Somebody that I Used To Know . escrita por Brigit Rausing


Capítulo 18
Countdown


Notas iniciais do capítulo

Hey ladies! Uma observação, eu coloquei o hyperlink de como eu imagino Jon nessa nova fase. O nome do cara é Daniel Macedo mas,caso queria imaginar Jon de outro jeito, sintam-se a vontade. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/275451/chapter/18

Rapidamente atravessamos os outros estados, o céu está limpo, sem nenhuma nuvem e o vento está favorável. De vez enquanto eu escuto o piloto fazendo contato com o que eu acho ser a torre de comando e como resposta vem um chiado insuportável. Mas ele jura que entende tudo.

Vi campos, praias, florestas, cidades, de tudo um pouco. Sempre perguntava de que horas iríamos chegar e ele sempre diz: “me pergunta daqui a 1 hora.” Já perguntei três vezes. Conversamos sobre o que o fez querer essas profissão tão arriscada, sobre a paisagem e quando eu perguntei se podia tirar o cinto pra ver se meu cabelo ainda estava na cabeça, só faltou me engolir viva. Respondi se talvez devesse abrir os braços pra facilitar o processo de digestão e ele riu. Disse que eu era muito chata mas que devia ser uma boa pessoa. Seu nome é Nick, é casado e tem 3 filhos, sendo 2 deles gêmeas idênticas: Clair e Clarie de 2 anos e um rapazinho de 10 anos. Trabalha no ramo de aviação desde que se entende de gente, ganha 3 mil euros por cada viajem feita e ainda diz que não é o suficiente. Sua esposa é professora e ele disse que sempre gosta de suas “aulas particulares” a noite. Quando se passa mais de três horas com uma pessoas acabasse sabendo de muitas coisas. Sobrevoando perto do heliporto, fiquei impressionada com a quantidade de prédios de Nova York. Nick me disse que chegamos perto de 11 da manhã no horário local da cidade, que é mais ou menos 4 horas de diferença de Ohio, mesmo ambas estando no mesmo país.

Nicki: pronta pra aterrissar aventureira?

Sophie: tem certeza que não tem como eu me olhar no espelho?

Nick: se você quiser morrer, por mim tudo bem. – disse num tom de voz mais alto, quase gritando pelo fone de escuta.

Sophie: eu ainda não sou surda! – rebati no mesmo tom.

Nicki: foi mal, ás vezes eu esqueço que o vidro é a prova de som. – falou dessa vez mais calmo. – segure-se, vamos aterrissar.

Senti um leve impacto que foi ficando mais forte à medida que nos aproximamos do chão. E dentro da pequena casa de vidro eu o vejo. Sério, com o cabelo bem cortado, trajando uma calça jeans , um cardigã azul marinho com uma camisa cinza por dentro. Por um momento, meu coração parou. Minha respiração está ofegante, falha. E dentro de segundos a euforia toma conta de mim.

Ele está lá. A minha espera.

Quase saltei pra fora do helicóptero como uma gazela, mas tenho que mostrar que não estou nem aí. Tirei os fones e em seguida Nick veio me ajudar a tirar os cintos e os acessórios de segurança.

Nick: agora pode se olhar no espelho. – mas eu não respondia, apenas olhava diretamente pra a casinha de vidro que estava com Jon lá dentro. Ele me encarava, com os olhos semicerrados como se estivesse tentando decifrar um enigma. Estava mais alto, mais forte, mais bonito. Pelas minhas contas já deve estar com 19 anos, muito novo pra assumir um cargo tão alto assim na empresa. Mas já deve ter visto muito da vida.

Imóvel estava, imóvel ficou. Os seguranças vieram me ajudar com as malas que Nick tirou de um lugar não sei de onde e levaram lá pra dentro. Nick me acompanhou até a recepção do heliporto e quando as portas de vidro se abriram ele veio me comprimentar.

Jon: que diabos você tá fazendo aqui? – disse entredentes, aparentemente com raiva. Mas seu rosto estava suave. Me virei num ar impaciente, eu queria pular em seu pescoço e beijá-lo ali mesmo, mas estou aqui a negócios. Tirei meus óculos e olhei bem pra o seu rosto.

Sophie: Olá Sr. Campbell, meu nome é Sophie Stelee e eu estou aqui a pedido de Megan Stelee do escritório de advocacia Anelim de Ohio com fins de negócios com o jornal em que o senhor trabalha.

Jon: ninguém me falou que era você que vinha. – ele disse num tom tão... indiferente.

Sophie: pois bem, aqui estou eu. Por tanto, me leve ao hotel em que estou hospedada.

Jon: você não pode... – ele gaguejou – me disseram que uma mulher viria aqui pra gravar uma entrevista pra o jornal e aí você veio... não tá certo.

Sophie: ligue pra Anelim então e pergunte, já que não acredita em mim.

Ele me olhou com descrença, pegou o telefone e ligou pra alguém que eu não identifiquei. Eu me afastei e fui falar com Nick, ele me deu o número do celular dele caso eu quisesse fazer algum voo de urgência e me entregou as malas. Fui numa pequena loja de suprimentos e comprei uma cartela, mas eu ainda não estava com vontade de fumar, então guardei na bolsa a cartela de cigarros. Comprei um milk shake de chocolate e então Jon veio em minha direção.

Jon: desculpe pelo meu comportamento inicial. Eu estava nervoso e não imaginei que você viesse. Eu não sabia que a Anelim é da sua irmã e que você está encarregada disso. Sinto muito.

Sophie: agora você acredita em mim?

Jon: vem cá. – ele abriu os braços em sinal de querer me dar um abraço. Meus deuses, ele vai me dar um abraço! Nem parece que éramos tão íntimos e 11 meses atrás, quase um ano. Muitas coisas devem ter mudado. Coloquei a mala de rodinhas encostada na parede juntamente com o milk shake e me virei pra lhe dar um abraço. Pus meus braços em volta de seu pescoço e seus braços se encaixam perfeitamente na minha cintura. Ele inspirou forte e silenciosamente, passou as mãos em meus cabelos enquanto sinto sua respiração eu meu pescoço.

Eu senti tanta falta disso, agora eu estou o abraçando, tocando a pele que eu tanto queria que me tocasse esse tempo todo, sentindo o seu cheiro, a textura de seu cabelo entre meus dedos pequenos... sabe, sentir ele é a melhor sensação do mundo. Ele me pressiona contra o seu peito fazendo me sentir segura como das outras vezes, me fazendo sentir que esse sempre foi o lugar que eu queria estar, a peça que faltava pra o meu quebra cabeça estar completo.

Mas não é pra ser assim. Ele me traiu.

Separei-me dele, olhando de volta em seus olhos verdes do qual eu costumara sonhar a noite. Me olhou sério, fitando cada parte do meu rosto como se tentasse recuperar os detalhes perdidos. Meia sem graça e pra tentar disfarçar o meu nervosismo, dei um sorriso sem dentes breve e voltei a pegar as minhas malas. Mas ele veio atrás de mim.

Jon: não, eu levo isso. – já passando na minha frente, pegando as minhas malas e me entregando o milk shake.

Sophie: olha, só porque você está encarregado de cuidar de mim não significa que tem que ser minha babá.

Jon: me diz um dia que eu deixei de cuidar de você.

Sophie: nos últimos 11 meses eu diria.

Jon: fora esse tempo, claro. – ele foi se aproximando com um rastro de sorriso no rosto. Passou as mãos em meu rosto levemente – eu sempre cuidei de você e essa sempre vai ser minha obrigação. Aliás, se cuida da pessoa que ama não é?

Cadê a respiração? Ar... cadê você meu filho?

Sophie: passado. Se você não tivesse me traído... – eu fui aumentando o tom de voz.

Jon: ei, ei – levou um dos dedos a minha boca e pousou suavemente – eu não gosto de cenas escandalosas em público. Conversamos sobre isso depois. – tirou os dedos da minha boca e foi passando pelos meus cabelos. – não lembro de você de cabelo azul.

Sophie: isso é verde turquesa com dégradé crescente para cima de roxo e azul marinho. Informe-se melhor sobre cabelos. – falei com certo tom de sabichona.

Jon: certo, certo, me desculpe madame. Agora, vamos?

Sophie: por favor. – coloquei meus óculos de sol e comecei a tomar meu milk shake indo logo atrás dele em direção ao estacionamento.

Jon: Senhorita Stelee?

Sophie: a mesma.

Jon:  faria o favor de me acompanhar?

Sophie: mas eu já estou lhe acompanhando.

Jon: do meu lado. – Que lindo, tentando reavivar memórias do passado não? Do dia do estabulo em que cavalgamos juntos. Mas dois podem jogar esse jogo.

Sophie: obrigada Senhor Campbell, mas eu sei exatamente o meu lugar.

Jon: se soubesse não... – o interrompi.

Sophie: podemos ir? Sem conversas, por favor. – me pus ao seu lado tomando o meu milk shake e com o meu Ray-ban e Jon levando as minhas malas. Silenciosamente. E assim caminhamos até o estacionamento, sem nenhum pio. Avistei um carro alto e branco, mas eu não sei qual é a marca. Eu abri a porta, entrei e liguei o ar condicionado. Rapidamente Jon escorregou para o banco do motorista e prosseguiu para o tráfego. Paramos no sinal, e nessas alturas eu não estava mais conseguindo controlar a vontade de fumar, mesmo assim  fiquei ouvindo música pra me distrair. Até que Jon me cutuca.

Jon: eu estou falando com você. – disse num tom relaxado.

Sophie: desculpe eu não estava prestando atenção. O que você estava falando mesmo?

Jon: sobre o seu namorado. – engoli seco. – como está Sean?

Sophie: como você sabe de Sean? – como ele soube? Megan? Kath? Sean andou investigando minha vida? Jon andou investigando minha vida? Quem ele pensa que é? Meu humor enegreceu.

Jon: saiu fotos de vocês dois juntos numa revista. – ah, o dia em que saímos da boate e fomos fotografados.

Sophie: não estávamos namorando.

Jon: não?! – respondeu surpreso.

Sophie: e mesmo se estivéssemos não seria da sua conta. – Ele se enrijeceu, sua boca formou uma linha reta e agora seus rosto está mais sério. Fez-se silêncio. O sinal abriu  e então resolvo quebrar o clima de tensão, eu tenho que aproveitar cada momento, saber de tudo o que aconteceu com ele esses tempos. – e a sua namorada?

Jon: Anna?

Sophie: você tem uma namorada? – não, não, não, responda não.

Jon: não, nós só... ficamos. – Yes! Área livre pra titia Soph.

Sophie: e aquela vez que eu liguei e... – eu tenho que saber. Aliás, preciso saber o que aconteceu e o porque aconteceu.

Jon: ah – ele riu. – aquilo foi um mal entendido. Eu estava muito triste por você ter ido embora e entrei pra o grupo de teatro da faculdade. Estávamos ensaiando uma cena.

Sophie: e o que ela me disse?

Jon: outro mal entendido. –ele gargalhou. – A garota que estava comigo pensou que fosse Sophia, a namorada dela. Foi só uma brincadeira. Mas você desligou o telefone na minha cara, e eu não tenho como pagar 20 dólares em cada 30 segundos da chamada.

Será? Ele falou com tanta naturalidade... bem, eu vou ter tempo de sobra pra pensar sobre isso. Mas... sei lá, pode ser verdade, mas também pode ser mentira. Amigas lésbicas? Desde quando? Será que os três... no apartamento... eles não podiam ensaiar na faculdade? Melhor não pensar nisso.

Sophie: hm... sei. – falei com desconfiança.

Jon: mas e então? O que tem feito da vida? – deu de ombros tentando passar indiferença, mas no fundo eu sei que ele se importa.

Sophie: eu andei, respirei, comi... – como no dia em que nos “re-conhecemos”

Jon: você e seu jeito inteligente. Você sabe o que eu quis dizer. – vi humor em seu rosto.

Sophie: eu fiquei com Sean – devo comentar a ele que entrei em depressão? Que comecei a fuma? Beber? –, estou quase no final do período de estudo intenso da faculdade, comprei um carro, trabalho com a minha irmã, tenho uma casa... o que mais quer saber?

Jon: como você passou Natal? 

Sophie: só. – me encolhi no banco do carro.

Jon: hm, eu também. A essas alturas eu já estava em Manhattan e meu pai não viria até aqui só pra passar Natal comigo.

Sophie: e Anna?

Jon: ficamos por só uma semana, ela queria namorar comigo e eu não quis. Acabamos, nuca mais nos falamos. E você e Sean? – ele me olhou, insistente no assunto..

Sophie: nós... ficamos também. – não sei o que dizer. E se eu falar que transamos? Que eu não sou mais virgem? Estou nervosa. –  Mas por dia apenas, desde que eu cancelei um jantar com ele, nunca mais me ligou.

Jon: Hum. Que triste. – falou ironicamente.

Sophie: mas eu não sinto falta dele. E você? Como anda a vida?

Jon: eu fiquei sozinho por um tempo, mas fiz alguns amigos e então eles alegram meu final de semana. A não ser quando eu tenho que apresentar as matérias especiais que acontecem uma vez por mês no telejornal e escrever toda segunda feira a minha coluna no jornal... eu passo o resto do tempo estudando. A maioria das pessoas não gosta da minha mania.

Sophie: que mania? – pelo que eu lembre ele não tem nenhuma mania...

Jon: mania de te ver, te sentir e te ouvir em todos os lugares.

Ele parou. Respirou fundo duas vezes e ficou em silêncio. Passou a mão pelo cabelo e em seguida se concentrou na estrada. Eu fiquei o olhando, tentando deglutir a frase que acabara de ouvir. Meu coração foi aumentando a velocidade aos pouco e fiquei imaginando nos dois juntos novamente, se abraçando, se beijando... Quando acordo do transe, pego-me com a respiração pesada e o encarando. Ele olha de relance e sorri timidamente. Viro a cabeça, fico admirando a paisagem passar pela janela e tomando meu milk shake.

E assim fomos silenciosamente até chegarmos no hotel. Jon deu as chaves a um homem de terno bege com taxas vermelhas e chapéu e pediu para que me ajudasse com as malas. Acabei meu milk shake e joguei no lixo. O homem me ajudou a pôr as minhas malas num carrinho dentro do hotel e estava nos esperando juntamente comigo – só que eu estou sentada no sofá – pra que disséssemos em que quarto vamos ficar hospedados pra ele poder colocar minhas coisas lá. Eu estava de longe, junto com o funcionário do hotel, apenas vendo Jon discutir discretamente com a recepcionista. Telefonou pra alguém e após o término balançou a cabeça em sinal de desaprovação. A recepcionista falou algo mas ele a ignorou e veio falar comigo.

Sophie: Afinal, qual o problema? – perguntei curiosa.

Jon: tenho notícias! – simulou uma felicidade espontânea.

Sophie: boas ou ruins?

Jon: depende de como você vai interpretar. – levantou a sobrancelha e sorriu.

Sophie: fala logo. – estava irritada pelo fato de fazer horas sem por um cigarro na boca.

Jon: você vai ficar quarto com vista pra a cidade.

Sophie: e isso não é bom?

Jon: pois é, estamos hospedados no mesmo quarto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?*-*