As Cobras Não São Más escrita por JessyFerr


Capítulo 63
Capítulo 63 Primeira e Última Música


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, eu sei que vcs ficaram MUITO irritados comigo, mas, embora eu odeie matar personagens, tinha que acontecer. Espero que gostem do capítulo.
Esse é o link da música que coloquei no capítulo.
https://www.youtube.com/watch?v=8LOarjz5EeY
Bjos♥



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A dor é tão necessária como a morte.

Voltaire

– Capítulo Sessenta e Três –

Primeira e Última Música


Melanie ainda se sentia angustiada quando chegou à mansão com sua mãe e sua avó. Ela não parava de pensar em Blake por sequer um minuto.

– Mamãe! Finalmente vocês chegaram! – Andrew reclamou quando entrou correndo na sala – Estou sozinho em casa!

– Como sozinho? – perguntou Narcisa – E seu pai e seu avô?

– Papai recebeu um chamado do ministério e vovô foi com ele e me deixaram sozinho com os elfos! – respondeu ele irritado.

– Será que aconteceu alguma coisa? – Gina disse preocupada – Para Lúcio ir junto?

– Vamos ao escritório Gina – Narcisa se apressou em dizer – Talvez tenham deixado um bilhete...

– Não deixaram nada – disse Andrew aborrecido – Eles saíram na mesma hora que papai recebeu o chamado.

– Por Merlin! O que será que houve? – Narcisa disse.

– Papai vive recebendo esses chamados, vovó – disse Melanie, mas, não sabia por que, sua angustia aumentara – Mamãe posso ir à casa do Blake? Ele já deve ter chegado.

– Melanie, você viu o seu namorado quase todos os dias, desde que voltou – disse Gina colocando a mão na cintura – Ele vai se cansar de você.

– Blake nunca vai se cansar de mim – disse Melanie achando graça – Hoje ele fez a matrícula na escola de música e quero saber como foi.

– Ok Mel, pode ir, mas, não demora – disse Gina – Vamos jantar todos juntos hoje.

– Obrigada mamãe – disse Melanie se precipitando até a lareira.

– Mel! Espera! – Melanie ouviu a voz de Draco entrando na sala, acompanhado de Lúcio – Aonde você vai?

– Que susto papai! – disse Melanie que colocara a mão no peito – Vou à casa do Blake.

– Você não pode. – disse Lúcio rapidamente.

– Mas por que não? – ela perguntou confusa.

– Mel. – disse Draco se aproximando da filha – Aconteceu uma coisa.

– O que está acontecendo? – Narcisa perguntou nervosa – Por que saíram as pressas?

– É complicado – disse Lúcio.

– Mas o que é complicado? – perguntou Gina apreensiva.

– O que o chamado do Ministério tem a ver com eu ir ver o Blake? – Melanie perguntou e novamente naquele dia segurou a pequena chave que estava em seu cordão – Será que dá pra responder?

– Mel... você tem que ser forte – disse Draco e Melanie percebeu que seus olhos estavam vermelhos.

– Eu tenho que ser forte por que papai? – ela perguntou com a voz falha – O que aconteceu com o Blake? Ele está machucado? Por favor, fala logo.

Draco e Lúcio trocaram olhares e foi ai que o desespero de Melanie aumentou.

– Falem logo! – ela exigiu.

– Querida – Draco disse cuidadoso – Ainda não sabemos como, mas... houve um incêndio na casa dos Zegers...

– Incêndio? – Melanie perguntou aflita – Alguém se machucou?

– Filha...

– Responde, logo, por favor!

– Só o quarto do Blake pegou fogo – disse Draco num sopro só – Foi colocado um feitiço e...

– E o Blake? – Melanie perguntou, o desespero era nítido em sua voz – Ele não estava não é?

– Sinto muito, querida – disse Draco com dificuldade.

Melanie sentiu o chão desabar e o resto do mundo desaparecer, as lágrimas já esperadas caíram de seus olhos. Se sentiu zonza no minuto seguinte no qual disse o nome de Blake e caiu desacordada.

Acordou com uma forte dor de cabeça e demorou a abrir os olhos, até se lembrar do que havia acontecido. Abriu os olhos rapidamente e percebeu que estava em seu quarto.

– Blake... – Melanie disse em voz baixa.

– Mel – Melanie reconheceu a voz de Josh sentado em uma cadeira ao lado de sua cama – Que bom que você acordou.

– O que aconteceu? Eu tive um pesadelo horrível – disse ela massageando a cabeça com uma das mãos.

Josh ficara desconfortável de repente e Melanie percebera.

– Não foi sonho não é? – ela disse lhe faltando a voz.

– Sinto muito mesmo...

– Blake! – ela gritou – Você não pode ter me deixado!

– Mel, calma, por favor – pediu Josh tentando segurar a garota na cama, pois, Melanie fez menção de levantar.

– Me solta Josh!

– Você vai se machucar!

– Não! – ela gritou entre as lágrimas – Não! Por quê? – ela disse rendida quando Josh a abraçou – Por que isso tinha que acontecer...?

Sua voz morreu, porque, a força já lhe faltara, mas, as lágrimas eram contínuas. Josh a abraçava forte enquanto ela soluçava em seu ombro e não a soltou até ter certeza que ficaria bem, pois, Melanie parecia mais calma, não conformada, apenas quieta.

– Vou avisar aos seus pais que você já acordou – disse Josh. Melanie não respondeu, apenas continuou deitada na cama, mas Josh sabia que ela havia ouvido.

Josh saiu do quarto, deixando Melanie sozinha com seus pensamentos. Por que isso tinha que acontecer com ela? Por que tirar a pessoa que ela tanto amava? Não fazia sentido... era tão injusto.

– Mel, meu anjo – disse Gina ao entrar no quarto, acompanhada de Draco. – Como você está?

Melanie não respondeu, apenas continuou a olhar para o nada, mantendo seus pensamentos em Blake.

– Querida, eu sei que é difícil – Gina insistiu – Mas você precisa ser forte.

– E precisa comer – disse Draco preocupado – Você ficou desacordada por cinco horas, deve estar fraca.

Melanie não queria saber se precisava comer ou não, ou se precisava ser forte, ela apenas queria Blake, precisava dele e sentia que não conseguiria viver sem ele.

– Por favor, Mel. – pediu Gina – Diz alguma coisa.

Melanie se sentou encostada na cabeceira e fixou o olhar neles.

– Como começou o incêncio? – ela perguntou sem emoção na voz?

– Nós teremos tempo de falar disso depois...

– Eu quero saber como começou o incêndio! – ela disse alterada, interrompendo seu pai.

Draco respirou fundo antes de responder.

– Robert, o pai de Blake – Draco começou – Ele soube por uma carta que Blake havia passado na prova para a escola de música – Draco continuou – Ele foi pra casa e, como sabia que Blake não estaria lá... Robert colocou fogo no quarto de Blake, mas...

– Mas?

– A Srta. Mey Johnson, nos informou que Blake havia voltado para casa para pegar alguns documentos – disse Draco – Robert não deve tê-lo visto no banheiro. A Srta. Johnson nos disse que ele escondeu os documentos lá...

– Ele foi morto pelo próprio pai... – disse Melanie inconformada – Mas por quê...?

– Ele queria queimar os instrumentos e as músicas de Blake – Draco explicou – Mas... você sabe.

– Sei, eu sei sim – disse Melanie enraivecida – Sei que Robert Zegers matou o Blake! Ele é um assassino! Matou o próprio filho!

– Querida, calma – pediu Gina.

– Como calma mamãe? – Melanie perguntou – O meu namorado está morto por causa da intolerância do pai! – Melanie parecia que explodiria a qualquer momento – Eles nunca se deram bem... e agora isso... Assassino!ASSASSINO!

– Com licença – disse Josh entrando no quarto com uma taça cheia de uma bebida cor de rosa – Trouxe uma vitamina pra você.

– Eu não quero nada! – Melanie esbravejou – Eu só quero que aquele assassino pague!

– Melanie, por favor, você precisa...

– Não se preocupe Sra. Malfoy – disse Josh se aproximando de Melanie – Eu sei lidar com ela.

– Eu não quero Josh.

– Melanie, eu não vou dizer que sei o que você está passando, porque eu não sei – Josh começou – Mas posso compreender. Realmente dói perder alguém, principalmente perder alguém tão especial como sei que Blake era pra você. Mas, eu tenho certeza que Blake não iria querer que você ficasse assim – Josh respirou fundo – Ele se apaixonou por uma garota, alegre, forte e linda. Permaneça assim por ele.

Melanie se sentiu derrotada e assentiu, pegou a taça e tomou todo o seu conteúdo.

– Agora deita – disse Josh amigavelmente – Você vai dormir de novo.

– Não quero... dormir – ela bocejou – O que tinha na bebida?

– Uma poção pra você dormir sem sonhos – ele explicou – Desculpe, você precisava dela.

– Não Josh, eu...

Melanie não conseguira terminar a frase, pois, dormira quase instantaneamente.

***

Parecia sonho. Não. Parecia pesadelo da qual ela queria logo acordar. Nunca que Melanie sequer imaginara que teria se arrumado para o funeral de seu namorado.

Seu cabelo estava preso em uma trança de lado, as roupas pretas, realçavam mais sua pele pálida e agora também as olheiras em volta de seus olhos... olhos que agora não desgrudavam do caixão lacrado onde o corpo de Blake descansava.

Estavam presentes todos os amigos e familiares de Blake, mas, Melanie estava tão absorta em pensamentos que nem ao menos sabia quem havia a cumprimentado.

Sarah estava sentada ao seu lado segurando sua mão, as gêmeas, Roxanne e Lucille, estavam do seu outro lado. As três não saíram de perto de Melanie desde que chegaram.

– Meus sentimentos Srta. Malfoy – Melanie se sentiu ser abraçada, porém, nem se importou em saber quem era, mas, o forte sotaque francês indicara que fora a Profª Gardot que a abraçara.

Melanie tirou os olhos do caixão por um momento e viu que sentada ao lado do mesmo, estava a Sra. Zegers. Ela parecia igual senão pior que Melanie, era como se toda a sua felicidade tivesse sido tirada a força dela. Melanie não poderia ser tão egoísta e também evitar a Sra. Zegers, então resolvera se levantar e ir até ela, mas, antes de que conseguisse se aproximar, alguém entrara na casa. A tristeza que dominava Melanie foi substituída pelo ódio, aquela pessoa era a última que Melanie queria ver.

– O que você faz aqui?! – Melanie gritou.

Todos olharam para onde Melanie gritara. Parado na entrada estava o Sr. Zegers acompanhado de guardas, ele parecia triste e abatido, com certeza arrependido do que havia feito.

– Eu vim velar o meu filho...

– Filho?! – Melanie se precipitou e Draco foi ao seu encontro – ASSASSINO! É ISSO QUE VOCÊ É, SR. ZEGERS! UM ASSASSINO! – ela gritava se debatando nos braços de Draco.

Gina se aproximara para tentar acalmá-la, mas, Melanie estava mais preocupada em conseguir voar no pescoço do Sr. Zegers. Com muito esforço Draco conseguira levar Melanie para fora da casa enquanto Gina se desculpava com os familiares de Blake, principalmente com a Sra. Zegers que parecia assustada.

– Me solta papai! – Melanie dizia em meio às lágrimas – Ele tem que pagar...

Nesse momento Josh aparatara no jardim da casa de Blake acompanhado de Alícia. Draco que parecia ter ficado mais aliviado com a presença de Josh ali, dá um olhar significativo para Josh que corresponde. Josh olhara para Melanie, que só então agora, percebera que ele acabara de chegar, ela para de se debater e Josh estende os braços. Sem pensar duas vezes Melanie corre em direção ao amigo, soluçando em seu peito, Josh apenas acaricia os cabelos de Melanie, mas, permanece quieto, pois, naquele momento ela não precisava ouvir, só precisava desabafar.

***

Mey, sua família e o restante da banda “Rude”, chegaram à casa de Blake, carregando alguns instrumentos musicais. Aos poucos foram se posicionando na sala onde o corpo de Blake jazia.

A família de Blake observava a movimentação com curiosidade, enquanto a Sra. Zegers tomou a frente e fora falar com Mey.

– O que está acontecendo? – ela perguntou sem emoção.

– Viemos prestar a nossa última homenagem ao Blake, Sra. Zegers. – disse Mey chorosa.

– Música aqui? – o Sr. Zegers se adiantou – Não foi por causa dessa ideia ridícula de música que o meu filho morreu?

Era demais. A Sra. Zegers encarou o marido que já estava de pé. Ele não podia estragar também o funeral do seu próprio filho, por causa da sua intolerância e suas ideias ultrapassadas.

– Cale-se Robert. – ela disse muito calmamente – Você sabe que não foi à música que matou o meu filho. Blake vai receber quantas homenagens quiserem fazer, e de qualquer forma que for.

O Sr. Zegers voltou a se sentar e permaneceu calado. A Sra. Zegers olhou para Mey e assentiu em favor da homenagem, Mey mais que depressa saiu da casa em direção ao jardim, onde Melanie ainda estava com Josh, esta parecia um pouco mais calma.

– Você tem um compromisso com o Blake agora. – Mey disse e Melanie e olhou confusa. – Vem comigo.

Melanie e Josh a acompanharam de volta a casa, Mey pegou uma partitura da mão de Matthew e entregou a Melanie.

– Essa musica que ele estava te ensinando? – Mey perguntou já sabendo a resposta.

Melanie apenas assentiu tristemente.

– Então faça por ele. – disse Mey apontando para um piano no canto da sala.

Melanie mesmo um pouco apreensica, se dirigiu até o piano. Ela nunca havia tocado para mais pessoas, na verdade somente Blake a ouvira tocar, ele sempre dizia que Melanie estava melhorando, e isto a animava muito. Mas, agora, Blake não estava ali para ouvi-la tocar e dizer se ficou bom ou não.

A música começou. Primeiro Melanie contando várias vezes a mesma nota, coisa que Blake sempre insistiu pra que ela fizesse e ela nunca entendera o porquê. Logo depois entrou Matthew a acompanhando com o cello empoeirado que não tocava há anos. Allan pegou o violão e entrou por último. Erick apenas abraçou Mey quando ela começara a cantar e suas lágrimas já se acumulavam. Ele também cantava com ela, bem baixinho ao fundo.Alguns presentes voltaram às lágrimas quando Mey começara a cantar.

“Fio da navalha Desenha os mortos Cortes em minha cabeça

Antecipando o estímulo

Para matar o divertimento”


Mey fechou os olhos é uma lágrima escapou.


“Feche seus olhos

Olhe profundamente em sua alma

Saia de si mesmo

E deixe sua mente vagar

Olhos gélidos encaram no fundo de sua mente como você morre”


A Sra. Zegers soltou um soluço e Draco se adiantou para ajuda-la a se sentar.


“Feche seus olhos

E esqueça seu nome

Saia de si mesmo

E deixe seus pensamentos drenar

Enquanto você enlouquece... enlouquece

Semente natural

Para te ver sangrar

Uma necessidade física exigente

Profanada, estripada

Tempos debilitados

Feche seus olhos

Olhe no fundo da sua alma

Saia de si

E deixe sua mente vagar

Olhos gélidos encaram no fundo de sua mente como você morre”

Josh se aproximou de Alícia, que embora nunca tenha tido muito contato com Blake, parecia abatida. Ele a abraçou e ela soltou uma lágrima.

“Feche seus olhos

e esqueça seu nome

Saia de si

E deixe seus pensamentos drenar

Enquanto você enlouquece... enlouquece

Carne inerte

Uma tumba sangrenta

Respingos iluminam o quarto

Uma execução, um ritual sádico

Momentos de fúria dos restos da mente”


Os garotos da banda tocavam como nunca haviam tocado antes. Tinham muitos sentimentos naquele momento, dor, raiva, saudade...


“Feche seus olhos

Olhe no fundo da sua alma

Saia de si

E deixe sua mente vagar

Olhos gélidos encaram no fundo de sua mente”


Sarah, que ainda estava sentada perto de Roxanne e Lucille se emocionou ao ver Allan tocar, Blake era o melhor amigo dele, devia ser muito duro voltar a tocar na banda sem a presença de Blake.

Mesmo com a voz embargada Mey continuou a cantar, expressando em cada frase a dor que sentia por perder o melhor amigo.


“Feche seus olhos

e esqueça seu nome

Saia de si

E deixe seus pensamentos drenar

Enquanto você enlouquece... enlouquece”


Os últimos acordes vieram. Melanie finalmente entendera a emoção que Blake sentia em tocar, era algo inexplicável, só que maravilhoso, era como se ao tocar ela pudesse desabafar tudo o que estava sentindo, sendo dor ou alegria. Agora ela sabia o porquê, era importante pra ele. Melanie tremia e chorava, tanto pela emoção de ter conseguido tocar a música que há tanto tempo Blake ensinava a ela, mas, também por saber que essa era a primeira e última música que ela aprendera com ele.


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Notas finais do capítulo

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