POV.  QUINN

Uma forte luz adentrava o meu quarto por uma fresta da janela acabou me acordando, mas eu estava com muita preguiça de levantar para acabar com ela, então, fiquei deitada na cama com o braço sobre os olhos, meio grogue de sono e confusa. Eu gemi e rolei de lado, esperando que o sono voltasse, mas de repente os acontecimentos do dia anterior inundaram minha consciência.

“Ah!”. Sentei-me na cama tão rápido que minha cabeça girou.

“Com esse cabelo você esta parecendo um leãozinho... mas eu gosto assim”. Uma voz divertida veio da poltrona que tinha no meu quarto. Olhei em sua direção e encontrei uma Rachel sentada de braços cruzados com um enorme e lindo sorriso no rosto olhando em minha direção.

“Rach!”. Eu exclamei e, sem pensar, disparei pelo quarto e me atirei em seu colo, a abraçando. No momento em que meus pensamentos acompanharam meus atos, eu arregalei os olhos, chocada com o meu entusiasmo descontrolado. Olhei para ela, com medo de ter passado algum limite.

“Bom dia amor”. Respondeu meio impressionada, mas parecia satisfeita com a minha reação. Suas mãos rodearam a minha cintura, me segurando no lugar.

"Bom dia". Sussurrei deitando a minha cabeça em seu ombro e me aconcheguei ali sentindo o cheiro de chocolate de sua pele e fechando os olhos.

“Eu tinha certeza de que tudo havia sido um sonho”. Confessei baixinho.

“Você não é tão criativa assim”. Zombou ela.

“Por que você não estava deitada do meu lado quando eu acordei?”. Perguntei fingindo estar chateada.

“Eu tive que preparar o seu café da manhã né, já que alguém aqui é um desastre na cozinha”. Falou sorrindo, ela parecia mais feliz do que nunca.  Eu gostava de vê-la assim.

 “Eu sei cozinhar muito bem”. Fiz um beicinho contrariado.

“Claro que sabe”. Falou sarcasticamente. “Fui eu quem quase colocou fogo em casa quando morávamos em Los Angeles, quando foi esquentar água para fazer um miojo”. Exclamou.

“Aquele fogão não gostava de mim ok”. Tentei me defender, fazendo-a gargalhar alto. “Faz tempo que eu não te vejo assim”. Falei distraidamente.

“Assim como?”. Perguntou confusa, mas ainda sorrindo.

“Feliz”. Falei simplesmente. “Eu estava com saudade do seu sorriso”. Acariciei seu rosto e ela fechou os olhos apreciando o carinho.

“E não era para ser assim?”. Ela sorriu. “A glória do primeiro amor e todas essas coisas”.

“Eu sou o seu primeiro amor?”. Meu sorriso era enorme.

“Talvez”. Levantou uma sobrancelha e dando de ombros.

É ela não admitiria isso tão fácil. Pensei sorrindo divertida.

“Eu sei que eu sou irresistível”. Falei levantando uma sobrancelha.

“Tudo bem Srta. Convencida vai se arrumar para a escola ou vamos nos atrasar”.  Falou me tirando do seu colo delicadamente e se levantando da poltrona.

“Eu não quero ir para a escola hoje, nós não podemos faltar?”. Perguntei esperançosa.

“Não podemos não”. Fiz um bico contrariado que foi recebido por um selinho da Rach. Eu vou fazer bico mais vezes. “Te espero lá em baixo”. Falou sem se afastar completamente.

“Ok”. Sorri, lhe dando outro selinho e Rach saiu do quarto me dando privacidade para me arrumar.

Corri para o banheiro que havia em meu quarto e percebi que minhas emoções estavam irreconhecíveis. Eu não reconhecia o rosto que o espelho refletia. Olhos brilhantes demais, bochechas coradas e um sorriso enorme que eu não conseguia desfazer. Depois de tomar banho e escovar os destes, consegui consertar o caos embaraçado que era o meu cabelo e coloquei uma roupa decente para ir para a escola.

Desci as escadas encontrando a Rach sentada no sofá, já arrumada para a escola. Ela estava completamente linda. Uma calça jeans apertada, o que realçava suas pernas definidas, botas de salto alto a deixando mais ou menos da minha altura, uma regata branca e uma jaqueta de couro, seus olhos estavam muito bem destacados pelo lápis preto. Ela estava magnifica.

Eu não consegui resistir e quando dei por mim, eu já estava em seu colo, com uma perna em cada lado do seu quadril e com os braços ao redor do seu pescoço. Rach sorriu e me beijou, ele foi tão perfeito quanto o de ontem. Senti sua língua passar pelo meu lábio inferior pedindo permissão para aprofundar o beijo e eu prontamente concedi, seus lábios tinham um gosto maravilhoso e eu estava completamente viciada nele. O beijo durou alguns minutos e mesmo contra a minha vontade tive que me separar, pois precisava respirar.

“Esse é um belo jeito de se começar um dia”. Rachel diz divertida, me fazendo corar.

“Eu não consegui me controlar”. Admiti escondendo meu rosto em seu pescoço.

“Eu não me importo nem um pouco de você não se controlar”. Falou maliciosamente, me fazendo corar mais ainda. “Tudo bem eu parei”. Riu baixinho e beijou o topo a minha cabeça.

Eu levantei do seu colo, ainda meio envergonhada. Ela levantou do sofá e me ofereceu sua mão.

“Vamos tomar café?”. Perguntou carinhosamente.

“Vamos”. Sorri e aceitei a mão que ela estava oferecendo, entrelacei nossos dedos e fomos em direção à cozinha.

“A propósito, você esta linda”. Me olhou sorrindo docemente.

Eu estava com um vestido branco com alguns detalhes pretos, uma botinha preta e com uma maquiagem leve.

“Obrigada”. Sorri meio tímida. O que estava acontecendo comigo? Eu nunca fui tão tímida assim. “Você também esta muito bonita”. A palavra certa seria maravilhosa ou até mesmo gostosa, mas eu preferi não mencionar nenhuma delas, porque eu sabia que a Rach iria fazer algum comentário que me deixaria corada se eu o fizesse.

...

O café da manhã foi regado de risadas, olhares de admiração e sorrisos apaixonados. Mas como tudo que é bom dura pouco, nós teríamos que ir para a escola. Fomos até a garagem e estramos no carro em um silêncio confortável, mas uma coisa estava me incomodando.

“Rach?”. A chamei enquanto ela manobrava o carro para fora da garagem.

“Oi?”. Ela sorriu.

“Eu posso te perguntar uma coisa?”.

“Quinnie você não precisa me perguntar se pode perguntar. Apenas pergunte”. Ela sorriu, mas depois franziu a testa. “Essa frase ficou bem confusa”. Comentou.

“Ficou mesmo”. Dei risada.

“Mas enfim, pergunte”. Me incentivou.

“Como será hoje na escola?”. Perguntei hesitante.

“Em relação a quê?”. Perguntou confusa.

“A nós duas, como vamos nos comportar”.

“Como você quer que seja?”. Perguntou sorrindo tranquilamente e isso de certa forma me acalmou um pouco.

“Eu não quero me esconder”. Falei decididamente.

“Então nós não vamos nos esconder”. Afirmou. “Eu quero que o mundo saiba que eu te amo”. Acrescentou docemente, fazendo meu coração acelerar.

“Eu também te amo Rach. Muito”. Me aproximei para beijar a sua bochecha, mas percebi que ela estava virando o rosto para que eu beijasse seus lábios. “Rach por que você virou o rosto? Olha para a estrada”. Exclamei me afastando dela.

“Eu quero meu beijo”. Falou como se fosse óbvio e olhou a pista por um segundo, antes de voltar a olhar para mim.

“Você está dirigindo”. Tentei argumentar.

“Idaí? Eu não vou bater”. Falou convencida. “Eu ao vou olhar para a pista enquanto você não me beijar”. Sorriu maliciosamente.

“Rachel eu sou muito nova para morrer”. Falei assustada. “Olha para frente!”. Exclamei.

“Não”. Falou sorrindo divertida. “Eu só vou olhar para frente quando eu ganhar o meu beijo”. Eu não consegui resisti aos seus lábios por muito tempo e me inclinei em sua direção, a beijando delicadamente. “Viu, não foi tão difícil”. Falou dando risada e voltando o seu olhar para a estrada.

“Você é uma chantagista”.  Falei sem conseguir esconder o sorriso.

“Aprendi com você”. Retrucou.

Eu lhe dei um tapa no braço como resposta que não deve ter feito nem cócegas nela, a fazendo gargalhar. O restante da viagem foi mais calma, apenas escutamos musicas e conversávamos sobre assuntos aleatórios.