Somebody that I Used To Know . escrita por Brigit Rausing


Capítulo 5
More than This.




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Como de costume em quase todas as noites, eu acordei pra tomar um pouco d’água já que o ar-condicionado fazia com que a minha boca ficasse um tanto resseca, eu já tentei colocar um copo com água no meu quarto mas eu sempre me esqueço e acabo descendo pra a cozinha. Acordei, levantei, vesti as minhas pantufas de gatinho muito quentinhas, prendi meu cabelo num coque alto com um elástico, olhei pra o relógio e já eram 4:30. Na cozinha, abri a geladeira o que me despertou um pouco mais, peguei a jarra de água, coloquei um pouco no meu copo e bebi. Me encostei na mesa pra beber com mais tranquilidade até que quando eu guardo a jarra e viro-me, vejo uma pequena papelada. Como eu sou muito curiosa, decido ver o que é. Pegando nos papéis e lendo-os, leio um trecho que dizia que se meu pai não pagasse aos vendedores de alimentação para o gado, iriamos perde todo o rebanho que são um pouco mais de 400 gados.

Oh, merda.

Perder todo o rebanho? TODO O REBANHO? Como assim? Não iríamos ficar nem com a metade? Minha cabeça começou a latejar, efeito da bebida de ontem, ou, das bebidas de ontem. Decido ver isso mais tarde juntamente com o meu pai, agora eu tinha que levar o rebanho para o riacho para os animais tomarem um pouco de água fresca e assim que acabasse iria dar um banho mais apropriado em Esmeralda para dar ao rebanho, os outros animais e a égua a refeição da manhã. Subi as escadas, vesti meu jeans preferido um preto bem justo, uma camisa polo e uma bota com meias por dentro pra proteger meus pés contra os mosquitos ou algo defeco de gado. Soltei meu cabelo pra que ele caísse em cachos grossos nas pontas pelas minhas costas formando uma cascata negra e fui no estábulo pegar Esmeralda e me deparo com alguém alisando a minha égua. Não dava pra ver direito pois ainda estava amanhecendo mas quem quer que seja, estava de calça jeans e de camisa/blusa xadrez. Só podia ser meu pai, só ele sabe aonde Esmeralda gosta de ser alisada como o tal sujeito estava fazendo.

Sophie: tão cedo pai? Pensei que o senhor e a mamãe fossem acordar mais tarde hoje.

Me aproximei um tanto devagar, confesso, não sabia quem era.

Sophie: Eu vou cavalgar com o rebanho pra a cachoeira, talvez quisesse vir... pai?

Eu falava e o ser ainda estava parado, ali, alisando Esmeralda. Decidia a ver logo quem era, me aproximei ainda mais e toquei em seu ombro fazendo-o virar pra mim assustado. Ele estava com o fone de ouvido e não pode me escutar, mas o que estava fazendo acordado tão cedo a essa hora da manhã de um domingo ?

Sophie: ah... me desculpe, eu não queria... desculpe.

Jon: não, está tudo bem. Bonita égua.

Sophie: o nome dela é Esmeralda. (alisando a cabeça de Esmeralda)

Jon: é sua?

Sophie: sim, eu ganhei a um tempo.

Jon: vai usá-la ?

Sophie: eu vou cavalgar com o rebanho pra um riacho aqui perto.

Jon: posso ir ?

Sophie: eu não sei... você sabe cavalgar?

Jon: você poderia me ensinar.

Droga, ele parecia tão sereno, mesmo depois de tudo que eu falei pra ele noite passada... “batedor”. A lembrança me fez rir bobamente.

Jon: está rindo de mim, Sr. Steele ?

Sophie: sim, Sr. Campbell.

Ele olhou pra Esmeralda e eu pude ver um sorriso ser formando em seu rosto.

Sophie: tem o cavalo do meu pai, Black.

Jon: ele é preto?

Sophie: imagina. (¬¬)

Jon: vai me ensinar?

Sophie: você vai colaborar ?

Jon: Sim senhora, capitã.

Ele bateu continência na minha frente. Seu humor hoje está ótimo.

Sophie: Vou. (riso) Mas Black está do outro lado.

Jon: depois da Senhora.

Num gesto de cavalheirismo ele reverenciou a sua mão a minha frente e me deu passagem. Logo quando eu comecei a caminhar em direção ao outro lado do estábulo, pude sentir a sua presença atrás de mim...hm... isso não soa bem.

Sophie: Mr. Campbell?

Jon: Sim, senhorita Steele?

Sophie: poderia fazer o favor de me acompanhar?

Jon: eu já estou.

Sophie: do meu lado.

Jon: isso parece bom.

Pude sentir seu sorriso em sua voz e logo ele veio para o meu lado. Fez-se silêncio por um tempo até que ele quebrou o silêncio.

Jon: desculpa.

Sophie: por quê ?

Jon: por tudo.

Sophie: tudo o que?

Ele veio para a minha frente impedindo que eu voltasse a caminhar para o outro lado do estábulo.

Jon: me desculpa Sophie, por tudo que eu te fiz passar.

Sophie: ah, isso. (tom desanimado)

Jon: eu fui um idiota, um completo idiota. Me perdoa, por favor.

Sophie: olha Jon...

Jon: não precisa me dizer agora, olha, pode me dizer amanhã na escola.

Sophie: como é?

Jon: vamos estudar juntos.

Sophie: ainda bem que esse é o último ano.

Jon: amanhã eu venho te buscar pra a escola, pode ser?

Sophie: eu sei dirigir por minha própria conta.

Jon: só amanhã.

Sophie: eu não sei.

Jon: só amanhã e eu juro, juradinho (que gay²) que eu vou respeitar os seus limites.

Sophie: feito ontem? Não obrigado.

Jon: ontem... isso tem uma explicação.

Sophie: impressionante como pra tudo você tem uma explicação.

Jon: eu pensei você gostasse de caras atirados, mais... safados.

Sophie: o que ?

Jon: é, de caras mais sedutores. Não que eu preciso disso.

Sophie: Senhor Humilde.

Jon: então eu fui pra cima de você, não literalmente, mas dei em cima pra ver se você caia na minha.

Sophie: com que finalidade?

Jon: de você me perdoar.

Sophie: eu já disse que eu não sei.

Jon: amanhã então?

Sophie: não. Deixa que eu vou buscar você.

Jon: se assim você prefere.

Sophie: esteja pronto as seis, em ponto. Ao menos isso faça direito.

Jon: eu sei fazer outras coisas direito...

Sophie: foi só uma vez.

Jon: quem disse?

Sophie: você! Ontem, não lembra ?

Jon: ah, foi (¬¬)

Sophie: coitada.

Jon: como é?

Sophie: nada, eu disse... oitava, porque é uma nota musical legal.

Jon: aham, sei. Vamos prosseguir com o nosso passeio até o outro lado do estábulo?

Sophie: vamos.

Nossa breve conversa acabou por aqui por enquanto. Chegando do outro lado, Black estava deitado e eu entrei na sua área pra poder selá-lo. Black rapidamente se levantou e veio com o seu nariz afagar o meu cabelo, eu então alisei a sua cabeça.

Sophie: oi garotão.

Jon: você leva jeito com os animais.

Sophie: tá explicado por que eu me entendo com você.

Jon: sei. (riso) Seu senso de humor hoje está impecável.

Sophie: sempre está.

Jon: feito ontem?

Sophie: sem mais perguntas. Vem, entra aqui, ele precisa sentir o seu cheiro.

Jon: tá.

Ele abriu a portinha e veio até mim e Black. Passou a mão pela crina do cavalo negro como a noite e com olhos castanhos, foi descendo até a sua coluna e por fim voltou a alisar a sua cabeça.

Sophie: abrace-o.

Jon: porque... ?

Sophie : ele vai sentir melhor você.

Assim Jon o fez.

Sophie: vem, vamos lá pra fora.

Já selado, Black despertou finalmente e fomos pegar Esmeralda, ambos são amiguinhos e se dão muito bem, aliás eles são irmãos. Já selada, minha companheira de cavalgada foi cobaia para ensinar ao cabeçudo como se monta.

Sophie: primeiro coloca o pé aqui. Depois empurra pra baixo e passa a outra perna pelo cavalo.

Jon: tá.

Quando ele foi fazer isso, Black se mexeu um pouco e ele se desiquilibrou porém não caio.

Jon: não dá.

Sophie: vem que eu te ajudo.

Eu desci de Esmeralda e fui segurar Black.

Sophie: bota o pé, empurra pra baixo e passa a perna por cima. Isso.

Já montando em Black, dava pra ver a satisfação estampada em seu rosto de menino mesmo tendo 17 anos. Eu montei novamente em Esmeralda e o ensinei como comandar as rédeas.

Sophie: sempre que você quiser dobrar pra a esquerda, alise com seu pé a orelha esquerda de Black, e vice-versa. Se quiser parar, segure as rédeas com força impulsando a para trás e se quiser que o cavalo corra, é só soltar as rédeas e chacoalhar um pouco. Aprendido?

Jon: Sim senhora capitã.

Sophie: cadê a continência soldado? (num tom autoritário)

Jon: ai você me complica.

Trocamos sorrisos e eu prontamente botei Esmeralda pra correr em direção ao rebanho e Jon me acompanhou. Desci da égua e abri a porta pra os gados passaram já que eles ficavam num curral e montei-a de novo pra indica-los pra onde ir. Tudo parecia cansativo, mas ainda são aproximadamente 6 da manhã. Cavalgamos por certo período de tempo até chegarmos ao riacho. Os gados logo entraram pra se refrescar um pouco e nós deixamos nossos cavalos livres para talvez se molharem na água ou dar uma volta por aqui perto, qualquer coisa só era chamar por eles. Sentamos numa rocha enorme que fica de frente ao riacho e de baixo de uma árvore macieira que estava repleta de maçãs.

Jon: e então, bonito lugar não?

Sophie: é muito bonito mesmo. Eu sempre venho aqui.

Jon: eu espero que na minha fazenda tenha riacho também.

Sophie: eu acho que não, esse aqui é o único da região.

Jon: sortuda.

Sophie: eu sei.

Jon: ansiosa pra amanhã?

Sophie: o que é que tem amanhã?

Jon: a escola.

Sophie: ah, ta. Normal.

Jon: quando me transferiram pra cá eu pensei que a escola seria na cidade.

Sophie: ah. (sorriso)

Jon: você fica perfeita sorrindo.

O quê? “Você fica perfeita sorrindo” saio do nada? Na hora? Que batedor sem vergonha de uma figa. Mostre-se superior, meu subconsciente me dizia.

Sophie: eu sou perfeita.

Jon: eu vejo.

Sophie: Mas e então? Como é morar em Mullingar?

Jon: é um pouco agitado, mais agitado que aqui eu diria.

Sophie: até uma gota pingando na pia é mais agitado que aqui.

Jon: tem muitas pessoas bonitas.

Sophie: alguma namorada? (num tom indiferente)

Jon: não, só aquela.

Sophie: que aquela?

Jon: a que eu tirei a virgindade.

Sophie: hm.

Jon: mas estávamos bêbados. (tentando se explicar)

Sophie: eu nunca... gostei de alguém.

Jon: a não ser de mim.

Sophie: isso antes de você fazer aquilo.

Jon: é, eu sei. Esse lugar não mudou muito desde a última vez que eu vim aqui.

Sophie: nunca muda.

Jon: diferente de você.

Sophie: eu não mudei muito.

Jon: você está brincando? Você era gorda, tinha uni celha, usava aparelho externo nos dentes e era muito calada. Agora, você está alta, magra, não tem uni celha, é sarcástica e não usa aparelho, não nos dentes pelo que eu saiba. (olhar safado)

Sophie: haha, vou rir por pena.

Jon: mas como é que você nunca...

Sophie: a pessoa certa vai chegar.

Jon: eu queria que fosse assim, mas estávamos bêbados numa festa do colégio e no outro dia eu amanheci sem roupas, com uma camisinha no meu cabelo e Angela nua agarrada em mim.

Sophie: nossa, que romântico.

Jon: o que você gosta de fazer nas horas vagas?

Ele mudou de assunto propositalmente, certamente não gosta de falar sobre isso, mas tudo bem.

Sophie: ler livros da Literatura Romântica Britânica do século 20, ouvir música, cavalgar, tomar banho de cachoeira... é uma lista interminável.

Jon: eu gosto de andar de bicicleta. Uma coisa que você não gosta de fazer?

Sophie: hm... deixa eu ver, eu acho que eu não gosto de limpar o defeco dos animais.

Jon: faz tempo que você cavalga?

Sophie: comecei quando eu estava me recuperando da clínica como forma de terapia.

Jon: eu te fiz mal mesmo não foi?

Sophie: mais do que você imagina.

Jon: eu nunca vou me perdoar.

Sophie: nem eu, por um dia ter confiado em você.

Jon: ainda tem raiva de mim?

Sophie: não é raiva, é mágoa.

Jon: eu vou te reconquistar.

Sophie: ai você acorda.

Jon: e por em prática o que eu tenho sonhado por tanto tempo.

Sophie: ta bom então.

Jon: o que você vai fazer depois?

Sophie: dar um banho em Esmeralda.

Jon: posso ajudar.

Sophie: não.

Jon: porque não?

Sophie: porque não.

Estávamos sentados olhando para os animais se refrescando e de vez em quando dávamos uma olhada um para o outro.

Jon: eu lembro que eu costumava correr pelado com você por aqui.

Sophie: falou certo, costumava.

Jon: não quer tomar banho?

Sophie: com o gado ?!

Jon: é.

Sophie: deixa pra outro dia, talvez.

Jon: eu acho melhor voltarmos, meu pai deve estar me procurando.

Sophie: não faz nem 20 minutos que chegamos.

Nisso, a minha barriga ronca. Eu estava com muita fome mesmo, aliás não tinha tomado café da manhã.

Sophie: eu estou com fome.

Jon: eu também.

Sophie: quer maçãs? Só tenho isso a oferecer.

Jon: na árvore?

Sophie: quer subir?

Jon: prefiro ficar assistindo.

Sophie: além de batedor é frouxo?

Jon: eu já disse que não bato.

Sophie: sei. Quer ou não maçã?

Jon: quero, mas depois que você pegar as suas eu subo e pego as minhas.

Sophie: certo, então.

Eu tirei as botas ficando só de meia pra facilitar o meu acesso aos troncos da ramosa e grande macieira cujo galhos cheio de maçãs e folhas estavam nos oferecendo uma gloriosa sombra. Primeiramente me agarrei a uma ramificação que estava meio grossa pra servir de apoio e logo pus meus pés no tronco, feito isso, fui subindo gradativamente sempre pegando um galho como apoio e colocando meu pé no tronco, consequentemente eu subi depressa já que tenho certa experiência em subir em árvores aliás eu moro numa fazenda. Já a uns 4 metros de altura, eu escolho algumas maçãs o suficiente pra mim e Jon já que eu tenho certeza de que ele não vai querer subir a uma altura tão alta pra pegar maçãs.

Jon: não acha que está com a mão muito cheia? (grito abafado lá de baixo da árvore)

Sophie: é pra mim e pra você.

Jon: cuidado quando for descer!

Sophie: eu sei me...

E quando estava pouco mais de 2 metros de chão, ao invés de eu pisar em um galho pra me apoiar e descer, eu piso no vazio que o ar proporcionava sem saber e quando eu soltei todas as maçãs pra poder segurar na árvore, já era tarde demais e despenquei entre galhos, ramificações, maçãs ainda verdes e só pude sentir as mãos macias me segurando pelas costas.

Ele estava lá, me segurando com as suas mãos grossas ao longo da minha medula impedindo que eu caísse no chão rochoso que se formava aos nossos pés. Sentir a sua respiração forte e ofegante no meu rosto, talvez estivesse tanto assustado quanto eu me sentia naquele momento de pura tensão da minha pré-queda. Mas que mamão eu sou, como eu pude cair da árvore? Anos de prática e eu só caio quando o cabeçudo tá bem aqui? Ah não, não mesmo, pode estar pensando que um clima de “romance” estar no ar mas, a única coisa que eu desejo agora é sair de seus braços que se enrolavam por todo o meu corpo. Seus olhos verdes estavam intensos e eu ainda possivelmente arriscaria que estava com raiva de algo estavam em mim agora, me fitando incredulamente como nos romances de séculos atrás onde a donzela numa dança tradicional cai nos braços do amado que a segura firmemente pronta para lhe tascar um beijo desentupidor de pia. Pois é queridinhos, mas eu estou na atualidade e essas coisas não acontecem na realidade.

Jon: é melhor você ter cuidado.

Sophie: me desculpe.

Jon: Oh deuses, sua testa está sangrando.

Sophie: eu cuido disso depois.

Jon: quer ajuda?

Sophie: eu estou... bem.

Eu ainda estava nos seus braços.

Jon: eu acho melhor voltarmos pra casa.

Sophie: claro.

Jon: mas seu ferimento está sangrando muito, vem que eu vou lavá-lo no riacho.

Ainda meio anestesiada pelo que tinha acontecido, permitir que ele me arrastasse até o riacho e tirasse a sua camisa pra encharca-la de água e passar na minha testa para que o sangramento parasse.

Pelo amor de Deus

Eu tenho um ódio descomunal por ele, fato. Mas não posso deixar de mencionar que ele tem um corpo muito bonito, é até mais uma versão masculina de Afrodite mas bem, bem mais bonito. Seu cheiro de algo novo e refrescante, seus olhos verdes, seu cabelo aparentemente macio, seu nariz reto, sua cor bronzeada e sua voz me deixam arrepiada da cabeça aos pés como eu nunca me senti antes, vai ver é por raiva que eu tenho desse desgraçado. Hm.

Ele se abaixou no riacho e me fez fazer o mesmo também. Ficamos sentados pelos cascalhos enquanto o gado estava a cerca de nós mas isso pouco importava. Encharcou a sua camisa na água e se aproximou. Oh no, seu cheiro. Tão divino e que agora impregnava as minhas narinas e me embriagavam como na noite passada o vinho teve esse mesmo efeito.

Jon: prenda o cabelo, vai ser melhor porque os fios estão se misturando com o sangue.

Sophie: certo.

Prendi meu cabelo num coque feito o de hoje de manhã só que mais alto, bem no topo da cabeça, mas eu sabia que devido à “lisade” do meu cabelo ele facilmente ia se desmanchar.

Jon: melhor.

Lentamente passou a camisa na minha testa sem tirar os olhos dos meus, me fitando, engolindo-me com o olho, mas de uma forma gentil e carinhosa. Esfregou bem devagarzinho para que o excesso de sangue saísse, até o meu pescoço onde ainda estava melado com a gosma vermelha com cheiro de ferrugem. Senti o coque se desmoronando atrás de mim.

Jon: você é tão linda Sophie, eu sinto muito por tudo que eu fiz com você.

Sua voz embriagava-me com seu tom aveludado e sensual. Fechei os olhos.

Sophie: não, você não sente.

Jon: eu sinto muito. (sussurrando no meu ouvido)

Sophie: não, você não sente.

Jon: eu sei o que eu sinto Sophie.

Sophie: não, você não sente.(rs)

Eu senti meus olhos fervendo, formando mini poças de lágrima no canto e quando eu abri os olhos não pude evitar que elas escorressem pelo meu rosto.

Jon: querida, eu sinto muito, muito mesmo.

Ele colocou a mão no meu rosto e acariciou-o.

Sophie: machuca-me pensar nisso.

Jon: eu sei, eu sei, estou disposto a curar esse ferimento.

Sophie: não... você não pode.

Jon: eu tenho o poder de muitas coisas.

Sophie: é melhor, nós irmos embora.

Jon: fica... fica comigo, pra sempre.

COMO É HISTÓRIA? Eu tenho cara de palhaça? Não responda. Que filho de uma profissional do sexo, cara. Safado, mentiroso, sem vergonha, batedor, cabeçudo, nojento, idiota, arrogante e sem escrúpulo que ele é! Vem com esse papinho de ”fica comigo pra sempre” enquanto nos reencontramos a menos de 2 dias. DOIS DIAS. Até parece. Hahai. Já estou nessa de “amor”.

Sophie: eu vou embora, se quiser vir comigo vem, senão, foda-se.

Eu me levantei numa rebeldia drástica enxugando minhas lágrimas, chamei Esmeralda enquanto ia afastando e rapidamente a égua chegou parando bem ao meu lado, consequentemente Black logo veio mas nem olhar pra trás eu olhei pra ver se ele tinha se levantado. Apenas fiz o que meu subconsciente me dizia: fuja.

Chamei o rebanho e obedientes que eles são vieram logo a seguir-me. Cavalguei com todas as forças do universo pra sair dali e esquecer, só me concentrar no vento no meu rosto. As lágrimas escorreram como cascatas mas eu estava isenta de qualquer dor pois a anestesia da queda ainda predominava o meu corpo inteiro. Chegando na porta do curral, desci de Esmeralda e abri a porta. Me encostei com os braços cruzados na madeira branca que cercava a área e fiquei observando o gado entrar. Minha mente estava vazia, não pensava em nada.

Jon: eu pensei que seu humor estivesse bom hoje, depois de ontem.

Sophie: eu pensei que você fosse alguém de no mínimo respeito.

Jon: eu não sou alguém respeitável ? O.o

Sophie: não Sr. Campbell, você não é.

Jon: eu já disse... (tocando no meu ombro.)

Sophie: não toque em mim.

Jon: então vire-se e olhe pra mim para ao menos termos uma conversa descente.

Sophie; eu não quero conversar com você.

Jon: ah não?

Sophie: Não.

Jon: eu posso ir embora?

Sophie: se achar o caminho de volta.

Jon: eu sei o caminho de volta.

Sophie: então o que tá esperando aqui?

Jon: tem razão.(tom desanimado)

Eu não me virei pra falar com ele, mas deu pra perceber a suposta tristeza na sua voz.

Não vá, fique comigo

Meu subconsciente me dizia, e minha deusa neste exato momento está vendo Para sempre ao eu Lado, comendo chocolate e com rímel borrado escorrendo pelo rosto.

Sua idiota, ele te pediu desculpas bilhões de trilhões de vezes por uma coisa que aconteceu no passado. Ele se importa.

Não, ele não se importa. Cara, faz menos de 2 dias que eu o vejo e me sinto nervosa como nos tempos do colegial. Talvez se eu fosse mais simpática.... Não, definitivamente não, sem esperanças por favor, mas não custa nada ser simpática.

Quando os gados acabaram de entrar, subir na égua e fui guarda-la no estábulo, não pude resistir e fui olhar se Black estava lá, e estava. Bem, fui andando a minha casa e todos estavam sentados sofás macios em formato de U que tinha perto da lareira. Subi alguns degraus até que a minha mãe me chama.

Mãe: Sophie! Onde você estava?

Sophie: fui levar o gado pra se refrescar no riacho.

Mãe: e o que foi isso na sua cabeça?

Sophie: eu... (olhando pra Jon) caí de um árvore.

Mãe: deixe-me ver isso. (se levantando.)

Sophie: não, mãe... mãe... tá tudo bem.

Ela avaliou o meu ferimento minuciosamente.

Mãe: vamos ao médico.

Sophie: como ?!

Pai: foi muito grave?

Mãe: o corte está profundo demais.

Sophie: foi só um galho.

Mãe: vai ter que levar ponto.

Pai: vamos? Eu vou pegar a minha carteira. Bobby, sinta-se em casa.

Bobby: ah não, eu já estou de saída.

Pai: então espere por nós que os acompanhamos até a saída.

Bobby: certo.

Mãe: Sophie, suba, tome um banho e lave esse ferimento. Te esperamos em 10 minutos.

Sophie: certo.

Eu subi para o meu quarto e fui tomar logo uma chuveirada, lavei o ferimento com sabão e me lavei brevemente, vesti um short desfiado e rasgadinho rosa e uma blusa marrom com detalhes em brilhantes rosa também. Descendo as escadas, Jon estava com a mão no bolso encostado na janela olhando a paisagem. Parecia-me triste por algum motivo pois olhava de um jeito tão distante, como se não estivesse ali...Pigarreei.

Sophie: onde estão todos?

Jon: estão perto do portão inicial.

Sophie: certo.

Passei por ele e me dirigia a porta. Fui andando mesmo até o portão, é longe mas já que é o jeito mesmo...ele vinha atrás de mim, feito na vez que estávamos indo ver Black, mas agora eu não vou chama-lo para o meu lado, não depois do que aconteceu no riacho.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por todos os Reviews que eu tenho recebido. Realmente isso me faz muito feliz, ao saber que todos gostam da minha fanfic que eu faço com tanto cuidado e carinho pra que todos se agradem e é muito bom ser reconhecida por isso. A todos, meu sincero Obrigada. :*