Somebody that I Used To Know . escrita por Brigit Rausing


Capítulo 4
Everything Changes


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo quentinho saído do forno ^-^



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Sentamos todos na mesa que mal usávamos no dia a dia, eu me sentei ao lado da minha mãe e do meu pai, ficando de frente pra Jon, o pai dele cochichava alguma coisa em seu ouvido que não dava pra escutar mas dava pra ver a cara de satisfação que o seu pai esbanjava ao me olhar. Bem, eu fiquei pensando: se ele está digamos "interessado" em mim, se eu agisse de maus modos, ele iria "desencantar" de mim?

Pai: podemos comer ?

Sophie: claro, mano.

Minha mãe se engasgou com a água que ela estava tomando, fazendo limpar a boca rapidamente e me olhar bruscamente com aqueles olhos arregalados que davam medo.

Mãe: você tá doida? (sussurro)

Sophie: não,mano.

Minha deusa interior estava com um boné dos Yankees dançando Jay-Z em pleno Brooklyn.

Mãe: pare com isso,bons modos Sophie.

Sophie: ok. (¬¬)

Minha primeira, rápida e frustante tentativa não deu muito certo já que eu estava parecendo uma Lady a espera do seu gentleman *-* honestamente, eu estava perfeita, se eu fosse um homem e eu uma cópia minha passasse pela rua merecia um belo de um tapa na poupança. Zezé veio e servio a entrada que foi de ostras em uma cama de gelo o que me pareceu muito delicioso. Zezé colocou nos pratos cerca de 3 unidades, e, vendo aquela ostra brilhante deliciosamente me olhando, me fez ficar olhando friamente para a comida.

Pai: algum problema querida?

Sophie: não, não. (lambendo a saliva que se acumulava nos lábios)

Pai: você sempre gosta de ostras forradas no gelo.

Sophie: você não consegue ouvir?

Pai: ouvir? o que?

Sophie: a ostra está me falando algo. (riso)

Jon: ah é? e o que ela está falando? (nada intrometido)

Eu parei, e sarcasticamente olhei pra Jon.

Sophie: me coma.

Minha mãe cuspio a bebida que acabara de ser servida por Zezé e que mal tinha engolido.

Mãe: o que? o que? repete.

Eu olhei pra Jon e ele estava com um sorriso de uma orelha a outra, nem me dei o trabalho de olhar para seu pai pois sabia que ele tambem estaria sorrindo. Mas que bando de safadchênhos não? Me deu uma vontade tão grande de rir cara, tão grande, mas a minha inocencia falou mais alto.

Sophie: a ostra mãe.

Mãe: ah ta.

Eu olho de relance pra Jon e sorrio.

Bobby: bom, depois dessa, só nos resta comer.

Ai ai ai ai ai, minha risada fica querendo escapar mas tomo um gole de vinho que estava recem posto no meu copo. Por um momento eu esqueci que era vinho, jurando que era água dei uma golada bem intensa, o que me fez arder os olhos.

Mãe: Jon, você bebe?

Jon: só em ocasiões especiais.

Mãe: e hoje é uma ocasião especial?

Jon: claro que é.

Sophie: mãe, eu sei de uma coisa. (tive que interromper por que senão não ia prestar ¬¬)

Mãe: o que filha. (soltando ar impaciente e ainda com os olhos arregalados do tipo "cale a boca")

Sophie: porque o Brasil até hoje é perfumado.

Mãe: e é? que bom.

Sophie: sabe porque? hein ? hein?

Mãe: não e se quisesse saber iria procurar no Google que concerteza tem mais conhecimento que você..

E eu comecei a rir que doia a garganta, literalmete o vinho não me faz bem. Mas essa noite, meu objetivo era queimar meu filme com Jon e se ficar bêbada estivesse nos planos, era isso que eu iria fazer. Eu ria que chega soluçava, e como jeito de parar o soluço eu tomava mais um gole de vinho. Nisso a sala toda em silêncio.

Sophie: ai... eu acho que eu não me dou bem com bebidas. (outro gole profundo)

Jon: não é melhor você parar de beber?

Ele estava de cabeça baixa, de repente seu humor mudou e ficou sério. Estava concentrado em comer as ostra, ou tentando.

Sophie: você não é meu pai.

Pai: eu sou e pare de beber agora.

Sophie: você não é a minha mãe. (risada)

Mãe: pare de beber agora.

Sophie: você não é... a Zezé. (gargalhada)

Fez se silêncio. Será que eles estavam apreciando a minha magnânima risada ?

Sophie: eu sou muito engraçada.

Bobby: e se é.

Sophie: qual é ? tu quer partir pra briga coroa ?

Bobby: não.

Mãe: Sophie, você está ridícula.

Sophie: I'm sexy and I know it. Zezé!

Zezé: sim Sophie.

Sophie: traz mas uma garrafa de vinho pra mim.

Mãe: não, ela já está bebendo vinho demais.

Pai: bem, todos já acabaram de comer?

Bobby: sim. Jon ?

Jon: eu também já acabei.

Pai: Zezé, pode retirar os pratos e servir o próximo, por favor.

Zezé: sim senhor.

Sophie: não esquece do vinho!

A sala estava ficando com um clima meio tenso. Minha mãe e meu pai estavam trocando códigos crentes que ninguém percebia, Jon estava me olhando com um olhar de faminto e Bobby olhando para as unhas, mas que gay. Eu fiquei tentando pensar em alguma coisa mas uma névoa invadiu os meus pensamentos, Hum... álcool. Eu literalmente não me dou bem com bebida, eu só tomo cerveja e olhe lá, o álcool não me faz bem porque quando eu realmente bebo eu fico logo bêbada e quando eu fico nesse estado, minha filha, eu viro outra pessoa . Rapidamente Zezé chegou com o prato principal e nos serviu. E cadê a porra do vinho que eu pedi ?

Sophie: Zezé sua linda, cadê o vinho ?

Ela e meu pai se entreolham.

Zezé: o vinho está em falta Sophie.

Sophie: certo.(¬¬)

Mãe: Bobby, já que você está bebendo, não seria melhor você dormir aqui em casa? Porque você está dirigindo.

Bobby: ah não não, seria muito incomodo.

Pai: você será sempre bem vindo aqui .

Mãe: então está resolvido. Zezé, arrume os 2 quartos de hóspedes que temos.

Zezé: sim senhora.

Sophie: e traz o ...

Pai: obrigada Zezé, só precisará trazer a sobremesa e retirar os pratos. (¬¬)

Zezé: sim senhor.

Sophie: e então Bobby, sua esposa se separou de você porque você é gay ?

Minha mãe foi ficando rosa, vermelha, azul e por último roxa então eu notei que ela estava engasgada com a comida pela minha pergunta. Todos se levantaram da mesa com a esperança de ajuda-la e meu pai deu leve batidinhas em suas costas para que ela possa respirar melhor.

Mãe: céus, eu me engasguei.

Sophie: sério ? (¬¬)

Mãe: eu acho melhor apenas comermos e conversarmos civilizadamente.

Sophie: concordo.

Minha deusa interior estava dançando música caribenha num bar de quinta, mas por outro lado ele me dava coragem de fazer coisas que eu jamais faria em toda a minha vida, do tipo, perguntar se Bobby é gay. Ele podia até dar pinta mas não era pra eu perguntar. Oh deuses, oque diabos eu estou fazendo ? Comemos vagarosamente pra podermos saborear a comida, minha mãe resmungava alguma coisa com Jon, meu pai conversava com Bobby, e eu pensando do porque as paredes lá de casa eram brancas. Zezé recolheu os pratos e serviu a sobremesa que era de mousse de maracujá o meu preferido com passas por cima que quando entravam em contato com a língua fazia sentir um leve sabor de azedo ácido mas que a medida que íamos comendo mais iria ficando doce, uma delícia. Eu fui para o sofá relaxar um pouco com meu novo namorado o mousse de maracujá, quando Jon sentou do meu lado.

Jon: oi.

Sophie: oi.

Jon: tudo bem ? (riso)

Sophie: tudo.

Fez-se silêncio.

Jon: e então, tá quente aqui não é ?

Sophie: não.

Jon: quer ir lá fora, dar uma volta pelo campo ?

Sophie: claro... que não.

Jon: qual o seu problema hein ?

Sophie: qual o SEU problema ?

Jon: eu não sei. Meus pais se separaram e eu estou de volta, não é emocionante ?

Sophie: ah, claro que é. (num tom desanimado)

Jon: sabe Sophie, eu sei que eu errei muito com você no passado, mas eu estou disposto a concertar meu erros.

Sophie: você não sabe o que eu passei quando você foi embora.

Jon: olha, eu sei que você ficou internada por uns dias mas...

Sophie: alguns dias? Semanas, não?

Jon: é, semanas. Mas você superou isso e eu não supero aquilo que eu fiz com você.

Sophie: qual o seu problema? Você simplesmente não consegue me deixar só ?

Jon: sabe, quando eu era pequeno eu gostava de você.

Sophie: gostava tanto que me humilhou na frente de todos na formatura. Honestamente eu não entendo porque nossos pais ainda são amigos.

Jon: meu pai implorou o perdão da sua família, e eu pedi desculpas depois. Falei que isso nunca mais ia acontecer.

Sophie: obvio que não ia, você ia se mudar. Mas se continuasse morando aqui e tivesse oportunidade de fazer da minha vida um verdadeiro inferno você com certeza o faria.

Jon: eu gostava de você, mas tive meus motivos pra fazer isso.

Sophie: motivos? Eu nunca te dei motivos pra fazer aquilo comigo

Jon: então tá certo.

Sophie: sabe do quanto eu sofri ? eu quase me matei por isso, eu gostava de você e achava que na formatura ia dizer que gostava de mim também, ai você chegou com aqueles ovos e estralou em mim e todo mundo riu de mim mais do que já ria porque, eu era a esquisita, a quatro olhos e olha aonde eu estou agora? Tudo bem que eu estou bonita, quer dizer, eu estou a maior gostosa mas as marcas não podem ser disfarçadas porque elas ainda estão cravadas em mim como uma tatuagem e ninguém pode ver só eu que posso sentir. Ai quando eu penso que nunca mais ia te ver, que não ia ter que sentir as mesmas sensações que sentia antes ao relembrar tudo você chega aqui em casa e ainda por cima vem jantar com a minha família ? não é demais não ?

Jon: eu posso falar?

Sophie: não. E ainda por cima vem soltando gracinha pra cima de mim como se não se lembrasse de nada do que aconteceu, eu conheço esse tipo de playboyzinho que você é, sai por ai dizendo que pega todas, transa com todas mas no fundo da verdade ainda bate.

Jon: bate oque... ?

Sophie: você bate, eu tenho certeza disso.

Jon: bate o que ?

Sophie: bate aquilo.

Jon: ah ta. (¬¬)

Sophie: sim...?

Jon: não Sophie, eu não bato.

Sophie: e você ainda é...?

Jon: foi só uma vez.

Sophie: então você não é?

Jon: não eu não sou.

Sophie: é nojento ?

Jon: qual o seu problema com sexo? (sussurro)

Sophie: eu não tenho problema com sexo, é porque eu ainda sou.

Jon: você é o que?

Sophie: virgem. (sussurro baixo demais, eu estava constrangida)

Jon: oque?

Sophie: virgem. (mais baixo ainda)

Jon: o que?

Sophie: VIRGEM. (alto demais)

Jon: ah...ta.

Meus pais e o pai dele me olharam.

Mãe: tá... tudo bem ?

Sophie: haha (riso forçado)ta sim mãe, tá sim. A gente tava falando do signo de Jon só isso.

Mãe: hum... (olhar malicioso) talvez vocês queiram conversar lá fora.

Jon: é tem razão. Vamos conversar lá fora.

Sophie: não, porque eu simplesmente irei dormir agora. Boa noite família, boa noite Bobby, tchau batedor.

Pai: dormir ? já?

Sophie: eu acho que o álcool não fez muito bem pra mim. (se levantando e cambaleando)

Mãe: quer ajuda?

Sophie: eu.tô.bem.

Pai: tem certeza ?

Jon: eu levo ela lá em cima.

Sophie: não, batedor.

Jon: tem certeza?

Sophie: não. Boa noite e até amanhã.

Eu subi as escadas, fui logo entrando no meu quarto e fechando a porta. Desmanchei a trança que estava no meu cabelo, puxei o zíper de trás do meu vestido e os mesmo logo formou uma piscina em meus pés me deixando apenas de calcinha e sutiã no meu vazio espaço da casa. Meu quarto não é grande, mas espaçoso demais pra mim. Antes ele era meio infantil com desenhos de animais por todas paredes, brinquedos ... sim, eu brinquei até meus 13 anos de idade, e quando eu fui crescendo, me tornando um pouco mais madura psicologicamente e emocionalmente e minha família estava com boa condições, minha mãe chamou um decorador e decorou meu quarto do jeito que eu queria, como os quartos clássicos dos livros da literatura inglesa que eu tanto amo e aprecio tendo como grande referência quando o assunto é leitura de qualidade, tanto é que eu tenho uma estante com livros onde a maioria é inglês e a outra parte de assuntos diversos. Meu quarto não tem janelas, honestamente eu odeio elas faz me sentir como se estivesse muito exposta.... paranoia minha. (http://www.google.com.br/imgres?q=quartos+luxuosos+de+casal&num=10&hl=pt-BR&biw=1280&bih=588&tbm=isch&tbnid=D9FJ6bFc6WcfAM:&imgrefurl=http://sonhosdebelieber.blogspot.com/2011/07/u-smile-i-smile-capitulo-18-biiiig.html&docid=yiEPkNkQYnN_0M&imgurl=http://2.bp.blogspot.com/-BgeG6IIk_lM/TidJjNF5xxI/AAAAAAAAALY/-BfRxHM3yi8/s1600/quarto-casal.jpg&w=749&h=498&ei=0iihUK6fE5Gs8QSp5IDABA&zoom=1&iact=hc&vpx=711&vpy=86&dur=169&hovh=183&hovw=275&tx=59&ty=84&sig=107594730515849323882&page=1&tbnh=137&tbnw=201&start=0&ndsp=15&ved=1t:429,r:13,s:0,i:108)

Entrei no banheiro e a Jacuzzi ainda estava um tanto cheia e aproveitei pra esvaziar já que a ultima vez que a usei eu estava tomando banho e dormindo ao mesmo tempo minutos antes do jantar com a família Campbell. Procurei um roupão no guarda-roupa e uma toalha e fui tomar uma chuveirada já que a água da jacuzzi ainda estava descendo para o ralo. Entrando na área do banho, peguei um sabonete líquido de ameixa e comecei a esfregar por todo o meu corpo; a água quente fazia com que o vidro ficasse cheio de vapor deixando o local relaxante. Me enxaguei e fui lavar os meus cabelos, eu sei que não é recomendável pela minha mãe mas mesmo assim, eu precisava de água no meu corpo urgentemente. Enquanto isso, relembro pela minha memória os momentos em que acabei de passar a cerca de 20 minutos antes. É tudo tão confuso, minha cabeça está um misto de emoções que eu sempre fiz de tudo pra evitar ao máximo, as memórias que veem da época do hospital ainda me machucam e me fazem me sentir como se água gelada fosse injetada na minha veia que é ligada ao meu coração. Mas as lembranças e acontecimentos que estarão por vir serão bem piores, disso eu tenho certeza. Saindo do banho com o meu roupão e com a toalha na cabeça ao estilo Carmem Miranda, fui escolher o meu pijama e secar o meu cabelo com o secador que estava em cima da mesinha de madeira ao lado da minha cama. Liguei o ar-condicionado e olhei o relógio que apontava cerca de 11:00 p.m, como já estava tarde, aproveitei pra dormir.


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Notas finais do capítulo

Esperam que tenham gostado! Aguardem o próximo capítulo. (: