A experiência é uma lanterna dependurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido.

Confúcio

– Capítulo Sessenta e Seis –

De Volta a Hogwarts

Hermione andava apressada pelos corredores do hospital St. Mungus. Ela ia em direção à ala especial de doentes, nessa ala ficavam os doentes que poderiam causar danos a outras pessoas ou até a eles mesmos.

– Por favor, não a chame de Rose – pediu o enfermeiro que a estava aguardando na porta do quarto de Rose – Ela tem um grande ódio desse nome.

– Mas é o nome dela. – Hermione disse cabisbaixa.

– Eu sei. – disse o enfermeiro – Mas ela não aceita e não podemos afrontá-la agora. Rose tem que aceitar aos poucos.

Hermione assentiu e o enfermeiro abriu a porta para que ela entrasse. Rose estava sentada em uma cadeira, seus cabelos ruivos estavam soltos e agora possuíam uma franja. Ela lia um livro de poções.

– Oi. – disse Hermione cuidadosa.

Rose se virou e sorriu ao ver Hermione.

– Madrinha. – disse Rose se levantando para abraça-la – Que bom que veio me visitar.

– Eu estava com saudades meu anjo. – disse Hermione tentando manter uma força que já não existia para não chorar.

– Eu também estava. – disse Rose – E o meu padrinho e o Hugo?

– Rony foi leva-lo e estação. – respondeu Hermione.

– Desculpe por não perguntar da sua filha, madrinha. – disse Rose um pouco mais sério – Mas ela me fez muito mal.

– Não se preocupe. – disse Hermione segurando um soluço – O que está lendo?

– Na verdade, estudando. – disse Rose sorrindo – A senhora sabe que poções, não é o meu forte não é?

Hermione assentiu mantendo um sorriso amarelo, mas, até quando Rose ficaria assim?

***

– Allan! – Melanie chamou assim que viu o garoto no meio da multidão de alunos que embarcariam no trem. Ele se virou e deu um sorriso tímido quando a viu. Ele se aproximou dela e num gesto de amizade, deram um abraço.

– Como você está? – ele perguntou assim que se separaram.

– Bom... Estou melhorando. E você?

– Ah, eu estou legal... Tenho tido apoio da Sarah e...É, eu estou bem. – Deram um sorriso tímido um pro outro, respirando fundo – É meio estranho não ter recebido nenhuma carta me xingando, ou um berrador no meio da madrugada só pra me sacanear...

– Posso fazer isso por você, se quiser. – Melenie brincou.

– Não, obrigado. – ele respondeu rindo – Vai difícil esse ano, sem o Blake e o Matt que se formou... mas, enfim. Quais são seus planos pra esse ano?

– A única coisa que planejo esse ano é ir visitar a Mey regularmente...

– Ela e meu irmão vão casar. – disse Allan.

– Assim, tão rápido? – Melanie perguntou confusa.

– Ah, sabe... não é bem casar. Eles vão morar juntos. – disse ele dando de ombros – Minhã mãe quase teve um troço quando soube que não teria cerimônia.

– É bom saber que os romances em volta estão dando certo. – Melanie disse em um tom de chateação.

– Eu sei que dizer que ele não queria que você ficasse assim não adianta, mas...

– É, eu tenho que recomeçar. – ela mostrou que já conhecia o discurso.

– Não. Você não precisa recomeçar. – disse Allan sério – Você pode só seguir em frente, só bater a cara no muro até que ela quebre e você possa passar . Pense que recomeçar só faria você chegar nesse mesmo ponto de novo, pra não sofrer a gente precisa deixar pra trás.

– Eu não quero deixar Blake pra trás. – disse ela rapidamente.

– Você vai levar dele o necessário. – ele sorriu – Bem aqui. – Allan apontou a própria cabeça.

– Não sabia que você era tão adulto, Allan.

– E não sou, quem disse isso a primeira vez foi o Matt! – ele riu, Melanie também – Eu tenho que ir. Fique bem! – ele se virou e foi ao econtro de Sarah, Lana e Matthew, este último que quisera se despedir de Lana no embarque.

Melanie respirou fundo e se dirigiu até o embarque do trem. Alguns alunos a observavam com curiosidade, era claro que muitos pensavam que depois da morte de Blake, Melanie não voltaria mais a Hogwarts.

Ela passou pelo corredor até encontrar a cabine que ela sempre ficava. Não era para ser surpresa, mas, foi frustrante quando abriu a porta e deu de cara com Josh e Alícia se beijando. Não que isso a incomodasse, mas, Melanie se sentia deprimida ao saber que a vida de todos estava se ajeitando enquanto uma grande parte dela a havia abandonado.

– Desculpe. – disse Melanie quando notaram a sua presença.

– Ah! Melanie! – Alícia se levantou de um pulo – Que bom que você resolveu voltar. Fiquei muito feliz quando Josh me contou.

– É... ele tem me ajudado muito. – disse Melanie dando um sorrisinho ao amigo que ainda permanecia sentado.

– Bom... Eu vou deixar vocês sozinhos. – disse Alícia se apressando até a saída.

– Ela não vai sair por minha culpa vai? – Melanie perguntou assim que Alícia deixou a cabine.

– Relaxa Mel. – disse Josh fazendo sinal para que se sentasse – Ela gosta de ir conversando com as amigas.

– Vocês estão se dando muito bem. – disse Melanie se sentando ao lado dele – Eu fico feliz.

– Ela é muito divertida. É bom ter alguém sorrindo pra você o tempo todo. – disse Josh.

– Quer dizer que esses dias você se deprime quando está comigo? – Melanie perguntou.

– Eu nunca me deprimo quando estou com você. – disse Josh, colocando o braço em volta dos ombros de Melanie e a puxando mais para perto – Só a sua presença me faz bem. – Melanie sorriu satisfeita e deitou no peito de Josh.

A viagem até Hogwarts foi calma, como se tudo tivesse voltado ao normal, menos para Melanie. Ela via os alunos rindo felizes por alguma piada ou acontecimento engraçado que haviam lembrado, alguns mais novos brincavam pelos corredores fazendo barulho, enquanto outros passeavam de mãos dadas, e Melanie simplesmente não entendia o porquê de tanta felicidade.

E isso continuou durante a seleção dos novos alunos, Melanie sempre se animava quando um aluno era selecionado para a Sonserina, mas, não foi o mesmo dessa vez. Era como se pela primeira vez na vida, ela estivesse enxergando o mundo como ele realmente é. Um lugar onde a felicidade é momentânea.

– Você vai ficar bem? – Josh perguntou quando já se retiraram do salão principal.

– Josh, eu já sei contar até dez. – disse Melanie num sorriso forçado – Não se preocupe, pode ir.

– Se precisar de alguma coisa, fala com a Alícia. – ele disse preocupado.

– Pensei que ela fosse dormir com você hoje. – disse Melanie normalmente.

Josh corou de leve e balançou a cabeça.

– Promete que vai chama-la se precisar de alguma coisa?

– Prometo, papai. – disse Melanie e Josh sorriu aliviado – Relaxa Josh, eu estou bem.

– Ok. Boa noite então. – disse Josh depositando um beijo na testa de Melanie.

Melanie deu um sorriso fraco e olhou a sua volta quando Josh se retirou. Tudo parecia diferente, ela mesma se sentia diferente, não triste, por ter perdido Blake, mas, algo nela, mudara. Ela respirou fundo e seguiu seu caminho até o salão comunal da Sonserina, esse seria um longo ano.