“E qual foi o outro motivo?”. Perguntou curiosa depois de alguns segundos.

Era agora...

Respirei fundo tentando reorganizar meus pensamentos.

“Eu estar confusa foi um dos maiores motivos”. Sussurrei, mas como o quarto estava em completo silencio, foi fácil ela me escutar.

“Confusa com o que?”. Ela sussurrou de volta.

“Com o beijo”. Respondi depois de alguns segundos. Percebi que ela prendeu a respiração e seu coração estava mais acelerado.

“Você se arrepende?”. Perguntou apreensiva.

“Eu não usaria essa palavra”. Abaixei a cabeça.

“Eu nunca te perguntei e eu acho que nós deveríamos ter conversado sobre isso assim que aconteceu”. Ela falou e eu voltei a olhar para ela. “Eu queria te perguntar uma coisa”. Ela parou de falar e me olhou.

“Pergunte”. A incentivei.

“Por que você quis esquecer aquele dia?”. Ela perguntou sem rodeios, eu pensei em me fazer de desentendida, mas isso não ajudaria em nada e ainda por cima, nós duas queriamos que isso acontecesse.

“Por que foi errado”. Falei e ela abaixou a cabeça, parecia desapontada. “Ou pelo menos foi o que eu pensei quando aconteceu”. Falei essa parte um pouco mais baixo.

“Pensou”. Ela voltou a levantar a cabeça. “Você não pensa mais assim?”.

“Que diferença faz, eu já ferrei com tudo, não é mesmo?”. Sorri tristemente. “Você praticamente me odeia e eu te magoei tanto”. Escondi meu rosto entre minhas mãos.

“Eu não te odeio Rach”. Exclamou um pouco alto. “Eu fiquei chateada com o seu comportamento, mas eu nunca conseguiria te odiar. Eu te amo”. Finalizou olhando dentro dos meus olhos fazendo um calafrio descer pela minha espinha.

“Eu também te amo”. Sorri pegando sua mão.

“Provavelmente não da mesma forma que eu”. Sussurrou, mas eu escutei perfeitamente.

“Como você pode ter tanta certeza?”. A incentivei a falar.

“Porque...”. Ela fechou os olhos, respirou fundo e continuou. “Porque eu... eu te vejo com outros olhos desde os meus 16 anos. Eu pensei que era coisa da minha cabeça, mas eu percebi que não era. O ciúmes que eu sentia quando nós duas saiamos e as mulheres flertavam com você era enorme e eu percebi que sentia ciúmes porque eu te queria para mim, eu queria que você fosse minha e não dessas mulheres. Sempre que você me olha, sorri para mim ou me abraça, uma vontade enorme de te beijar toma conta de mim”. Ela falou rápido como se quisesse colocar tudo para foda de uma vez por todas.

Eu estava surpresa por tudo que ela havia falado, pois eu não achava que ela iria se confessar desse jeito e acabei não conseguindo expressar nenhuma reação. Ela arregalou os olhos depois de alguns minutos em silencio, como se estivesse se dado conta do que acabou de me dizer, seus olhos começaram a lacrimejar e sua voz saiu desesperada quando ela interpretou meu silencio de forma errada.

“Me desculpa Rach, por favor me desculpa, eu não deveria ter falado nada disso. Eu não deveria ter jogado todas essas informações em cima de você e fazer com que você se sinta desconfortav...”

“Eu também te amo dessa forma”. Revelei no meio da sua frase, ela fez uma cara surpresa e parou de falar. “Mas o meu amor por você é errado”. Falei dolorosamente.

“Por que você acha que é errado?”. Me perguntou depois de algum tempo.

“Porque eu poderia te machucar, o fato de você morar comigo já te coloca em um risco constante, mas ter uma relação comigo seria muito mais perigoso para você”. Tentei explicar. “Por mais que me doa não te ter da maneira que eu quero... eu não posso fazer isso”. Finalizei com um tom de voz dolorido.

“Você nunca seria capas de me machucar Rach”. Ela falou apertando a minha mão.

“Eu também achava isso, mas há exatos um mês atrás eu quase te ataquei”.

“Foi um imprevisto”. Tentou me convencer.

“Que pode voltar a acontecer”. Tentei me levantar da cama, mas ela me segurou no lugar. Mesmo eu podendo me soltar com facilidade do seu aperto, eu resolvi ficar.

“Então você vai desistir de tudo o que sentimos uma pela outra por medo?”. Ela perguntou chorando. Eu odeio vê-la chorar.

“Eu te amo tanto”. Falei docemente e acariciei sua bochecha limpando suas lagrimas.

“Então se entregue a esse sentimento meu amor”. Falou colocando sua mão sobre a minha que ainda estava em seu rosto.

“E se eu te machucar?”. Perguntei preocupada.

“Você não vai e sabe por quê?”. Ela me perguntou, balancei a cabeça negativamente. “Porque eu confio em você e tenho certeza que você não seria capaz de fazer alguma coisa que me fizesse mal. Eu te amo”. Ela sorriu docemente, acariciando meu rosto com as costas de sua mão e todas as barreiras que eu havia construído para nos separar se quebraram no mesmo segundo.

Olhei atentamente o seu rosto. Seus olhos verdes que pareciam brilhar.

Aproximei nossos rostos, ficando a milímetros de distancia dos seus lábios, eu conseguia sentir sua respiração acelerada batendo no meu rosto. Quando nossos lábios se encontraram, foi como se o mundo deixasse de existir a nossa volta. Passei meus braços em volta da sua cintura, a sentindo passar os seus pelo meu pescoço e suas unhas arranharem minha nuca causando um delicioso arrepio em meu corpo.

Apertei o mais delicadamente que pude a sua cintura e passei minha língua pelo seu lábio inferior pedindo passagem para aprofundar o beijo, ela rapidamente cedeu e o beijo ganhou mais intensidade, fazendo com que ela gemesse dentro da minha boca algumas vezes.

Me entreguei totalmente ao beijo e senti novamente as mesmas sensações que senti quando nos beijamos pela primeira vez, mas agora era diferente. O beijo não parecia errado.

Ela se mexeu no abraço, tentando se deitar na cama e me puxou para que eu ficasse em cima dela, intensificando ainda mais o beijo. Quinn acariciava as minhas costas por debaixo da blusa, enquanto uma das minhas mãos estava apoiada na cama sustentando o meu peso para não machuca-la, a outra estava percorrendo a lateral do seu corpo. Percebi que as coisas estavam indo rápido de mais quando senti a Quinn gemer e apertar a minha bunda, causando um gemido em mim também. Com muito esforço separei nossos lábios e a olhei nos olhos com a respiração ofegante.

“Desculpa, eu me empolguei”. Murmurou envergonhada enquanto corava. Eu não aguentei e soltei um risinho divertido e selei nossos lábios levemente em um selinho.

“Esta tudo bem”. Voltei a beija-la. Mas não deixei a Quinn aprofundar o beijo. “Acho melhor você dormir, esta tarde”. Falei carinhosamente.

“Eu não quero dormir”. Fez um bico extremamente fofo, eu não aguentei e selei nossos lábios novamente.

“Amanha temos aula e já são quase duas da manhã”. Argumentei e sai de cima dela.

“Fica aqui comigo”. Ela falou rapidamente, assim que eu fiz menção de me levantar da cama. Arqueei uma sobrancelha em sua direção e ela voltou a corar, desviando o olhar.

“Claro”. Sorri e me deitei ao seu lado de barriga para cima. Ela rapidamente deitou a cabeça no meu peito e colocou um braço ao redor da minha cintura, enquanto eu a abraçava.

“Boa noite Rach”. Selou nossos lábios.

“Boa noite meu amor”. Respondi carinhosamente a fazendo sorrir e se aconchegar mais em mim. Fiquei fazendo carinho em seus cabelos e depois de um tempo ela adormeceu enquanto eu velava o seu sono, torcendo para que ela não tivesse mais pesadelos, mas sim que eu abitasse os seus sonhos.