Em Busca Do Herói Perdido escrita por Sarah Colins


Capítulo 10
Capítulo 9 – Captura


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, tudo bem? ^^
Postando hoje capítulo novo que encerra um ciclo importante da fic. Mas logo novas aventuras irão acontecer!
Durante a semana fica corrido para mim escrever fic, então provavelmente só venha postar de novo lá pela quinta ou sexta-feira. Não fiquem com muitas saudades ok? rs
Espero que curtam o capítulo ;)



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– Butch o encontrou! – exclamou Travis assim que desligou o celular – Pelo jeito o rastro que ele estava seguindo era o certo. Nosso pequeno gênio do mal está há apenas algumas quadras daqui.

– Então vamos até lá agora mesmo! – disse decidida. Então olhei para o cenário a minha frente e resolvi diminuir um pouco a marcha – Ou melhor, daqui a pouco!

Dezenas de monstros que haviam sobrevivido a batalha zanzavam pelo galpão, completamente sem rumo. Aparentemente eles dependiam dos comandos de seu “mestre e criador” para continuar em combate, ou para fazer o que quer que fosse. Teríamos que eliminá-los de qualquer maneira, antes de partirmos. Não seria uma boa se algum mortal entrasse ali. Mesmo com a ajuda da névoa para encobrir a real identidade das criaturas, elas não eram confiáveis. Não tínhamos como saber se iriam continuar desorientadas para sempre. Incumbi Connor, Drew e Nico para cuidarem disso enquanto eu vasculhava a alcova de onde o garoto escapara. Infelizmente ele havia levado consigo todas as provas que poderiam incriminá-lo. Mas pela idade que ele parecia ter, não poderia pegar pelo seu delito.

Quando retornei ao galpão já não havia sobrado nenhum “super monstro” para contar a história. Porém a cena que eu vi foi muito pior e infinitamente mais preocupante. Chris continuava desacordado desde que eu o libertara daquele chip que estava controlando sua mente. Ainda não sabíamos como ele ficaria quando despertasse. Não sabíamos que tipo de danos poderiam ter sido causados. Seu cérebro certamente fora exposto a intervenções agressivas para que pudesse ser controlado a distância pelo verdadeiro chefão daquela experiência. Só o que eu sabia é que não era justo Clarisse passar por aquilo de novo. Ver seu namorado novamente em um estado crítico não saber se poderá ajuda-lo. Agora, mais do que nunca, eu entendia como ela se sentia. Não pude deixar de me culpar, afinal o sumiço de Percy foi a chave para toda aquela operação. Mas ficar me martirizando não ajudaria em nada. Era melhor deixar esse assunto para depois. Eu tinha algo mais urgente para tratar.

Para sua primeira dose de ambrósia até que o semideus sósia de Percy havia aguentado bem. Seus ferimentos estavam quase totalmente cicatrizados. Entretanto ele ainda parecia profundamente confuso e abalado com os recentes acontecimentos. Imaginei que Grover já tivesse tentado lhe explicar algumas coisas sobre como seria sua nova realidade, mas se eu bem conhecia o sátiro, ele não deve ter obtido muito progresso. Eu ainda estava hesitante quanto ao fato de encarar aquele meio-sangue. Não podia deixar de sentir raiva por não ter percebido que ele não era Percy. Mas ao mesmo tempo eu me compadeci de sua situação por estar envolvido naquela bagunça sem saber nem ao menos que ele era filho de um deus. E de que deus ele seria filho? Será que Poseidon havia quebrado o acordo mais de uma vez? Definitivamente eu teria que ter uma palavrinha com nosso novo amigo antes de poder ir atrás do mortal fujão.

– Olá – disse ao me aproximar dele. E foi quando ele me olhou nos olhos que eu percebi que seus olhos verdes não eram, nem de longe, como os de Percy – Sei que deve estar sendo difícil para você assimilar tudo que acabou de acontecer, mas eu garanto que tudo vai ficar bem agora. Como é o seu nome?

– Dean – a voz dele soava fraca e rouca. Talvez ela fosse assim mesmo ou talvez estivesse alterada pelo seu atual estado de espírito – Então, eu sou mesmo um, como é que vocês dizem? Um meio-sangue?

– Sim, você definitivamente é um meio-sangue, Dean! – disse com um sorriso na voz. Não podia deixar de me divertir com o fato de ele estar completamente perdido com aquelas descobertas – Preciso que me conte tudo o que se lembra desde que foi capturado. Sei que não é o momento adequado pra você servir de testemunha, mas essas informações são importantes para chegarmos a um “veredito”.

– Bom eu estava fugindo de casa, pois não aguentava mais ser um estorvo para minha família – começou a contar Dean – não sei se minha mãe e meus irmãos sabiam da existência dos monstros que vinham atrás de mim. Mas eles nunca acreditavam nas minhas histórias, e sempre me culpavam pelos estragos causados por essas criaturas que, por algum motivo, queriam me matar. Eu passei dois dias pelas ruas de Los Angeles, tentando sobreviver, até que encontrei Chris. Ele parecia querer me ajudar, então eu confiei nele. Mas quando comecei a questionar o que ele estava fazendo, ele simplesmente me aprisionou. Quase consegui escapar ainda em L.A., mas ele voltou a me pegar. Fui jogado no bagageiro de um carro e mantido como refém desde então.

“Ele mal me alimentava, e não me dava nenhuma explicação. Eu estava assustado demais para seguir perguntando qualquer coisa. Então eu apenas esperei e rezei para que, se eles fossem me matar, o fizessem logo. Eu não tinha nenhuma vida descente para qual voltar mesmo. Eu ouvi algumas conversas de Chris com alguns humanos e também algumas criaturas. Eu já havia me deparado com monstros antes, mas nada comparado aos que estavam ajudando Chris. Nada do que eles diziam fazia sentido para mim. Por vezes eu cheguei a achar que estava alucinando. Foi quando eu escutei alguém dizendo que havíamos chegado no Texas. Eu sabia que tínhamos viajado por horas naquele carro, mas nunca iria imaginar que estivesse tão longe de casa. Eles me trouxeram até esse galpão e me trancaram de novo em uma cela. Eu vi Chris com uma expressão de triunfo e ao mesmo tempo ele parecia deslocado no meio daqueles monstros que comandava”.

“Foi quando eles começaram a falar sobre os seis semideuses que estavam a caminho. Que vinham para uma armadilha onde eu era a isca. Agora eu sei que eles falavam de vocês. Que estavam vindo para me resgatar, mas que no final também acabariam presos. A essa altura eu já havia perdido todas as esperanças de escapar. Eu só torcia para que quem quer que estivesse vindo me salvar, fosse mais esperto que Chris. E no final das contas vocês conseguiram. Só não entendi porque ele fez isso. Pelo que pude ouvir ele era amigo de vocês antes, não era?”

– Sim, mas ele ainda é nosso amigo – respondi depois de um breve momento de silêncio. Aquele era uma história difícil de assimilar. Dean havia passado muito tempo sem saber de sua condição de semideus, e fora obrigado e passar por tudo aquilo sem que pudesse entender ao menos a razão – Isso é o que estava fazendo-o agir daquela forma – mostrei a ele o chip que havia arrancado da nuca de Chris – Existe outra pessoa por trás de seu sequestro, Dean. Você não reparou em ninguém mais além de Chris e dos monstros? Um garoto mortal, alguns anos mais novo do que nós?

– Não. Quem estava no controle de tudo era Chris. Cheguei a ver outros humanos, em Los Angeles e Chicago, mas eles eram todos adultos e pareciam estar sempre a serviço de Chris. Que eu saiba não havia mais ninguém além dele.

– Bom, mas havia! E estamos prestes a descobrir quem era – guardei o chip em meu bolso e voltei a olhar para o semideus recém resgatado – Você vem conosco? É bom já ir se acostumando com esse tipo de coisa. A vida de um meio-sangue nunca foi fácil e jamais será!

– Já que você insiste aqui, porque não? Estou dentro! – respondeu Dean com um senso de humor que fez com que ele me lembrasse ainda mais de Percy.

***

Não foi preciso pegar nenhum carro “emprestado” dessa vez. Com poucos minutos de caminhada já estávamos no local indicado por Butch. Tratava-se de uma antiga loja de autopeças. Nosso pequeno fugitivo parecia gostar de locais abandonados. Após deixar o galpão ele não havia percebido que estava sendo seguido por um de nós. Dessa forma foi relativamente fácil para Butch capturá-lo. Os dois nos aguardavam para que pudéssemos seguir com a investigação. Eu não iria deixar aquelas cidade sem antes desmascarar aquele delinquente juvenil e descobrir porque diabos ele havia planejado aquilo. Eu sabia que nada disso iria me ajudar a encontrar Percy, pelo contrário, iria só nos atrasar com o objetivo real da missão. Mas agora tratava-se de uma questão de honra. Fomos engados direitinho e quase caímos em uma armadilha. Precisávamos curar o orgulho ferido de alguns heróis.

A rua que Butch nos indicara era tão deserta quanto àquela onde estivemos em Chicago. A fachada da loja abandonada estava caindo aos pedaços, como era de se esperar. Adentramos o lugar por uma porta lateral que estava entreaberta. Caminhei por um longo corredor que ia até os fundos, seguida por minha equipe, menos Clarisse e Grover, que estavam cuidando de Chris. Pedi para que Dean ficasse próximo a mim enquanto eu estivesse interrogando o nosso prisioneiro. Ele poderia servir de ajuda e aquilo também o faria ganhar experiência. Apesar de um pouco amedrontado, Dean parecia estar levando bem a situação. Ao menos era o que ele deixava transparecer enquanto seguíamos invadindo aquele local sinistro e deteriorado.

– Ali estão eles – disse quando chegamos aos fundos e contornamos uma grade de proteção que separava a construção de um pequeno descampado que havia atrás.

Butch havia amarrado o garoto há uma arvore. Ele estava amordaçado e com as mãos atadas. Sua expressão, porém não era de medo, ele estava sério e concentrado. Havia alguns sinais de luta que deviam ter sido causados pelo confronto entre ele e o semideus que o capturara. Mas agora ele já não lutava para se soltar das cordas que o prendiam a árvore. Ele parecia nos aguardar para que proferíssemos sua sentença. Me aproximei do mortal e ele me lançou um olhar analítico. Eu segui encarando-o por mais alguns instantes antes de começar a falar.

– Quem é você?

– Matthew, mas pode me chamar de Matt – respondeu o garoto com uma voz tranquila e contida. Se aquilo não fosse completamente improvável eu diria que ele parecia estar feliz em nos ver.

– Muito bem, Matt, porque não começa nos contando o que pretendia fazer com todos aqueles monstros mutantes? Pelo que vejo você é mortal, desde quando consegue ver através da névoa?

– Bem observado, Annie – falava ele como se já tivesse intimidade comigo, o que eu não pude deixar de achar extremamente presunçoso da parte dele – Sim, eu posso ver através da névoa. Mas ao contrário dos outros mortais com esse dom, eu sei de muito mais coisas. Conheço toda a história dos deuses olimpianos, dos monstros, dos meio-sangues, tudo! Não sabem como é emocionante para mim poder conhecer todos vocês. Heróis que lutaram na guerra dos Titãs! É como se eu estivesse conhecendo celebridades de Hollywood!

Contemplamos o semblante de fascinação no rosto de Matt e depois nos entreolhamos. Estávamos um tanto quanto surpresos e desconfortáveis com a forma como o mortal havia se referido a nós. O que ele era afinal? Uma espécie de fã? Nós não éramos nenhum tipo de celebridade, afinal! Estávamos acostumados a lidar com monstros, deuses e outros tipos de coisas místicas. Agora lidar com um admirador aparentemente genial e perturbado, era uma novidade para todos nós.

– Imagino que esse não seja o tipo de problema que vocês costumam enfrentar, estou certo? – perguntou Dean ao reparar em nossas caras. Eu tentei disfarçar o máximo que pude para fazer parecer que a situação estava sob controle.

– Não é muito comum encontrarmos um desses – falei me referindo ao mortal amarrado – mas não se preocupe, vamos dar um jeito nisso.

– Esperem, eu ainda nem comecei a contar a vocês sobre o meu plano – interferiu Matt – Tenho certeza que depois que ouvirem o que tenho a dizer, irão concordar comigo e até irão querer se juntar a mim!

– Duvido muito que isso aconteça, Matt – falei francamente enquanto ainda tentava entender o por quê de aquela criança ser tão deslumbrada pela nossa vida – Mas vá em frente, continue contando o que planejava fazer...

Então ele continuou. Contou-nos praticamente a história de sua vida inteira. De como descobriu que podia ver coisas que ninguém mais podia. De como pesquisou e pesquisou até encontrar vestígios de que a história dos deuses gregos era mesmo verdade. Ele soube até mesmo da existência do acampamento meio-sangue. Matt acreditou por muito tempo que poderia ser um semideus, mesmo que nunca tivesse dado nenhum sinal de que possuía algum dom divino. Ele então acompanhou todo o desenrolar da guerra contra o Titãs. Ele observou de fora como os heróis se sacrificaram para que os deuses continuassem no poder. E foi ai que ele se tornou um fã incondicional dos meio-sangues. E enfim começamos a entender as razões de ele estar querendo “tomar” o olimpo.

Segundo o mortal, desde os tempos antigos que os deuses vem dependendo dos semideuses para se manter no poder. Por várias gerações isso se repetiu, e nos tempos modernos essa dependência tem ficado cada vez mais evidente. Então Matt alegou que nada seria mais justo do que colocar os semideuses para comandar tudo. E desde então ele vem usando sua habilidade mental, que evidentemente é muito mais privilegiada do que a dos outros mortais, para arquitetar esse plano. O humano superdotado conseguiu estudar e modificar a estrutura genética daqueles monstros para torna-los invencíveis. Mas, como nós já havíamos sido informados por Nico, ele ainda precisava de uma “ajudinha” dos meio-sangues para concluir a sua experiência. Matt disse que encontrar Chris em New Orleans fora uma coincidência. Mas logo o pequeno “Einstein” teve a brilhante ideia de encobrir sua identidade deixando Chris à frente de tudo. Em seguida, ele ficara sabendo do sumiço de Percy, e usara isso para nos atrair até ele.

Concluindo, na cabeça de Matt era completamente válido sacrificar alguns semideuses e drenar seu sangue para que outros semideuses pudessem tomar o controle do planeta. Eu tinha que admitir que o garoto seria brilhante se não fosse terrivelmente frio e extremista. Obviamente não conseguimos convencê-lo de que nós não queríamos tomar o lugar dos deuses. O mortal insistia em dizer que nós não sabíamos o que era melhor para nós nem para o mundo. De fato acho que nenhum de nós poderia dizer que estava certo do que era melhor. Mas a questão era que nenhum herói, pelo menos dos que estavam presentes no momento, estaria disposto a colaborar com tamanha loucura.

– O que faremos com ele então? – perguntou Butch se dirigindo a mim – Não podemos simplesmente matá-lo. Tecnicamente ele ainda é um mortal indefeso.

– De indefeso esse pirralho não tem nada – exclamou Travis – Mas acho que Butch tem razão, seria covardia de nossa parte fazer isso agora que ele não tem mais aquelas aberrações para defendê-lo.

– Bom, claro que não o machucaremos – disse eu insegura. Sem conseguir encontrar uma solução para aquele problema – Mas vamos dar outro jeito...

– Eu sei o que fazer – falou Nico di Ângelo. Eu não ouvia a voz dele desde a batalha no galpão. Mas com certeza ele estivera atendo a tudo e sua mente, como sempre, trabalhara em silêncio na questão enquanto nós discutíamos – Vou leva-lo comigo ao mundo inferior. Acho que um mergulho no Rio Lete fará bem a ele.

Nico nem precisou mencionar que aquele era o Rio do Esquecimento. Certamente pela expressão de horror no rosto de Matt ele sabia muito bem o que aquilo significava. Ele esqueceria até mesmo do seu próprio nome depois de entrar em contato com aquela água. Mas não havia outra maneira de deter o pequeno gênio. Tomamos o cuidado de extrair mais algumas informações dele, como endereço e nome dos pais, antes de manda-lo para sua breve visita ao mundo dos mortos. O filho de Hades convocou a Srta. O’Leary para que pudessem viajar através das sombras. Nos despedimos deles e nos pusemos a destruir tudo o que Matt tinha de informações sobre seu plano maligno.

Não precisou que ninguém falasse uma palavra para que todos concluíssem que a nossa missão havia voltado a estaca zero. E também não precisou que ninguém anunciasse qual seria o nosso próximo destino. Voltaríamos ao acampamento meio-sangue para que Dean pudesse ter um lar novamente e pudesse ser treinado para sua nova realidade de semideus. Mas havia também outro motivo que estava me levando a querer voltar a Nova York. Jason, Leo e Piper estariam voltando de sua missão no dia seguinte. E alguma coisa me dizia que eles teriam algo importante a nos dizer.



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Notas finais do capítulo

O que acharam do Dean? E do Matt? Querem que eles continuem na história? Deem sua opinião, ela é muito importante! ;)
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beijos ;**
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