Não é a intensidade dos sentimentos elevados que faz os homens superiores, mas a sua duração.

Friedrich Nietzsche

– Capítulo Setenta e Dois –

Voltando a Tocar

– Srta. Malfoy, está me ouvindo?

Melanie saira de seu transe habitual quando a Profª Silverstone falou com ela. Ela andava assim ultimamente, meio que viajando em pensamentos e se esquecendo, muitas vezes, de onde estava ou que estava fazendo. A Profª Silverstone esperava pela resposta de Melanie que não veio imediatamente, então era melhor fazer algo antes que a vice-diretora se irritasse.

– Perdão professora, é que... – Melanie colocara uma das mãos na cabeça – A minha cabeça dói.

– Sei. – disse a Profª Silvestone desacreditando – A senhorita acredita que alguma das plantas da nossa fantástica aula de Herbologia esteja lhe causando algum efeito colateral?

– Espero que não professora. – disse Melanie rapidamente e Josh balançou a cabeça negativamente ao seu lado.

– Vamos fazer o seguinte – disse ela mal humorada – Vá até a ala hospitalar cuidar da sua cabeça, tenho certeza que Madame Pomfrey vai preparar uma excelente mistura para que melhore.

– Pra falar a verdade Profª Silverstone, eu acho que consigo resistir até o final da aula – disse Melanie em um desespero íntimo, ela sabia que gosto tinha os remédios.

– Ótimo, então responda a minha pergunta.

Depois de Josh ter ajudado Melanie a driblar a pergunta da professora, ela preferiu prestar atenção na aula que se resumia no preparo de chá de mandrágoras já adultas.

– O que deu em você lá dentro? – Josh perguntou a Melanie quando saíram das estufas.

– Não sei, eu... ando meio distraída. – ela respondeu sem ânimo.

– Não começa a se distrair logo agora. – alertou Josh – Vamos nos preparar para as provas finais em poucos meses.

– Eu sei. – disse Melanie desinteressada. – Escuta, você quer estudar comigo depois do almoço?

– Foi mal, Mel. – disse Josh sem graça – Combinei de ficar com a Alícia... mas eu posso falar com ela e então estudamos os três ju...

– Não! – disse Melanie irritada demais para o gosto de Josh, ele a olhou confuso e ela respirou fundo – Desculpe... acho melhor você ficar com ela.

– Tem certeza? – ele perguntou cuidadoso.

– Absoluta. – Melanie respondeu dando a Josh um sorriso amarelo.

Mais do que tudo, Melanie queria que o ano terminasse mais que depressa, antes que ela machucasse alguém seriamente. A páscoa se aproximava e com ela o baile de formatura, este que as gêmeas insistiam para Melanie participar.

– Mas por que não? – as duas perguntavam em um perfeito coro.

– Lucille, Roxanne. – disse Melanie pausadamente – Eu já disse que não vou e ponto. Não precisa ter um “por que”, eu simplesmente não quero ir.

As duas ficavam emburradas, mas, logo voltavam a insistir. Como Andrew estava de castigo e não podia visitar Hogsmeade durante esse ano, por causa do ocorrido com as cartas de Josh, ele passava os finais de semana escrevendo cartas para Lúcia, prima de Josh.

– É pra mamãe? – Melanie perguntou quando viu Andrew entrar no corujal com um envelope na mão.

– Não. – disse Andrew escolhendo uma coruja – É pra Lúcia.

– Hmm, você sabe que a prima do Josh não é bruxa, não é? – Melanie perguntou com urgência.

– Eu não mando diretamente pra ela. – disse Andrew – Eu mando pra casa do Josh e a mãe dele, entrega pra Lúcia. E ela faz o mesmo quando quer me escrever.

– Nunca imaginei você amigo de uma pessoa bem mais nova que você. – ela comentou observando Andrew despachar a coruja.

– Nem eu, mas, essa garota me surpreendeu. – disse Andrew satisfeito – Ela é inteligente demais pra idade dela.

– Que bom que você não tem mais aquela “paixonite” pela Sarah, ela é bem mais velha que você – disse Melanie debochando.

– O fato de eu escrever pra Lúcia não significa... Peraí! – Andrew disse indignada – Quem disse que eu sou apaixonado pela Sarah?

– Quem tá de fora percebe. – ela disse dando de ombros.

– Verdade. – disse Andrew encarando a irmã – Por quem você está apaixonada hein?

– Como? – Melanie perguntou confusa.

– Seus olhos voltaram a brilhar. – disse Andrew – Daquele mesmo jeito. Me diz quem é.

– Acho que você ficou doidinho de vez irmãozinho – disse Melanie naturalmente – Eu ainda estou de luto.

– O luto não impede dos sentimentos se manifestarem. – disse Andrew – Espero que você vá pra casa essa páscoa.

Melanie esperou que Andrew saísse para se amaldiçoar por ele estar certo. Mas Melanie prometeu a ela mesma que nunca diria a Josh o que estava sentindo por ele. Primeiro por que ela não tinha certeza do que estava sentindo, e segundo, Josh tinha uma namorada e Melanie tinha quase certeza que se dissesse algo, ele terminaria na hora com Alícia, e Melanie não podia deixar que isso acontecesse, pois, não vira o amigo feliz assim há muito tempo. Melanie enviou uma carta que havia escrito para Mey e deu por encerrado esse assunto. Josh não saberia o que ela sentia por ele.

Naquela noite, Melanie decidira pegar seu caderno e ir até a sala precisa. Ao entrar na sala, logo, o mesmo piano que Blake usava para ensinar Melanie, aparecera. Melanie suspirou e se aproximou do piano se sentando no banco em seguida. Folheou o caderno e parou em uma música, uma das músicas que Blake deixou pra ela.

Ao começar a tocar, as lágrimas já começaram a invadir o seu rosto, mas, não eram de tristeza por Blake já não estar mais com ela, eram lágrimas de alegria por finalmente se lembrar do seu amado, sem sentir dor, por saber que mesmo depois de tanto tempo, ela ainda se lembrava como era tocar, como se o próprio Blake ainda estivesse ali, a ensinando e observando com paciência e dedicação.

Melanie parara de tocar com um sorriso nos lábios, era tão bom saber que as aulas não foram uma perfeita perda de tempo para Blake, que ela podia tocar as suas músicas e se lembrar dele sempre que quisesse. A música, era uma das marcas mais profundas que Blake deixara de presente a Melanie.

Ela fechara o caderno e secara o rosto, ela voltaria para o salão comunal da Sonserina antes que dessem por sua falta. Mas antes que Melanie se quer pensasse em sair da sala, ela viu uma das paredes se dissolver a se transformar em porta.

– Ahá! – gritou Allan entrando abruptamente na sala precisa – Eu sabia que você ainda tocava escondida.

– Você é louco Allan?! – disse Melanie indignada – Quase tive uma síncope.

– Não muda de assunto. – disse Allan vitorioso – Eu sei que estava tocando, o piano ainda está ai.

– Ok. Eu estava tocando. – disse Melanie girando os olhos – Mas foi à primeira vez desde que... você sabe.

– Eu sei. – disse Allan – Mas fico feliz por você ter superado.

– Eu também. – disse ela acariciando o caderno em suas mãos – E você?

– Ele era meu melhor amigo. – disse ele com um sorriso – Eu achei que nunca fosse superar, mas, o tempo ajuda e as novas companhias também.

– Fico feliz por você e Sarah terem se dado tão bem. – disse Melanie sincera.

– Ela foi bem escorregadia, mas, eu sei ser persistente. – ele disse com um sorriso torto – E então, você vai pra casa na páscoa?

– Ainda não sei. – disse Melanie dando de ombros.

– Faz uma força... olha eu sei que nesse momento você deve odiar a Rose, mas... tenta perdoá-la e vai vê-la...

– O que a Rose tem haver com isso? – Melanie disse aborrecida.

– Eu também demorei a perdoá-la, mas... enfim, a situação dela é deplorável e a família quer ficar com ela nesse momento. – explicou Allan enquanto Melanie o observava desconfiada. – Sarah quer ir vê-la...

– Olha Allan, a situação dela não é tão ruim. – disse Melanie irritada – Logo, logo ela volta a ser a odiosa de sempre. O Andrew me contou que ela teve lapsos de memória e provavelmente se recupere...

– Peraí! Você não soube? – Allan perguntou confuso.

– Não soube do que? – ela perguntou desinteressada.

– Rose acordou, mas... ela pode ficar em estado vegetativo.

– O que?! – Melanie disse alarmada percebendo pela cara de Allan, que este dizia a verdade.