Como eu podia ter sido tão esquecida? Tão distraída? Aquele menino que estava me abraçando naquele momento era e sempre fora meu melhor amigo! Eu não me lembrava nitidamente de quando tinha 3 anos... Eram lembranças velhas que haviam se perdido dentro da minha cabeça diante dos acontecimentos da vida.

Era por isso que eu achava a casa velha tão familiar... Aquela já fora minha casa! Por que eu me sentia totalmente confortável perto de Castiel... Aquela sensação de "nos conhecemos a muito tempo" era um simples fato.

–Você também lembra! Não é? -Castiel disse abrindo um sorriso novo. Mais lindo que todos os outros que eu já tinha presenciado.

–Teria como esquecer Cast? -Eu disse relembrando como eu o chamava. E ele me chamava de Z. Quando pequenos, éramos os únicos que podíamos nos chamar assim. Se por exemplo minha mãe me chamasse de Z. eu não atenderia. Afinal eu sou era Z. para ele, para qualquer outra pessoa eu era Zoey.

Ele pareceu lembrar também e sorriu.

–Como você conseguiu lembrar? -Perguntei curiosa.

–Dragon! Dragon foi o primeiro a lembrar! Ele se jogou em cima de você como fez na primeira vez que vocês se conheceram. Ele deve ter reconhecido o seu cheiro. No começo eu ri, a cena era realmente engraçada... -Ele deu um sorriso sem graça. -Eu acho que você se chateou com isso. Desculpe-me. Mas depois quando você se levantou eu vi a Z. A Z. que brincava comigo quando éramos pequenos... A Z. que era a única que podia me chamar de Cast... Eu fiquei sem reação. Era você! Minha melhor amiga! E então não querendo abrir a porta pra mim, você me fez lembrar ainda mais a Z. ... Lembra quando sua mãe te dava uma bronca? Você se trancava no quarto e só saia quando queria ou quando eu ia falar com você... -Nós rimos. Eu era uma peste quando criança. -Então eu raciocinei que você estava brava comigo por causa de Dragon, eu o coloquei pra dentro e vim aqui quebrar a vidraça da sua janela. -Ele sorriu novamente pra mim.

Eu lhe dei um beijo na bochecha que o fez ficar vermelho. Fui eu quem ri dessa vez.

Tínhamos a tarde inteira pela frente, conversamos, relembramos histórias antigas, assaltamos a geladeira, ouvimos música... Então de repente Castiel disse que tinha que me dar algo.

–É uma coisa que era para eu ter te dado no dia que você foi pro Canadá mas eu esqueci... -Ele disse abrindo a porta da casa dele. Eu me lembrava daquela casa... Não havia mudado muito. Agora ela só era mais fazia.

Nós subimos as escadas e fomos para o seu quarto. Era todo preto, tinha sua guitarra em cima da cama, CD's espalhados por mesinhas, postêrs na parede, um computador... Eu achei bem mais organizado do que eu esperava.

Ele começou a revirar algumas caixas e depois de alguns minutos (que pareceram uma eternidade para mim que estava super curiosa) ele se virou com uma caixinha de veludo.

Eu quase desmaiei quando ele a abriu e de lá tirou um anel. Era um anel de ouro branco com uma caveirinha roxa no meio. Era muito lindo! Eu havia amado!

–Bom, eu acho que vai servir. -Ele sorriu enquanto pegava minha mão.

Ele gentilmente pegou meu dedo anular, colocou o anel e suavemente beijou minha mão.

Eu não era feita de ferro para aguentar tanta fofura! Depois disso ele segurou meu queixo e me deu um beijo no canto da boca. Quase como um selinho! O meu dia estava muito perfeito! Esperava a qualquer momento acordar na cama e perceber que era só um sonho...

Tive meus pensamentos interrompidos quando ouvi o carro da minha tia chegando. Percebi que já era de noite, e ela ficaria preocupada se eu não estivesse lá quando voltasse (qual seja o lugar que ela tenha passado o dia).

–Castiel, esse carro é da minha tia. Eu tenho que voltar... -Disse com enorme tristeza. Por mim eu ficaria ali, perto dele, junto a ele para sempre... -Se ela chegar e não me encontrar ficará certamente preocupada... -Eu disse terminando meu raciocinio.

Percebi a tristeza na voz de Castiel também.

–Tudo bem, eu te levo até em casa. -Ele disse. Como se minha casa fosse muito longe... Mesmo assim eu queria a companhia de Castiel nem que fosse por menos de 5 minutos.

Quando chegamos na porta de casa, titia acabava de estacionar o carro.

–Oh! Olá Zoey! Como foi o seu dia? -Titia disse tirando compras do carro sem olhar pra mim e perceber que Castiel estava do meu lado. -Ah! Quem é esse? -Tia Alice disse quando finalmente viu Cast.

–Tia, esse é Castiel. Antigo amigo de infância, vizinho e colega de classe. -Eu disse apontando pra ele.

–Oh, prazer Castiel! -Titia disse do seu jeito simpático e carismático (normalmente aquele tom me deixaria tonta de tanta animação... Mas não hoje! Hoje era o melhor dia da minha vida! Nada estragaria isso! N-A-D-A!). -Eu faço questão que entre para jantar conosco! Estou preparando um prato especial! -Dessa ultima parte eu havia gostado. Eu estava morrendo de fome e Castiel teria um tempinho a mais comigo.

–Olha, é contra meus costumes ser assim tão folgado... Mas hoje provavelmente eu jantaria miojo... Eu não posso recusar um convite para um jantar especial com a fome que estou!

Minha tia ficou radiante! Normalmente, no Canadá as pessoas não entravam na casa uma das outras a não ser que fossem bem intimas.

Todos nós entramos em casa. Enquanto titia preparava o jantar especial, eu e Cast víamos um filme que ambos já tínhamos assistido. Estávamos só o criticando de uma forma bem descontraída... o elenco, a direção, filmagem, efeitos...

O jantar forá bem agradável. Titia fez uma deliciosa lasanha e fez perguntas sobre a escola e assuntos do tipo. Depois ainda, perguntou sobre o anel que eu estava usando. Eu respondi que tinha sido um presente de Castiel e nós dois coramos sobre a mesa, titia riu de uma forma "já tive a idade de vocês" bem estranha... Nada que estragasse a noite.

Quando estava por volta das dez, dez e meia Cast foi embora prometendo estar me esperando na porta de casa amanhã para irmos para a escola juntos. Mal consegui dormir de tanta ansiedade.