Era o horário da saída. Todos estávam se dirigindo para o portão. Nós, as meninas, combinávamos de ir no shopping passar o tempo no dia seguinte. E os meninos iriam fazer alguma coisa como assistir futebol.

–Nos encontraremos de novo amanhã. -Lysandre disse enquanto passávamos pelo portão. Ele já estava se despedindo. -Eu, Íris, Leigh e Rosalya vamos por aqui. -Ele disse apontando para a esquerda. -Vamos visitar vovó Fátima.

Vovó Fátima? Quem seria essa?

–Violette e eu vamos por aqui. -Alexy disse apontando para a direita. -Eu vou apresentar Violette aos meus pais hoje. -Ele sorriu. Isso fez Violette ficar vermelha. Ela deveria estar bem nervosa.

–Zoey pra que lado você mora? -Castiel perguntou.

–Bom, eu não me localizei muito na cidade, mas é perto de uma casa enorme abandonada... -Disse tentando aguçar meu senso de direção.

–Uma casa enorme toda preta e velha caindo aos pedaços?

–É essa mesmo!

–Se não fosse por ela seriamos vizinhos. -Ele sorriu e pegou minha mão. Nós seguimos o caminho em frente. Ele estava me levando pra casa.

Conversamos e rimos o caminho inteiro. Quando estávamos entrando na nossa rua lembrei-me de perguntar para Castiel sobre a tal de Fátima que Lysandre havia falado.

–Castiel, agora pouco Lysandre falou sobre uma tal de Fátima... Quem é?

Ele sorriu com a minha curiosidade.

–A primeira moradora da cidade. É uma velhinha muito simpática e cheia de história pra contar. Ela é tipo uma avó de todo mundo... Como não tem filhos, é sempre muito sozinha então sempre os jovens da cidade vão visita-la.

–Que máximo! Me leva pra conhecer ela um dia desses?

Ele deu um sorriso lindo.

–Mas é claro! Avise-me quando tiver um dia livre. -Ele piscou.

Estávamos chegando em minha casa.

–Aquela é a minha casa. -Eu disse apontando pra casa verde claro, que ficava anterior a casa que diziam ser "mal assombrada"... Só me parecia uma casa velha... Mas tinha algo de especial nela... Me parecia familiar de algum modo.

–A minha é a posterior da casa velha ali. -Castiel disse apontando para uma casa bege logo a frente.

Chegamos no portão. O carro de tia Alice não estava na garagem.

–Ah, então quer entrar? -Eu disse. Ele sorriu.

–Em vez disso posso te convidar a um passeio com Dragon pelo parque aqui na frente?

–Sim! -Eu disse animada demais. Ele percebeu e riu.

–Então, senhorita Zoey, vossa senhoria gostaria de me dar sua adorável companhia em um calmo passeio pelo parque? -Ele disse tentando imitar um lorde.

–Eu adoraria Lorde Castiel. -Disse entrando na brincadeira.

Combinamos de cada um ir pra sua casa almoçar e trocar de roupa. Depois nos encontraríamos em frente a casa velha.

Eu fiz um lanche e o comi com um copo grande de Coca-Cola. Tomei outro banho, agora fazia calor, coloquei então um short jeans preto e uma blusa branca caída no ombro com um desenho de caveira no centro dela. Coloquei alguns anéis pretos, uma pulseira e um colarzinho em forma de guitarra.

Fiquei no computador até a hora que havíamos combinado o encontro.

Então pensei na palavra "encontro". Eu estava tendo um encontro com um menino? Era isso mesmo? Eu havia passado o dia inteiro com pessoas incríveis que já me consideravam uma deles... Agora eu estava indo para um encontro... Não era eu que costumava ser antissocial? Já não sabia mais...

Quando sai de casa, avistei Castiel segurando uma coleira.

Eu não imaginava o tamanho de Dragon! Castiel tinha me falado dele enquanto caminhávamos para a casa, mas... Ele era realmente um monstro de cachorro!

Eu me aproximei devagar. Não queria que Dragon me achasse uma ameaça e me atacasse. Então Castiel percebeu que eu estava com um pouco de medo, ele sorriu de um jeito irônico e soltou a coleira de Dragon. De repente aquele monstro que era segurado descuidadamente por seu dono estava em cima de mim.

Eu tinha toda certeza que ele estava me atacando quando percebi que ele só estava me lambendo o rosto. Eu estava deitada no chão com um cachorro que parecia pesar 10 quilos sobre mim (sem contar que a minha cara estava ficando toda babada) e Castiel estava rindo de tudo isso.

De algum modo eu consegui me levantar e sair de baixo de Dragon. Eu não olhei para Castiel. Dei meia volta e voltei para casa. Eu estava realmente com raiva de Castiel. Ele estava rindo da minha desgraça causada por ele mesmo e aquele monstro pulguento que ele chamava de "Dragon"! Quando entrei em casa bati a porta com força. Eu não costumava fazer o tipo "garota mimada" que saia batendo portas, mas Castiel havia conseguido me tirar do sério.

Entrei no banheiro e lavei meu rosto. Quando acabei ouvi a campainha e latidos na porta. Com certeza era Castiel! Eu não iria atender!

Ele continuou batendo por uns 5 minutos. Vendo que eu não iria atender ouvi seus passos indo embora. Talvez tivesse ficado com raiva de mim. Não importava. O errado era ele!

Então subi as escadas e fui pro meu quarto. Deitei na minha cama e comecei a lembrar do dia de hoje. De como eu e Castiel havíamos passado o tempo inteiro juntos... De como eu me sentia bem com ele... De como era a sensação magica de estar em seus braços... De como ele me dava confiança... De como ele me entendia...

Eu queria abraça-lo de novo! Sentia total falta dele! Não deveria ter o tratado daquele jeito estupido! Já não importava o que ele tinha feito! Eu precisava dele!

Então ouvi barulhos que pareciam pedras batendo em vidro.

"Tec"

"Tec"

"Trashkakalsialsials" Esse último era o barulho de uma vidraça de janela quebrando. Era a janela do meu quarto! Olhei para o chão havia uma pedra. Tinham atirado pedras na janela até ela quebrar? Quem seria o vândalo? Me levantei da cama com raiva! Abri a janela com o vidro quebrado. Olhei pra baixo, era Castiel.

–Desça aqui Zoey. Por favor. -Ele disse fazendo uma carinha fofa.

–V-você quebrou a minha janela! -Foi o que eu consegui dizer.

–Eu pago o concerto depois se você quiser. Mas por favor, desça aqui, eu preciso falar com você.

Eu estava totalmente derretida por ele. Parte de mim se jogaria da janela mesmo para os braços de Castiel... Mantive o controle, fiz um sinal com a mão para ele esperar lá embaixo por que eu estava descendo.

Desci as escadas o mais rápido que pude (tomando cuidado para ele não perceber que eu estava totalmente ansiosa para ve-lo). Abri a porta. Castiel me pegou de surpresa com um abraço.

–Eu lembrei quem é você! Eu lembrei! Como eu podia ter esquecido? -Do que ele estava falando? Castiel havia fumado? Será que ele era um usuário? Me arrepiei com a ideia.

Ainda em seus braços "mágicos" perguntei:

–Do que você esta falando Castiel?

–Zoey você não se lembra de mim? Nem de Dragon?

Do que aquele menino estava falando? Como eu ira me esquecer de alguém que eu conhecerá hoje...

Minha mente explodia lembranças da minha infância. Agora eu me lembrava! Dragon, Castiel... Eu os conhecia desde os 3 anos! Eu morava na casa velha com meus pais antes de me mudar para o Canadá! Castiel e eu éramos melhores amigos naquela época! E no dia que eu descobrir que iria me mudar ele havia achado Drangon na rua e ele havia lambido meu rosto inteiro como hoje! Nós tínhamos apenas 3 anos naquela época mas eu amava Castiel como meu melhor amigo! Era o que ele era! E o que ele continuava sendo!

Olhei em seus olhos castanhos, estavam cheios de expectativa que eu me lembrasse dele. Eu simplesmente me joguei em seus braços e o abracei o mais forte que pude.