(On Bended Knees – Boys II Men)

PAIGE PDV

Continuamos dançando ao som daquela musica maravilhosa até que Jake fez com que nos encarássemos.

– Pensou que eu esqueceria?

– Só dei uma pista ontem não foi? – pisquei para ele e ele riu.

– Eu já tinha tudo esquematizado.

– Pelo visto você sempre consegue se livrar do Tom não é? – eu o procurei ele riu mais ainda.

– Esqueceu que eles começaram a namorar no mesmo dia que a gente?

– É mesmo!

– Então, eles estão tendo a comemoração deles... – ele riu malicioso e me deu um beijo.

Fomos jantar e a comida estava maravilhosa. Realmente homem quando sabe cozinhar, meu Deus!

– Barollo? – tomei o vinho e senti um gosto familiar.

– Pensa que esqueci que foi com essa belezinha ai que ficamos bem próximos?

– Ficamos bêbados você quer dizer.

– Primeira vez que nossas barreiras tinham sido quebradas...

– Verdade... – isso realmente eu não podia negar...

Depois que terminamos de comer, ele me levou para perto do sofá e levei o presente dele comigo.

– Olha aqui, eu disse que ia comprar e achei, só não sei se você vai gostar. – ele pegou a caixa da minha mão e ficou fascinado quando abriu.

– Sempre quis ter um desses... Eles nunca se desligam. Não precisam de bateria.

– Uma vez ouvi você conversando sobre isso com o Tom e acabei comprando. – sorri e ele me beijou.

– Agora eu não sei se você vai gostar do presente que eu quero te dar. – ele ficou meio apreensivo e ri.

– Como você disse antes, só de estar com você é o mais importante. – ele me entregou uma caixa retangular e quando abri, me emocionei...

– Sempre te vejo agarrada a esse livro, e até agora não entendi o porque, já que ele foi feito para adolescentes, mas como sua versão, aquela que você dorme quase todo dia em cima dela, está velha, resolvi comprar a versão atualizada para você.

(n/a: presentes)

Como não podia ser mais perfeito? Pulei nos braços dele e enchi seu rosto de beijos.

– Eu te amo sabia? – falei emocionada e ele riu.

– Também te amo. Mas... Quero saber o que te atrai tanto nesse livro.

– A forma como a personagem principal se entrega ao amor que ela tem. E como consegue esconder isso sabendo que ele ama sua amiga e a amiga dela o ama.

– Mas eles são tão novos...

– Por isso é mais bonito, por serem tão novos... É inocente, ingênuo... Ela é muito inteligente e consegue transpassar esses sentimentos como se fosse uma mulher adulta, sem a maldade e a malícia que costuma existir entre os mais velhos.

– Entendi... – ele ainda me olhava meio confuso e eu ri.

– Deixa eu te mostrar... – abri numa pagina do livro e comecei a ler – Aqui ela está numa aula de física e transforma tudo o que a professora fala em poesia, de acordo com os sentimentos que ela tem pelo menino... Aqui: “ Se esse amor me modifica, me transforma, me edifica, se ele afeta tanto a mim, também te transformará. A energia desse amor afetou-nos para sempre, e a matéria que hoje somos, outra matéria será...”.

– Ouvi você recitando isso quando pintava e não tinha entendido muito bem, mas agora eu entendo.

– O que você entende? – olhei confusa.

– Nosso amor nos transformou sabia? Somos outra “matéria” podemos dizer assim...

Ri com o comentário e concordei. Agora me diz, como eu vou contar tudo pra um homem maravilhoso desses?

A noite foi maravilhosa, mas tivemos que acordar cedo para entregarmos trabalhos finais para as férias. Tom apareceu todo bobo para tomar café da manhã e rimos quando ele contou que quase tudo tinha dado errado quando ficou trancado no banheiro.

– Ela não me avisou que a fechadura estava ruim, se ela não tivesse ido ao banheiro logo de cara eu teria ficado trancado lá... – ele bufou e morremos de rir.

Depois fomos para as nossas aulas... Seria um longo dia...

JACOB PDV

Estava revisando os trabalhos e terminando todos para deixar nas mãos dos professores quando Úrsula apareceu novamente com a Debby na minha frente.

– Já não basta uma me enchendo, agora são as duas? – falei ríspido e elas não gostaram.

– Nem vem que na ultima vez que ficamos juntos, você bem que gostou... – Debby falou com raiva e sentou na minha frente. Devia ter escolhido a biblioteca.

– Não viemos aqui para lembrar os velhos tempos e sim para contarmos o que você não me deixou contar na sua casa. – revirei os olhos e ela continuou me encarando.

– Isso de novo? Não estão vendo que eu estou tentando entregar meus trabalhos?

– A Paige está mentindo para você Jake. – Debby falou calmamente.

– E como você tem tanta certeza disso? O que a Úrsula contou para você? Qual a mentira da vez? – tentei me levantar, mas as duas me seguraram.

– Nós a chamamos para te seduzir. E pelo visto ela conseguiu.

– Mas que absurdo é esse? Ficaram malucas? – não podia acreditar no que elas estavam me contando.

Depois de alguns segundos me recuperando, elas contaram toda a verdade para mim. Do fato da Emy a conhecer, delas terem descoberto que eram minhas namoradas, de chamarem a Paige para ajudá-las.

– Ela fez isso porque era como se fosse um joguinho e uma forma de se vingar do Timoty por ter feito quase a mesma coisa pra ela.

Eu não acreditava em nada do que elas me falavam, parecia uma completa maluquice. Então elas me contaram de certas situações minhas com a Paige, coisas essas que nem o próprio Tom sabia de tantos detalhes.

– Pensa que tudo não foi arquitetado? Até te levar naquele final de semana para a família dela...

– E eles sabem de alguma coisa?

– Acho que não, ela nunca nos disse nada. – Debby deu de ombros para esse detalhe.

– Não vê que ela fez tudo manipulado? Ela queria ficar com você depois, não sei e fez com que você nos afastasse.

– E vocês queriam se vingar de mim? – falei perplexo.

– Queria que fizéssemos o que? Você namorava três ao mesmo tempo! – Debby falou quase chorando.

– A Emy se engraçou pro lado do Tom e queria esquecer tudo isso. Eu acho que por elas serem amigas há mais tempo, armaram tudo para que ficássemos de fora.

– Mas aquela historia era verdade Úrsula... – falei confuso.

– Sim, mas ela usou isso como arma para me desmoralizar.

– E conseguiu. – Debby riu e tomou um tapa dela – Desculpa.

– Enfim, achávamos que era melhor você saber de tudo, mesmo não merecendo muito, você ainda não tem o direito de sofrer por causa disso. – ela olhava com descaso e eu quase a enforquei.

– Como posso saber se tudo isso é verdade?

– Eu tenho registrada algumas ligações que ela fez. Gravei algumas no meu telefone e estão aqui no meu pen-drive, se quiser confirmar, está tudo aqui. Se não quiser, é problema seu...

Elas levantaram, deixaram as coisas comigo e foram embora. Ia jogar aquele pen drive no primeiro mato que achasse, mas a pulga atrás da orelha voltou e aquela boa e velha desconfiança apareceu. Principalmente, por me lembrar das reações dela com relação a muitas coisas.

Quando eu consegui por as idéias no lugar e digerir um pouco do que me foi dito, resolvi logo ver aquele maldito pen drive. Maldito mesmo, porque tinha informações que eu nunca gostaria de ouvir na minha vida. Passei muito tempo tentando filtrar as conversas. Levantei revoltado e quis chutar tudo o que vinha na minha frente, mas olhei pra mesa novamente e ainda tinham os trabalhos para entregar. Respirei fundo e fui fazer o que era o certo. Depois resolveria meu problema.

Mas o caminho todo para a sala de aula foi um tormento. Não conseguia me concentrar de fato em nada. Como ela pôde fazer isso comigo? E a Emy, tão fria e calculista que nem ela...

Assim que cheguei ao apartamento fui logo tomar um banho para esfriar as ideias... Se é que isso era possível...

A campainha tocou e percebi que não devia ser ela. Quando abri a porta, Úrsula estava me olhando com uma cara bem maliciosa. Puxei-a pelo pescoço, dei um beijo bem forte e a levei para o meu quarto...

PAIGE PDV

(Rascal Flatts – What Hurts the most)

Liguei para o telefone do Jake e ele nem deu sinal de vida. Fui a sala dele e o professor disse que ele tinha deixado os trabalhos com ele e ido embora. Voltei ao apartamento, liguei para o Tom e ele disse que nem tinha falado com o Jake.

Ao entrar, vi roupas de mulher e as roupas dele jogadas no chão. Tentei entrar no quarto dele, mas estava trancado. Não acredito que ele tenha feito isso, não pode ser... Bati freneticamente, mas ninguém atendeu, o som lá dentro era altíssimo. Meu coração parou na boca, mas tentei manter a racionalidade antes de surtar. Sentei no sofá e resolvi ligar para o celular dele... que só dava desligado. Não quero nem pensar no que está acontecendo lá dentro...

Duas horas depois, ainda estava acordada e olhando algum movimento vindo do quarto... Foi quando ele saiu...

– Nós dois precisamos conversar...

– Não temos nada que conversar. - ele foi andando para cozinha e me tratou de forma fria.
– Eu não acredito que eu estou aqui tentando entender tudo que está se passando, mas que situação é essa? – estava desorientada.
– Exatamente aquilo que você entendeu. - ele continuou sendo frio e nem sequer estava me olhando.

Não consegui formular mais nenhuma frase na minha mente, porque ele estava fazendo aquilo?

– Aquelazinha ainda está aqui? - perguntei e meu coração parecia ter parado de bater.
– Aquelazinha tem nome e sim ela está aqui sim, e poderá ficar quanto tempo quiser. - ele agora me tratava com desprezo.

Quando ele saiu da cozinha e me olhou novamente, meus olhos se encheram de lágrimas.

– Não adianta chorar lágrimas de crocodilo. Não acredito em mais nada que venha de você - ele sussurrou no meu ouvido e eu cambaleei. Ele foi andando em direção ao quarto e eu o travei.
– Jacob Sullivan. – chamei-o bem alto e ele parou de andar – O que diabos está acontecendo aqui? O que eu fiz pra você me tratar assim? Me trair? Que merda toda é essa?
– Porque não pergunta as suas amiguinhas o desfecho simplório desse plano de vocês? – ferrou!
– Do que você está falando?
– Ah queridinha, me faça o favor, vai me dizer que não sabe? - Úrsula saiu do quarto e veio na minha direção – Contei tudo a ele, detalhe por detalhe. – sabia que isso ia acabar acontecendo.

– Vadia! – dei-lhe um tapa na cara e me enfezei – Eu devia te matar.

– Vadia é você! – ela quase gritou, mas arrumou o cabelo que tinha voado no rosto e o sorriso maléfico me fez estremecer – Eu disse que ia me vingar. – ignorei-a. Senão iria com certeza jogá-la pela janela.
– Jake, me ouve, nós precisamos conversar! - me desesperei, sabia que quando ele descobrisse nunca mais iria querer me ver na frente dele.
– Não temos nada para conversar.

– Jake, eu te amo, por favor, me dá uma chance de te contar tudo, por favor.

– Me ama? – riu com escárnio – ME AMA? – ele alterou a voz e foi chegando mais perto de mim – Você me enganou para satisfazer os desejos egoístas de suas amigas, se é que posso chamar vocês assim, e vem dizer que me ama?
– Ih pelo visto meu lugar não é mais aqui! - Úrsula se apressou, já estava praticamente pronta e saiu correndo do apartamento.
– Sou apenas amiga da Emy, e você enganou todas elas ao mesmo tempo! - agora quem estava bufando era eu.
– Mas eu mudei e me arrependi de ter agido feito um idiota... Pedi desculpas a todas elas... Você sabe disso, eu fiz por você! – recuei quando percebi que a fúria dele já tinha extrapolado o próprio corpo – Você manipulou tudo isso não foi?
– Você quer a verdade? - minha voz estava saindo embargada.
– Eu já sei de toda a verdade... A única coisa que eu não sei é quanto elas te pagaram pra você ficar comigo? – dei um tapa tão forte nele, que doeu em mim.
– Seu.... Seu... Miserável! - minha voz estava saindo fina, praticamente inaudível - Nunca mais fale isso comigo!
– Então qual foi o motivo disso tudo? O que eu fiz pra você? – a voz magoada estava me fazendo morrer por dentro.
– Elas me pediram, e eu entrei no jogo... Não sabia que isso acabaria assim...
– Então fez por diversão? Piorou! – a raiva voltou e fiquei com medo de ficar perto dele.

– Eu não fiz... – comecei a chorar – Eu só queria que você visse que não era certo enganá-las...
– Parabéns! – ele me reverenciou – Conseguiu! Mas você queria que eu me apaixonasse por você não é? – o encarei.
– As meninas queriam isso... - minhas mãos suavam horrores, e eu as esfregava como se fossem lixas. Ele foi chegando mais perto de mim, e eu abaixei a cabeça... Ele puxou pelo meu queixo e o fez encarar de novo.
– Objetivo falho. Não me apaixonei por você de verdade.
– Mentira, você disse que me amava... Me pediu em namoro... E ontem à noite...
– É pode ser, mas depois disso aqui tudo, ah gatinha... Não estava de fato apaixonado por você. – ele continuava me olhando com aquele olhar frio e a sua voz já estava distante – Eu também falava para elas que as amava... – ele deu um sorriso vitorioso. – Agora se você realmente acabou se apaixonando por mim... – a risada agora era maléfica – Tarde demais... – ele puxou minha nuca com força – O feitiço virou contra o feiticeiro. – sussurou e riu novamente da minha cara.

Encaramos-nos por mais um tempo, olho no olho. Não acreditava no que estava me falando. Não teria como eu acreditar nisso. Era só uma maneira de me tentar fazer sofrer do mesmo modo que fiz a ele. Isso era certo, não era?

Ele entrou em seu quarto e trancou a porta. Assim que percebi que minhas pernas voltaram a me responder, fui em direção a ele e bati várias vezes, pedindo misericórdia para que ele me atendesse e pelo menos ouvisse meu lado da história. não obtive resposta.

Arrastei-me até o meu quarto, fechei a porta e chorei tudo que podia e mais um pouco. Escorreguei até o chão e fiquei totalmente sem forças. Depois de muito tempo tentando me recuperar para pelo menos deitar na cama e chorar com certa dignidade, levantei e fiquei tonta. Olhei pra frente, minha cabeça ficou pesada e quando olhei pra frente, já enxergava tudo preto.