Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas.

Confúcio

– Capítulo Vinte e Seis –

Conversa com Trelawney

Na manhã de segunda-feira, Josh pensou em esperar por Melanie para irem juntos tomar café, mas, achou melhor dar espaço a amiga, já que agora ela tinha mais alguém a quem dar atenção. Mas se arrependeu momentaneamente quando percebeu que Blake entrara no salão principal sem a companhia de Melanie, provavelmente a garota ainda estava na cama.

- Cadê a Mel? – perguntou Alicia Maclaine, artilheira da Sonserina.

- Eu... não sei. – respondeu Josh observando o prato vazio – Achei que estivesse com... com ele. – disse apontando com a cabeça.

- Ah! – disse Alicia sem graça – Que... que aula você tem agora?

- Não precisa se sentir mal por mim. – disse Josh respirando fundo – Eu estou bem.

Alicia assentiu, porem, não disse mais nada o café da manhã inteiro. Quando Josh terminou, ele se encaminhou para a sala de Poções, foi um dos primeiros a chegar, ele lançou um olhar para onde normalmente ele se sentava com Melanie, mas passou reto para uma das mesas do outro lado da sala.

- Oi Josh. – ele logo reconheceu a voz de Sarah se aproximando dele – porque está sentado aqui?

- Oi Sarah. – disse ele sorrindo fraco para a garota – Então, provavelmente a Mel vai querer se sentar com o Zegers, você sabe.

- Entendo. – disse Sarah amigavelmente – Josh, porque não se senta com a minha amiga Lana e comigo?

- Não acho que seja uma boa ideia, ela nem me conhece pode se sentir...

- Ela está louca para te conhecer. – disse Sarah animada – Vem comigo? – disse ela oferecendo uma mão para Josh.

- Tudo bem. – disse ele pegando na mão da garota e a acompanhando até onde uma ruiva não conseguia controlar a empolgação.

Logo em seguida Blake e Allan entraram na sala e se sentaram no lugar de costume, Blake lançou um lugar confuso a Josh, mas logo voltou a conversar com Allan sobre qualquer coisa. Melanie foi quem entrou logo depois, ela também lançou um olhar confuso a Josh, mas, sorriu logo em seguida e se sentou ao lado de Blake e Allan que estavam mais a frente.

O restante do período foi calmo, Liesel passou uma aula teórica e eles ficaram o tempo todo fazendo anotações no pergaminho.

- Gostei de passar a aula com você. – comentou Sarah depois que já saiam da sala de poções.

- Eu também, você é bem inteligente. – disse Josh.

- Eu não falo da matéria, mas... da companhia. – disse ela corando. – Er... eu tenho que ir... vamos Lana – disse Sarah puxando a amiga que estava ao seu lado pelo braço.

Josh observou Sarah e Lana desaparecer por entre os alunos, seria tão fácil gostar dela...

- Josh espera! – ele ouviu a voz de Melanie soar atrás dele, quando se virou viu a amiga se despedir de Blake com um beijo e logo em seguida ela correu em direção a ele – Vai aonde?

- Eu ia ao jardim. – disse ele desanimado.

- Podemos conversar?

- Você não precisa pedir. – disse Josh, a garota sorriu e o acompanhou até um banco que ficava em baixo de uma árvore no jardim da escola.

- E então... – começou Melanie observando as folhas caindo na grama – Porque você não quis se sentar comigo hoje? Quero dizer... eu vou entender se você fez isso para se aproximar da Potter.

- Eu pensei que você fosse querer se sentar com o... seu namorado. – disse ele com dificuldade.

- Mas por que você pensou isso? – perguntou ela pasma – Blake e eu sentados juntos em Poções? Isso é loucura! Vamos acabar explodindo metade da escola. – Melanie pegou na mão de Josh e o olhou no fundo dos olhos – Eu não falo por causa das notas Josh, mas, porque você é meu melhor amigo e nenhum namorado que eu tiver vai mudar isso, eu não quero me afastar de você.

- Eu também não quero me afastar de você, princesa. – disse Josh puxando Melanie mais pra perto de si e beijando o topo de sua cabeça. – Me desculpe, eu entendi errado.

- Mas não faria mal você se aproximar da Sarah.

***

- Pode entrar Sr. Zegers. – disse a Profª Trelawney quando ouviu alguém bater na porta.

- Como sabia que era eu? – perguntou Blake quando entrou e fechando a porta em seguida.

- Eu esperava a sua visita mais cedo ou mais tarde, Sr. Zegers. – disse ela com sua voz calma.

- Porque esperava a minha visita? – perguntou ele incomodado com o forte cheiro de incenso na sala.

- Me diga o senhor. – disse ela oferecendo um dos pufes para que ele pudesse se sentar – Foi o senhor quem me procurou.

Blake ficou calado enquanto a professora esperava pacientemente que ele se manifestasse, mas, isso não aconteceu.

- Deixe-me ajudá-lo Sr. Zegers. – disse ela o encarando com os seus grandes olhos – O que viu na bola de cristal?

- Uma coisa pessoal e que não é da sua conta. – disse ele bruscamente.

- Para uma pessoa que precisa da minha ajuda, o senhor tem uma língua bem ferina. – disse ela sem alterar o seu tom de voz.

- Eu não preciso da sua ajuda.

- Então porque veio? – perguntou ela – Eu conheço bem cada aluno que tenho e que tive, eu sei dos apelidos que me colocavam, muitos sempre acharam que eu não passava de uma farsa, Sr. Zegers. Mas sabe, eu nunca me importei, eu sei bem quem sou e pelo jeito o senhor também sabe, porque eu invés de ir procurar ajuda do diretor, o senhor está na minha sala. Então vamos parar de perder tempo e diga o que quer.

Blake respirou fundo e resolveu falar, ele não havia ido até lá à toa.

- O que eu posso fazer para uma visão não acontecer? – ele perguntou de uma vez só.

- Não se pode impedir uma visão de acontecer. – ela explicou.

- Porque não? – Blake perguntou angustiado.

- Porque simplesmente uma visão é uma dose do que já está predestinado. – disse a Profª Trelawney. – Não importa a forma como as coisas vão acontecer, mas, o final é sempre o mesmo.

- Então eu não tenho escolha. – disse Blake pra ele mesmo. – Posso pedir que me coloque com outra dupla?

- Eu não escolho as duplas Sr. Zegers.

- Pode dizer que abriu uma exceção. – disse Blake cansado – Não posso ficar sentado com ela, vendo o que vejo nas suas aulas.

- Que tragédia te espera Blake? – perguntou a Profª Tralawney preocupada.

- A tragédia maior será quem eu vou perder. – disse Blake se levantando – O resto não me importa – Ao dizer isso ele saiu.

Blake desceu as escadas da sala de Adivinhação com o intuito de ir para o salão comunal da Sonserina. Pensar no que pode acontecer mais pra frente, o deixava deprimido e saber que não poderia fazer nada para mudar isso, o deixava fraco.

- Blake! – ele ouviu a voz de Melanie o chamando – O que foi? Está fugindo de mim?

- Não, loirinha. Por quê? – perguntou forçando um sorriso.

- Te chamei cinco vezes. – disse ela dando um beijo nele – O que aconteceu?

- Nada.

- Blake... seus olhos estão vermelhos. – disse Melanie preocupada – Você estava chorando?

- Não... é só... bom eu estava na sala da Profª Trelawney. – explicou ele – O incenso me deixa assim.

- Sério? Eu nunca reparei. – disse Melanie desconfiada – Mas o que você foi fazer lá?

- Eu... não me lembro onde deixei meu livro de Adivinhação. – disse ele – Fui ver se esqueci lá.

- Entendi. – disse Melanie – Não se preocupe, podemos usar o meu. – disse ela com um sorriso aberto – Porque não aproveitamos o tempo juntos, antes do almoço?

- Acho uma ótima ideia. – disse Blake acariciando o seu rosto, até a visão se concretizar, ele queria aproveitar ao máximo a presença de Melanie.