Em Busca Do Herói Perdido escrita por Sarah Colins


Capítulo 7
Capítulo 6 – Enigma


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bem?
Esse capítulo demorou um pouco mais do que o normal pra sair. Mas acho que vou desacelerar um pouco mesmo. Afinal, eu preciso que vocês demonstrem interesse pelo fic para eu continuar escrevendo né? Então não se acanhem e comentem! ;)



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Todos esperavam que eu fosse querer sair correndo dali e pegar o primeiro avião para o Texas. Porém agir impulsivamente não estava dando muito certo até então. Eu sentia que alguma coisa me escapava entre os dedos. Apesar de todos os sinais que indicavam que estávamos no caminho certo eu não sentia que havíamos progredido na missão. Mesmo com o sonho e com a confissão do monstro que eu decapitara há pouco, eu ainda não tinha certeza que Percy realmente estivera aqui. Meu instinto estava me dizendo para ser cautelosa.  Então comecei a repassar todos os últimos acontecimentos em minha cabeça. Fui analisando passo a passo para ver se não havia deixado passar nada.

O bilhete que ainda estava guardado no bolso da minha blusa. O colar de contas que havia encontrado em Los Angeles. Todos os lugares por onde passamos até chegar ali. E por fim resolvi fazer uma investigação minuciosa no local do “crime”. A maioria do grupo achou que eu estava ficando maluca e resolveu arranjar algum hotel para passarmos a noite. Mas Butch e Grover ficaram para me ajudar. Começamos pelo lugar onde o carro estivera estacionado. Não conseguimos encontrar muita coisa ali. Ainda havia restos da poeira que os gatos-lagarto deixaram depois do combate. Seguimos o trajeto até a padaria observando atentamente se Percy ou o raptor não haviam deixado cair algo pelo caminho. Isso tampouco nos resultou em nenhuma evidência.

Então alcançamos o ponto principal. Eu iria revirar cada centímetro daquela padaria até encontrar algo que pudesse esclarecer esse mistério. Que me fizesse entender quem havia raptado Percy e por que. Comecei pela cela. A corrente que trancava a porta estava solta. Tomei cuidado ao retira-la para verificar possíveis vestígios de sangue ou de algum fluído das criaturas que estiveram ali. Entretanto toda a cela parecia relativamente limpa. Havia sinais de ferrugem e poeira por se tratar de um local pouco visitado, mas fora isso, nada que acusasse que alguém havia estado preso ali há pouco tempo. O que era extremamente estranho. Percy deixara uma mensagem para mim em uma caçamba de lixo, porque ele não havia feito o mesmo ali? Sai da cela e fui verificar o resto do lugar. Naquela parte da antiga padaria havia um balcão com alguns daqueles bancos fixados ao chão. Dei a volta nele e fui verificar o que havia lá atrás.

Aparentemente não havia nada de suspeito por ali também. Apenas algumas louças velhas, uma pia, vários compartimentos que algum dia foram refrigerados, um pouco de comida deteriorada e guardanapos de papel. Esse ambiente me causava repulsa e eu não via a hora de sair dali. Mas foi nesse exato momento que algo chamou minha atenção. Em cima do balcão, entre algumas caixas de papelão, estava um telefone celular. Ele não parecia velho nem desgastado como o resto das coisas. Era um modelo até que bem moderno, e não havia sequer uma camada de poeira em cima dele. Concluí que havia sido deixado ali há pouco tempo. Peguei o aparelho e toquei a tela de touch screen que se acendeu imediatamente. Primeiro verifiquei as últimas ligações recebidas, todas elas eram de número restrito. Na lista de ligações efetuadas um mesmo número se repetia várias vezes. Sem precisar pensar mais eu apertei a tecla verde para chamar o tal número. Ouvi chamando uma, duas, três vezes. Na quarta alguém atendeu.

- Alô, Snash. Até que enfim você ligou! Já estão trazendo o garoto para cá? – perguntou uma voz de homem grossa e tensa. Eu fiz o máximo de esforço para não emitir nenhum ruído nem respirar de forma muito pesada. Ao perceber que não obtinha resposta a voz voltou a falar do outro lado da linha – Alô, está me ouvindo?

- O que você encontrou ai, Annabeth? – disse Grover em voz alta ao se aproximar de mim pelas costas. No mesmo instante quis amaldiçoa-lo em todas as línguas possíveis. Me virei rapidamente e coloquei o dedo indicador sobre os lábios sinalizando para que ele ficasse quieto. Mas era tarde demais, o homem já tinha percebido que havia alguma coisa errada.

- Quem está ai? – perguntou ele surpreso e enfurecido.

- Para onde o levaram? O que vão fazer com ele? – perguntei já sem conseguir me controlar. Minha vontade era de atravessar aquele telefone e despedaçar o dono daquela voz sinistra.

- Certamente devem ser um bando de semideuses enxeridos tentando interferir no nosso plano – ele então riu de forma sarcástica – Não sei como conseguiram encontrar nosso esconderijo, nem como se apossaram desse celular. Mas posso lhes dizer que nunca conseguirão chegar a tempo para salvar seu amiguinho! Nada impedirá que ele cumpra seu destino contribuindo para nossa ascensão!

- Do que você está falando? – eu sabia que seja quem fosse que estivesse falando, nunca iria me dizer nada daquilo que queria saber, mas eu não tinha alternativa se não seguir perguntando.

- Quando chegar a hora você saberá, cara heroína. Todos saberão!

- Me diga ao menos quem está falando! – exigi numa última tentativa desesperada de conseguir informações – Se está tão seguro de que seus planos não falharão não tem porque seguir escondendo sua identidade.

- Boa tentativa, mocinha – admitiu ele parecendo se divertir muito com aquela situação – Mas terá que descobrir isso sozinha. Sei que é inteligente o bastante para isso, Annabeth – ele sabia quem eu era afinal. Isso se dava arrepios e me deixava ainda mais nervosa – Para não dizer que tenho coração de pedra, posso passar um seu recado para ele.

- Vá para o inferno! – foi tudo que eu consegui dizer depois de ouvir aquelas comentários asquerosos.

- Acho que ele não vai ficar muito feliz em saber que você o mand...

Desliguei a chamada antes que o raptor maligno e irritante de Percy pudesse terminar. No fim das contas eu não havia conseguido muita coisa com aquela ligação. Só tive certeza de que a informação passada pelo gato-lagarto era verdadeira. Eles estavam levando Percy para algum lugar em Austin para fazer não sei o que com ele. E isso provavelmente resultaria numa coisa não muito legal envolvendo monstros terríveis. Ótimo. Como se o desaparecimento do meu namorado já não fosse ruim o bastante. O pior é que agora eles sabiam que havíamos sobrevivido e que ainda estávamos firmes na missão de busca. O que dificultaria ainda mais a nossa aproximação. Definitivamente aquela ligação não havia sido a melhor ideia que eu já tivera. Entretanto, pelo menos uma coisa eu pude salvar.

- Acho que sei em que lugar de Austin Percy está – falei olhando para Grover e Butch que haviam ficado me assistindo apreensivos enquanto eu falava ao celular.

- Como? Eles te falaram alguma coisa? – perguntou Butch.

- Não, não quiseram dizer nada, obviamente – respondi – Mas ao fundo eu consegui ouvir um som muito característico. Tenho quase certeza de que estão próximo a área onde são realizados rodeios.

***

As horas de viagem de carro estavam nos deixando esgotados, então todos concordaram em ir até o Texas de avião. Compramos as passagens mais baratas e embarcamos naquela madrugada. Poucas horas depois estávamos aterrissando na capital do estado. A primeira coisa que fizemos foi procurar um hotel barato para podermos nos acomodar. Tomei um longo banho e tirei um cochilo sem sonhos antes de pensar em qualquer coisa que tivesse relação com a missão. Minha mente também precisava de um descanso de vez em quando. Se eu não me permitisse esses momentos, não aguentaria a pressão. Depois que acordei, ainda fiquei um longo tempo deitada naquela estreita cama, fitando o teto e tentando deixar minha mente longe das preocupações.

Não sei que aquilo era muito saudável para alguém na minha situação, mas de repente me flagrei revivendo alguns momentos do último verão com Percy. Aquilo até podia fazer com que a saudade doesse mais forte, mas ao mesmo tempo me trazia uma sensação de paz e conforto imensa. Então fechei os olhos e tentei materializar um dos muitos momentos em que eu ficava apenas observando o rosto dele. Agora eu entendia por que sempre fizera aquilo. Pra conseguir me lembrar perfeitamente de todos os seus mínimos traços. Conseguir ver seu rosto perfeitamente em minha mente, ainda que não visse há muito tempo. Me lembrei daquele dia em que ele me levou a cachoeira. Foi logo depois de termos a nossa primeira vez. Estávamos doidos por um momento a sós de novo e ele havia encontrado o lugar perfeito.

Aquela noite havia sido mágica. O cenário paradisíaco, as sensações inebriantes, o sentimento tão intenso de ambos. Imaginando tudo aquilo de novo até parecia que havia sido um sonho. Parecia perfeito demais para ter sido verdade. Mas fora verdade. Assim como os outros tantos momentos perfeitos e únicos que havíamos vivido. Relembrei o momento em que nos encontrávamos deitados no colchão, dentro da barraca. Percy me acariciava as costas enquanto eu pegava no sono. Quase conseguia sentir seus dedos quentes e suaves roçando minha pele de novo. Como se ele estivesse ali comigo outra vez. Me concentrei ainda mais para tornar aquela lembrança o mais real possível. Lembrei das exatas palavras dele que invadiram meus ouvidos pouco antes de eu dormir...

- Já disse que eu estou adorando a parte dos “lindos momentos de amor”? – perguntara ele com um sorriso na voz.

- Uhum – respondi com um murmúrio, que foi tudo o que consegui emitir em meio ao sono e aquela sensação de relaxamento que suas mãos me causavam.

- Espero que demore muito para chegar a outra parte. Estou realmente gostando muito dessa!

Dei uma leve risada antes de enfim adormecer. A lembrança acabou ali. Mas uma coisa nela despertou minha atenção. Percy mencionara algo. Algo que tinha tudo a ver com a missão em que estávamos. Algo que eu tinha resolvido deixar para lá durante os dias em que estivemos no acampamento. Algo que começava a fazer todo o sentido agora. Minha profecia. Essa missão tivera sim uma profecia afinal. Eu é que ainda não tinha me dado conta disso. Forcei mais um pouco minha cabeça para lembrar quais eram exatamente seus versos. “Depois da tormenta a filha de Atena verá o sol surgir. Lindos momentos de amor estão por vir. Mas sozinha irá ficar por longos meses. Enquanto interferir a vontade dos deuses”. Sozinha por longos meses? Era isso mesmo que dizia? Longos meses? Não podia ser verdade!

O que eu estava fazendo então saindo naquela missão de busca? Havia arrastado cinco semideuses e um sátiro para uma missão que poderia durar meses? Provavelmente eles já tinham ouvido falar sobre minha profecia. Mas se nem mesmo eu havia notado a relação dela com a situação atual, eles com certeza nem ao menos se lembrariam do que se tratava. Me senti extremamente mal por isso. Era como se eu os tivesse enganando. Dando-lhes esperança de que poderíamos encontrar Percy em breve, quando na verdade isso demoraria muito mais para ocorrer. Se é que ocorreria algum dia. Não, eu não podia pensar assim. A profecia não dizia nada sobre a conclusão da missão. Nada poderia me fazer perder as esperanças de que o encontraria, mesmo que demorasse muito tempo. Entretanto eu não podia esconder isso dos outros. Eles mereciam saber dessa informação para então decidirem se queriam continuar ou não na missão.

Levantei da cama, deixando para trás meus devaneios. Usei o telefone para fazer uma chamada interna ao quarto dos garotos. Pedi para que viessem se reunir conosco, pois eu tinha algo importante a dizer. Eles me ouviram pacientemente enquanto lhes contava sobre as minhas conclusões quanto a relação da profecia com a nossa missão. Percebi em seus rostos que aquela revelação não os havia agradado nenhum pouco. Eu não os culparia de forma alguma se eles quisessem abandonar a equipe, nem que fosse por um tempo. Mas novamente a atitude deles me surpreendeu e me comoveu imensamente.

- Longos meses... – disse Clarisse enfim, depois de alguns minutos em que todos ficaram em silêncio – Com certeza essa não será uma missão comum...

- Então vai continuar a me ajudar na busca? – perguntei um tanto quanto emocionada.

- Claro que sim! – respondeu a filha de Ares, como se fosse obvio – Não sou uma desertora, Anna. E além do mais, não importa quanto tempo dure a missão, se não continuarmos esses longos meses podem se tornar longos anos.

- Clarisse tem razão – concordou Grover – Não é porque a profecia diz que a missão pode demorar que vamos parar de procurá-lo. Os raptores de Percy têm que saber que estamos atrás deles, que não iremos desistir.

-Não penso voltar ao acampamento com uma missão feita pela metade! O que vão pensar de nós? Só podemos voltar lá se for com Percy junto – disse Drew, se preocupando mais com a própria reputação, do que com o sucesso da missão em si. Mas ainda assim eu sorri em gratidão.

- Bom, se Drew vai ficar, eu também vou! – afirmou Travis aos suspiros enquanto pegava na mão da garota e a olhava que nem bobo.

Espera ai, o que foi que eu perdi? Eles já estavam juntos? Era isso mesmo? A coisa já era tão oficial que tinha até demonstrações públicas de afeto? Eu me mantive séria, mas por dentro estava rindo muito. Drew pareceu um pouco constrangida. Acho que ela não estava esperando aquela declaração por parte do filho de Hermes. Mas logo depois ela olhou para ele e sorriu parecendo realmente feliz que ele continuasse ali por ela. Foi então que eu percebi que devia ser a primeira vez que um garoto mostrava interesse pela filha de Afrodite sem que ela tivesse que usar seu dom para atraí-lo. Isso deve tê-la conquistado mais do que qualquer outra coisa. Connor por outro lado parecia não estão gostando dessa relação amorosa do irmão. Eu não sabia dizer se era por que ele perderia a atenção e companhia do irmão, ou se era porque ele não tinha uma namorada. De qualquer jeito o desconforto dele só poderia ser descrito por uma palavra: ciúmes.

- Pois eu vou ficar também, mas porque quero encontrar Percy tanto quando você, Annabeth – falou Connor diplomático. Não me convenci muito toda lealdade dele ao filho de Poseidon, mas não ia questionar seus motivos. Ele com certeza faria diferente no grupo.

- Você achava mesmo que algum de nós iria querer abandonar o barco? – perguntou Butch incrédulo. Ele então se aproximou e segurou uma de minhas mãos – somos heróis e nunca desistiríamos de uma missão tão facilmente. Mas o mais importante é que somos amigos, e sei que todos aqui fariam o mesmo para ajudar quem quer que estivesse no lugar de Percy.

As palavras dele haviam me tocado profundamente. Nem consegui dizer nada para expressar minha gratidão, apenas sorri para ele. Mas quando notei a forma que ele me olhava e segurava minha mão eu logo me soltei e recuei alguns passos. Tentei disfarçar essa atitude impulsiva agradecendo a todos por seguirem comigo na missão. Nesse instante alguém bateu na porta o que sobressaltou a todos no cômodo.

- Vocês estão esperando alguém? – perguntou Connor olhando para mim, Clarisse e Drew, já que estávamos reunidos no quarto das garotas.

- Como vamos estar esperando alguém? Não conhecemos mais ninguém nessa cidade! – retrucou Clarisse visivelmente ofendida com a pergunta. Mas ela, assim como todos nós, parecia um pouco insegura quanto aquela visita repentina.

Então eu fui e olhei pelo olho mágico antes de abrir a porta. Por sorte conseguiria reconhecer aquela silhueta a quilômetros de distância. Então abri a porta para dar de cara com um Nico di Ângelo mais pálido e sombrio do que nunca. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Estão curiosos pra saber o que o Nico foi fazer lá?
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Visitem meu blog: http://triipe.blogspot.com.br/
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beijos ;**
Me sigam no twitter: @SarahColins_



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