Into Your Arms escrita por AnaSabel


Capítulo 21
Capítulo 20




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Os dias parecem mais difíceis; noites mais longas; o verão finalmente diz adeus. E aqui estou eu, novamente. Medindo palavras e aceitando as consequências.

Palavras.

Como elas significam pouco quando é tarde demais.

Talvez a culpa seja minha e de meu otimismo cego. Talvez eu fosse ingênua o bastante para me perder em seus olhos. Talvez eu saiba em algum lugar, no fundo da minha alma que o amor nunca dura e temos que encontrar outros de manter a cara séria.

Atravessei a porta do colégio e meus olhos começaram a procurar, por mais que eu soubesse que não havia nada pra ser encontrado ali. Eu não queria achar, pelo contrário, eu queria fugir. Alguns chamam de covardia, eu chamo de esperteza, melhor prevenir do que remediar.

Contei apenas para Sarah sobre o incidente de ontem. Tentei evitar todas as aulas de Biologia que eu teria no dia e no intervalo não o vi também, porém, na saída pareceu impossível. Steven estava encostado em sua moto e Andrew estava conversando com ele. Todos olhavam, principalmente as garotas, o que particularmente me irritou muito.

Andrew me observou por alguns segundos e meu estômago gritou. Eu odiava o que ele fazia comigo. Steven acenou para eu ir até eles. Respirei fundo, tentando parecer indiferente, o que a cada passo se tornou mais difícil. Eu ainda podia ouvir claramente minhas palavras da noite passada.

– Ei, Lissa Hathaway. – ele abriu um sorriso torto, despreocupado.

– Oi Steve.

Apenas retorci os cantos da boca em um meio sorriso e abaixei os olhos fitando minhas botas.

– O que você está fazendo aqui? – perguntei.

– Espero que não tenha sido uma surpresa desagradável, quer dizer eu nunca sou uma surpresa desagradável, principalmente em um colégio com tantas...

Steven encarou algumas alunas que passarem por nós inclusive, Ashley. Aquilo me fez rir um pouco.

– Enfim, retornando a sua pergunta, vim levá-la pra casa.

Franzi o cenho e o fitei.

– Eu tenho pernas para isso.

– E a princípio belas pernas. Mas você sabe – ele se aproximou de mim, como se fosse contar um segredo. – um vampiro grande e mau anda atrás de você.

– Posso pegar uma carona com a Sarah.

– Não faria nenhuma diferença, já que Sarah é uma humana incapacitada de te proteger.

– Está bem, agora vocês querem bancar os cães de guarda?

– Lissa, você poderia ser um pouco menos teimosa?

Foi a primeira vez que Andrew falou desde que eu havia chegado. Me virei para ele com os braços cruzados.

– E desde quando você decidiu me dar ordens? – disse e retornei a falar com Steven. – Está tudo bem, eu vou a pé.

Saí andando apressada, porém uma mão segurou meu pulso. Olhei para cima e encontrei os olhos escuros de Andrew.

– Não estou te dando ordens, estou protegendo você. E para facilitar as coisas eu trouxe Steve, já que ir às aulas de biologia parece exigir um grande esforço seu.

Engoli em seco.

– Calma aí. – Steven sussurrou e encostou a mão em seu ombro. – Se Lissa quer ir a pé, ela irá, mas eu a seguirei.

Puxei meu braço das mãos de Andrew e o encarei.

– Não fale como se tudo isso fosse fácil para mim.

– Eu sei que não é. – ele murmurou e apenas saiu.

Steven pigarreou.

– Acho que está na hora de ir para casa.

– Acho que sim.

– Você tem certeza que irá rejeitar minha Harley-Davidson?

– Sim. – sorri. – Me desculpe.

Segui caminhando em direção à minha casa com Steven grudado nos meus calcanhares. Eu ia andando na calça enquanto ele ia pelo acostamento a 10 km/h. Perguntou-me mais cinco vezes se eu não queria mesmo uma carona e que poderíamos chegar a minha casa em menos de dez minutos. Eu disse não.

– Você é mais teimosa do que imaginei. Só espero que toda essa teimosia não seja pelo fato de eu ser um vampiro.

– Na verdade eu não pensei sobre isso ainda. Eu olho pra você e não consigo ver um vampiro. Talvez se você tivesse uma cara de mau...

– Espero que eu não tenha uma de mocinho, porque não combino muito com eles.

Eu ri. Apesar de tudo, Steven nunca foi uma má companhia.

– Não mesmo. – murmurei.

–Você precisa me apresentar suas amigas. Quero saber a opinião delas sobre eu não ser o mocinho.

Steven abriu um sorriso torto e ergueu as sobrancelhas.

– Está bem, mas depois guarde a resposta para você. – murmurei.

Paramos na frente da minha casa.

– Está entregue, Lissa Hathaway.

– Obrigada Steven.

– Steve. – ele me corrigiu, assim como na primeira vez.

Fitei a casa vazia e em como todas elas pareciam iguais. Eram sempre tão silenciosas como se nada houvesse dentro delas, quando na verdade, metade de nossas vidas aconteciam nelas.

– Lissa. - Steven me chamou antes que eu pudesse entrar. - Não seja tão rígida com Andrew.

– Steve... - suspirei.

– Eu sei que você irá dizer sobre o quanto isso é difícil, mas todos nós merecemos uma segunda chance. Ele daria uma para você.

Afirmei com a cabeça e entrei. Eu apenas queria sossego para o caos silencioso da minha mente me enlouquecendo.

Peguei meu celular e li a mensagem de Ashley.

“Vamos comemorar nosso último mês de aulas!! Nos encontramos na casa de Matt.”

Eu havia esquecido que ainda existiam pessoas com vidas normais e que saiam em plena segunda-feira. Eu também não havia me dado conta do quão pouco faltava para as férias de Natal. Tudo aquilo parecia fútil perto do que realmente estava acontecendo. Era estranho, mas eu queria que as coisas se tornassem simples novamente. Eu queria ser minha antiga “eu” de novo, mas continuo tentando encontrá-la. Queria que as pessoas me dessem uma razão, e não uma escolha.

Deitei no sofá e liguei a TV, sem saber realmente o que estava passando. Acho que acabei dormindo e acordei com o barulho da porta batendo. Dei um pulo no sofá e vi tia Rose entrando em casa.

– Oi querida.

– Oi. – sorri.

– Você estava dormindo?

– Acho que sim.

– Me desculpe por acordá-la.

– Tudo bem. Ashley me convidou para ir à casa de Matt, vai ter uma festa ou algo assim. Segundo ela é pra comemorar o ultimo mês de aula.

Tia Rose riu.

– Isso é bem ideia de Ashley.

– Pois é.

– Tudo bem, você pode ir.

– Esse é o problema. Não sei ainda se vou.

Sentei-me na bancada, enquanto minha tia guardava as compras do supermercado.

– E porque não? – ela me observou, desconfiada. – Espero que não seja por causa da sua briga barra término com Andrew.

Respirei fundo e abaixei a cabeça deixando as mechas de meu cabelo caírem sobre o rosto.

– Lissa, você não pode parar sua vida por isso. – ela me disse.

– Eu sei, mas eu... Eu não tenho palavras pra descrever o que estou sentindo. Eu o culpo, mas também me culpo. Não entendo como a mesma pessoa pode me trazer tanta felicidade, mas também tanta dor.

– Se ele te trouxe dor, então não era algo saudável pra você.

– Mas, Andrew...

O nome me dava calafrios. Pensar nele me trazia uma mistura de sentimentos, que eu, nem ninguém, nunca poderia me explicar.

– Você o ama tanto – ela fez uma breve pausa - como isso pode acontecer?

– Preciso parar com isso. Preciso parar de me apaixonar por ele toda vez que o vejo. – sussurrei.

– Então o primeiro passo é ir à casa de Matt junto com seus amigos.

– Eu não sei.

– Lissa...

Ela se aproximou de mim e pegou meu rosto entre as mãos. Olhou fundo em meus olhos como minha mãe costumava fazer. Eu me encolhi.

– Você superou tantas coisas. Você irá superar isso também.

– Como?

– O tempo irá ajudá-la.

– Eu espero que sim.

Ela passou os braços ao redor de meu corpo, me abraçou apertado e lembrei-me a mim mesma. Para todo o ar em meus pulmões. Por toda a alegria que está por vir. Por todas as coisas que estou viva para sentir. Apenas deixo a dor lembrar que corações podem curar.


Algumas horas depois, atravessei a porta da casa de Matt. Continuava como a um ano atrás, a mesma. A casa branca suave e desbotada com persianas azuis nas janelas tinha dois andares. A escada se encontrava a leste da sala. O interior era bem iluminado com cômodos espaçosos e piso de madeira escura. As paredes, o teto de vigas altas e os tapetes eram de tons variados de branco.

A mãe de Matt foi quem abriu a porta para me receber, ou será que já estava de saída?

– Oi Lissa, quanto tempo!

A mulher com o rosto em formato de coração e os cabelos ondulados cor de caramelo, beijou minhas bochechas.

– Olá Sra. Lancaster, tudo bem?

– Tudo sim e você, como vai?

– Estou bem.

Ela abriu um sorriso e passou pela porta.

– Bom, eu estou saindo, divirtam-se.

– Obrigada.

Devolvi meu melhor sorriso e entrei em sua casa. Matt estava ao pé da escada e caminhou rapidamente até a porta.

– Lissa.

– Oi Matt.

Ele fechou a porta atrás de mim e me fitou.

– Faz tempo que não conversamos.

– Pois é. – murmurei.

– Não sei se você ainda está com raiva de mim, mas...

– Matt, eu já esqueci aquilo, então faça isso também, certo? – apenas soltei as palavras, sem nenhum humor presente nelas.

Os cantos de seus lábios se ergueram um pouco.

– Andrew não veio com você?

– Não. – disse apenas.

Suspirei e seguimos até a sala de estar. O piso rebaixado e a lareira abrigavam várias pessoas. Havia algumas espalhadas pela casa, mas a maioria estava sentada no sofá ou no chão conversando, ouvindo música e bebendo. Cumprimentei Sarah e Ashley, que estavam perto do som e me sentei ao lado de Dave.

– Eu sabia que você se sentaria ao meu lado. – ele sussurrou.

– Por que?

– Porque você sempre faz isso.

– Oi pra você também. – murmurei.

– Cadê o Andrew?

– Por que todo mundo pergunta por ele?

– Ele é seu namorado.

Dave disse aquilo como se fosse óbvio. E era. Mais ou menos.

– Vocês brigaram de novo? - ele perguntou, notando a minha demorada pausa para responder.

– Não. – hesitei. – Nós meio que, terminamos.

Dave abriu a boca, mas tornou a fechá-la e apenas me observou.

– Eu sinto muito. – sussurrou.

E parecia sentir mesmo, apesar de tudo.

Dei de ombros.

– Você está feliz por isso. – falei.

– Estou triste por você, mas você sabe, nunca fui muito com a cara dele.

– Eu sei. Agora já pode pular de alegria. – soltei uma risada que soou nervosa.

– Eu não faria isso. – Dave franziu o cenho, negando com a cabeça.

Abri um sorriso triste.

– Está bem, vamos mudar de assunto...

– Mas primeiro, - ele me interrompeu. – vou buscar uma bebida para nós.

Dave levantou do sofá, porém o detive, agarrando seu braço. Ele se voltou para mim novamente.

– Não conte pra ninguém sobre mim e Andrew. – sussurrei.

Ele apenas assentiu e o observei sair da sala de estar. No mesmo momento a campainha tocou. Matt seguiu até a porta e Kate entrou na casa junto com um acompanhante.

Eu me encolhi no sofá e apertei os olhos por alguns segundos, tentando convencer a mim mesma de que não estava vendo aquilo, que era uma brincadeira idiota da minha mente. Porque aquilo não deveria mesmo estar acontecendo. Era algo insano e surreal. Ao mesmo tempo em que pensei em me esconder, quis tirar todos da sala. Mas ele não fez nada. Hunter apenas abriu seu sorriso perigoso em minha direção e andou despreocupado até a sala onde estávamos. Fitei suas mãos entrelaçadas na de Kate e tremi. Será que ela sabia o monstro que ele era?

Ele estava com uma calça escura, assim como a camiseta. Parecia mais jovem, porém os anos de vivência estavam marcados em seus olhos. Kate o apresentou para todos e eles apenas sorriram e o cumprimentaram. Tive vontade de gritar. Porém Hunter sentou-se ao meu lado. Sua mão esquerda pairou sobre meu joelho e ele virou seu rosto para mim.

– Olá Lissa. Está uma bela noite você não acha? Onde está Andrew? Ah é mesmo, você ficou sabendo que ele é igual a mim e vocês terminaram.

Tranquei a respiração e continuei em silêncio.

– Imagino como foi doloroso. No fundo eu até posso sentir um pouco de pena dele. – Hunter soltou uma gargalha e trinquei os dentes com o som. – Deve ter sido um momento muito divertido. Eu gostaria de tê-lo visto explicando sua história e implorando para você ficar com ele apesar da criatura horrível que ele é.

– Ele não é um mostro como você. – eu disse.

Hunter me observou com falsa indignação e sorriu.

– Como você pode ter a audácia de me dizer isso? Você está aqui... – ele roçou os dedos num movimento circular sobre minha perna. – sozinha, sem Andrew para te proteger. Deveria estar com medo.

– Você não sabe nada sobre mim. Você não sabe nada sobre ele!

Arranquei suas mãos de minha perna e sai da sala correndo. Cheguei à cozinha com a respiração pesada e Dave veio até mim.

– Lissa, o que está acontecendo?

Por um momento apenas apoiei minha cabeça em seu ombro e tentei esquecer quem estava logo no outro cômodo. Dave ofereceu o copo com a bebida para mim. Hesitei e agarrei o copo tomando todo o líquido em um gole. Ainda não pareceu o suficiente para minha garganta travada.

– Então vai me dizer o que está acontecendo? – ele perguntou novamente.

– Não.

Peguei meu celular em minha bolsa, enquanto Dave me observava sem entender. Apertei o botão da tela. Nada.

– Você só pode estar de brincadeira comigo. – sussurrei e joguei o celular dentro da bolsa.

Fechei os olhos, respirando e expirando devagar. Respirando e expirando.

– Eu tenho meu celular aqui se você quiser. – Dave disse.

Abri os olhos e Dave estendeu o celular para mim.

– Obrigada Dave!

Segui a caminho da escada com os passos apressados, porém antes de alcançá-la, vi Kate.

– Ei, Kate. – a chamei num sussurro.

– O que foi Lissa?

– O que você está fazendo com esse cara?

– Você está se referindo ao Hunter?

– É claro que estou me referindo a ele.

– E o que tem ele?

– Você sabe bem com quem está andando? – perguntei, observando o corredor para saber se havia alguém nos escutando.

– Se você está me perguntando se sei sobre ele ser um vampiro, sim eu sei. A princípio, sei sobre Andrew também.

– Mas como... – fiquei boquiaberta.

– Lissa, por que você tem que ser tão melodramática e infantil?

Ela virou as costas e partiu para a sala novamente. Continuei a subir as escadas e entrei no pequeno banheiro. Liguei o celular de Dave e digitei o número de Andrew.

– Vamos, atenda, atenda!

O ‘bip’ irritante enchia meus ouvidos, menos a voz de Andrew. Até cair na caixa postal.

– O que? Você sempre me atendeu seu idiota. Atenda esse telefone!

Tentei de novo. Caixa postal.

Não haveria o que fazer agora. Eu não poderia chamar a polícia, nem tinha o número de Steven. Se contasse a Sarah ela surtaria, Ashley não acreditaria. Eu me tornara totalmente dependente de Andrew.

Desci as escadas, tentando manter a calma.

Hunter não fará nada. Ele não fará nada. – pensei.

Entrei na sala, esperando encontrá-los. Meus olhos percorreram a sala, o sofá e o chão. Porém ele não estava lá. Nem mesmo Kate. Uma sensação de alívio primeiramente tomou meu corpo, mas em seguida veio o desespero.

– Vocês viram Kate e Hunter? – perguntei.

Todos negaram.

– Acho que foram embora. – disse Matt.

Eles não iriam embora tão cedo. Na verdade, Hunter não iria tão cedo. Ele aproveitaria cada segundo que pudesse para me desafiar e me encher de medo, com suas acusações e farsas.

O celular vibrou em minha mão e olhei sobre a tela.

“Número desconhecido.”

Corri para a cozinha quieta e vazia. Atendi ao telefone, esperando a voz de Andrew.

– Andrew! – murmurei, acalmada.

– Olá Lissa. – era Hunter. – Para sua felicidade, sou eu novamente, mas dessa vez será rápido.

– O que você quer? – tentei soar corajosa.

– Me encontre no viaduto interestadual 44, antes do cruzamento para a 366. Hoje, às 23:40.

Olhei para o relógio. Eram exatamente 23:00.

Ele continuou.

– Venha sozinha. Vou saber se você trouxer alguém.

– E por que eu iria?

– Eu tenho uma boa razão para isso.

A ligação ficou muda por alguns instantes e depois os gritos agonizantes de uma garota ensurdeceram meu ouvido.

– Pare, por favor. – ela gemeu e os gritos ecoaram novamente.

Escutei a risada de Hunter.

– O que você está fazendo com ela? – tentei não transparecer meu total desespero.

– Esta é só Kate sendo melodramática, não acha? E você sabe muito bem que sua querida tia Rose pode ser a próxima.

Tudo se tornou extremante silencioso e sua voz foi o único ruido no celular.

– Se apresse, Lissa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, posto o próximo assim que der!
Comentem e obrigada por lerem ♥



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