O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra.

Aristóteles

– Capítulo Trinta e Dois –

Uma Tarde Agradável

Melanie estava muito inquieta aquela manhã, a ansiedade em receber Blake em sua casa era tremenda e o nervosismo em saber se sua família o aceitaria era maior ainda. Porque Melanie nunca acreditou que gostaria de alguém como gostava de Blake e só de pensar que outras pessoas que Melanie amava não fossem gostar dele, já a deprimia, ela já ficava triste só de ver a rixa entre Josh e Blake, imagina então com o resto dos Malfoy’s e os Weasley’s.

- Querida, porque ao invés de ficar andando de um lado para o outro, você não vem jogar xadrez comigo? – perguntou Lúcio, olhando deprimido para o tabuleiro de xadrez, Gina que sempre jogava com ele, agora dava ordens na cozinha para o almoço, e como ele mesmo disse minutos atrás, ela o “abandonara”.

- Desculpe vovô, mas, estou tão nervosa que seria impossível eu prestar atenção no jogo. – disse Melanie penteando os longos cabelos loiros com as pontas dos dedos.

- Você não devia ficar nervosa. – disse Lúcio – Muito pelo contrário, é esse garoto que devia estar nervoso em vir aqui e assumir um compromisso com você.

- E por quê?

- Você é uma Malfoy, é muita responsabilidade assumir um compromisso com um Malfoy – disse Lúcio se levantando – Vou até a cozinha buscar sua mãe.

Melanie assentiu e o nervosismo voltou a incomodá-la, Blake estava apenas elegantemente atrasado, pelo que Melanie observou no relógio em cima da lareira.

- O marginal está atrasado. – comentou Andrew entrando na sala e se sentando no sofá comendo algum doce numa tigelinha de vidro.

- E isso é da sua conta? – perguntou Melanie irritada imaginando se Blake desistira de conhecer sua família.

- Claro que é. – disse Andrew como se fosse obvio – Nós os Malfoy’s somos conhecidos pela pontualidade, você sabe que o papai odeia atrasos.

- Porque você não enfia esse doce todo na boca e fica quieto?

- Hmm. É esse tipo de educação que o seu namorado te ensina? – perguntou Andrew com um sorriso maldoso.

Melanie mal teve tempo de pensar em avançar no seu irmão para fazê-lo engolir a tigela quando a cor do fogo da lareira mudou para verde esmeralda, e em poucos segundos Blake apareceu entre as chamas, fazendo com que o rosto de Melanie suavizasse em alívio.

- Blake. – disse ela se precipitando até a lareira – Pensei que havia desistido de vir.

- Desculpe o atraso. – disse ele dando-lhe um beijo nos lábios, enquanto Andrew fazia cara de nojo – Tive que ir até o Beco Diagonal. Dá pra acreditar que não encontrei um bar descente sem ser lá?

- Bar? – perguntou Melanie confusa.

- Trouxe as bebidas. – disse ele mostrando um pacote com algumas garrafas.

- Blake, eu acho que isso não é uma boa ideia. – disse Melanie apreensiva.

- Tsc, tsc. A mamãe não vai gostar disso. – disse Andrew cantarolando.

- Cala a boca Andy! – disse Melanie em voz alta.

- Alguém, por favor, me diz que vocês não estão brigando de novo. – disse a voz de Draco em poucos segundos ele entrara na sala – Deu pra ouvir do escritório Mel.

- Desculpe papai... é que o Andrew... Ah esquece. – disse ela respirando fundo – Então, o Blake chegou.

- Ora, ora. Então esse é o famoso Blake. – disse Draco se aproximando dele para cumprimentá-lo – É um prazer.

- O prazer é meu Sr. Malfoy. – disse Blake naturalmente.

- Sente-se, vamos conversar. – disse Draco mostrando um dos sofás.

- Claro, mas, antes. – disse ele mostrando o pacote com as bebidas – Onde eu posso deixar isso.

Draco olhou para o pacote e depois para Melanie que se sentiu desconfortável de repente.

- Ora, então você bebe.

- Eu não. – disse Blake com um sorriso torto – Nós – disse apontando para Draco e para ele mesmo.

Para alívio de Melanie, Draco sorriu satisfeito a bateu de leve nas costas de Blake.

- Vamos para o meu escritório Blake. – disse Draco mostrando o caminho – E aproveitamos para abrir uma dessas garrafas, sempre admirei quem aprecia um bom firewhisk.

- Deixa a sua mochila comigo Blake vou levar para o seu quarto. – disse Melanie, enquanto Blake a retirava do ombro e entregava a ela.

- Por favor, peça para o seu avô passar no escritório Mel. – pediu Draco – E diga a sua mãe que estaremos lá, quando o almoço estiver pronto.

Melanie assentiu satisfeita, enquanto os dois se afastavam e olhou vitoriosa para Andrew.

- O que você estava dizendo mesmo pirralho?

- Papai pode ter gostado dele. – disse Andrew dando de ombros – Mas a mamãe com certeza não vai aprovar tal comportamento.

Melanie girou os olhos e saiu da sala em direção à escadaria principal. A manhã foi suave e o almoço muito bem animado, Blake sabia fazê-los rir, até mesmo Gina que era mais severa não conseguiu resistir aos comentários engraçados que Blake fazia.

A tarde chegara rápido e logo, Blake, Melanie, Draco e Gina conversavam na sala de estar.

 - E o campeonato de Quadribol esse ano? – perguntou Draco.

 - Um saco, temos ganhado de W.O – lamentou-se Melanie brincando com as pontas dos seus próprios cabelos.

 - W.O? – disse Draco confuso – Não me lembro das casas desistirem assim.

 - E não desistem, Sr. Malfoy. – explicou Blake – Mas a sua filha quebra a cabeça de todos os artilheiros.

 - Apelando pra brutalidade, Melanie?! – disse Gina séria.

 - Mamãe, meu trabalho é tirar os balaços de perto dos meus companheiros de time. – disse Melanie despreocupada – Aonde os balaços vão depois não é problema meu.

 - Não é problema seu? – disse Blake levantando uma sobrancelha – Quer dizer que a fratura na perna do... do... Qual é o nome mesmo?

- Arthur Dietrich? Da Grifinória? – perguntou Melanie.

- Sim! – disse Blake – Você quer dizer que aquela fratura foi totalmente acidental?!

- Não acredito que você pensa isso de mim. – disse Melanie fazendo um biquinho.

- Tenho certeza de que, seja lá como foi, Melanie é inocente. – disse Draco – A fratura deve ter sido totalmente acidental...

Melanie, Blake e Draco se entreolharam e começaram a dar risadas, enquanto Gina balançava a cabeça os censurando.

- Eu não aguento vocês. – disse ela se levantando – Vou fazer um chá.

- Você sabe querida, não dá pra evitar rir da tragédia dos outros. – disse Draco e os outros dois riram mais alto – Ainda mais tragédia de Grifinório...

Os três deram gargalhadas audíveis enquanto Gina colocava a mão na cintura a batia freneticamente o pé no chão.

- Sim. – disse ela com um sorriso vitorioso – Pelo menos não foi a minha casa que ficou seis anos sem ganhar uma taça de quadribol.

As gargalhadas pararam imediatamente enquanto Gina saia da sala com o seu sorriso vencedor. Depois de alguns minutos Melanie foi atrás de Gina para ajudá-la a preparar o chá.

- Bom, já que a Mel não está aqui. – disse Draco – Queria saber se não se importa de ela ser tão grudada com o amigo dela, Josh.

- Eu mentiria se dissesse não. – disse Blake sincero – Mas sei que entre eles, só existe amizade. Alias, o Hammes agora é namorado de Sarah Potter, então não tem porq...

- Sarah Potter?! – disse Draco surpreso.

- Sim. – disse Blake desconfiado – Eu acho que nesse exato momento o Hammes deve estar chegando a casa dela.

- Eu daria tudo para ver a cara do Potter ao olhar pra ele. – disse Draco mais para ele mesmo.

- Como?

- Nada. Então, Blake... Com o que trabalha sua família? – perguntou Draco interessado.

- Ah! Minha mãe trabalha com restauração de artefatos antigos e amaldiçoados. – respondeu Blake – Prestava muitos serviços pra Borgin e Burkes.

- A loja na Travessa do Tranco?

- Sim. – disse ele – O negócio é uma tradição milenar na família.

- E seu pai? – perguntou Draco reconstando mais na poltrona.

- Ministério. – respondeu Blake sem muito entusiasmo – Departamento de Cooperação Internacional em Magia.

- Ah, sim... Claro que vai assumir o posto dele daqui uns anos...

- Não.

- Não? – perguntou Draco confuso – Tem um irmão mais velho?

- Não, sou filho único. – disse Blake convicto – Mas a vaga no ministério não me interessa. Vou pra Academia de Música e Magia de Luxemburgo, assim que me formar em Hogwarts.

- É uma carreira arriscada. – disse Draco com a voz arrastada.

- Uma carreira de quem não gosta de escritórios e números...

- Mamãe e eu vamos servir o chá nos jardins. – disse Melanie à porta, interrompendo a fala de Blake – Vovô e vovó já estão esperando, é melhor se apressarem, logo teremos de estar na Toca.

***

Sarah olhou satisfeita ao redor do quarto em que se encontrava, tudo estava perfeito para a chegada de Josh, ela não queria que nada desse errado e que ele se sentisse em casa.

- Oh! Menina Potter! – exclamou um elfo após aparatar dentro do quarto – Perdoe o pobre Blink... Blink não sabia que a menina estava aqui.

- Não se preocupe. – disse Sarah acalmando o elfo – É que eu mesma queria arrumar o quarto do Josh.

- A menina não precisa fazer, Blink está aqui pra isso. – disse o elfo assustado – O que a Sra. Potter vai dizer se souber?

- Esquece isso, Blink. – disse Sarah – Me diz como o Monstro está?

- Blink está cuidando dele, minha menina. – o elfo se apressou em dizer – Mas Monstro já não anda bem, já está muito avançado na idade. Nós elfos vivemos muito tempo, mas, Monstro já viveu os seus dias.

- Se Monstro morrer, papai ficará arrasado. – disse Sarah suspirando. – Foi o padrinho do papai que lhe deu o Monstro.

- Blink sente muito.

- Ok. – disse ela coçando os olhos – Preste atenção se alguém bater, na porta, pode ser o Josh.

- O Sr. Potter bloqueou a lareira?

- Não. – respondeu Sarah – Josh é nascido trouxa, a lareira dele não está ligada ao mundo bruxo... A porta! – exclamou Sarah saindo correndo escada abaixo quase tropeçando no tapete da sala.

Ela arrumou o cabelo e desamassou as roupas antes de abrir a porta.

- Que bom que você chegou. – disse Sarah abrindo a porta da sala e sorriu ao ver Josh parado na soleira, ele trazia consigo uma mochila e um buquê de flores.

- Não cheguei muito cedo, cheguei? – perguntou ele entrando na casa e beijando os lábios de Sarah em seguida.

- Claro que não. – disse oferecendo um lugar no sofá para que ele se sentasse – Mamãe está muito ansiosa em te conhecer e papai... bom, você sabe como são os pais ciumentos, não sabe?

- Eu acho que sim. – disse Josh de repente se sentindo desconfortável.

- Vou chamá-los, fique a vontade... Ah! Me dá sua mochila, vou deixar no quarto.

Sarah saiu da sala deixando Josh sozinho e um tanto ansioso, nunca fora tão difícil conhecer os pais de uma namorada antes, mas, esse era Harry Potter, então todo nervosismo era compreensível.

Josh deixou as flores no sofá e se levantou para ver algumas fotografias que se encontravam em um suporte em cima da lareira. Viu várias fotos, na maioria de Sarah com os seus pais, ele não conseguiu evitar sorrir em uma foto onde Sarah e Harry, faziam caretas e Astória parecia meio emburrada. Em outra que chamou mais atenção de Josh, estavam todos os jovens da família Weasley, também havia a Sarah, Andrew e... Melanie. Ele pegou a moldura que continha a foto e a observou, Melanie parecia irritada com alguma coisa, então ele viu de relance Rose puxar o seu cabelo e Melanie gritar alguma coisa com ela, então Sarah saiu do lugar onde estava e se colocou no meio das duas, fazendo pose para a foto.

- Josh. – chamou Sarah, ele recolocou a foto rapidamente no lugar e se virou – Essa é a minha mãe Astória.

- Muito prazer Sra. Potter. – disse Josh se antecipando em pegar a mão dela depositando um beijo na mesma. – Eu trouxe essas flores para a senhora, espero que goste. – disse Josh pegando as flores no sofá e entregando a ela.

- O prazer é meu, Josh e as flores são lindas. – disse Astória com um sorriso amigável – Sarah nos contou tudo sobre você.

- Espero que ela tenha falado bem de mim. – disse Josh com um sorriso sincero.

- Bem é pouco, querido... Ah! Deixa eu te apresentar, esse será em breve o mais novo membro da família Potter. – disse ela apontando para a própria barriga – Meu marido me engravidou sem o meu consentimento...

- Mamãe! – exclamou Sarah.

- É a pura verdade Sar... Harry, que bom que já está aqui. – disse Astória quando viu Harry entrar na sala – Harry esse é Josh Hammes o namorado da Sarah.

- Olá Josh, muito... – Harry de repente parara de falar ao encarar Josh.

Sua mão erguera lentamente para apertar a mão do rapaz, Josh hesitante apertou a mão de Harry e os dois ficaram se encarando, Harry com uma grande interrogação na cabeça e Josh, confuso. Sarah olhava de um para o outro sem entender nada, Astória apenas bocejou e disse:

- Harry, querido, eu tenho certeza que o rapaz é hétero. – disse ela – Então fecha a boca e para de babar no namorado da sua filha.

- Não seja inconveniente Astória. – disse Harry como que acordando de um sonho e soltando a mão de Josh.

- Eu estava contando ao Josh sobre a minha gravidez. – disse Astória indiferente – Sente-se Josh, por favor, gostaria de comer alguma coisa querido? Nosso elfo fez alguns canapés deliciosos.

- Não quero incomodar. – disse Josh se sentando ao lado de Sarah no sofá.

- De maneira alguma. – disse Astória fazendo sinal para um elfo que estava a um canto, Josh nem o havia visto ali – Então como eu estava dizendo, meu marido me engravidou, fico pensando que tipo de marido engravida a própria esposa.

- Todo marido Astória! – exclamou Harry balançando a cabeça, irritado – Então Sr. Hammes...

- Apenas Josh, por favor.

- Ok, Josh. – disse Harry o encarando – Sarah nos contou que você é um apanhador extraordinário.

- Sarah é uma garota muito gentil Sr. Potter. – disse Josh lisonjeado – Mas tenho certeza que não sou tão bom quanto o senhor foi.

- Obrigado. – disse Harry ainda o encarando, Harry não sabia por que, mas, esse garoto o intrigara. – Não quero ser deselegante, mas, Sarah nos disse que você é nascido trouxa... você tem certeza disso?

- Tenho. Mas porque a pergunta? – perguntou ele confuso.

- Eu acho que nunca ouvi falar de um nascido trouxa na Sonserina. – explicou Harry – Mestiços, sim, mas, nascidos trouxas.

- Todos ficaram bem chocados quando fui selecionado. – comentou Josh.

- E os seus pais? – perguntou Harry interessado – Fazem o que?

- Minha mãe é professora e o meu pai é diretor financeiro em uma empresa de exportações. – respondeu Josh.

- E o que eles fizeram depois que descobriram que você era um bruxo? – perguntou Astória indicando os canapés que o elfo acabara de deixar em cima da mesinha de centro.

- Eles levaram um pequeno susto, mas, até que aceitaram bem fácil. – explicou Josh mordendo um dos canapés – Está ótimo Sra. Potter.

- Obrigada. – disse Astória satisfeita – Espere até provar os de Molly, ela cozinha melhor que um elfo.

- E o que pretende fazer da vida? – perguntou Harry encarando Josh e deixando o garoto bem desconfortável – Quero dizer, pretende seguir alguma carreira no mundo bruxo ou trouxa?

- Pensei em trabalhar no ministério. – respondeu Josh prontamente – No setor de Cooperação Internacional em Magia.

- É um ótimo setor. – disse Harry o avaliando – Fale comigo depois de terminar os estudos, posso te apresentar algumas pessoas de lá.

- Seria ótimo Sr. Potter. – disse Josh empolgado e Sarah sorriu para o pai em agradecimento.

- Papai, que horas vamos para a Toca? – perguntou Sarah.

- Assim que o Rony chegar da consulta. – respondeu Harry olhando as horas em seu relógio de pulso.

- Não entendi até agora porque ele teve consulta na véspera de natal. – disse Astória sem perceber que acariciava a própria barriga.

- Malfoy exigiu que ele não perdesse nenhuma consulta e uma delas foi marcada para hoje. – disse Harry.

- Rony é o pai da Rose. – cochichou Sarah para Josh que assentiu.

- Então Josh. – disse Astória com um sorriso maldoso – Você vai ficar no quarto de hóspedes ou no quarto da Sarah?

Josh engasgou com o canapé no mesmo minuto, Sarah ficou mais vermelha do que os cabelos de Gina e Harry olhava assombrado de Josh para Sarah sem conseguir emitir um som sequer. Astória começou a gargalhar.

- Estou apenas brincando Potter. – disse Astória marota – O quarto de hóspedes está preparado, se quiser pode ir descansar um pouco antes de irmos para a Toca.

Josh ainda estava chocado demais para conseguir dizer algo, então apenas se limitou a balançar a cabeça.