Em Busca Do Herói Perdido escrita por Sarah Colins


Capítulo 16
Capítulo 15 – Sentença


Notas iniciais do capítulo

O capítulo de hoje é dedicado ao vhasto lord por causa da linda recomendação que deixou em LDUV *-* Muito obrigada! E obrigada por continuar acompanhando a 2ª temporada =)
Quem também quiser ter um capítulo dedicado é só deixar uma recomendação ou então, para os que leem mas nunca comentaram, basta deixar um comentário no capítulo! :D
Espero que gostem! ^^



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- Não podem me manter como prisioneiro por muito mais tempo – exclamou Matt visivelmente irritado – Conheço meus direitos. Sou um cidadão livre! Isso que estão fazendo é sequestro. Irei denunciá-los a polícia e...

- Quer fechar a matraca moleque? – Clarisse o interrompeu parecendo já sem um pingo de paciência. Percebi que ela estava a ponto de partir para cima do mortal, para fazê-lo ficar quieto a força, então mais uma vez eu tive que interferir para acalmar os ânimos.

- Matt, não sei se percebeu, mas estamos exatamente tentando decidir o que fazer com você! Então a não ser que tenha alguma ideia brilhante brotando nessa mente doentia e genial, é melhor você não opinar – já era a terceira ou quarta vez que a discussão saia de controle e eu intervinha para tentar coloca-la de volta nos trilhos.

Era tanta desordem e tensão naquele minúsculo quarto que eu estava começando a ficar com calor. Nico havia chegado com a indesejada notícia de que Matt era aparentemente imune ao efeito das águas do Rio Lete. O humano parecia estar satisfeito com o fato de não ter tido sua memória completamente apagada. Nico, ao contrário, parecia imensamente frustrado com o fracasso de seu plano. Ele não teve alternativa se não trazê-lo de volta a nós para que pudéssemos então resolver, juntos, o destino do mortal. Matt, em sua defesa, disse que se o libertássemos ele voltaria para sua casa e esqueceria essa ideia de tomar o Olimpo para os semideuses. Disse que também não nos acusaria por termos mantido ele como refém durante todo esse tempo. É claro que nenhum de nós acreditou em nada disso.

Todos estavam de acordo com o fato de Matt ainda representar uma ameaça para o Olimpo se o deixássemos escapar. Entretanto as opiniões quanto ao que deveríamos fazer com ele eram totalmente controversas. Alguns diziam que ele deveria ser enviado ao acampamento meio-sangue para ser vigiado por Quíron. Outros achavam que seria melhor acabar de vez com a pobre vida do mortal, o que eu havia desconsiderado completamente logo de cara. E apenas Dean concordava com a minha proposta de trazê-lo conosco durante a missão. Obviamente o meu mais novo admirador apenas estava do meu lado por achar que ganharia alguns pontos comigo. Eu com certeza precisaria de um apoio melhor se quisesse convencer a maioria deles de que a minha ideia era a melhor solução para o problema.

- Pessoal, vamos tentar ser práticos e sensatos, ok? – falei depois de respirar fundo e pedir que ficassem em silêncio para me ouvirem – Mandar Matt para o acampamento agora seria ter que abrir mão de um ou dois membros do grupo. Afinal ele precisaria de uma escolta reforçada até lá para não corrermos o risco de deixa-lo fugir.

- Nisso você tem razão, Annabeth – afirmou Butch, que era um dos que ainda não havia decidido sua posição quanto a questão que discutíamos.

- Por que não me deixam atravessar o coração desse desgraçado com a minha lança de uma vez? – esbravejou Clarisse que soltava faíscas pelos olhos e respirava de forma pesada enquanto encarava o mortal, que agora estava tremendo e suando – Será que o que ele fez a Chris não é suficiente para vocês acharem que ele merece morrer? Vão mesmo deixá-lo sair dessa ileso? Não há forma mais prática de resolver esse assunto!

- Não, Clar – foi Chris quem contrariou a filha de Ares, deixando não só ela, como todos nós muito surpresos – Não iremos matá-lo em hipótese alguma. Não estaríamos sendo melhores do que ele se fizéssemos isso. E acho que todos merecem uma segunda chance. Estou disposto a perdoá-lo pelo que me fez. Talvez o que Annabeth propôs não seja tão ruim afinal. Se Matt vier conosco e nos ajudar na missão, ele poderá provar que está realmente arrependido. Se isso acontecer, o deixaremos ir. Se não, bom... Então depois decidiremos.

Ninguém precisou falar mais anda a respeito depois do discurso de Chris. Nem ao menos precisamos dizer que concordávamos. Se Chris, que havia sido enganado, raptado, aprisionado e manipulado por Matt estava dando-lhe uma chance, porque os outros não o fariam? Logo, estava decidido. Traríamos o mortal conosco e ainda o faríamos colaborar com a missão. Afinal não precisávamos de um peso morto para nos atrapalhar. E o pequeno gênio realmente poderia nos ser útil em algum momento.

***

Mesmo se tornando um membro da maior equipe que já existira para uma missão, Matt ainda precisava ser muito bem vigiado. Travis e Connor assumiram esse papel inicialmente, depois iriamos revezando as duplas. Durante a divisão, acabei tendo que fazer par com Dean. Ninguém parecia suportar o semideus. Eu me sentia mal por ele, mesmo ele não parecendo ligar para isso. No fim das contas eu o havia aceitado no grupo, então era justo que eu tivesse que arcar com esse “fardo”. E na verdade não seria algo tão difícil, pelo menos não era até eu saber que Dean nutria sentimentos pela minha pessoa. Tentei não pensar naquilo nem na nossa última conversa antes de Nico e Matt chegarem. Deixaria para me preocupar com isso quando chegasse a hora. No momento estávamos muito ocupados arrumando nossas coisas para partir.

Voltamos a região central de Nova York. Demorou, mas enfim eu havia conseguido convencer a todos de que pesquisar sobre o império romano seria uma coisa boa. No mínimo iriamos conhecer mais sobre o nosso “inimigo” e o que iríamos enfrentar quanto enfim encontrássemos o acampamento Júpiter. Estávamos em onze pessoas agora e teria sido um verdadeiro milagre se conseguíssemos chegar ao nosso destino sem chamar a atenção de nenhum monstro. Como era de se esperar os milagres não estavam do nosso lado. Deveríamos ser a maior concentração de semideuses, fora dos limites do acampamento meio-sangue, o que seria o mesmo que dizer: éramos os semideuses mais desprotegidos e vulneráveis do mundo! Mesmo fazendo o possível para nos mantermos dispersos em meio a multidão de pessoas que andava pelas ruas de Manhattan, acabamos sendo encontrados.

Uma senhora idosa e muito bem vestida que estava sentada num dos bancos da rua onde ficava a biblioteca, se colocou em meu caminho impedindo que eu continuasse andando. Dean, que estava ao meu lado, quase esbarrou na mulher, pois estava concentrado olhando um guia que havia pegado no metrô. Só então eu percebi que havia algo de errado com aquela cena. Mas era tarde demais, encarei a senhora enquanto a via se transformar em uma grande e asquerosa fúria. Antes que eu pudesse levar a mão bainha para sacar minha adaga, a criatura nos lançou para trás com um só golpe, fazendo-nos voar alguns metros de distância. Me choquei contra uma banca de revistas antes de despencar ao chão em uma queda nada suave. Precisei de alguns segundos a mais para conseguir me recuperar do impacto e me levantar. Quando o fiz, percebi que a Fúria estava vindo em minha direção e logo fui sacando minha faca e me preparando para confrontá-la.

Mas não era em mim que a Fúria estava mirando. Ela se direcionava para algo que estava a minha direita, possivelmente alguns metros atrás. Antes mesmo de olhar para confirmar, eu pude deduzir o que era, ou melhor, quem era. Nico estava postado no meio da calçada e não parecia ter intenção de se mover dali ou de fazer qualquer movimento para conter a investida da fúria. Em nenhum momento pensei em me meter naquele confronto. Se alguém sabia como lidar com uma criatura daquelas, esse alguém era Nico di Ângelo. O filho de Hades apenas levantou uma das mãos e fez um gesto esquisito, o que foi suficiente para fazer a fúria parar a milímetros de distância de seu rosto. Ela recuou um pouco atordoada pela inesperada defesa do semideus. Mas o bicho ainda parecia imensamente furioso, se é que existe outro sentimento que possa ser identificado numa criatura dessas. Mas ao invés de tentar atacar Nico novamente a fúria o encarou em silêncio.

- O que faz aqui? – perguntou o filho das trevas, como um superior que fala ao seu subordinado – Meu pai tem algum recado para mim?

- Não se faça de desentendido, pequeno meio-sangue – disse a fúria em sua voz animalesca – Sabe que seu pai está precisando de você no mundo inferior. Sabe que estamos com problemas sérios por lá. E, no entanto você insiste em colocar os interesses de seus amiguinhos semideuses em primeiro lugar.

- O que eu poderia fazer para ajudar com os problemas do mundo inferior? – respondeu Nico que mantinha os punhos cerrados, tentando se controlar para não partir para cima do monstro a sua frente – Se Hades não consegue dar conta de controlar seu próprio território, não sou eu que vou concertar suas falhas. Se veio aqui para tentar me convencer a voltar para o mundo dos mortos, perdeu seu tempo, Megera. Não penso abandonar meus amigos. Vou continuar ao lado deles nessa missão.

- Não posso te obrigar a vir comigo. Mas aviso que irá se arrepender por desobedecer uma ordem do senhor das trevas. Quer ficar com esse bando de perdedores, ótimo. Mas atenha-se as consequências que estão por vir.

E em um salto magistral, a fúria sumiu de nossa visão. Nico estava ofegante e suor escorria de sua testa. Ponderei por alguns segundos a hipótese de perguntar-lhe o que estava havendo? Por que Hades o queria ao seu lado no mundo inferior? E porque Nico preferia ficar conosco em vez de ajudar seu pai? No fim das contas decidi não tocar no assunto, pelo menos não por enquanto. Foi o próprio Nico que quebrou o silêncio momentâneo e nos fez voltar a nossa marcha rumo à biblioteca. Os nervos de todos ainda estavam à flor da pele por causa da recente ameaça, que no final acabou não dando em nada. Eu sentia até mesmo certa frustração no ar. Afinal éramos semideuses gerados para estar constantemente em combates. Nossos reflexos de cambo de batalha estavam pedindo para serem utilizados. Porém, por hora, era melhor que nos mantivéssemos calmos e tranquilos. Longas horas de pesquisa e estudo nos esperavam.

Drew fez com que a bibliotecária que estava na recepção acreditasse que nós éramos um grupo de universitários que cursavam História em Harvard, e que necessitávamos de tudo o que pudesse ser encontrado sobre Roma Antiga para nosso trabalho de Mitologia. Ela foi tão convincente que eu quase comecei a acreditar que nós estávamos mesmo pesquisando para um trabalho de faculdade. Inevitavelmente a situação me fez reviver um dos momentos do último verão. Quando Percy e eu tivemos a nossa pior briga. A ferida em meu peito, que fora aberta desde que Percy desaparecera, doeu de forma aguda quando eu me lembrei que chegara a terminar com ele por causa daquela discussão. Mesmo agora, depois de tudo o que havia acontecido, eu conseguia perceber o quanto aquele tema fora delicado. Com certeza havia sido um exagero da minha parte chegar ao ponto de acabar com nosso namoro daquele jeito. Felizmente eu voltara a atrás e tudo havia se acertado. Não queria nem pensar no que eu teria feito se ainda estivéssemos brigados quando ele desapareceu.

Ainda que todos os meus pensamentos e preocupações estivessem em encontrar Percy nas últimas semanas, eu não deixara de manter vivos alguns de meus grandes sonhos. Um deles era entrar para uma faculdade e cursar Arquitetura. Eu me perguntava quanto tempo levaria até que as coisas voltassem ao normal para que eu pudesse visualizar de novo como eu queria que fosse o meu futuro. O problema era que sem Percy eu não conseguia enxergar nada. Porque era absolutamente impossível imaginar a vida dos meus sonhos se ele não estivesse incluído. E tudo isso acabava me levando ao momento presente. Tudo dependia de como eu me sairia naquela missão. Todas as minhas antigas prioridades haviam sido deixadas de lado, por enquanto. Então voltei a tentar me concentrar nos livros e buscar qualquer aspecto do comportamento romano daquela época. Qualquer vestígio de onde eu pudesse tirar alguma lógica que fizesse sentido ainda nos dias de hoje.

Dean havia se sentado a minha frente quando nos organizamos em algumas mesas e dividimos o material que iríamos utilizar. O semideus ora me observava enquanto eu lia, ora se concentrava nos livros. Ele parecia realmente estar se esforçando para manter o foco nos estudos, apesar de isso parecer uma tarefa difícil para ele. Certamente Dean queria ser o primeiro a encontrar algo relevante só para que eu tivesse que ficar agradecida. Pobre garoto, mal sabia ele que inteligência não é exatamente a característica que mais me atrai num garoto. Se estava realmente querendo me impressionar devia era tentar averiguar mais sobre o comportamento de Percy. Tentar se parecer com ele não só na aparência. Evidentemente que eu sabia que nem isso adiantaria, mas seria interessante vê-lo tentar. Por enquanto eu preferia que Dean pensasse que quanto mais me ajudasse na missão, mais perto ele estaria de conseguir uma chance comigo. Não que eu quisesse me aproveitar da situação, mas uma vez que eu já havia deixado clara minha posição, não podia ser culpada por iludi-lo.

- Não há muito aqui além do que já aprendemos na escola – comentou Connor enquanto folheava um livro ilustrado com imagens dos deuses em sua forma romana.

- Connor tem razão – disse Travis parecendo extremamente cansado e entediado com o que estava lendo – Não acho que os humanos registraram em algum desses livros, algo que realmente possa nos ajudar. Eles nem ao menos acreditam que tudo isso seja real.

- Sei que parece que estamos perdendo tempo aqui, pessoal. Mas eu sinto que necessitamos dessas informações para seguir em frente – tentei fazer o possível para animá-los a continuar – Concentrem-se nos capítulos que falam sobre os heróis romanos. Sobre suas estratégias de batalha. Sobre como se deu a ascensão de Roma. Qualquer detalhe, anda que não parece, pode nos ser útil.

- Annabeth tem razão – a voz de Matt, mesmo num tom mais baixo do o meu, chamou a atenção de todos. Ele estava sentado na outra extremidade da longa mesa e parecia se divertir ao nos assistir – Digo, quanto a forma como devem pesquisar. Mas está errada quanto a outra parte. Vocês estão sim perdendo tempo. Em vez de estarem ai enfiando a cara nesses livros, deviam apenas perguntar o que querem saber a mim! Se esqueceram que eu descobri absolutamente tudo sobre os deuses gregos e até mesmo que eles eram reais? Não acham que eu também não sei tudo sobre os romanos?

- Mas você não sabe onde fica o acampamento meio-sangue – interpôs Clarisse que encarava o mortal com uma expressão desconfiada.

- É verdade. Não sei. Tampouco sei onde fica o acampamento Júpiter que estão procurando. Creio que esses locais são bem protegidos demais, até mesmo para minha superioridade intelectual poder penetrá-los – Matt parecia muito satisfeito de ter conseguido nossa atenção e soava como se tivesse algum tipo de poder sobrenatural por ser tão inteligente – Entretanto creio que não há nada nesses livros que eu já não saiba. Então por que não vamos direto ao ponto. Eu lhe dou as informações que necessitam e vocês, com seus genes divinos, ligam os fios e tiramos algumas conclusões?

Era impressionante o quanto aquele garoto conseguia ser brilhante e insuportável ao mesmo tempo. Eu queria manda-lo calar a boca e dizer que estava errado. Mas como ir contra a sua magnífica e perfeita estratégia? Como filha de Atena eu jamais poderia ir contra aquele plano tão bem bolado. E aparentemente os outros pensavam o mesmo. O simples fato de que permaneceram calados era a melhor forma de dizerem que concordavam com o mortal, apesar de isso ir totalmente contra seus princípios. Matt estava colaborando com a missão afinal. E era isso o que eu queria, afinal. Se o humano começasse a converter a sua imensa sabedoria em algo bom e digno, talvez ele deixasse de ser um caso perdido.

No instante seguinte uma luz esverdeada vinda da minha esquerda fez com que eu desse um salto tamanho o susto que levei. Em cima da cabeça de Dean havia aparecido uma pequena rama de trigo. O semideus novato estava chocado e amedrontado. Ele logo começou a tentar espantar o símbolo de cima de sua cabeça, temendo que aquilo fosse lhe causar algum dano. Ele ainda não sabia, mas havia acabado de ser reclamado por sua mãe olimpiana. Deméter a deusa da colheita e da agricultura.  


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem bastante ;)
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beijos ;**
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