Originals escrita por Bellah102


Capítulo 1
Prólogo




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É uma calma tarde de verão. As plantas balançam levemente com a brisa e o sol brilha com força no sol. Todos decidiram sair de suas casas e passear. Muitas das famílias arrumaram piqueniques ao redor do lago da cidade, animadas com o dia de sol. As crianças corriam de um lado para o outro, empinando pipas, brincando de pega-pega ou pulando no lago, espirrando água para todo o lado. A pequena Angela Johnson estava sentada no abrigo de uma árvore, olhando o movimento, entediada.

                -Angela. – Chamou sua mãe. Ela levantou os olhos para ela – Porque você não vai brincar com as outras crianças?

                Ela olhou para os grupos que corriam, gritavam e empurravam uns aos outros. Não conhecia nenhum daqueles rostos felizes. Nenhum deles morava perto de sua casa, e ela nunca vira nenhum deles onde trabalhava, na imprensa da cidade.

                -Eu não conheço as outras crianças, mamãe.

                Explicou. A mãe virou a cabeça de lado e cruzou os braços.

                -Há muitas coisas divertidas para se fazer aqui. Vá se divertir.

                Disse, antes de voltar para o lado do pai na toalha de piquenique. A menina não sabia exatamente o que a mãe queria dizer com “se divertir”, mas ela decidiu que não envolvia nenhuma das crianças desconhecidas, que olhavam para ela como se ela fosse uma pária. Então ela começou a caminhar o redor do lago, tomando cuidado para não levar uma esguichada de água das crianças nuas que nadavam.

                Ela estava realmente desanimada. Todo aquele calor, aquela grama verdinha, a brisa agradável, e nenhum amigo para lhe fazer companhia... Ela olhou além do lago, imaginando porque seus amigos não tinham vindo ao parque... E viu um brilho. Foi muito rápido, mas ela tinha certeza de ter visto. Como algo reluzindo... Como um espelho. Talvez houvesse algum lá! Quem sabe, se ela o encontrasse, poderia conversar com o seu reflexo.  Ela correu pelas árvores, contornando o lago, procurando o espelho que a tiraria daquele tédio terrível.

                O brilho de vez em quando aparecia para guiá-la, até que ela chegou à onde ele parecia ter vindo. Um cais que ela não tinha notado, quase desaparecido no meio das árvores. Havia um homem sentado na ponta dele, segurando uma vara de pescar sem muito entusiasmo. Ela olhou ao redor para ver se encontrava o espelho. O homem estava tão distraído, que se o objeto pertencesse a ele, ele nem notaria se ela o pegasse. Porém, quando as árvores se moveram e o sol o tocou por um curto segundo ela viu... Ele era o espelho. Quando o sol o tocava... Ele brilhava.

                -Sua mãe não lhe ensinou que é feio encarar?

                Ela saiu da cobertura das árvores, mais curiosa do que envergonhada.

                -Você brilha.

                Disse, sorrindo. O homem deu de ombros.

                -Nem tente contar para seus amigos. Eles te chamarão de bruxa e você será queimada.

                Angela se aproximou, sem ter medo.

                -Não tenho amigos aqui. E se tivesse não contaria a eles.

                O homem balançou a cabeça, como se não conseguisse acreditar nela. Então calou-se. Angela, cautelosamente, sentou-se ao lado dele no píer, com as pernas balançando no vazio abaixo deles.

                -Há quanto tempo está pescando?

                Perguntou curiosa. O homem deu de ombros.

                -Quatro dias.

                Ela observou sua fisionomia. Não parecia cansado. Era como se tivesse acabado de sentar-se ali.

                -Você não dorme?

                -Não morro também. É um pouco irritante às vezes.

                Disse indiferente. Angela imaginou uma vida sem dormir. Poderia trabalhar o bastante para comprar um castelo para a família viver.

                -Você deve ser muito rico...

                Comentou mesmo sem saber fazer as contas. Ele deu de ombros.

                -Irrelevante – Suspirou – O dinheiro já não significa nada para mim.

                Ela achou aquilo muito estranho. Como uma pessoa podia simplesmente escolher o modo sofrido que ela lutava tanto para deixar para trás? Toda a fome, o cansaço e a sujeira... Como? Por quê?

                -Por isso você virou pescador?

                Ele sorriu, em um lampejo, logo voltando a sua expressão séria. As árvores se moveram com o vento, fazendo o homem cintilar por alguns curtos segundos.

                -Não ligo para os peixes. Gosto de vê-los lutarem pela vida.

                Ela uniu as sobrancelhas.

                -Isso é cruel. – Ele deu de ombros novamente. A indiferença do homem começava a irritá-la. – Você podia me dar esses peixes, isso sim! Não como desde ontem a tarde...

                Não era sua intenção fazer-se de rogada, mas aquele desperdício parecia algo que a mãe teria algo a dizer sobre. Ele olhou para ela, parecendo intrigado.

                -Vocês mortais não tem que comer todos os dias? Algumas vezes?

                Angela deu de ombros, triste.

                -O inverno está aí. A comida fica mais cara. Mami não tem dinheiro. Nós todos trabalhamos para ajudá-la. Mas não é o bastante.

                Ele virou a cabeça de lado como se a avaliasse. Ele puxou a vara e na ponta da linha, um peixe fraco, já não oferecendo resistência estava ali pendurado. O homem cintilante balançou a corda e soltou o peixe do anzol, entregando-o a ela. Era um bom peixe. Bem gordo. A menina piscou com o animal moribundo em mãos, sem entender.

                -Você... Vai dá-lo? Para mim?

                -É claro. Eu já estava ficando entediado.

                Ela sorriu, quase sentindo o cheiro do ensopado de sua Mami.

                -Muito obrigada, senhor.

                -Sem problemas.

                Os dois ficaram silêncio, enquanto o homem lançava a vara para o lago novamente, sem isca alguma. Angela passava as mãos sobre as escamas do peixe, acariciando-o enquanto ele dava seus últimos suspiros.

                -Meu nome é Angela.

                Disse, não gostando do silêncio. Ela queria conhecer aquele homem. Decidiu que gostava dele. O homem lhe sorriu um sorriso carismático e jogou os cabelos louro-escuros para um lado.

                -Meu nome é Klaus. Niklaus Mikaelson. - Ele pegou a mão da menina e depositou um beijo nela. – Encantado.


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