Em Busca Do Herói Perdido escrita por Sarah Colins


Capítulo 13
Capítulo 12 – Ajuda


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Fiz o máximo de esforço pra terminar esse capítulo hoje porque fazia muito tempo que não postava. Ele ficou muito legal e tem uma novidade que espero que gostem! :D



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Ponto de vista de Clarisse

– Você não devia ter se oferecido para vir nessa missão – reclamei pela milésima vez só para deixar bem claro o quanto eu desaprovava a vinda dele – Ainda não sei por que deixei a sabichona da Annabeth aceitar seu pedido!

– Eu sei. É porque no fundo você adorou a ideia de me ter por perto – disse Chris com um tom brincalhão e carinhoso, o que sempre fazia com que todas as minhas defesas caíssem por terra. Ele era o único que conseguia me arrancar um sorriso enquanto eu estava tentando me manter impenetrável como um muro de tijolos.

– Está enganado. Eu prefiro saber que está longe e em segurança do que saber que está por perto e em perigo! – falei sinceramente, apesar de não poder negar que eu ficava muito mais “agradável” quando ele estava comigo. Talvez esse até fosse o motivo pelo qual a filha de Atena deixou meu namorado se unir a nós na busca.

– Não estou em perigo – insistiu ele tentando, ainda sem sucesso, me tranquilizar – Não enquanto tiver você para me proteger.

– Muita sorte da sua parte, eu diria! – continuei irredutível – Imagina se não tivesse a mim? Duvido que qualquer um desses semideuses egoístas iria se preocupar com o que pudesse acontecer a você – exagerei um pouco naquela parte, afinal eu sabia que na verdade todos ali se importavam e muito com Chris. Mas eu não ia dar o braço a torcer. Não mudaria minha opinião de que aquela fora uma péssima ideia. E não importava quantos olhares e sorrisos persuasivos o filho de Hermes me lançasse.

– Sabe que isso não é verdade – disse ele como se já soubesse que eu mesma já havia me dado conta daquilo – Eu entendo que esteja preocupada comigo. E mesmo que eu não goste de saber que me quer longe, sei que você só está pensando no meu bem. Mas você acha mesmo que eu não dou conta do recado?

– Chris, eu não disse isso – falei um pouco constrangida por tê-lo feito pensar daquela forma – Sei que você é forte o suficiente para passar por isso. Se ainda não está completamente recuperado, isso irá acontecer em breve. É só que, não sei se eu suportaria te ver novamente naquele estado. Você sabe, com o que aconteceu no labirinto – acabei deixando escapar que o meu temor era mais por mim do que por ele. Era eu que não aguentaria a culpa e a tristeza se algo acontecesse a ele de novo – Sei que pareço medrosa e patética falando assim. Mas não posso negar, eu temo mais pela sua segurança do que pela minha. Sabe que se algo ruim te acontecer nessa missão eu nunca irei me perdoar, não é?

– Nada vai me acontecer, eu prometo – e ele calou meus lábios com um beijo assim que eu fiz menção de falar mais alguma coisa. E dessa forma eu já não pude mais resistir aos seus encantos. Era nesses momentos que eu me libertava totalmente da “Clarisse durona, filha de Ares”, e passava a ser apenas a “Clarisse apaixonada pelo Chris”. E que os deuses jamais saibam desse pensamento!

– Acho bom mesmo – disse depois de alguns segundos em silêncio após terminarmos o beijo. Ele sorriu achando graça de como eu conseguia rapidamente voltar a fazer de conta que estava encarando tudo aquilo de forma apenas estratégica e prática. Mas ainda assim não deixei de segurar suas mãos e receber os carinhos dele.

Todo aquele momento “água com açúcar” só estava acontecendo porque nos encontrávamos dentro de um ônibus de viajem escuro, com quase todas as cortinas fechadas, bloqueando os últimos raios de sol daquela tarde. Boa parte dos nossos amigos estava ou dormindo, ou distraído. O que me permitia esse raro momento de privacidade com Chris. Segundo a capitã Anna, estávamos nos encaminhando para o extremo norte do estado de Nova York. Ela havia tido uma conversa privada com Quíron que indicou alguém que poderia nos dar informações sobre a localização daquele tal acampamento de semideuses romanos. Eu ainda não havia entendido direito quem, ou o que estávamos indo encontrar. Na verdade aquela nova fase da missão ainda era um completo mistério para mim.

Aquela história de aliança não havia entrado na minha cabeça. Gregos e romanos não eram inimigos históricos? Porque diabos não poderíamos continuar assim? Eu não ia ligar se tivéssemos que lutar e destruir todo o acampamento Júpiter para resgatar Percy. Só não propunha essa ideia porque sabia que Annabeth jamais aceitaria. Não com toda aquela história de os três novatos estarem construindo um navio de guerra para podermos ir até lá e todo o drama que estavam fazendo quanto a profecia dos sete. Não me surpreenderia se Percy já tivesse feito amizade com todos os romanos. Do jeito que aquele “adestrador de cavalos marinhos” era exibido, deve já ter conseguido ganhar a atenção de todos por lá. Nesse momento eu tive a chata e constrangedora sensação de que sentia falta do Poseidon Júnior. Era melhor eu parar com aquilo antes que começasse a virar uma Annabeth da vida.

– Acho que já estamos chegando – falou Chris afastando a cortina para olhar pela janela do ônibus. Seus braços estavam em volta do meu corpo e sua mão esquerda alisava meu cabelo – Não vejo o que há de tão perigoso nessa missão. Por enquanto parece estar tudo tranquilo.

– Logo se vê que você não tem muita experiência com missões – falei enquanto ria do excesso de confiança que ele demonstrava – É quando as coisas parecem mais calmas e tranquilas que temos que estar mais atentos. Os problemas aparecem quando menos esperamos, por isso, você tem que estar preparado para enfrentar o inimigo a qualquer momento! Entendeu?

– Sim senhora – respondeu Chris batendo continência e logo depois caindo na risada. Eu não pude deixar de sorrir, mas depois fingi que havia ficado brava com a gracinha dele – Bom, pelo menos eu não sou o menos experiente do grupo – ele falou enquanto indicava com a cabeça a poltrona ao lado da nossa. Nela encontrava-se Dean, o semideus que havíamos resgatado no Texas. Ele dormia um sono profundo enquanto roncava alto – Acha que ele vai nos dar muito trabalho?

– Acho que não – respondi com um tom de incerteza – Ele não tem ideia do que está por vir, mas temos que considerar que ele aguentou uma barra feia enquanto estava sequestrado. E até agora ele vem encarando bem todas as novidades sobre o “mundo dos semideuses”.

– É verdade. E depois da forma como ele quase implorou para Annabeth deixa-lo vir, não tinha mesmo como ela recusar – Chris riu, mas eu fiquei séria, pois havia algo sobre aquilo que talvez apenas eu notara.

Dean, desde que havia ingressado no acampamento, seguia Annabeth por todos os lados. À princípio não parecia ser nada de mais, afinal ele não conhecia quase ninguém ali. Além do fato de ele praticamente dever sua vida a semideusa, por ela ter liderado a missão que o salvou. Mas depois de certo ponto eu comecei a perceber que o interesse de Dean na filha de Atena era um pouco mais intenso do que deveria. Ela, talvez por não conseguir parar de pensar no namorado desaparecido, nem se dava conta que estava recebendo atenção demais por parte do novato. E essa súbita vontade de nos ajudar na busca fez com que todas as minhas dúvidas acabassem. Dean realmente estava afim da Annabeth. Não que aquilo fosse da minha conta, mas eu me perguntava se deveria contar ou não a ela sobre isso.

Por outro lado, Anna também não estava exatamente passiva nessa história. Afinal ela aceitara muito facilmente o pedido de Dean para se juntar a nós. Nem ao menos fez uma votação entre todos como no caso de Chris. Talvez ela também estivesse começando a gostar de Dean mais do que deveria. Tanto tempo assim longe do namorado não deve ser fácil. E emocionalmente vulnerável do jeito que ela se encontrava, poderia ser uma presa fácil para as garras de um novato espertinho. Mas por que é que eu estou me preocupando com isso? Eles que se resolvam entre si, afinal. Não vou bancar a babá de semideuses irresponsáveis. Eles são quase adultos e sabem o que fazem. Depois que se atenham as consequências.

O ônibus estacionou na plataforma de desembarque de uma pequena rodoviária indicando o fim da nossa viagem. Annabeth começou a chamar os que ainda estavam adormecidos e logo estávamos desembarcando do veículo. Eu caminhei ao lado de Chris mas, sem que mantivéssemos nenhum contato físico, e eu carregava minha própria mala. Atrás de nós, agindo de forma completamente oposta vinham Travis e Drew. Nem o fato de eles serem um casal recente justificava a constante troca de carinhos e demonstrações de afeto dos dois. Me senti enjoada só de ficar perto deles por alguns segundos e ter que ouvir o que conversavam. Como era possível que o irmão de Chris pudesse ter se interessado por uma garota tão fútil e metida? Apertei o passo para me afastar deles e me aproximei mais de Annabeth que, como sempre, andava a frente de todos. Ao lado dela, como era de se esperar, estava Dean mostrando todo seu interesse em “ajudar na missão”.

– Onde exatamente estamos indo, capitã? – falei num tom de deboche. Annabeth nem riu e nem reclamou da minha provocação, o que era bem estranho. Ela olhava um papel onde Quíron havia escrito algum endereço – Já sei, você não faz ideia de onde fica!

– Não exatamente – respondeu ela insegura – Nunca estive neste lado da cidade. Acho que vou precisar pedir informação a alguém.

– Posso ajudar com isso – disse Drew que havia aparecido ao nosso lado como num passe de mágica, deixando-nos um pouco sobressaltados – Se quiserem posso até mesmo convencer aquele taxista a nos levar até lá de graça.

– Não vejo necessidade disso – rebati enquanto encarava a semideusa exageradamente maquiada e bem penteada para uma missão – Guarde os seus feitiços para quando estivermos realmente precisando, pombinha!

– Clarisse tem razão, Drew – interveio Annabeth antes que a filha de Afrodite pudesse responder – O lugar não é longe daqui, só precisamos de uma indicação.

A cara que Drew fez assim que Annabeth lhe deu as costas foi de puro desprezo e perplexidade. Eu fiz questão de soltar uma risada para demonstrar o quanto havia ficado satisfeita com aquilo. Deixei ela e o namoradinho para trás e segui com os outros até um posto de gasolina que ficava alguns metros a frente. Pedimos informação a um dos frentistas do local que rapidamente nos indicou em que direção seguir para chegar ao nosso destino. Agradecemos e aproveitamos para comprar um pouco de comida na lojinha de conveniência que havia ali. Seguimos a direção indicada e apenas dois quarteirões depois já estávamos em frente a casa com o número que procurávamos. Ela era extremamente pequena e velha. As janelas e portas de madeira estavam tão danificadas pelo tempo que pareciam que iriam se desfazer ao mínimo toque. Pelo jeito nossa sina naquela missão era invadir locais antigos e abandonados.

Mas dessa vez esperávamos encontrar ali alguém que pudesse nos ajudar. Por mais impressionante que pudesse parecer, alguém morava naquela casa. Fui logo atrás de Annabeth enquanto ela adentrava o jardim da residência. Apenas quatro passos depois e já estávamos parados junto à porta da frente. A filha de Atena, ainda hesitante, levantou o punho e bateu gentilmente na porta que estremeceu debilmente, ameaçando se soltar das dobradiças. Dois segundos depois ouviu-se uma voz feminina bem baixa vindo lá de dentro. Tivemos que aproximar os ouvidos da porta para entender. Seja lá o que fosse, imaginamos que estava nos convidando para entrar, então assim fizemos. Impressionada é um adjetivo que nem ao menos começa a explicar a minha reação ao ver o interior daquela casa. Meu queixo caiu e eu só pude olhar em volta e contemplar o que parecia ser materialmente impossível. Carpete impecável, móveis lustrosos, paredes bem pintadas, louça e objetos de decoração, antigos, porém muito bem conservados. O lado de dentro da casa era exatamente o oposto do que o lado de fora.

– Olá – disse Annabeth esperando que a dona da voz se revelasse – Quíron nos mandou aqui. Héstia, você está ai?

– Héstia? – perguntei inconformada – Viemos aqui atrás da deusa da lareira? Está brincando, não é? Não sei se você sabe, mas podíamos encontrá-la dentro do próprio acampamento! – eu estava furiosa por só ter conhecimento daquela informação agora. Como Annabeth, filha da deusa da sabedoria, tinha feito tamanha estupidez?

– Eu sei disso, Clarisse – respondeu ela com aquele tom calmo de quem tenta me tranquilizar, o que normalmente acaba surtindo o efeito contrário – Mas é que nós não poderíamos...

– Não poderiam falar comigo no acampamento – disse novamente a voz que nos convidara para entrar. Olhei a minha volta ainda não identificando de onde vinha o som. Então uma luz alaranjada surgiu na lareira da casa e fez com que ela se enchesse de chamas. Logo depois uma garotinha de no máximo seis anos apareceu, como num passe de mágica, em frente ao fogo – Eu apenas apareço por lá porque o ambiente da familiar da fogueira necessita da minha proteção. Não estou ali para auxiliar nenhum semideus em nenhuma missão. Já fora do acampamento, talvez eu possa ser de alguma utilidade a vocês.

– Era isso que eu ia dizer – disse Anna, me lançando um olhar de repreensão. Eu apenas revirei os olhos e continuei com a mesma indignação estampada no rosto – Obrigada por esclarecer, Héstia.

– Então, meus caros semideuses – disse a pequena garota sorrindo, parecendo achar divertido receber tantas visitas de uma vez só – O que posso fazer por vocês?

– Estamos procurando o acampamento Júpiter – Annabeth foi direto ao ponto como sempre, uma coisa que eu não podia deixar de admirar nela – Quíron disse que você poderia nos ajudar a encontrá-lo.

– Não sei porque Quíron disse uma coisa dessas a vocês – falou a deusa parecendo confusa.

– Então você não sabe nada sobre esse acampamento? – perguntou Butch visivelmente desapontado – Não tem nenhuma pista de onde ele esteja localizado?

– É engraçado ouvir essa pergunta de um filho da deusa Íris – a deusa falava como se aquilo lhe parecesse realmente bem engraçado, mas nem eu nem o restante do grupo de busca pareceu entender o motivo – Sua mãe com certeza os ajudaria muito mais. E respondendo sua pergunta, é claro que eu tenho informações sobre o acampamento Júpiter. Só não vejo porque eu deveria contar isso a vocês.

– Por favor, Héstia – suplicou Annabeth – Precisamos saber onde fica esse lugar porque Percy está lá. Ele desapareceu há algumas semanas atrás e só agora descobrimos para onde foi levado. Só que ninguém que conhecemos sabe onde está esse acampamento romano.

– Romanos – ponderou Héstia, ainda parecendo analisar a hipótese de nos ajudar – Vocês tem ideia do que um encontro entre semideuses gregos e romanos poderiam causar? Acham que eu os ajudaria a chegar lá para depois ser responsabilizada pela guerra que vocês travarão? E não me digam que não pretendem lutar com eles, porque isso é impossível. Desde já lhes advirto que não é uma boa ideia quererem se aproximar desde acampamento.

– Mas nós precisamos – continuou Annabeth e sua voz ia ficando cada vez mais chorosa conforme a deusa continuava a se recusar em colaborar - Percy está lá e ele não se lembra de nada sobre sua vida até o momento que foi sequestrado por Hera.

– Hera? – perguntou a deusa parecendo enfim demonstrar interesse no assunto – Foi Hera quem mandou Percy para o acampamento Júpiter?

– Sim, ela mandou Percy para lá e Jason para o acampamento meio-sangue – explicou Annabeth pacientemente – Foram Jason e seus amigos que salvaram a rainha do Olimpo e então eles descobriram o grande plano dela de unir gregos e romanos.

– Hera é mesmo muito presunçosa – falou Héstia mais para si mesma do que para nós – Como ela pode colocar todos vocês em risco por algo com tão poucas chances de dar certo? – Ela então nos olhou e agora sua expressão era de piedade – Está bem, heróis, vou ajudá-los. Mas apenas porque de um jeito ou de outros vocês acabarão chegando até lá. Se for essa a vontade de Hera, ela acabará conseguindo seu objetivo. Mas antes que eu lhes diga o que sei, vocês tem que me prometer uma coisa.

– O que? – perguntei, já não aguentando mais de ansiedade por saber o que ela tinha para nos falar.

– Não irão se deixar intimidar pelos romanos. Se tiverem que enfrentá-los para chegar até Percy, vocês o farão. Se for preciso, matarão seus inimigos romanos em batalha quando chegarem lá.

– Prometido! – disse sem hesitar. Os outros demoraram mais para responder, mas no fim todos concordaram em atender ao pedido da deusa.

– Muito bem – falou a deusa da lareira calmamente – Só quem pode encontrar o caminho para o acampamento Júpiter é um semideus romano ou então, um sátiro. E vejo que vocês já tem um deles consigo. Então só precisam seguir tudo o que ele disser. Espero tê-los ajudado. Até mais ver.

E a deusa desaparecer diante dos nossos olhos, deixando oito semideuses perplexos e um sátiro apavorado!



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Notas finais do capítulo

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Pitaco da Manú: Poseidon Júnior foi hilário!
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Lindo, como sempre, Sarita!



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