Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 50
Por nós dois


Notas iniciais do capítulo

Vocês pensaram que eu não ia aparecer por aqui hoje né?!
Foi mal ter perdido a postagem de domingo passado, mas foi o dia de passar com o meu velho, né?

Então, ainda naquela saga de postar todo domingo, até conseguir terminar a fic.

Espero que gostem!



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— Ok, muito obrigado, Dale.

Gil desconectou o telefone e o pôs no bolso da calça. Inalou profundamente e deixou sair o ar lentamente, para se acalmar, e só depois se virou para falar com os amigos. O grupo se reunira na sala do apartamento, esperando para saber notícias do amigo de Gil.

—Falei agora com o médico da equipe. Assim que soube do acidente ele foi até o hospital.

—Mas e o Ian, Gil, como está?- Warrick quis saber.

—Ele ainda não tem notícias. Os médicos o levaram para a cirurgia. Mas ao que parece o caso dele não é muito bom.

Então Gil explicou o que houve. Disse que o jogador fora buscar seu irmão em uma festa na casa de um amigo, no bairro de Summerlin. O acidente ocorreu no percurso da volta, quando eles atravessavam o sinal em um cruzamento. Ao que tudo indicava, o carro que colidiu com o de Ian avançara o sinal vermelho e batera com força, bem do lado do motorista.

— Que merda!- Nick exclamou- mas e o irmão dele, também se feriu?

— Sim, mas como o impacto foi do lado direito ele não se feriu tanto. Mas deve ficar sob observação no hospital.

Os jovens ficaram em silêncio por um tempo, cada um absorvendo a informação.

—Você quer carona para ir visitá-lo, Gil? Eu posso te levar- Warrick quebrou o silêncio. De todos os presentes, ele era o que mais tinha contato com Ian.

—Não, cara. Obrigado por oferecer, mas o Dale falou que não tem porque ficarmos no hospital. Eles não sabem quanto tempo a cirurgia vai durar, e a família já está lá.

—Ok.

—Bem... eu vou me deitar... tentar dormir um pouco...

E se foi dali sem esperar mais nada. Sabia que não conseguiria dormir, mas queria ficar sozinho para poder assimilar aquela terrível notícia. Trancou a porta de seu quarto e se jogou de roupa e tudo na cama. O desconforto que sentiu em uma das nádegas o alertou para a presença de seu celular. Foi quando o jovem retirou o objeto do bolso que viu a mensagem brilhar na tela. Ele devia ao menos uma explicação para Sara antes de se desconectar do mundo. 

*********************************************************

O prédio onde se localizava o Laboratório de Criminalística de Las Vegas já tivera incontáveis vezes sua entrada tomada de carros, repórteres e cidadãos preocupados. Logo, para qualquer veterano aquela imagem de um mar de gente não era impressionante, e sim um fator de irritação.

Para Sara Sidle, era uma novidade tentar transitar no meio de tanta gente sedenta de informações. De cabeça baixa e o mais rápido que pode, tentou furar caminho sem chamar muita atenção para si.

—Ei, cuidado!- exclamou quando um cinegrafista quase acertou nela com seu pesado equipamento.

Assim que se aproximou da porta foi ajudada por um dos policiais que guardavam a entrada. Foi somente quando já estava dentro do prédio que pode respirar. Passando pela recepcionista com um sorriso no rosto, a perita foi logo se encaminhando para a sala de descanso à procura de algum de seus colegas. Queria muito saber o motivo daquela algazarra do lado de fora.

Ao chegar a sala de descanso, encontrou somente metade de seus colegas de turno. Estavam lá os peritos Brody Nelson e Raven Ramirez. O primeiro era novato, assim como ela, enquanto Raven acabara de ingressar no nível 2 da carreira. Além deles também estava na sala Conrad Ecklie, perito do turno noturno.

—Bom dia! - Sara cumprimentou os colegas e foi até a bancada em busca de uma caneca de café.

—Dia, Sara. Conseguiu passar inteira pela loucura lá de fora? - Brody perguntou do sofá que ocupava com Raven.

—Por pouco, sim- a morena brincou- Mas alguém sabe me explicar que loucura é essa?

Raven e Brody trocaram olhares e a perita respondeu.

—Pergunte a quem sabe, não é Conrad?

O CSI revirou os olhos e rebateu.

—A senhorita sabe muito bem que não posso comentar casos em andamento.

—Qual é, Ecklie, somos colegas! - Interveio Brody- Não queremos os detalhes sórdidos, somente uma ideia do que está acontecendo.

Ecklie nada respondeu, somente continuou a folhear o jornal em sua mão. Os outros peritos continuaram o encarando, mas nada disso parecia mexer com ele. Somente quando o homem dobrou o jornal e o colocou em cima da mesa que falou:

—Tá legal, somente os fatos. Vocês ficaram sabendo que aquele ator famoso, Tom Havilland, estava passando por Vegas pela estreia de seu filme, certo? Pois bem, a segurança do hotel nos chamou, pois encontraram um corpo de uma mulher bem no quarto dele. E como se não bastasse, recebemos também um chamado de um acidente de carro com uma celebridade local. A imprensa está em cima da gente para resolvermos logo isso...- Ecklie terminou em um tom cansado.

 O turno noturno era o mais movimentado do laboratório, e era frequente ver seus peritos dobrando turno após turno para solucionar os casos. Sara conseguia imaginar a loucura que não fora aquela noite para eles, mas não pode deixar de se ressentir com o tom usado por Ecklie para se referir ao acidente de Ian. O perito, por sua vez, notou a cara de desaprovação da morena.

—Ah, Sara. Sinto muito... esqueci que você conhece a vítima.

—Tudo bem, Ecklie...

—Quem é?- quis saber Raven.

—O 1° batedor dos Devils... companheiro de equipe do namorado dela- Ecklie apontou para Sara.

—Parece que você fez bem a sua pesquisa...- Sara respondeu, insatisfeita com a revelação de Ecklie. Detestava falar de sua vida pessoal no trabalho.

—Além de ser o meu trabalho, minha cara...- o perito levantou da cadeira e a pôs no lugar – Mas se você não quer ser notícia é melhor que não fique andando com alguém que está sempre estampando capa de revista. Bom, tenho que ir ver se o laboratório de A/V já terminou com o vídeo. Com licença.

Os outros três peritos ficaram a olhar o sujeito sair da sala.

—Mas que babaca! - Brody deixou escapar. Notara logo que o colega estava alfinetando Sara por algum motivo, e não gostara nada do jeito dele.

—Deixa para lá, Brody. Talvez perder umas noites de sonho tenha afetado a cabeça dele.

—De Ecklie? - Foi Raven quem falou- Não, ele é assim mesmo. Todo cheio de si. É o braço direito do dr. Gerard no noturno, e por conta disso vive se achando.

O assunto foi encerrado com a chegada de Avery Ryan, a chefe do turno diurno, Daniel Krummitz e Elijah Mundo, ambos CSI nível 3, completando a equipe.

—Pessoal, desculpem a demora. Fiquei presa em uma reunião. O laboratório está uma loucura com dois casos prioritários na mesma noite. O Diretor-Geral me pediu para assumir as rédeas na investigação do acidente de carro com um senhor Ian Mcmillan...- Avery arrastou a fala e olhou para Sara – Fomos informados de que você conhece a vítima, Sara. Sinto muito, mas não poderei te colocar neste caso.

—Eu entendo, Avery. Mas eu poderia ao menos saber o que está acontecendo? Até onde eu saiba foi um acidente...

Avery sentou na cadeira de cabeceira, colocou os papéis a sua frente, suspirou e começou a ler o relatório policial.

—Sim... o sr Mcmillan estava dirigindo pela Rua Cornwell, quando parou no sinal no cruzamento com a Parker... como os senhores bem sabem, aquele cruzamento é um local usual para os que gostam fazer certas competições... rachas. A equipe que esteve no local encontrou três marcas distintas de freadas na cena de crime. A dos carros acidentados e mais um. Testemunhas dizem que havia um sedan preto no local, mas o motorista não parou para prestar ajuda- Avery tirou os olhos do papel e encarou Sara – No momento estamos puxando alguns vídeos do local e pedindo informações do DMV sobre a atividade dos sinais de trânsito. Seu amigo saiu de cirurgia, mas se encontra na UTI. E é isso que posso te dizer, Sara. Novamente, sinto muito.

O grupo também expressou seus sentimentos a Sara e logo se dividiram em seus afazeres.

—Ei, Sara- Elijah chamou a garota antes de ela sair da sala- Nós faremos o possível para trazer justiça a seu amigo.

—Obrigada, isso significa muito.

**********************************************************

— Então eles acham que foi criminoso? Não foi culpa do Ian?

Gil foi buscar a namorada no trabalho e no momento dirigia até a casa dela. Nana o havia convidado para jantar com eles aquela noite quando soube do acidente do colega de Gil.

—Pelo que o Elijah me disse, foi o que entendi.

Assim que entrou no carro, Sara tratou de informar a Gil tudo o que sabia sobre o caso do amigo, o que não era muito.

— Eu me surpreenderia se fosse o contrário. Digo, Ian me disse que só estava dando carona para o irmão essa semana porque o menino perdeu o direito de dirigir. Parece que a mãe deles descobriu que o garoto tava bebendo e dirigindo.

—Quantos anos ele tem mesmo?- Sara ficou surpresa com a informação.

—17. Ele deve estar se sentindo péssimo...Eu gostaria que Philip estivesse dirigindo esse caso...

—Gil, a Avery é tão competente quanto seu mentor- Sara defendeu a chefe

—Desculpe, honey... eu sei disso... é só que...

—O Ian é seu amigo e você quer os melhores trabalhando no caso, eu entendo.

—Eu gostaria que você estivesse na equipe, ao menos- Gil comentou, tentando agradar a namorada.

Sara olhou para o namorado e balançou a cabeça, mas não pode comentar mais nada pois chegaram à casa de seus avós.

Nana apareceu da cozinha assim que Sara abriu a porta e veio ao encontro do casal com um sorriso no rosto. Cumprimentou primeiro a Gil, falando rente ao ouvido do moço que sentia muito pelo acidente, mas que seu amigo ficaria bem, pois tinha um espírito forte. Àquela altura o jovem já estava acostumando com essas falas de Nana e até se surpreendeu ao sentir-se aliviado por ter ouvido aquilo.

— A senhora precisa de ajuda?- Sara perguntou a avó assim que a senhora a abraçou.

—Não, minha querida. Vá trocar de roupas, só precisamos esperar seu primo chegar, e adivinhe? - Nana parou teatralmente, com um enorme sorriso no rosto- Ele perguntou se poderia trazer uma companhia para jantar!

A senhora riu e deu mais um abraço na neta. Sara também riu com o entusiasmo da senhora, e dos braços da avó pode ver que Gil também parecia muito feliz com a notícia. Estranhou.

Nana largou Sara e foi logo para a cozinha terminar de preparar o jantar. Sara levou seu namorado até seu quarto e assim que chegou lá o interrogou.

—Posso saber o porquê desse seu sorriso?

—Hã? Não posso estar feliz?

—Claro que pode, mas é que eu nunca pensei que você fosse gostar tanto de saber que meu primo pode estar namorando.

— E o que tem para não gostar, Sara? Se ele namora, ele fica feliz e começa a achar novas coisas para obcecar! - o sorriso não saiu do rosto de Gil enquanto ele falava, e ao final o jovem se jogou na cama da namorada.

—Quando vocês dois vão parar de implicar um com o outro, hein?- Sara perguntou, ainda que conformada com a situação.

—Ele quem começou- foi a resposta juvenil de seu namorado, fazendo com que Sara levantasse as mãos para o alto e seguisse até seu armário para buscar uma muda de roupa- Mas e aí, você acha que sua avó tem razão?

—Hã?- Sara fechou a gaveta do armário e começou a vasculhar os vestidos pendurados ali.

—Se ela tem razão em ficar tão feliz com a ideia de Greg estar namorando?

—Bem... eu acho que ela tem razão. Ao menos eu sei que há uma forte candidata para isso.

—Quem?- o namorado se levantou da cama e foi até ela, abraçando-a pela cintura.

—Nossa, mas você está curioso hoje! Tem passado muito tempo com Catherine, é?- Sara brincou.

Gil deu um beijo em seu ombro e outro no pescoço, só depois soltando-a.

—Não vai me contar?

Sara se virou para o namorado e o encontrou em uma pose relaxada, um dos braços na cintura e um sorriso lindo no rosto. Quem o visse não diria que era o mesmo homem com quem ela falara mais cedo naquele dia. O acidente de Ian tinha mexido muito com ele, mas no momento Gil parecia disposto a curtir o momento com ela. Após muitos meses Sara podia ver em seu namorado o homem por quem ela havia se apaixonado. Mas será que duraria muito, essa virada de página de Gil?

—Você não saberia quem é mesmo se eu contasse. Prefiro deixar acontecer e, caso eu esteja certa, te conto depois.

**********************************

No final das contas, Sara estava certa. Foi com muita alegria que ela recebeu Morgan Brody em sua casa. Ela e Greg entraram de mãos dadas, não deixando dúvidas sobre o relacionamento dos dois. Após muita festa por parte de Nana e um abraço caloroso de Papa Olaf, que havia chegado junto com o casal em casa, o grupo de dirigiu para a mesa de jantar para apreciar a comida de Nana.

Antes de começarem a comer, Nana pediu a todos que dessem as mãos para uma pequena oração. A senhora agradeceu a comida, a companhia e ainda pediu pela recuperação do amigo de Gil- fazendo o jovem ficar agradecido pelo carinho com que a senhora dispensava a ele.

Como não podia deixar de ser, a conversa no jantar se deu em volta de Morgan e Greg. O casal de idosos era muito curioso e não tinha papas na língua para perguntar sobre o novo relacionamento. Assim, eles descobriram que foi Morgan quem deu o primeiro passo- embora Sara houvesse ajudado-, que eles ensaiavam algo há meses, que a garota morava na cidade com seu irmão e era colega de Greg em algumas matérias.

A pedido de Sara, Gil resolveu passar a noite na casa enquanto Morgan foi embora. Por ter crescido em outros tempos, Papa Olfaf era conservador em relação à essas coisas de casais não casados dormirem juntos. Assim, Gil era obrigado a fazer uma cama no chão do quarto de Sara.

—Lembrem, mantenham essa porta aberta!- a cabeça de Papa apareceu entre a fresta da porta- Netos só depois do casamento!

—Sim, papa. O senhor tem a minha palavra- Gil respondeu do chão, e quando o velho desejou boa noite e saiu de sua vista, reclamou – Será que depois desse tempo todo ele não confia em mim?

—Ele acha que porque você é jovem não tem controle, e quer se aproveitar da minha inocência- Sara riu e saiu de sua cama, indo se deitar ao lado de Gil.

—E o que a senhorita está fazendo aqui?- Gil quis saber quando a namorada se aninhou nele e o beijou.

—Estou me aproveitando do meu namorado!

—Olha só a injustiça! E seu avô achando que sou eu o depravado!- Gil comentou, mas nada fez para parar o “abuso” de Sara. O casal ficou a trocar beijos por uns instantes, mas quando Gil ouviu o barulho de portas batendo em algum lugar da casa ele prontamente se separou- Honey, eu amo seus beijos, mas realmente não quero ser capado! Seu avô falou muito sério isso para estar brincando.

Papa Olaf tinha ameaçado “cortar as bolas” de Gil na primeira noite que ele dormiu ali, caso sua neta aparecesse grávida dele. Claro que o senhor falou brincando, mas Gil considerava que toda brincadeira tinha um quê de verdade nela. E ele era respeitoso demais para ofender seu anfitrião na casa dele.

— Ah, pobrezito!- Sara deu mais um beijo nele e foi se sentar em sua cama. Era por essas e outras que Sara amava o homem a sua frente. Ele podia ter os seus defeitos, mas era muito respeitoso com todos a sua volta. E quando Gil não pensava no trabalho, Sara sentia que toda a atenção dele era para ela. Pensou na conversa que tivera no dia anterior com Morgan. A loira acreditava que se havia amor, valia a pena. E ela também.

E ali, naquele momento, com seu namorado indo dormir no chão só para poder passar mais um tempo com ela, Sara compreendeu que sim... ainda havia amor ali, havia companheirismo. Gil não gostava de dormir ali, ela bem sabia, por conta de toda essa bobeira de seu avô. O homem nunca se oferecia para dormir ali, mas sempre que ela pedia ele o fazia. Por ela.

Então, por ele e pelo relacionamento deles, Sara resolveu que valia a pena aturar toda aquela separação causada pelo baseball. Ela o faria, por amor.   


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Notas finais do capítulo

Vocês reconheceram os personagens que usei para serem os colegas de Sara no trabalho? Se não, são todos de CSI-CYBER, quarto spin-of da série. Só durou duas temporadas, e teve a Patricia Arquette como personagem principal. Eu gostei bastante, e resolvi pegá-los emprestado também.

E não pude deixar de usar a versão chata do Ecklie, já que falei do laboratório.

Quanto ao relacionamento de Gil e Sara, beeem... parece que tudo vai bem, mas até quando? Veremos....



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