me proteger. Aproveitando a deixa, dei uma olhadinha rápida e ele estava vestido um jeans claro que pendia muito bem no seu quadril, um tênis esportivo alto e a camisa do fardamento.

Sophie: chegamos.

Coloquei a caminhonete no estacionamento subterrâneo que tem uma porta de subida para o prédio colegial. Abri a porta e a porta do banco traseiro pra poder pegar a minha mochila e fechei com as chaves. Jon me esperava na entrada no portão branco engalfinhado com plantas trepadeiras desenhadas que dava um aspecto antigo. O frio aumenta e meu pelos do braço se eriçam e como tentativa frustrada de me aquecer esfrego as mãos em ambos braços.

Jon: frio?

Sophie: um pouco. Vem, temos que ir na diretoria pegar o seu horário.

Jon: a minha turma é 3° ano A.

Sophie: eu sei, somos da mesma turma.

Jon: destino.

Sophie: coincidência? Todos os novatos vão pra lá. (¬¬)

Jon: que seja.

Entrando na sala da direção...

Sophie: bom dia senhora Annie Magnavus.

Annie: bom dia.

Magnavus é uma senhora asiática de 63 anos, com cabelos compridos pretos sempre amarrados num coque alto, com o seu fardamento de saia preta, blusa branca de blazer preto todos os dias. Sua pele é bem cuidada, além de ser asiática comendo aquelas comidas estranhas, tem dinheiro o suficiente pra se cuidar.

Annie: você deve ser Jon Grohan Campbell.

Jon: eu mesmo.

Annie: seu horário e apostilhas estão aqui.

Ela o entregou uma pasta vermelha.

Jon: obrigado.

Annie: É importante lhe avisar de algumas regras importantes como: não se é permitido ficar entre os corredores em horário de aula mesmo com a permissão do professor a não ser da direção, não se deve comer; ouvir música; conversar ou agredir verbalmente e psicologicamente os alunos e professores em sala de aula, se tivermos algum registro de qualquer tipo de agressão ou de uso de drogas não será preciso voltar no dia seguinte e o mais importante, nada de relações sexuais em banheiros, corredores, salas de aula e está terminantemente proibido qualquer tipo de relação amorosa por aqui.

Jon: sim senhora.

Annie: obrigada e retirem-se.

Nossa o_o.

Jon: primeira aula de biologia.

Sophie: eu sei.

Jon: será que eu vou acompanhar o assunto?

Sophie: talvez sim, talvez não.

Jon: vamos pra a sala.

Na sala de aula, guardei a minha mochila como de costume na frente e Jon sentou-se do meu lado. Nisso, vejo que minha amiga Désiree chegou e coloca a sua bolsa atrás da minha banca.

Désirre: bom jour !

Sophie: oi Dési.

Désiree : oh, mas quem é esse belo rapaz ? Desculpe meu jovem, mas nos conhecemos?

Jon: não. Prazer, meu nome é Jon Campbell, feliz em conhecê-la.

Jon se levantou e beijou a mão de Désiree num gesto de cavalheirismo que eu pude ver os olhos dela brilharem. Ela se encanta com rapazes a moda antiga que fazem coisas românticas que a cada dia fica mais difícil de encontrar. Ela é francesa, veio pra Irlanda ano passado e ficamos na mesma sala desde então ficamos amigas. Tem cabelo grande ruivo formado por finos e comportados cachinhos que vão se enrolando até a cintura, olhos acinzentados com a borda preta, corpo esbelto já que jogava handball até no início do ano e uma pele meio branca. Os meninos sempre babavam por ela por ter personalidade forte e ser a bonequinha de luxo vinda de Paris que todos sonhavam em namorar um dia, quem vê de fora pensa que ela é de nariz empinado e metida, mas na realidade é apenas uma menina que tem a infância prolongada até os dias de hoje (: Uma boa pessoa, sempre me ajudou em tudo por ser muito inteligente e ter ganhado quatro vezes o prêmio de aluna destaque dos colégios internos de Paris.

Désiree: meu nome é Marrie Désiree Valentine Jevoux de Antoniet, mas pode me chamar de Désiree (risada). Oh monsieur, pelo visto vai ficar na mesma sala que nós não?

Jon: até o fim do ano.

Désiree: mas porque entrou agora no fim?

Jon: eu morava na cidade, meu pai quis se mudar pra cá e eu acabei sendo transferido.

Désiree: será que vai conseguir acompanhar o assunto?

Jon: eu acho que sim.

Désiree: vai fazer vestibular?

Jon: sim, pra jornalismo.

Sophie: SÉRIO?

Jon: você também?

Sophie: não, eu irei fazer direito ou então administração.

Désiree: e eu prestarei serviços para moda.

Jon: boa sorte.

Désiree: você fala francês?

Jon: não.

O professor chegou e a aula se prosseguiu com anotações no quadro explicando como se faz o processo de clonagem e o rapidamente o primeiro horário passou, com aulas de matemática, física, artes e história antes do pequeno intervalo que temos. A chuva cessou um pouco mas o clima ainda está frio, que as janelas da sala estão embaçadas de tal forma que podemos fazer desenhos ^-^. Désiree e eu saímos e fomos para a biblioteca e Jon...bem, ele ficou sumido, sério. Eu fui pesquisar alguns livros pra a aula de literatura inglesa que teríamos em seguida e como ele não sabe de quase nada eu procurei pra ele também, pra não ficar sem nota... em fim. Acabei achando um clássico do ano 1992 escrito por Maura Seger chamado de A Feiticeira de Gynfelin que eu tenho em casa também. Me sentei na mesa de madeira, a biblioteca tem janelas de vidro que vão do chão até o teto que são cobertas por cortinas cor de vinho, centenas de fileiras de livros de vários gêneros a compõe e no canto, alguns notebooks que ficam sobre empréstimo para uso exclusivo de alunos e professores mas só naquele local. Folheando algumas páginas sem me concentrar em palavras ou frases específicas, Désiree sumiu nas altas fileiras de livros, mas daqui a pouco ela iria voltar, o intervalo vai acabar em menos de 5 minutos. Nisso ela chegou com uma pilha de livros de capas alternadas, grossos e finos.

Désiree: qual deles?

Sophie: eu não sei o que faço com você Dési. (suspiro)

Désiree: puxa, obrigado.

Sophie: escolhe qualquer um, a professora não vi pedir um resumo do livro mesmo.

Désiree: tem razão.

Ela escolheu um livro de capa verde musgo de cerca 400 páginas. O sinal tocou e eu ainda não tinha escolhido um livro pra Jon. Passei correndo na primeira fileira e peguei qualquer livro sendo inglês ou não, de romance ou não, e levei para a bibliotecária anotar as pressas já que nessa aula a professora não permite atraso. Eu e Désiree entramos correndo na sala e para a minha surpresa, ele estava rodeado de amigos e principalmente amicíssimo de Thomas o quarterback do time de football com quem eu tive um affair como diz Dési, no primeiro ano do ensino médio, ficamos numa festa que ele promoveu quando entrou para o time e eu fui convidada. Bebi muito e como todos sabem como eu fico atiradinha quando fico bêbada, comecei a dançar sensualmente ao som da minha música eletrônica favorita e um filho da puta deu a ideia de subir pra dançar na mesa com quem? COMIGO. Pois é, velhos tempos. Eu subi na mesa, com uma garrafa de cerveja e comecei a dançar, rebolar até o chão até que Thomas pediu pra eu descer da mesa e eu disse que “não”, nisso ele me colocou no seu ombro e me levou para o seu quarto e por incrível que pareça ele não se aproveitou, e sim me ajudou a voltar a mim mesma com alguns brigadeiros e água. Com isso, todos pensavam que estávamos fazendo algo de mais emocionante no quarto, mas na verdade Thomas pegou o seu violão e tocou uma música pra mim enquanto eu estava deitada em sua cama exausta e com dor de cabeça, até pegar no sono e dormir naquela noite no seu quarto, tal coisa que as meninas do colégio se matariam pra estar no meu lugar. Quando eu acordei, ele estava deitado do meu lado sem camisa, enrolado com seu casado de football típico americano, apenas com a sua calça moletom, com a perna pesada em cima de mim. Eu me levantei devagar, peguei as minhas coisas e fui embora. Até ai, ele e eu ficamos amigos mas no fundo eu sei que ele sempre quis algo a mais.

Jon: hey Sophie!

Oh merda.

Sophie: o-oi.

Jon: vem cá!

Oh merda ².Eu fui devagarzinho me chegando a roda de amigos que ele participava e quando eu olhei pra trás para ver se Désirre estava me acompanhando, a desgraçada estava muito bem sentada fingindo estar lendo o livro.

Sophie: eu trouxe esse livro pra você.

Jon: não precisava querida.

QUERIDA? Tipo assim, o batedor me chamou de querida? –Meu corpo entrou em combustão de tanta raiva. Quem ele pensa que é?

Sophie: não bêbe, se você não sabe esta aula agora é de literatura e na aula passada a professora pediu que nós trouxéssemos algum livro da literatura inglesa.

Jin: ok.

Sophie: e eu trouxe esse já que você não sabia disso.

Eu entreguei o livro pra ele.

Jon: hm... Hamlet não? Um dos livros mais românticos de todos os tempos, uma indireta?

Nossa, minha nossa, além de batedor agora ele é mais oque? Indireta, beleza. Grande indireta. Minha deusa interior está agora sentada num divã com óculos geek’s dando uma de inteligente; primeiro: que papinho de indireta é essa? Eu não sou dessa que dá indireta eu chego logo e falo na lata. Segundo: poderia até ser indireta, mas pra ele? Eu acho que fiquei vermelha, mas de raiva. Cara, na frente de todo mundo! O que vão pensar de mim? Que eu já estou dando em cima do novato como uma puta, que aliás na minha classe tem muitas.

Sophie: vá se fuder.

Eu me virei e sente-me na mesa, tempo suficiente pra a professora chegar.


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