O homem precisa daquilo que em si há de pior se pretende alcançar o que nele existe de melhor.

Friedrich Nietzsche

– Capítulo Dezesseis –

Fuga para o Refúgio

Depois do treino e dos gritos de Anthony, Melanie se arrastou para o vestiário juntos com os outros jogadores e tomou um banho frio. Colocou o uniforme e secou os cabelos e seguiu com Josh até o salão comunal da Sonserina para pegarem seus materiais, Melanie agradeceu por ser sexta-feira e poder descansar o final de semana.

Quando já estava descendo as escadas do dormitório para sair da sala comum, encontrou a pessoa que ela mais ansiava por ver na noite passada. Blake segurava sua mochila e olhava ansioso para a garota.

- Estava te esperando para irmos juntos, para a aula de Adivinhação. – disse Blake com um grande sorriso.

- Ah! Obrigada. – disse Melanie – Achei que tivesse sido sequestrado.

- Sequestrado? – disse Blake arqueado à sobrancelha – E porque isso?

- Nada é que... você não apareceu ontem. – disse ela saindo do salão comunal acompanhada de Blake.

- Desculpe, eu devia ter te avisado. – disse Blake sem jeito – Eu tava num bar de blues e jazz em Hogsmeade. Fui escondido com uns amigos.

- Tudo bem. – disse Melanie meio cabisbaixa – Você não tinha mesmo obrigação de me avisar.

- Como não? – disse Blake, eles já estavam subindo em direção à torre de adivinhação. – Nós dois meio que... nos tornamos amigos não é?

- Amigos, claro. – disse Melanie se amaldiçoando mentalmente por corar nessa hora. – É que senti a sua falta.

- É...? – disse Blake de repente se sentindo leve – Por que não vem comigo amanhã? Vamos tocar lá, vai ser uma noite especial.

- Noite especial é? Eu adoraria , mas... como vamos sair? – perguntou Melanie.

- Eu saio escondido desse colégio há anos. – disse Blake – Deixa comigo, que eu resolvo.

***

- Isso não vai dar certo, isso não vai dar certo. – dizia Melanie nervosa, enquanto ela, Blake e Allan andavam escondidos pelos corredores do castelo.

- Relaxa Mel. – dizia Blake divertido – Nós fazemos isso desde sempre.

- Eu disse que não era uma boa ideia trazê-la – dizia Allan aborrecido – Se o zelador nos encontrar já era.

- Obrigada pela parte que me toca Allan. – disse Melanie irritada.

- Não me leve a mal Melanie. – disse Allan – Mas não podemos perder uma das únicas oportunidades que temos de tocar.

- Ok. – disse Melanie – Eu vou ficar quietinha.

Eles continuaram caminhando em silêncio até chegar perto da estátua da bruxa de um olho só, quando de repente alguém saiu das sombras.

- Vocês demoraram. – disse um garoto que aparentava ter uns dezessete anos, ele era alto, de cabelos escuros e olhos azuis, ele como Blake e Allan carregava um instrumento pendurado nas costas.

- Foi mal Matt. Mel esse é Matt nosso baixista, ele é da Corvinal – disse Blake puxando a varinha e apontando para a estátua da bruxa – Dissendium!

Imediatamente, a corcunda da estátua se abriu o suficiente para que entrassem, Melanie olhou apreensiva para os outros três, ninguém parecia em pânico, somente ela. Se sua mãe soubesse...

- Blake, eu achei que as regras fossem, pegar garotas do bar e não levá-las até ele. – disse Matthew aborrecido.

- Mel é minha amiga Matt. – disse Blake entediado – Larga de ser tosco.

- Seus amigos são uma simpatia Blake. – disse Melanie sarcástica.

- Ok, foi mal. Primeiro as damas. – disse Matthew fazendo uma curvatura exagerada.

- Para de amedrontá-la Matt. – disse Allan girando os olhos – Já estamos atrasados.

Allan entrou no espaço da estátua, seguido de Melanie, Matt e Blake, o lugar estava escuro e pelo jeito estreito.

- Lumus. – disseram Blake e Matthew.

Melanie pôde enxergar, o lugar era uma passagem bem apertada, baixa e cheia de terra.

- Por aqui. – disse Blake puxando Melanie pela mão.

Eles seguiram durante alguns minutos pela passagem até encontrarem uma escada na qual começaram a subir, Allan que estava na frente abriu uma portinhola no final da escada e passou por ela. Melanie o seguiu apreensiva, e quando se deu conta estavam dentro da Dedos de Mel.

- Eu nunca imaginaria. – disse Melanie em voz baixa – Mas como vamos sair? Dá pra usar Alorromora aqui?

- Não. Aqui é enfeitiçado – disse Blake naturalmente, enquanto Melanie entrava novamente em pânico. – Mas o Erick deve aparecer a qualquer momento.

Melanie não teve tempo de perguntar quem era Erick quando ela ouviu o som de uma chave virando na porta e abrindo esta em seguida.

Um rapaz alto e loiro de olhos verdes entrou no local, ele deu um sorriso ao ver os outros.

- Mel esse é o Erick, irmão do Allan. – Blake apresentou – Ele mora aqui em Hogsmeade e é o nosso baterista.

- Muito prazer. – disse Melanie estendendo a mão para o rapaz que retribuiu com um aperto.

- Você é a nova integrante da banda e eu não estou sabendo? – disse Erick com um sorrisinho.

- Ela é a minha amiga Erick. – disse Blake puxando Melanie pela cintura para a saída.

- Como vocês têm a chave daqui? – perguntou Melanie enquanto todos saiam da doceria e Erick a trancava novamente.

- Erick é amigo da filha dos donos. – explicou Blake – Então ela empresta a chave quando a gente precisa.

Melanie assentiu e eles começaram a caminhar pela calçada, embora, Melanie se sentisse bem ao lado de Blake, ela estava morrendo de medo de ser pega, e se ela fosse expulsa da escola, com certeza sua mãe a mataria.

- É aqui, conheça o meu refúgio. – disse Blake parando em frente a uma porta de madeira – Bem vinda ao “Alternative Soul”.