Em Busca Do Herói Perdido escrita por Sarah Colins


Capítulo 4
Capítulo 3 - Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
De novo demorei dois dias para postar capítulo novo. Tá difícil encontrar tempo para escrever. Mas enfim estou aqui :D
O capítulo esta um pouco mais ameno dessa vez, mas dá pra dar uma risadas também!
Espero que gostem ;)



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Nico sempre teve aquele aspecto sério. Nunca foi de falar muito. Dificilmente eu o via rindo ou fazendo alguma brincadeira. Essa era sua personalidade e eu já estava acostumada com ela. Chegava até a gostar desse jeito de ser distinto que ele tinha. Mas definitivamente o semideus não estava apenas sendo aquilo que costumava ser. Irritação e estresse eram visíveis em sua expressão. Ele realmente não havia gostado nada da nossa chegada ali.

Fiquei pensando como diabos ele havia descoberto que estávamos tentando chegar ao mundo inferior. Será que ele tinha como pressentir essas coisas? Ou será que havia nos encontrado ali por acaso? De qualquer forma algo parecia estranho. Afinal porque Nico ficaria tão alterado por causa da nossa tentativa de entrar nas terras de Hades? Estaria ele escondendo alguma coisa. Um arrepio percorreu minha espinha assim que eu pensei que aquilo poderia ter algo a ver com o desaparecimento de Percy. Mas fiz de tudo para afastar esse pensamento da minha mente. Não fazia sentido nenhum Nico estar por trás daquilo. Então finalmente resolvi falar e responder a pergunta do “filho das trevas”. Expliquei tudo desde quando vira Percy pela última vez, até o presente momento. A expressão de Nico foi se suavizando um pouco, mas ele ainda parecia preocupado quando terminei de contar a história.

 - E pretendiam entrar no mundo inferior para me procurar apenas porque suspeitavam que eu soubesse algo sobre o desaparecimento de Percy? – perguntou ele parecendo incrédulo. Eu só levantei os ombros e confirmei com a cabeça – Realmente a coisa está feia... Mas devo alertá-los de que agora não é um bom momento para fazer uma visita ao andar de baixo.

- E tem algum bom momento para se visitar o mundo dos mortos que fica debaixo da terra? – perguntou Grover parecendo imensamente aliviado ao perceber que não íamos mais precisar seguir em frente com o plano.

- Por que está dizendo isso, Nico? – perguntei desconfiada, ainda sem entender a repentina aparição dele – Tem algo estranho acontecendo lá?

- Sim e não – respondeu ele parecendo frustrado – Sabemos que tem algo de errado, mas não sabemos exatamente o que é. Mas para terem uma ideia, nem mesmo Hades conseguiu decifrar esse mistério.

- Sei que foi algo um pouco extremo vir até te procurar Nico – eu disse já desanimada por continuar sem pista alguma do paradeiro de Percy – Mas estávamos completamente desnorteados e assim que me veio essa hipótese eu não pensei duas vezes. Tinha que vir até aqui para ver se você não sabia nada sobre ele...

- Eu entendo Annabeth – respondeu ele num tom compreensivo – Podem acreditar em mim, Percy não está no mundo inferior. Eu tenho estado aqui por meses e com certeza eu saberia se ele tivesse sido trazido para cá, ou se alguém estivesse planejando raptá-lo.

- Parece que vamos ter que mudar o rumo da nossa missão – disse Clarisse ao meu lado enquanto Grover dava um longo suspiro de alivio.

-É, parece que sim – confirmei totalmente cabisbaixa. Mas eu sabia que não podia me dar por vencida tão facilmente. Estávamos apenas no início da missão e eu não ia me deter no primeiro obstáculo que aparecia.

- Sei que não fui de muita ajuda para vocês agora – disse Nico um pouco depois – Mas agora que sei o que está acontecendo posso contribuir com a busca também. Percy é um dos melhores e únicos amigos que tenho. É o mínimo que eu posso fazer.

- Então vai se juntar a nós na missão? – perguntou Connor que estava mais afastado e apenas agora entrara na conversa. Não sei se era impressão minha, mas ele parecia não ir muito com a cara do filho do deus das trevas.

- Não, não vou me meter na missão de vocês – tratou de se explicar Nico – Mas eu vou ver o que consigo descobrir aqui e em outros lugares em que já estive...

Já tinha me esquecido desse detalhe sobre o meu amigo “senhor dos fantasmas”. Ele nunca ficava por muito tempo em apenas um lugar. Mesmo que fosse nos domínios de seu pai. Nico era um eterno viajante e já devia ter estado em tudo que é quanto. Ele devia conhecer lugares seguros ou não tão seguros assim para um semideus perdido. Se é que Percy realmente estava perdido. Eu acreditava na teoria do ‘sequestro’, mas afinal tudo era possível já que continuávamos sem ter nenhuma dica. A única coisa que eu sabia de fato era que precisava colocar minha equipe em movimento o mais rápido possível. Estávamos perdendo tempo precioso ficando ali de papo.

- Isso seria ótimo Nico. Obrigada por nos ajudar – agradeci de forma sincera e depois fui até ele para dar-lhe um abraço. Estar perto das pessoas com as quais Percy se importa era como estar um pouco mais perto dele, então não pude deixar de aproveitar aquela oportunidade. O semideus retribuiu o abraço meio sem jeito – Nos avise assim que descobrir alguma coisa ok? As caçadoras também estão fazendo sua parte.

- Pode deixar, serão os primeiros a saber quando eu descobrir onde Percy se meteu – afirmou ele de forma tão convicta que eu fiquei até mais animada.

Nos despedimos de Nico e voltamos as ruas movimentadas de Los Angeles. Eu sentia que tínhamos que correr contra o relógio. Sentia que cada segundo era precioso naquela jornada. Ao contrário das missões anteriores que participei, essa não tinha um prazo específico. Porém a cada momento que permanecíamos sem fazer nada poderia significar um momento a mais de sofrimento para Percy. Um momento a mais de angústia e desespero. E a cada minuto perdido ficávamos mais longe do nosso objetivo. O problema é que eu não sabia mais para onde correr. Estava sem norte, sem referência. Faltava algo que servisse para nos guiar em meio aquele breu total. Guiar. Quem é que sabia exatamente para onde ir quando o assunto era encontrar Percy?

Tyson.

- Tyson! – exclamei enquanto parava abruptamente de andar, fazendo com que os semideuses que caminhavam as minhas costas se chocassem contra mim – Esquecemos Tyson no acampamento! – eu ainda não conseguia acreditar no tamanho da minha falta de consideração. Como eu podia ter me esquecido dele? – Como eu posso ter me esquecido dele? – apenas repeti meus pensamentos para que talvez alguém me dissesse que isso não era assim tão grave. Mas ninguém o fez.

Quando me virei para o meu grupo, todos estavam com as mesmas caras de vergonha e frustração. Depois que o momento de culpa passou, mandamos uma mensagem de íris ao acampamento perguntando pelo ciclope. Segundo Quíron ele havia saído de lá logo depois de nós e disse que estava indo nos encontrar. O diretor do acampamento disse que não percebeu nenhum sinal de que Tyson estivesse triste ou magoado conosco. Ao que parece ele achava que tudo aquilo fazia parte do plano. Fiquei mais aliviada ao saber que ele não estava chateado comigo. Mas logo depois voltei a me preocupar.

Tyson não sabia para onde estávamos indo. Eu informara isso aos outros pouco tempo antes de sairmos para a missão. Então como o ciclope viria nos encontrar? Até onde eu sabia ele podia sentir apenas o irmão. Será que também podia sentir outros semideuses conhecidos? Cheguei a conclusão de que não tinha certeza sobre essa informação. Mas no momento eu só conseguia pensar que agora tínhamos um novo problema. Dois filhos de Poseidon perdidos. Com certeza um record. Minha missão de busca já estava totalmente fadada ao fracasso. Agora eu conseguira piorar ainda mais as coisas. Eu estava tentando me manter forte. Estava tentando não perder o foco. Mas estava difícil. Eu sentia tanta falta do apoio de Percy nessas horas. Ele com certeza saberia o que fazer.

***

Cerca de vinte minutos depois encontramos o gigante sorridente. Ou melhor, ele nos encontrou. Resolvemos ficar um pouco mais em Los Angeles. Arrumamos um desses hotéis baratos de beira de estrada para ficar. Como estávamos em grande número tivemos que nos dividir entre garotas e garotos, para precisar alugar apenas dois quartos. Clarisse e Drew não eram nem de longe as melhores companheiras que eu poderia querer para uma viagem. Mas considerando suas extremas diferentes em praticamente todos os aspectos, até que conseguimos conviver bem. Não passamos muito tempo no local. Só o suficiente para deixarmos nossas coisas e sairmos para encontrar os meninos novamente. Havia um parque próximo então fomos até lá para discutir as estratégias da missão. Mesmo que até agora eu não tivesse conseguido pensar em nenhuma.

Eu pensava em Nico e Thalia, em suas missões paralelas a nossa e torcia para que eles estivessem tendo mais sorte que nós. O que não era tão difícil. Eu estava a ponto de surtar com aquela situação. Ainda mais quando nos sentamos no parque e todos ficaram em silêncio esperando que eu desse as próximas coordenadas. Foi nesse momento que Tyson apareceu. Para me aliviar duplamente. Primeiro porque ele havia nos encontrado. Segundo porque eu estava na maior saia justa, sem saber que rumo tomar na busca. Os outros também pareceram bem aliviados e contentes por ver o ciclope. Tyson cumprimentou a todos com um forte abraço. Até mesmo Grover. Os dois tinham ficado bem mais confortáveis um com o outro depois da nossa missão no Labirinto de Dédalo.

- Já encontraram Percy? – perguntou Tyson esperançoso.

- Ainda não Tyson – respondi desanimada – Viemos para cá para encontrar Nico di Ângelo. Mas ele também não sabe nada de Percy...

- Que pena – disse o ciclope desmanchando o sorriso – Então vamos continuar seguindo o rastro dele!

- Claro que sim – disse a Tyson tentando transparecer confiança – Você está conseguindo sentir em que direção ele se encontra?

- Sim, Percy está para lá – ele apontava para o Noroeste. Tentei materializar o mapa da Califórnia em minha mente para ver o que havia naquela direção. Algumas cidades acima eu me dei conta de que se encontrava São Francisco. Não podia ser! Havíamos estado ali pouco tempo antes de Percy sumir. Quem quer que fosse o raptor, o teria capturado antes. Por outro lado, eu não podia descartar a possibilidade. E Tyson era minha única referência no momento.

- Ok, então vamos lá – decidi sem rodeios.

- Então vamos apenas seguir o extinto do meio-irmão ciclope de Percy? – perguntou Clarisse pouco convencida daquela estratégia – Não vamos traçar nenhum plano? Não vamos estudar as possibilidades nem os riscos dessa ação?

- Tenho que concordar com Clarisse – disse Drew parecendo estar um pouco arrependida de ter se voluntariado para aquela missão – Como podemos saber se essa criatura está realmente nos levando para onde Percy está? Ele pode estar querendo nos levar para uma armadilha e transformar todos em jantar.

- Tyson não quer jantar vocês – exclamou o ciclope parecendo magoado.

- Você não pode falar assim com Tyson – resmungou Grover visivelmente ofendido. Ele, eu e os outros semideuses lançamos olhares de desprezo para a filha de Afrodite – Você nem ao menos o conhece. Tyson é mais confiável do que muitos outros meio-sangues por ai.

- Eu digo isso porque todos sabem da natureza violenta e cruel dos ciclopes. Mas tudo bem, se acham que podem confiar somente na intuição dele, ótimo. Mas não digam que não avisei...

- Fique quieta pombinha! – vociferou Clarisse – Eu não quis dizer nada disso. Acho que podemos confiar no faro de Tyson. O que não podemos é nos basear somente nisso. Existe a possibilidade de alguém estar querendo nos enganar. Alguém pode estar tentando imitar o “cheiro” de Percy, o que pode fazer com que caiamos em uma armadilha sim.

- Tem razão Clarisse – respondi finalmente depois de considerar o que todos disseram, exceto Drew que só havia abrido a boca para implicar com Tyson – Não podemos nos basear apenas nisso. Mas no momento não temos outro plano. Não existe nenhuma pista de onde Percy possa ter passado. Só o que temos é a sensibilidade de Tyson que já nos foi útil outras vezes. Ele nos encontrou aqui então acho que pode nos ajudar a chegar até Percy, ou ao menos chegar até alguém que saiba nos dar alguma informação importante – puxei o ar até o fundo dos pulmões e depois soltei devagar para enfim concluir – Sei que, assim como eu, vocês estão se sentindo desnorteados nessa busca. Porém estamos apenas no começo e temos nos agarrar a qualquer possibilidade que aparecer. Vamos ter que assumir os riscos e colocar nossa fé no grandão aqui – coloquei uma das mãos no ombro de Tyson e vi o ciclope enrubescer e dar um sorriso envergonhado.

Depois daquele meu discurso motivador, ninguém mais reclamou. Pelo menos por enquanto. Fomos até o hotel passar a noite. Tyson ficou em um quarto sozinho porque aparentemente não havia espaço para mais ninguém nos dois que tínhamos reservado.  Tentei relaxar com uma longa ducha quente antes de dormir. Mas quando me deitei minha cabeça ainda estava mil. Eu ainda estava pensando sobre aquele nosso breve encontro com Nico. Ele havia quase que nos barrado na porta do mundo inferior. O que quer que estivesse acontecendo lá em baixo, devia ser sério. Mas se Percy não estava lá, era melhor eu não me preocupar com isso. Já tinha problemas suficientes me atormentando nessa missão.

Esperava poder descansar aquela noite. Em vez disso tive mais sonhos estranhos. Um deles foi parecido com o que tive no avião. Aquela imagem falsa de Percy e eu no acampamento. Como se tudo estivesse bem. A calma com que ele me dizia que tudo ficaria bem. Eu queria acreditar que ele estava bem. Mas as experiências passadas e o número de inimigos que havíamos adquirido em tão pouco tempo não me deixavam. Eu sabia que existia muita gente que adoraria fazer mal a Percy e a mim. Alguns deles não precisariam nem levantar um dedo para conseguir isso. Seja quem fosse, estava obtendo êxito. Pelo menos da minha parte. Tentei disfrutar daquele momento do sonho, por mais que ele fosse plástico e artificial. Também prestei atenção a qualquer pista que ele poderia estar me dando, mas não havia nada. Apenas nós dois.

Em seguida o sonho se transformou num cenário completamente diferente. Eu via São Francisco. Me lembrava bem da cidade onde crescera, mesmo estando um pouco mudada. Eu me via correndo pelas ruas como se fugisse de alguém. Eu não ousava olhar para trás, apenas corria o mais depressa que podia. Sentia algo diferente ao escutar a minha própria respiração. Cheguei a uma rua menos movimentava e entrei em um beco sem saída. Fiquei ali recuperando o fôlego enquanto esperava que o que quer que estivesse me perseguindo, não me encontrasse. Eu então andei até a esquina para dar uma espiada na rua. Foi quando eu o vi através de um reflexo no vidro de uma vitrine bem a minha frente. Era Percy parado a poucos metros de mim. Eu olhei para trás e não vi absolutamente ninguém no local.

Foi então que entendi. O reflexo era meu. Eu era Percy naquele sonho. E ele não era falso nem manipulado, ele era real!

- Annabeth acorde! – gritava Clarisse em meu ouvido enquanto eu me esforçava para abrir os olhos em meio os raios de sol da manhã. 


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Notas finais do capítulo

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beijos ;**
@SarahColins_



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