Em Busca Do Herói Perdido escrita por Sarah Colins


Capítulo 18
Capítulo 17 – Colorindo


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos, tudo bem? ^^
Terminei de escrever esse capítulo hoje e resolvi já revisar e postar de uma vez. Como já deu pra perceber estamos nos aproximando do final. Ainda não sei quantos capítulos restam, mas assim que souber eu aviso ;)
Espero que gostem!



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O que aquele cabeça de alga pensa que está fazendo? Como ele se atreve a deixar o acampamento Júpiter? Como ele pretende que o encontremos se não fica parado em um só lugar? Será que ele não imagina o trabalho que nos deu localizá-lo? Eu estava furiosa ao ver que todo o meu plano poderia ir por água abaixo. Mas eu tinha que tentar me acalmar e me lembrar de que Percy não tinha culpa nenhuma naquilo. Afinal ele nem ao menos se lembrava de que poderia haver pessoas que se importam com ele e muito menos que estejam procurando por ele. Se tinha alguém que eu deveria culpar era a mim mesma! Talvez se eu tivesse agilizado um pouco mais as coisas. Se eu tivesse ido a São Francisco antes, sem esperar que o navio estivesse pronto. Mas não, eu deixara Percy escapar novamente de minhas mãos. Estava perdendo a melhor oportunidade que tivera até então de encontra-lo. E a única culpada por aquilo era eu. Queria me enfiar em uma caverna bem profunda e não sair nunca mais.

Tentei então concentrar minha mente na ajuda que resolvi dar na construção do Argos II. Já estava quase tudo finalizado, mas ainda faltavam alguns detalhes. Leo demonstrou muita confiança em minhas habilidades arquitetônicas ao deixar algumas decisões em minhas mãos. E acabamos percebendo que tínhamos jeitos muito parecidos de trabalhar. Ele aprovava todas as minhas sugestões e eu não quis mudar absolutamente nada no que ele já havia feito. Estar ocupada com essas tarefas felizmente surtiu o efeito desejado. Consegui me manter mais tranquila e menos ansiosa enquanto Tyson não mandava notícias. Faltavam pouquíssimas coisas para que o navio estivesse pronto, então Leo e eu decidimos já marcar uma data certa para a partida. Assim teríamos um prazo que cumprir e não deixaríamos nenhuma folga para possíveis atrasos. Então dali a dois dias deixaríamos o acampamento meio-sangue.

Quem também apareceu para oferecer ajuda na finalização do navio foi Dean. Muito prestativo como sempre, o semideus parecia ter voltado a sua função de me “perseguir”. Ele aproveitou para me contar como foi a sua chegada ao chalé de Deméter. Como era de se esperar, os outros filhos da deusa da agricultura o haviam recebido muito bem. Dean também contou que gostou muito de seus novos aposentos e que está empolgado para começar a treinar. Não pude deixar de ficar feliz por ele. Pelo menos pra alguém nessa história as coisas tinham que estar dando certo. Foi numa dessas vezes que Dean estava tentando me ajudar com o navio que aconteceu uma das experiências mais desagradáveis e constrangedoras da minha vida. Eu estava entretida com a pintura da cabine de comando, quando alguém subitamente apareceu ao meu lado. Quase borro todo o meu trabalho tamanho o susto que levei. Lá estava o meio-sangue que eu começara a me arrepender de ter resgatado.

– Ei Dean – disse com um sorriso forçado – O que faz aqui?

– Vim te ajudar com a pintura – disse ele parecendo muito animado e bem disposto.

– Ótimo – disse tentando parecer grata, mas na verdade eu estava era me sentindo sufocada com ele sendo tão prestativo o tempo todo – Pode pegar um pincel daqueles ali e começar pelos rodapés!

– Hmmmm, está bem... – disse ele já não tão animado enquanto ia até o outro lado da cabine escolher um pincel.

Dean não pareceu nada feliz com a tarefa que dei a ele. Sua intensão ao vir oferecer ajuda era ficar o mais próximo possível de mim. Porém os rodapés ficavam bem distantes das pilastras centrais, que era onde eu estava trabalhando no momento. Ainda assim o semideus não reclamou e colaborou de forma muito eficiente. Poucos minutos depois nós dois havíamos terminado a primeira demão de tinta. Resolvi dar-nos um pequeno intervalo antes da segunda demão. Saímos para parte exterior do navio e buscamos alguns lanches que eram trazidos pelas harpias, para os campistas que estavam ajudando na construção. Comemos e descansamos por cerca de dez minutos. Depois voltamos ao interior da cabine para finalizarmos nosso trabalho. Peguei o pincel que estava utilizando antes e logo voltei a espalhar a tinta de cor marrom nas paredes.

Dessa vez, Dean não esperou que eu lhe dissesse o que fazer. Ele apenas se pôs a pintar a mesma parede que eu, deixando apenas alguns centímetros entre nós. Fingi que não havia reparado que ele fizera aquilo de propósito e continuei minha tarefa como se nada tivesse acontecido. Percebia, de vez em quando, algumas olhadas do semideus ao meu lado, mas tentei não dar atenção a isso também. Se ele percebesse que aquilo estava me incomodando seria pior. Ele podia pensar que eu estava começando a responder as suas investidas pelo fato de sua presença estar me deixando nervosa. Quando Dean esbarrou seu pincel em minha mão deixando meus dedos cobertos de tinta eu já não pude continuar ignorando-o. O olhei indignada e pude ver por sua expressão que o garoto havia feito aquilo intencionalmente. Eu deveria ter sido madura o suficiente para deixar passar aquela brincadeira de mau gosto. Mas obviamente tive que me vingar, então passei meu pincel pelo seu braço deixando-lhe uma marca bem maior que a que ele havia feito em mim.

– Ahhh, então você quer guerra? – perguntou ele com um sorriso maquiavélico nos lábios. E antes que eu pudesse responder ele pintou a ponta do meu nariz da mesma cor das paredes da cabine.

– Ei! Eu não disse que queria guerra! Mas agora você vai me pagar!

Meu orgulho e minha sede de vitória foram mais fortes do que o meu bom senso e minha maturidade. Acabei entrando naquela batalha onde as armas eram os pincéis e o objetivo era deixar o adversário mais coberto de tinta do que você. De longe devíamos parecer duas crianças com aquela brincadeira boba. Mas foi inevitável me deixar levar por aquele momento de descontração. Fazia tanto tempo que eu não ria e me divertia daquela maneira. Enquanto “lutávamos” para ver quem pintada mais um ao outro, o chão da cabine havia ficado todo cheio de pequenas poças de tinta. E foi numa dessas que eu escorreguei. Dean foi ágil ao segurar minha mão para tentar evitar minha queda, mas não deu muito certo. Acabei levando-o junto comigo e no final eu estava estirada no chão com um semideus todo sujo de tinta em cima de mim.

Provavelmente derrubamos a lata de tinta que estava próxima ao local onde caímos. Mas naquele momento nenhum dos dois estava prestando atenção nisso. Na verdade a única coisa que conseguíamos fazer era olhar um para a cara do outro, sem dizer uma só palavra. Eu podia dizer que ainda estávamos abalados pelo fato de termos pagado o maior mico de nossas vidas. Entretanto eu sabia que havia algo além. Dean fitava o meu rosto com uma expressão séria e não parecia ter a intensão de se levantar tão cedo. Eu também não sabia como reagir e fiquei por alguns segundos vidrada nos olhos verdes do garoto. Não eram nem de longe como os olhos de Percy. Não tinham o brilho do mar e nem eram tão profundos e hipnotizantes. Mas eu não podia negar que eram lindos. Então Dean me beijou.

Demorei cerca de três segundos para reagir a sua repentina atitude. E sem que eu percebesse, estava correspondendo ao beijo do garoto. Em minha mente havia apenas a imagem de Percy. Quando enfim meu cérebro conseguiu processar a informação de que o garoto nos meus pensamentos não era o mesmo garoto que estava em cima de mim me beijando, eu o afastei imediatamente com um brusco empurrão. Dean rolou para o lado e eu rapidamente me coloquei de pé. Parecia que só agora eu me dera conta de que estava coberta de tinta e me senti extremamente envergonhada com aquilo. O que foi que eu havia acabado de fazer? Meu namorado estava perdido em algum lugar muito longe dali enquanto eu me divertia e beijava outro garoto? Passei a me sentir mais suja por dentro do que estava por fora. Coloquei a mão sobre a boca enquanto olhava o semideus sentado no chão a minha frente.

– Me desculpe, Annabeth – disse ele não parecendo estar exatamente desapontado com o que acabara de acontecer – Não que eu esteja arrependido do que aconteceu. Mas não quero que pense que eu estava me aproveitando da situação...

– Não, não tem que se desculpar – respondi a ele ainda não conseguindo olha-lo nos olhos – Se isso chegou a acontecer foi porque eu permiti. A culpa é minha. Se você sentiu que tinha liberdade para me beijar foi porque provavelmente eu dei a entender isso...

– Sério? – disse ele surpreso – Então não quer me matar? Nem me bater ou me dar ao menos um tapa? – ele parecia de certa forma surpreso com a minha reação.

– Não Dean, você apenas se deixou levar pelos seus sentimentos. Não posso culpa-lo por isso. Eu ao contrário, jamais deveria ter deixado que existisse essa proximidade entre nós. Me desculpe se e algum momento eu deixei transparecer que poderíamos ser algo além de bons amigos. Se eu deixei que me beijasse foi porque minha cabeça está realmente conturbada por tudo o que estou vivendo. Era Percy que eu queria que estivesse comigo agora, não você... Sinto muito.

Sai da cabine antes de ver qualquer reação por parte de Dean. E deixei o navio rapidamente para que ele não pudesse vir atrás de mim. Eu com certeza acabara de despedaçar o coração de uma pessoa que eu gostava muito. E isso só fizera eu me sentir um lixo. Talvez agora ele realmente compreendesse que não havia forma de que ficássemos juntos. Talvez agora ele entendesse que eu pertencia somente a Percy. Mas nem isso me fez sentir melhor pelo que acabara de acontecer. Corri pelo acampamento sem conseguir segurar as lágrimas, até chegar ao chalé de Atena e poder entrar debaixo da ducha quente de roupa e tudo. Iria demorar até eu conseguir me livrar de toda aquela tinta. Mas eu tinha muito o que refletir então não me importei de prolongar o máximo possível aquele banho. Senti novamente que estava bambaleando na borda do precipício da loucura. Pela primeira vez eu sentia que não havia outro remédio para me curar. Faltava um pedaço de mim, um pedaço que somente seria reposto quando eu encontrasse Percy. E se isso não acontecesse logo eu podia dizer adeus a minha sanidade para sempre.

***

Não cheguei a cair do penhasco que ameaçava minhas defesas, mas foi por pouco. Sentia que pendia da beirada, segura apenas por uma das mãos e não havia ninguém para me puxar de volta. E assim tive que me manter pelo menos durante os dias seguintes. Reuni toda a coragem que consegui para levantar da cama na manhã do seguinte dia. Logo no café da manhã eu tive que me deparar com Dean. Ele não parecia estar tão mal quanto eu, o que me fez sentir um pouco melhor. Tudo o que eu queria era que ele esquecesse aquela paixonite por mim e que seguisse em frente. Ele com certeza tinha tudo para ser feliz e viver uma vida muito mais tranquila e normal que a minha. Em todo caso resolvi evitar qualquer encontro a sós com ele para que o assunto não viesse à tona. Se dependesse de mim, nunca mais falaria sobre o que aconteceu no nosso último encontro.

Quíron me informou que os meus companheiros de missão haviam retornado ao acampamento. Clarisse, Chris, Travis, Connor, Drew e Butch, que deviam estar desfazendo suas malas naquele momento. Grover ainda não havia regressado. Depois de perceber que não estava contribuindo muito com os estudos e pesquisas que estávamos fazendo, o Sátiro resolveu voltar a sua função de difundir a palavra de Pã pelo mundo. Mesmo eu havendo insistido para ele continuar conosco, Grover disse que não precisávamos mais dele. Agora que sabíamos onde ficava o acampamento Júpiter, só restava terminar o navio para podermos ir até lá. E quando isso acontecesse Grover voltaria a se juntar a nós. Matt mais uma vez ficou sobre a responsabilidade de Nico. O filho de Hades parecia saber lidar melhor com o mortal do que qualquer um de nós. Os dois também voltariam ao acampamento até o anoitecer, pois sabiam que havíamos marcado uma reunião para aquela noite. Afinal dali a menos de dois dias estaríamos partindo e tínhamos que discutir os últimos acertos.

Tentei passar aquele dia em locais do acampamento que me trouxessem paz e que não me lembrassem tanto de Percy. Foi uma missão um tanto quanto difícil, já que apenas a palavra “acampamento” já me remetia aos momentos que vivi com meu namorado ali. Tanto do último verão, quanto dos anos anteriores. Acabei me rendendo a essas lembranças e apenas tentei me focar na parte boa delas. Já não havia muito o que fazer no Argos II, que estava praticamente pronto, então apenas passei por lá algumas vezes para dar uma checada em tudo. No fim do dia, depois do jantar e da fogueira, eu e meus bravos companheiros de missão nos dirigimos até o “Punho de Zeus” para podermos falar sem que ninguém pudesse nos ouvir. Todos eles pareciam revigorados depois daquela semana de descanso que tiveram. Eu, mesmo tendo trabalhado um pouco no navio, também me sentia muito mais disposta agora do que quando acabamos nossa pesquisa.

– É bom revê-los amigos – disse Butch com um sorriso – Fomos uma equipe por tanto tempo que senti falta de vocês nos últimos dias.

– Tem razão Butch – concordou Connor – Fazia silêncio demais a noite sem os roncos do Chris no quarto! – brincou ele enquanto dava uma piscadela para o meio irmão.

– Não vou nem comentar o que eu ouvia de você a noite, irmãozinho – rebatou Chris, que mantinha um dos braços em volta da cintura de Clarisse – Já estou mais do que acostumado com suas maluquices, afinal dividimos o mesmo chalé há anos, esqueceu?

– Do que ele está falando? Você não ronca não Chris! – disse Clarisse meio sem pensar. E logo depois a semideusa ficou vermelha como um pimentão já que ela acabara de revelar que já dormira com Chris, ou pelo menos perto o suficiente para saber se ele roncava ou não.

– Bom acho melhor irmos ao que interessa antes que mais alguém comece a relevar segredos um do outro por aqui – disse Drew sem conseguir conter um risinho debochado – Quando partiremos para São Francisco?

– Isso se o nosso palpite estiver certo, você quer dizer! – interveio Connor.

– Mas é claro que está! Não ficamos enfurnados naquela biblioteca tanto tempo para bolarmos um palpite falso! – respondeu a filha de Afrodite contundente.

– O palpite está certo – disse eu enfim entrando na conversa – Tyson esteve aqui há alguns dias e confirmou que estamos “apontando” na direção certa. O problema é que ele sentiu que Percy está se deslocando de lá.

– Como assim? – disseram todos ao uníssono com expressões de surpresa, como eu havia previsto.

– Não se preocupem. Eu já mandei Tyson na frente, para vigiar se Percy está mesmo deixando o acampamento Júpiter. Ele nos manterá informados. E quanto a nossa partida, será amanha a tarde. O navio já está pronto. Só falta definirmos quem fará parte da tripulação e...

– Nós faremos parte né? – perguntou Travis me interrompendo.

– Claro que sim – respondi – E Leo, Jason e Piper também. Afinal eles já estão mais do que envolvidos nisso. Mas fora a gente ainda temos alguns lugares para ocupar dentro do navio. Creio que precisaremos de alguns semideuses do chalé de Hefesto para que possam consertar qualquer falha que houver no caminho. E também acho que alguns dos irmãos de Clarisse seriam muito bem vindos, caso não tenhamos um recebimento muito bom ao chegarmos ao acampamento romano.

– Desculpem o atraso – quase cai da pedra onde estava sentada com o susto que levei. Nico de Ângelo havia aparecido ao meu lado como se saído da terra. Matt estava logo atrás dele, parecendo meio enjoado. Logo deduzi que eles haviam viajado através das sombras para chegar ali – O que perdemos?

– Quase nada – informou-lhe Drew – Annabeth só disse que partiremos amanha e que Percy pode não estar no acampamento Júpiter quando chegarmos lá.

– Não foi isso que eu disse – olhei para a semideusa enquanto balançava a cabeça negativamente em forma de censura.

– Ele estará lá! – afirmou Nico com segurança.

– E como você sabe? – perguntei sem entender.

– Porque eu estive no acampamento Júpiter há alguns dias atrás. Percy saiu em uma missão com mais dois outros semideus romanos. Eles foram até o Alaska resgatar o deus da morte. Eles devem estar voltando amanha. E ainda terão que enfrentar sérios problemas por lá...



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Notas finais do capítulo

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