PAIGE PDV

- Calma, volta a fita, que historia é essa? – minha mãe a olhava horrorizada.

- Não esta vendo isso aqui na minha cara? Não vou casar com essa linha de expressão aparecendo em todas as fotos. Corta tudo. Cancela.

            Olhei para Cris e começamos a gargalhar. Elas nos olharam como se fosse um ultraje e continuamos rindo mais ainda.

- Não acredito que estou ouvindo isso mãe, logo de você! – Cris se recompôs da risada e colocou a mãe sentada numa cadeia.

- Pode deixar que nós resolvemos isso rapidinho. – falei pegando os kits de maquiagem que estavam espalhados e consertando a burrada que ela fez.

            Depois de uns quinze minutos, consegui ajeitar um pouco o problema e minha mãe começou a falar.

- De onde você tirou aquele homem parado lá fora hein? – pronto, tudo o que eu precisava.

- É a válvula de escape dela por conta do Jake. – fuzilei minha prima com os olhos.

- Não é nada. Ele é um amigo, está trabalhando comigo e resolvi chamá-lo para me acompanhar. – olhei novamente para a Cris, porque eu sabia que ela ia falar demais.

- Ele é muito bonito. Deveria namorá-lo. – minha mãe falou convicta e dei um sorriso pra ela.

- Pra mim ela tinha que voltar para o Jake!

- Não acredito que o está defendendo!

- Eu já disse que ele se arrependeu.

- Eu vi, se agarrando com a primeira loira que viu pela frente! – falei com a voz alterada.

- Parou as duas. Parecem duas crianças. A Paige faz o que ela acha certo Cris, e outra a noite aqui é minha. Não quero brigas, senão eu faço a Rebecca trancar vocês dentro de um quarto. – minha tia se alterou também e pedimos desculpas.

            Depois de um quase surto dela, saímos para que ela pudesse terminar de se arrumar. Minha mãe acabou ficando com ela para colocar direito o vestido e comecei a andar para perto da porta do salão. Cris foi terminar de chamar o pessoal que ia entrar pelo salão adentro e foi quando o vi parado e pelo que parecia, ansioso.

             Vamos lá Paige, você consegue, é só erguer o corpo, respirar fundo e falar somente o necessário.

JACOB PDV

            Senti que alguém me observava quando a vi vindo em minha direção.

- Poderia dizer que está linda essa noite? – falei meio nervoso e ela abriu um sorriso.

- Está nervoso Sullivan? – odeio quando alguém fala assim comigo.

- Por que esta me chamando assim?

- Seu nome não é esse?

- Não, esse é meu sobrenome. – já parecíamos duas crianças –  Esquece, o que eu quero falar com você não é sobre nomes, isso você pode ter certeza.

- Acredito que eu não tenha nada a falar com você.

- Ai que você se engana, temos muito a conversar!

- O passado já se foi Jacob, esquece tudo o que aconteceu. – ela falou com uma voz entediada e aquilo doeu no peito.

- Meninos, estamos prontos? – Cris chegou toda animada e a musica tocou calmamente. Aos poucos adentramos no salão e vi que ela ainda estava receosa de colocar as mãos no meu braço.

- Não vou arrancar sua mão. – falei gentilmente, mesmo depois da maneira que ela falou comigo.

PAIGE PDV

            Que isso arrancar minha mão seria pouco pelo que aconteceu. Não sabia mais se o olhava, se sentia seu perfume, se respirava, ou se colocava a mão no braço dele. Ele acabou fazendo o ultimo por mim e a proximidade fez com que eu sentisse aquele maldito choque que tanto temia.

            Não adiantava negar, eu o amava. E por mais que quisesse lutar contra isso, não conseguia. Mas também sabia que nosso relacionamento estava fadado ao fracasso e que tudo iria por água abaixo se tocasse com isso. Não queria conversar, as feridas mal curadas reapareceriam e o sofrimento seria cada vez maior.

JACOB PDV

            Enquanto a cerimônia rolava e finalmente parecia que ela tinha ficado a vontade onde estava, percebi que quem deveria estar casando era eu. Ou que pelo menos isso deveria ter acontecido há muito tempo. Durante a cerimônia percebi todas as burradas que fiz e senti que teria mesmo que recuperar o tempo perdido. Eu não conseguiria passar mais nenhum momento da minha vida sem ela.

            A cerimônia passou e o juiz os declarou marido de mulher. Aplausos e muitos beijos e abraços depois nos direcionamos para a festa.

            Sentamos em uma mesa enorme e as coisas começaram a fluir de uma maneira mais normal. A musica já tinha começado, mas ninguém ainda tinha ido dançar. Se eu não me engano isso só começaria depois da dança do casal e dos padrinhos.

            E foi só abrir a boca para isso acontecer...

PAIGE PDV

            Estava mais confortável com o Giulio ao meu lado, mesmo estando na mesma mesa que o Jake. Olhei novamente para ele que sempre insistia em me olhar quando tinha oportunidade. Quando a musica do casal começou, senti um frio na barriga. Eu teria que dançar com ele mesmo?

            Esquece isso, aja como se o Giulio fosse tudo para você nesse momento, já que eu disse que tentaria, porque não agora?

(How Can you Mend a Broken Heart – Bee Gees)

            Minha tia e o Allan foram para a pista de dança e estavam muito lindos dançando. Eles se olhavam de maneira tão apaixonada que me perguntei como eles demoraram para perceber que eram feitos um para o outro. Eram amigos há tanto tempo. Eles dois fecharam os olhos e ele encostou o queixo no rosto dela. Em seguida senti uma mão ao meu lado e quando olhei para cima era o Jake me chamando para dançar.

- Os padrinhos tem que dançar também não é? – ele apontou com a outra mão e os outros casais já tinham ido para a pista. Engoli em seco e coloquei minha mão sobre a dele.

- Se isso é tão importante! – pedi licença para o Giulio e ele deu um riso como se me desse permissão. Percebi de canto de olho que Jake não tinha gostado disso.

            Ao chegar a pista de dança, ele me rodou e me grudou ao corpo dele.

- Não precisa ser assim tão perto.

- Essa é uma dança lenta. – ele me empurrou pela cintura e me fez girar novamente.

- Desde quando aprendeu a dançar tão bem? – estava assustada, ele me conduzia perfeitamente.

- Desde que Emy decidiu se casar. Pensa que foi fácil?

            Respirei fundo quando ele me deu aquele sorriso nojento e ao mesmo tempo lindo. Chega ele percebeu que eu dei uma deslizada e me segurou mais forte pela cintura.

- Eu sei que você não quer falar comigo. – fiz menção de me afastar e ele continuou me segurando – Deixa-me terminar, por favor.

- Para falar o quê?

- Será que você seria capaz de me perdoar? – os olhos dele estavam marejados e aquilo me emocionou. Mas a dor das lembranças era maior.

- Por que está me pedindo isso? – falei com a voz embargada.

- Cometemos muitos erros Paige, e eu sei que ajudei em muitos deles. Mas já se passaram tantos anos, não podemos mais negar a verdade...

- Que seria? – não sabia mais se encarava os olhos dele ou sua boca. Ela pedia por mim, eu percebia isso... Eu não sabia nem mais o que dizia.

- Eu te amo. – o sussurro convincente e envolvente só me fez ficar ainda mais surpreendida com a audácia dele de falar aquilo perto de todas aquelas pessoas. Para não perceberem, ele continuou me conduzindo e me levando praticamente, senão eu teria o pé fincado no meio da pista – Eu quero que coloquemos uma pedra no que aconteceu, e comecemos de novo a nossa vida...

            Continuei calada. Não conseguia sair nada da minha boca, em nenhum momento ele quebrou o contato visual, mas a sua expressão era de ansiedade.

- Não vai me responder nada não?

- Hum Hum Hum.... – a namorada dele apareceu e interrompeu a conversa – Estou atrapalhando? Poderia dançar com meu namorado?

- Claro. - nos afastamos e ela o levou para outro lado da pista.

            Fui para fora do salão tomar um pouco de ar. Ele parecia ter sido tão... Sincero. Que inferno, não acredito. Ele não podia falar isso tudo para mim, não agora. Fiquei ainda uns minutos olhando para o luar maravilhoso no céu, quando senti duas mãos quentes encostando-se ao meu ombro.

- Algo errado? Está bem? – era o Giulio.

- Estou tentando desesperadamente parecer bem, mas não consigo mais.

- Aquele lá era o seu ex-namorado não é?

- Não tem como duvidar não é? – ele me virou de frente para ele e vi o seu sorriso consolador – Desculpa Giulio, não pensei que as coisas fossem acabar assim. Ele me deixa doida.

- Você ainda o quer?

- Não sei. Sinceramente não sei. Eu queria muito poder esquecer tudo o que aconteceu, mas é que ele simplesmente não quer me deixar...

- Ele te ama?

- Ele disse que sim.

            Meus olhares se encontraram com o Giulio e me prendi. Ele tinha todo aquele ar de protetor, mas ao mesmo tempo ele era homem. E ele me queria também. Ele foi chegando perto de mim, seu hálito no meu rosto me deixando um pouco tonta, porque aquele homem era demais. Milímetros do meu rosto, ele me olhou novamente e foi encostando os lábios aos poucos nos meus e colocando as mãos em volta da minha cintura me puxando para mais perto. Ele era quente e aconchegante. Aos poucos foi me beijando, primeiro no lábio inferior e em seguida no superior, até que pelo movimento da musica ele foi levando os meus braços em torno do seu pescoço e começou a me beijar de verdade, voltando as mãos para minhas costas. Já estava tão envolvida nesses movimentos que me deixei levar.

JACOB PDV

            Fui sendo arrastado para o outro lado da pista pela Toph, mas estava entorpecido ainda com aquele momento, com aquela troca de olhares intensa, aquele perfume dela maravilhoso, seus lábios pedindo por um beijo... Ela me colocou em posição e comecei a dançar com ela.

- O que pensa que está fazendo Jake? – ela me olhava indignada – Não consigo entender como você pode dar em cima dela na minha frente.

- Desculpe, eu... – ainda estava pensando na Paige. Minhas palavras mexeram com ela, eu sei...

- Você o que? A ama não é verdade? Essa é tal que vi nas fotos e que você vive procurando não é? – a voz dela já saía magoada.

- Como sabe disso?

- Eu sempre soube Jake, mas nunca quis acreditar...

            Paramos de dançar e ela me deixou seguir para Paige. Ela sabia que ali me segurando não adiantaria de nada... Saí correndo para outro lado, fui como um louco procurando por ela pelos cantos e tive a visão que nunca gostaria de ter tido na minha vida. Ela estava beijando aquele cara! Não acredito! Voltei indignado para dentro da festa, e direto para o bar!           

(Could Shoulder – Adele)

PAIGE PDV

            O beijo realmente era muito bom, mas não era o Jake. Não adianta, aquilo mexeu comigo, ele não ia sair da minha cabeça.

- Para Giulio, pára! – me afastei dele e ele me olhou surpreso.

- Não gostou? – gostar, eu gostei, mas não era o homem que eu queria que me beijasse.

- Assim... Não consigo, não dá!

- Mas você correspondeu ao beijo.

- Eu sei, é que...

- Você ama o rapaz não é? – apenas fiz que sim com a cabeça. Ele olhou para mim, pegou as minhas mãos e as beijou – Vai atrás dele!

- Como? – olhei assustada e ele riu.

- Falei para ir atrás dele. Aproveita a oportunidade. É a sua vida. – ele piscou e me deu um sorriso.

            Sai correndo de perto dele, e fui direto para dentro do salão de festa.

- Cris, onde o Jake está? – ela apenas apontou para a pista de dança e ele dançava com os meninos e elas estavam lá paradas apenas olhando.

- Nem sei o que deu neles, mas o Jake foi e todos eles foram atrás.

- E cadê seu namorado?

- Fugiu de mim, sei lá. Ele desapareceu...

            Fiz minha cara maliciosa, peguei a bebida que estava na mão da Emy e tomei de um gole só.

- O que te deu hein? – Emy me olhou embasbacada.

- Aprendi que temos que agarrar as oportunidades! – dei um jeito de amarrar o vestido até ele ficar no meu joelho, o que fez ele ficar bem rodado e fui andando para a pista.

            Quando cheguei bem perto dele fui dançando nas costas dele e assoprando no ouvido dele bem perto o que o fazia virar, mas eu não deixava. Os meninos ficaram rindo e deixaram que as coisas rolassem. Ate que ele conseguiu se virar para mim.

- O que pensa que está fazendo? – ele falou meio irritado.

- Dançando oras, você acha o que?

- Cadê o resto do seu vestido?

- E você se importa realmente com isso? – depois do que aconteceu, ele estava mesmo me perguntando do vestido?

            Ele fez menção de ir embora e o segurei pela camisa.

- Sua namorada não vai se importar não é? – ele voltou com tudo para cima de mim.

- Com o que? – ele perguntou confuso.

- Com isso! – puxei-o pela gola da camisa e dei um beijo de tirar o fôlego. Ele queria se afastar ate que não consegui encontrar mais resistência e ele se deixou levar pelo beijo. As mãos dele iam diretamente das minhas costas para minha cintura e todo mundo em volta gritava e assobiava. Era urgente, me puxava cada vez mais para ele, não conseguíamos nos soltar, minhas mãos não saiam do cabelo dele.

JACOB PDV

            O que afinal tinha dado nela? Ela apareceu do nada e me beijou. Não vou negar que era bom, afinal eu esperava por isso há muito tempo, mas não pensei que ela o fosse fazer assim do nada. Na verdade, eu pensei que isso nem ia acontecer mais. Quando finalmente nos soltamos, olhei-a atordoado.

- Você bebeu? – ela gargalhou.

- Eu te amo também sabia?! – os olhos dela encheram de lágrimas e do jeito que ela me olhava eu não precisava saber de mais nada – Não bebi não! Apenas tomei certeza de um fato.

- Então quer dizer que você me perdoa?

- E você me perdoa?

- Eu te amo, quer confirmação maior do que essa?

- Então, eu também te amo, acho que não precisamos de mais nada.

            Beijamos-nos novamente e mesmo confuso e surpreso para mim aquele era o melhor momento da minha vida. Continuamos ali dançando na pista e nos beijando. Não iria me soltar nunca mais dela!

PAIGE PDV

            As meninas foram para a pista e foram dançar com a gente. Não queríamos conversar sobre nada, apenas resolver tudo o que estava pendente naquele momento. O nosso momento. Amanha era outra historia, e sim ainda tínhamos muita coisa para conversar. Mas repetindo, só amanhã!