Em Busca Do Herói Perdido escrita por Sarah Colins


Capítulo 3
Capítulo 2 – Reforço


Notas iniciais do capítulo

Fala galera, tudo certo? ^^
Como foram as eleições por ai? Aqui na minha cidade o prefeito foi reeleito e ele é bom, votei nele o/ Espero que na de vocês tenha sido assim também! rs
Gente, capítulo de hoje tá bem mais animado do que o anterior. Tem humor, luta e um pouco de #mimimi :D
Aproveitem ;)



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- Você acha que Percy está no mundo inferior? – me perguntava uma Clarisse totalmente perplexa.

- Não, não é isso – percebi que assim como ela, todos os outros estavam com a mesma expressão de espanto e receio no rosto, então tratei de me explicar logo – Não acho que Percy esteja lá. Mas talvez haja alguém lá que pode nos dar informações importantes.

- E esse alguém provavelmente é Nico di Ângelo – concluiu sabiamente Connor Stoll. Ele com certeza foi o primeiro a deduzir o que se passava na minha mente. Ele já devia ter se lembrado de sua infeliz experiência de semanas atrás. Se existia alguém que iria entender minha suspeita e me apoiar nessa empreitada ao mundo dos mortos, seria ele.

- Exatamente – respondi olhando-o com certo pesar – Não podemos descartar a possibilidade de que possa ter acontecido a Percy o mesmo que aconteceu a Connor – esclareci para os que ainda não tinham pegado o espírito da coisa. Ironicamente ou não era exatamente atrás dos espíritos que estávamos indo. Percy com certeza teria achado o trocadilho extremamente engraçado. Senti um aperto no peito ao pensar isso. Tentei desviar a minha mente dessa distração momentânea e me focar novamente no destino de nossa missão – Bom, se alguém está pensando em desistir, a hora é essa. Não vou achar ruim se não quiserem mais me acompanhar. Sei que é algo muito extremo que eu estou propondo...

- O mundo inferior não é o meu local preferido no mundo, mas Percy teria ido até lá para me procurar, bééé... – disse Grover sem conseguir esconder o medo em sua voz – Então eu ainda estou dentro!

- Tá brincando? Sempre quisemos uma desculpa para visitar as terras de Hades – afirmou Travis ao se referir a ele e ao irmão – Aposto que existe um monte de espíritos esperando para terem seus pertences furtados.

- Não acho que o “mini rei das trevas” vai poder nos ajudar muito, mas tudo bem – disse Clarisse como se não se importasse de fato para onde quer que estivéssemos indo – Se vocês três já conseguiram ir até lá e voltar, eu faço isso de olhos fechados.

Tentei não dar importância a falta de modéstia de Clarisse. Querendo ou não ela seria um grande reforço para a missão e eu não estava disposta a arriscar perder sua ajuda. Então apenas balancei a cabeça num gesto de agradecimento a ela. Butch, filho da deusa Íris, que havia nos acompanhado até o Grand Canyon, também estava lá e disse que continuaria na missão. Não pude deixar de exibir um sorriso de satisfação e gratidão a todos eles. Mesmo que no fundo eles não estivessem fazendo aquilo por mim. Eu sabia que nunca conseguiria procurar Percy sozinha.

Checamos mais uma vez nosso equipamento e conferimos se estávamos levando tudo o que precisávamos. Antes de deixarmos o acampamento ainda demos uma passada pela casa grande para nos despedirmos de Quíron. Ele ainda não estava totalmente convencido de que deveríamos sair naquela missão sem uma profecia. Seus longos anos de vivências insistiam em fazer com que ele quisesse sempre seguir o ‘protocolo’. Mas sem dúvidas essa não era uma missão como outra qualquer. Ela não havia sido requerida por nenhum deus e nem tinha relevância suficiente para que fosse considerada um assunto do Olimpo. Mesmo eu não concordando com aquilo, tinha que colocar os pés na terra e admitir que não teríamos nenhuma ajuda divina. Em todo caso, Quíron nos deu seus melhores votos de sucesso e nos acompanhou novamente até o portal de saída do acampamento.

- Nos vemos logo – disse a ele enquanto os outros campistas já iam saindo.

- Claro que sim – confirmou o centauro – Estarei esperando vocês aqui como sempre.

Tentei conter a emoção que aquele momento me proporcionava. Eu não queria começar a chorar. Já tinha derramado lágrimas suficientes para uma vida inteira. Nesse momento a melancolia não me ajudaria em nada. Acenei uma última vez e me virei para deixar o local. Foi quando uma voz fina e aguda chegou aos meus ouvidos me fazendo parar e virar novamente na direção de onde havia vindo.

- Esperem! – gritava Drew, do chalé de Afrodite, ao vir correndo morro acima até nos alcançar. Ela teve que parar um momento para recuperar o fôlego antes de voltar a falar – Eu vou com vocês! – enquanto ela lutava para recolocar os fios de cabelo no lugar todos nós ficamos no mínimo surpresos com aquela atitude, e nem sequer precisamos perguntar para que ela começasse a explicar o porquê – Já que o lindo, porém não tão inteligente, Jason me recusou em sua missão, eu decidi dar a vocês o privilégio de contar com a minha ajuda.

“Não ria. Faça o que fizer, mas não ria Annabeth!”.  Era o que eu dizia a mim mesma em minha mente naquele momento. Alguns dos outros semideuses não tiveram a mesma presteza e caíram na gargalhada. A filha da deusa do amor não ficou nenhum pouco feliz com a recepção que minha equipe havia dado a ela. Ela cruzou os braços e fechou a cara. Mas ainda assim ela me olhou esperando que, como líder daquela missão, eu tomasse alguma atitude, ou ao menos dissesse alguma coisa. Eu então voltei a pensar no nosso objetivo e em nossas estratégias. Lembrei o quanto Drew havia sido eficaz usando seu poder de persuasão na atividade de “Caça ao Tesouro” que havia acontecido no acampamento no começo do verão. Eu não podia nem queria dispensar a ajuda dela.

- Isso é ótimo – falei no tom mais amigável e empolgado que consegui. Ela teria que se sentir aceita e desejada ali para que pudesse ser de alguma utilidade para a missão – Quanto mais reforços melhor. Pode se juntar a nós, Drew!

- Claro que posso – afirmou a semideusa de forma presunçosa. Ela lançou um sorriso forçado na direção dos outros membros da equipe. Alguns deles demonstravam não estar nenhum pouco de acordo com a minha decisão. Mas felizmente ninguém reclamou e pudemos enfim sair do acampamento.

Argos estava nos esperando alguns metros a frente ao lado de uma van branca. Ele nos daria uma carona até o centro de Nova York. Embarcamos rapidamente. Eu me sentei no banco da frente ao lado do motorista do acampamento, e Grover se sentou ao meu lado. O restante dos passageiros ficou na parte de trás. A viajem foi silenciosa. Não havia muito assunto para se discutir. Além do nosso destino certo, não havia nenhuma outra estratégia a ser tomada. Tudo iria depender do que Nico teria a nos dizer. Em momento algum alguém sugeriu que tentássemos contata-lo de outra maneira. Todos sabiam que quando se tratava do filho de Hades isso era impossível. Ao que parecia ele não gostava de ser encontrado facilmente. Então não nos restava outra escolha se não procura-lo no lugar onde ele costumava passar a maior parte do tempo.

***

A viajem até o aeroporto de Nova York foi estranhamente tranquila demais. Adoraria dizer que conseguimos deixar a cidade sem encontrar nenhum contratempo. Mas infelizmente nós éramos seis semideuses e um sátiro, o que significa que dificilmente passaríamos despercebidos. Muitas criaturas haviam caído durante a guerra dos Titãs, e nesse momento chafurdavam no tártaro. Mas ao que parecia ainda sobrou um número suficiente para nos importunar. Se eles tivessem ideia de qual era o objetivo de nossa missão a coisa ficaria pior ainda. Nenhum monstro que um dia apoiou Cronos iria facilitar as coisas para que encontrássemos Percy. E não raro, lá estavam eles para tentar atrasar nosso embarque.

Grifo. Esse era o nome da criatura que nos atacou. Ele tinha forma de águia da cintura para cima e de leão da cintura para baixo. Não sei qual dos dois animais a nevoa fazia com que os humanos vissem, mas certamente qualquer um deles dentro de um aeroporto não seria algo muito comum. Então logo que o monstro saiu a vista, um tumulto se formou. Centenas de pessoas gritavam e corriam desesperadamente para todos os lados. Apenas nós sabíamos que provavelmente a criatura não faria mal algum a nenhum deles. Ela estava ali, pois sentira o nosso cheiro de semideuses que devia estar super forte devido a nosso número. Ela queria a nossa pele e de ninguém mais.

O Grifo estava a alguns metros de distancia então tive tempo para orientar minha equipe a fim de conter aquele ataque da melhor forma. Disse para Grover e Drew tirarem os humanos do caminho do monstro. Ele podia não estar interessado em acabar com os pobres e inocentes mortais, mas também não se importaria de esmagar alguns deles que estivessem em seu caminho. Depois pedi para que o restante do grupo preparasse suas armas e se espalhasse pelo local. Isso nos daria vantagem, afinal por mais que o bicho fosse grande, não poderia atacar a todos ao mesmo tempo. Em poucos segundos Drew havia convencido boa parte das pessoas a se acalmarem e se afastarem da área. Grover apenas as encaminhava para um local seguro. Minha faca já estava em punho e eu me afastava o máximo que conseguia dos outros semideuses. Aparentemente a criatura via em mim o alvo mais interessante dentre todos. E não hesitou nenhum segundo em partir para cima de mim num ataque certeiro.

Consegui me desviar no último instante e ainda fiz um extenso corte na perna do monstro. Ele emitiu um grunhido alto e sobrenatural, algo que misturava o barulho de um leão e uma águia. Com as patas traseiras o Grifo me golpeou e eu fui parar do outro lado do saguão de embarque, próximo aos guichês das companhias aéreas. Derrubei uma meia dúzia daqueles suportes com faixas que organizam as filas. Quando consegui me colocar de pé, vi que a coisa não estava indo muito bem para o nosso lado. Os irmãos Stoll estavam caídos no chão enquanto Butch corria para tentar se esconder do monstro. Foi nesse momento que Clarisse surgiu com sua lança e acertou a metade felina em cheio. Infelizmente o golpe não foi suficiente para acabar com a criatura, que voltou “rugir” furiosamente e se voltou na direção da filha de Ares.

Eu já havia começado a correr para entrar na luta e nesse momento estava bem próxima a cena. Clarisse ficara encurralada em um canto e agora sem arma alguma. Não tive outra escolha se não impulsionar meu corpo o máximo que consegui e montar nas costas do animal mitológico. Assim que ele percebeu minha presença, suas asas de águia se agitaram e quase me derrubaram ao chão. Mas precariamente consegui me manter firme me agarrando as penas grossas do bicho. Ele começou a alçar voo e eu me vi subir muitos metros acima do chão em poucos segundos. Tinha que agir rápido se não quisesse ser a mais nova semideusa desaparecida. Continuei me segurando ao monstro com a mão esquerda. Soltei a mão direita que estava com a adaga e deferi um golpe com todas as forças que consegui reunir. Atingi o meio das costas do Grifo e ele se contorceu antes de cair ao chão e em seguida virar pó.

A queda, mesmo com a ajuda do monstro para amortecê-la, havia sido bem feia. Alguns minutos e muitos pedaços de ambrósia depois, estávamos recuperados o suficiente para seguir viagem. Embarcamos no avião com destino a Los Angeles. Pelo menos durante as horas de voo conseguimos relaxar e descansar. Logo todos estavam quase completamente recuperados. Havia despertado cedo demais naquela manhã, e a luta contra o Grifo havia consumido parte de minhas forças. Eu precisava recuperá-las agora, pois quando alcançássemos nosso destino, não teríamos descanso tão cedo. Encostei a cabeça no banco e o reclinei até ficar quase deitada. O sono me consumiu rapidamente e com ele vieram os sonhos.

Lá estava eu de volta ao acampamento meio-sangue. Era de noite e tudo estava muito quieto. Eu me sentia livre da angústia e preocupação que estavam me assolando nas últimas semanas. Sentia como se tudo já tivesse sido resolvido. Ou melhor, como se nada daquilo tivesse acontecido. Como se apenas agora eu tivesse acordado de um terrível pesadelo. Eu sabia que Percy estava por perto e que jamais havia partido. Foi só eu me virar na direção oposta que dei de cara com ele. Ele tinha uma expressão serena e alegre. Ele estava bem, saudável e bem disposto. Parecia que não havia acontecido absolutamente nada a ele. Apesar de que estar extremamente feliz de vê-lo ali na minha frente, eu sabia que algo estava errado. Sabia que aquilo não era real. Eu tinha medo de me aproximar para tocá-lo e ele desaparecer. Então não me movi. Apenas fiquei mirando seus olhos verdes.

- Lembra da promessa que me fez? – perguntou ele num tom frio. Aquela era sua voz, mas parecia não pertencer a ele. Por mais que o assunto fosse sério, Percy nunca falava daquela maneira.

- Promessa... – repeti a palavra e puxei pela memória nosso último momento juntos. Ele havia agido daquela maneira estranha e urgente ao me pedir que prometesse aquilo – Claro! Mas é claro que me lembro – e ao responder eu percebi que a minha própria voz também soava muito formal e distante.

Nós dois atuávamos como marionetes naquele sonho porque não estávamos de fato ali. Aquele sonho não era sobre nenhum momento real que havia acontecido no passado ou que fosse acontecer no futuro. Tampouco estava acontecendo no presente. Era uma ilusão. E eu podia apostar que alguém poderoso estava por trás de tudo aquilo. Alguém estava querendo manter a conexão que havia entre nós, por mais que estivéssemos separados. Eu só não entendia ainda por que. Mas também não me importava. Mesmo através daquele sonho manipulado, era muito bom poder olhar para ele de novo. Ouvir sua voz e sentir sua presença. Ele sorriu mecanicamente e deu alguns passos a frente. Só o suficiente para poder alcançar uma de minhas mãos e segurá-la. Sua pele era fria como tudo naquele sonho. Mas eu retribuí o gesto e sorri em resposta.

- Isso é tudo o que precisamos – voltou a falar a voz estranhamente alterada do meu namorado – Enquanto se lembrar disso estaremos bem. Sobreviveremos a tudo.

- Eu sei – respondi agora assumindo um pouco mais o controle de mim mesma naquele cenário – Mas não saber nada de você me desespera e me devasta. Eu quero continuar firme e centrada para te encontrar, mas às vezes eu sinto que não vou mais conseguir suportar e tudo vai desmoronar em minha cabeça...

- Shhhh – ele me calou com aquele som suave e com seu dedo indicador sobre meus lábios.

Eu queria continuar desabafando toda aquela tristeza e jogar fora um pouco daquele peso que estava em meus ombros. Mas Percy não me permitiu. Seu rosto se aproximou lentamente até que seus lábios tocaram os meus. Ele me beijou intensamente. Eu tentei de todas as formas senti-lo naquele beijo. Tentei encontra-lo em algum movimento, em algum toque. Mas definitivamente ele não estava ali. Aquilo era apenas uma ilusão que tentava desesperadamente me consolar. Meus olhos se encheram d’água e logo as lágrimas rolaram enquanto nossas bocas seguiam unidas. Eu chorava, mas era como se não o fizesse. Não sentia emoção alguma se extravasando através daquele gesto. Tudo continuava preso dentro de mim. Quando ele se soltou de mim eu abri os olhos e estava novamente dentro do avião.

Corri até o banheiro e pude ver que em meu rosto não havia nenhum vestígio das lágrimas do sonho. Em minha boca não havia nenhuma sensação daquele beijo. Tudo não passara de uma cena onde eu fora apenas uma espectadora. Respirei fundo e tentei me esquecer daquele sonho antes que lágrimas de verdade resolvessem querer sair. Consultei o relógio e deduzi que estávamos quase chegando. Poucos minutos depois o avião pousou e nós desembarcamos. Pegamos um taxi e tentei me lembrar do endereço do local onde ficava a entrava do Mundo Inferior que havíamos usado há quase seis anos atrás. Será que ela ainda existia? Eu torci para que sim. Afinal eu não conhecia mais nenhuma outra.

O taxi parou em frente ao local que eu indiquei e fiquei feliz em reconhecer o prédio. Estava um pouco mudado, mas definitivamente era ali. Pagamos o motorista e descemos. Tomei a frente para entrar. Empurrei uma grande porta de vidro espelhado e a segurei para que os outros passassem. Logo de cara eu percebi que as figuras que perambulavam por aquele salão só podiam estar mortas. Todas tinham o mesmo aspecto azulado e sombrio. Eu avistei ao fundo o ‘barqueiro’, que é responsável por controlar a entrada dos mortos no mundo inferior. Da última vez havíamos conseguido compra-lo com alguns dracmas, e eu esperava que ele não tivesse aumentado seu preço.

Antes que eu o alcançasse, porém algo se colocou em nosso caminho. Um semideus sério e tão sombrio como tudo naquele local. Ele estava acompanhado do cão infernal mais doce a amável que já existiu. Sra. O’Leary abanava o rabo freneticamente para nós. Ela provavelmente achava que Percy estava conosco ou então que pelo menos nós a levaríamos até ele. O bichinho de estimação do meu namorado às vezes passava um tempo no acampamento meio sangue, mas aquelas criaturas se sentiam bem mais a vontade no mundo dos mortos.

- Posso saber o que vocês vieram fazer aqui? – perguntou Nico di Ângelo com um humor completamente oposto ao do cão infernal ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

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beijos ;**
@SarahColins_



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