Somebody that I Used To Know . escrita por Brigit Rausing


Capítulo 16
Turn me On


Notas iniciais do capítulo

Hey! Prometi que ia postar na terça mas, eu tava muito cansada da praia ... O Sol aqui no nordeste está perfeito *-* Porém, aqui estou eu. o Espero que gostem.



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Caminhamos pelo Eden Park enquanto Megan me contava o que queria, em meio aos balões coloridos no céu, as babás com suas crianças, meninos correndo de bicicleta, vendedores de pipocas e todas essas coisas melosas. Tive que controlar a vontade de fumar ali mesmo, não é o lugar apropriado, que exemplo eu estaria dando as crianças? Sentamos num banco de madeira comendo pipoca.

Jon virou jornalista, escreve as notícias do mundo político em uma coluna só sua e faz e apresenta reportagens especiais na televisão. Seu emprego é em Nova York e foi transferido da faculdade de Mullingar para a cidade em que ele atualmente mora, está liberado pra fazer estágios e assim melhorar o seu aprendizado na área em que está cursando.

Um dos advogados de Nova York da Anelim se envolveu num certo tipo de esquema de corrupção que está sendo comentado em toda NYC: seu cliente, um dos sete homens mais perigosos da cidade foi preso e o contratou pra o defender, o problema é que ele tem muito dinheiro e disse ao advogado que se desse uma pequena fortuna ao juiz do caso pra que ele possa deixá-lo em liberdade, iria ser bem remunerado.

Jon soube disso através de seu chefe, que é amigo de um dos promotores do tribunal. Ele está querendo fazer uma matéria sobre isso, tal coisa que se for publicada afetará drasticamente o escritório da minha irmã. Então, ela simplesmente negociou com o jornal: irá enviar um de seus advogados a Nova York pra dar uma entrevista ao telejornal e juntamente com o jornalista tentar convencer ao juiz envolvido a gravar outra entrevista explicando-se. Isso dará audiência, vai defender a Anelim garantindo a expectativa de ótima qualidade entre os cidadãos e expor a versão do juiz pra que todos tirem suas próprias conclusões. Ou seja, todos saem ganhando.

E adivinha a quem ela escolheu a ir a Nova York?

Sophie: eu não vou! É suicídio.

Megan: mas me responda, eu pedi a um dos meus funcionários puxar todo o histórico do rapaz: onde nasceu, o que fazia, relacionamentos...

Sophie: seus advogados agora são agentes da CIA? Me economize Megan, eu não vou e ponto, eu não tive nada demais com ele e isso basta. Não adianta pedir a mim pra ir a Nova York só pra tentar juntar-nos.

Megan: Não é isso! – falou, dramaticamente ofendida – estamos sem advogados no momento.

Sophie: eu ainda não sou advogada! Falta alguns meses pra a formatura ainda.

Megan: dois meses apenas, pra ser mais específica 60 dias.

Sophie: e daí? Chama Kath. Ela é uma ótima funcionária. – falei dando de ombros.

Megan: ela não tem o tempo livre que você tem.

Sophie: tá me chamando de desocupada?

Megan: olha, entenda como você quiser. Eu preciso da sua resposta ainda amanhã cedo porque Jon vai estar esperando em Nova York  depois de amanhã.

Sophie: como você vai conseguir um voo até amanhã?

Megan: já ouviu falar em táxi aéreo?

Sophie: não... – que legal, um táxi. Só que aéreo.

Megan: me liga qualquer coisa, Xavier e eu temos que sair daqui a pouco.

Sophie: ele já voltou?

Megan: mas vai voltar de novo. Tá tentando resolver outros assuntos dos escritórios de Manhattan e de Seattle. Dívidas, e mais dívidas.

Sophie: boa sorte.

Megan: conto com você minha irmã, por favor, ajude-nos. – Ela encostou a testa na minha e sussurrou isso pra mim. Me deu um beijo e depois foi-se.

Esperei ela sair com o carro e então enlouquecer. Como assim? Do tipo, há quase nove meses ele me traio, eu desenvolvi um ódio terrível por ele e então descubro que sempre estive apaixonada por ele. Sabe lá se ele tem uma namorada e me colocam numa prova de fogo dessa? É coisa demais pra mim, emoção demais, eu vou explodir. Peguei um cigarro na bolsa e fui pra debaixo de uma árvore, não sentei, pois estou de vestido e não fica nada bem uma moça sentada de vestido, pelo menos pra mim que não leva jeito pra isso. Fiquei andando pra lá e pra cá e resmungando comigo mesma. Meus deuses! Como isso foi acontecer? Aceito a proposta e o vejo novamente? Recuso e fico martelando a minha cabeça até a morte? E se ela mandar outra pessoa? E se essa pessoa for uma mulher? E se eles se envolverem?! Não. Tenho que fazer alguma coisa. Ligar pra ele? Eu ia dizer o que? “ Oi Jon! Eu mandei você se fuder da última vez que nos falamos mas eu ainda estou apaixonada! E quer uma novidade? Nós vamos nos reencontrar! Não é lindo?” Cacete, eu não sei o que fazer?

Inspire... Respire...

Não, eu não posso fazer isso. Ele deve me odiar até o último fio de cabelo. Como isso foi acontecer? ERA PRA ESTARMOS SE-PA-RA-DOS, sem mais nem menos, eu vim pra Ohio, tenho que seguir a minha vida e ele a dele. Mas será que foi um sinal dos céus? Um sinal de Iemanjá? Eu não posso arriscar, se eu for vou botar tudo a perder. Mas também... se eu for eu vou aparecer na TV! Não, esse não é o objetivo. Sophie, foco. Seja profissional Sophie Stelee, foco. Se eu for, vou apresentar o meu trabalho... vou me exibir na televisão... quem sabe as oportunidades em grandes escritórios se apresentem? Tenho que pensar nisso também. Talvez eu devesse aceitar, não pra reencontrar Jon e sim pelas chances que virão pela frente após eu me envolver nesse caso. Até que nesse ponto de vista não parece má ideia... Olho o relógio, agora são quase quatro da tarde aqui em Ohio, resolvo ligar pra Kath.

Kath: alô?

Sophie: oi Kath!

Kath: o Soph, algum problema? – falou num tom de preocupação. Desde que eu comecei a fumar e a beber sempre que eu ligo pra ela, pensa que aconteceu alguma coisa.

Sophie: não. Quer dizer... tem sim. Você poderia vir aqui no Eden Park? Eu preciso conversar com alguém.

Kath: tá eu... só trocar de roupa e te encontro aí em meia hora tá certo?

Sophie: tá certo. Beijos.

Kath: Beijos.

Fui a um quiosque ali perto e comecei a beber cerveja. Sentada, sentindo a brisa de verão no rosto, me lembrei dos dias de cavalgada com Esmeralda. Talvez eu tenha mudado, da doce e inocente menina do interior pra a rebelde menina da cidade. Mas a minha essência como pessoa não mudou. Ainda continuo sonhadora, tentando fazer algo de melhor pra ajudar meus pais na Irlanda, tentando me superar cada vez mais, procurando fazer o melhor pra mim sem pisar em cima dos outros... ainda continuo apaixonada. Agora eu vejo que minha maior burrada foi ter me entregado aos meus hormônios e ter me relacionado com Sean, ele só queria se aproveitar de mim e dar o fora depois. Tanto é que não me ligou até hoje, não sei se ele ainda está aqui em Ohio ou se já viajou, não temos mais contato um com o outro. Melhor assim, não iria pegar bem eu trocando o nome dele por Jon na hora H. Minutos depois, Kath chega e se senta ao meu lado.

Kath: traz mais uma garrafa de cerveja aqui.

Sophie: oi. – disse, meio amuada.

Kath: me conta, o que aconteceu. – eu contei toda a história que Megan me contou e o que ela queria que eu fizesse. – E você vai não é?

Sophie: eu não sei.

Kath: olha, eu sou totalmente contra o que ele fez com você quando tu ligou pra ele. Mas, se é o que você quer...

Sophie: eu não sei se é isso o que eu quero.

Kath: puta que pario, você dispensou o gatão, lindo, maravilhoso, musculoso, puto de muito gostoso do Sean por causa de Jon e você ainda acha que não gosta dele? Faça-me um favor.

Sophie: não é bem assim. Ele foi quem não me ligou, e eu não vou ficar me dando ai feito qualquer uma, eu tenho algo que se chama amor próprio sabe?

 Kath: eu sei, eu sei. Mas... – deu um gole na garrafa de cerveja – tenta entender poxa.

Sophie: eu não consigo, por isso que eu te chamei aqui. Por que você é minha melhor amiga e me entende melhor do que eu mesma.

Kath: se eu fosse você eu ia. Sabe, tirar tudo a limpo entre vocês dois, tentar outra vez e vê no que dá. Se a experiência não for boa, você volta e segue a sua vida como se nada tivesse acontecido.

Sophie: mas e se der errado? Se eu me machucar ainda mais? Eu acho que eu não vou suportar mais outro tapa.

Kath: olha – ela segurou minha mão com suas duas mão e me olhou no olhos, até parecia que ele consegue ver a minha alma. – vai pra Nova York, você vai conhecer os seus limites, vai revê-lo e botar a prova os seus sentimentos. Se eles forem verdadeiros, você vai perceber e vai lutar por ele, porque não se deixa um amor desses escapar. Agora, se não for verdadeiro, faça o que tens de fazer em NYC e depois você volta como se nada aconteceu. Você tem que aprender a ser forte Sophie, não tem que ficar dependendo de ninguém ou de algo pra seguir com a sua vida, ir atrás de seus objetivos e conquistar as coisas com o seu suor, através de suas batalhas interiores. Se esforce pelo que você quer, concentre-se no seu objetivo, que eu tenho certeza que vais conseguir.

Eu fiquei um tempo olhando pra ela, tentando refletir em tudo o que ela disse e era isso o que eu queria fazer mas, não compreendia o porquê    eu queria fazer aquilo. Mas agora eu sei, eu tenho que ir a Nova York. O mais rápido possível.

Conversamos por um tempo e logo em seguida Iv – que agora é motorista de Kath já que eu comprei meu carro.– veio nos buscar. Conversamos um pouco, ela me contou que vai passar as férias da faculdade na casa de Xavier e que iria voltar pra comemorar seu aniversário comigo e com o resto do pessoal. Falando sobre isso, uma pergunta veio na minha cabeça: como é que eu vou pra Nova York se eu ainda não estou de férias da faculdade? Pego o celular e ligo pra Megan.

Megan: oi irmã.

Sophie: como é que eu vou se eu ainda não estou de férias?

Megan: hã? você vai pra onde?

Sophie: puff – bufei – Eu pensei bem sobre isso, e... eu vou fazer o que você me pedio.

Megan: aaaaaaaaaaaaaaaah – ela passou um minuto gritando no meu ouvido. – sério? Você vai fazer isso por mim?

Sophie: vou Megan, vou. – disse, impaciente. – agora me diz, como eu vou se não estou de férias?

Megan: eu resolvo isso amanhã, adianto as suas férias mas em compensação você volta mais cedo pra poder fazer as provas atrasadas.

Sophie: eu vou passar quantos dias lá?

Megan: quanto tempo precisar até conseguir tudo o que o jornal precisa e dar a entrevista pra a televisão. – sua estava entregando a sua euforia disfarçada -

Sophie: tá, tá certo então.

Megan: amanhã você passa aqui e pega algumas instruções que o seu voo sai de seis da manhã do outro dia.

Sophie: Ok. Te vejo amanhã.

Megan: eu não sei o quanto te agradecer!

Sophie: você pode me pagar um milhão de euros depois.

Megan: nem morta.

Sophie: não seja por isso.

Megan: engraçada. Mas sério mesmo Soph, muito obrigada. Eu te amo.

Sophie: também te amo Megan. Tchau.

Desliguei o telefone. Ela é chata às vezes, mimada, exige demais das pessoas devido a sua competência, irritante mas é a minha irmã e nós duas nos amamos. Só eu sei o quanto ela sofreu quando eu caí em “depressão” pelo fato de estar separada de Jon e comecei a fumar, beber, chegar tarde em casa bêbada e todas essas coisas rebeldes. Eu a amo. Amo minha família, faria qualquer coisa por eles.

Em casa, me caiu a real: eu vou ver Jon em menos de dois dias. EM MENOS DE DOIS DIAS. Eu esperei por isso todos esses meses e dois dias antes eu fico assim, sem saber o que fazer. Tenho que me arrumar. Peguei-me com um sorriso bobo no rosto enquanto separava algumas roupas pra fazer a mala. Eu vou reencontrá-lo. Não é um máximo? De repente me senti eufórica que comecei a cantar. Como eu cogitei a ideia de não querer vê-lo novamente? Sou uma idiota mesmo. Peguei algumas roupas e liguei para a cabelereira da minha irmã, pedi a ela pra vir aqui em casa pela tarde pra retocar as cores do meu cabelo colorido. Amanhã de 6 da tarde ela vai está batendo na porta aqui de casa. Também separei dinheiro pra amanhã juntamente com Kath ir ao shopping comprar algumas roupas novas e sapatos, um dia sem comparecer a Anelim não iria matar ninguém, mas eu já estou liberada por esses dias, Kath não.

Duas malas prontas, falta só pegar a mala de mão que tá embaixo da cama. Me joguei no chão e me estiquei pra pegar a pequena mala roxa detalhada com flores douradas. Eu não a uso desde a minha viajem a Ohio. Quando a abro, uma surpresa: o balão agora murcho que Jon me deu no aeroporto ainda está lá. Peguei-o com toda delicadeza possível e segurei em minhas mãos. Memórias invadiram minha cabeça e lágrima escorreram sem que eu percebesse.

Talvez Kath esteja certa.

Talvez meu amor tenha sido guardado dentro de uma mala, tenha ficado amassado, sensível e desgastado. Mas não deixou de existir, assim como o balão.


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Notas finais do capítulo

Reviews? :3 Postarei em breve, prometo.