Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 51
Nova formação da equipe


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Gil e Sara chegaram ao Hospital Desert Palms quase no fim do horário de visitas. Sara bem que falou para que o namorado fosse sozinho, mas o jogador dissera que gostaria da companhia dela naquele momento.

O casal se identificou na portaria e subiu para o quarto na enfermaria. Ao chegar no local, encontraram Ian recostado na cama, conversando com uma senhora na casa de uns 50 anos. O jogador viu os amigos chegarem e abriu um sorriso.

—Entrem, pessoal- ele falou suavemente.

Mesmo acostumada a ver pessoas acidentadas, algumas melhores e outras bem piores, era sempre incomodo ver um amigo seu todo machucado. Ian tinha escoriações e hematomas pelo corpo inteiro, seu braço esquerdo estava envolto em uma tipoia, e ambas as pernas estavam engessadas.

—Não se assustem, a minha situação é melhor do que parece. Eles têm umas drogas boas aqui!

Dito isso, o casal se aproximou enquanto a mulher ao lado de Ian brigou com ele.

—Não fale assim ou vão pensar que é viciado!

—Mãe!- Ian riu de sua mãe- Eles me conhecem, já sabem o que eu uso- ao olhar feio da senhora ele emendou – ou não uso! Mãe, esses são Gil e Sara. Pessoal, a dona Ivone aqui é minha mãe.

A senhora se levantou e cumprimentou os dois. Aproveitando que o filho tinha visitas ela resolveu descer para comer alguma coisa.

—E aí, cara- Gil chegou mais perto do amigo e perguntou- Como está, realmente? - Grissom imaginara que a atitude brincalhona de Ian era em virtude da mãe, para não a preocupar. Seria a cara de Ian fazer isso.

—Eu falei sério sobre as drogas, Gil. Elas são das boas, não sinto nada.

—Como foi a cirurgia, Ian? Os médicos te disseram alguma coisa?

Sara quis saber. Ela ouvira de Grissom o que os médicos dos Devils disseram, que o risco de lesões como as de Ian era alto. Se os nervos das pernas ou da coluna fossem danificados, bem, seria adeus à carreira de jogador para ele. Mas isso quem saberia seriam somente os médicos que o operaram. E a julgar pela tranquilidade do amigo, as notícias deviam ser boas.

—Segundo eles ainda é cedo para falar. Por causa do dano e da cirurgia, minhas pernas ainda estão inchadas e , com os remédios eu também não sinto nada. Disseram que colocaram o que podiam no lugar, mas que há uma preocupação com os ligamentos do joelho... mas isso vai se resolver, e eu estarei de volta a campo em breve, não se preocupem.

Aquela última parte parecia mais coisa dele do que o médico falando, mas o casal deixou quieto. Eles não puderam ficar muito tempo, e quando saíram foram para o apartamento de Gil. No caminho trocaram suas ideias sobre o que viram no hospital

—Eu achei ele bem... não imaginei que fosse ser assim- Sara comentou.

—Para cima, você quer dizer? É a cara dele. Eu juro, nunca o vi tendo um mal dia.

—Mas era de se esperar que ele estivesse mais... não sei... ele parece tão confiante e, olhando para o caso dele não sei como ele consegue.

—Entendo o que você quer dizer. Mas ele acabou de sair da cirurgia. Ele deve estar grato por ele e o irmão ainda estarem vivos. Ainda não deu tempo para ele assimilar tudo o que aconteceu.

—Verdade... mas eu espero que as coisas não sejam tão ruins quanto o que parece.

—Eu também, honey... eu também.

******************************BATTERUP******************************

CT dos Devils, pela manhã

—Ok, pessoal, chega de algazarra! Reunião na sala de operações táticas em cinco minutos.

Sala de operações táticas era como William chamava o quartinho com uma tv velha, um aparelho de DVD seminovo e um quadro branco. Mal cabiam todos os jogadores e o técnico ali, mas aquilo nunca importava para Will.

Os jogadores foram um a um terminando de se arrumar e seguindo rapidamente para a sala. Eles tiveram o dia anterior de folga, em respeito ao que houve com o colega deles, mas não poderiam se dar ao luxo de perder mais um dia.

—Bom, todos aqui? - pergunta retórica do treinador- Certo, não vou fazer suspense, vocês sabem o que houve com nosso capitão, sabem que ele está em recuperação. O que não sabem é que ele vai ficar de molho por um tempo, e até lá precisaremos trabalhar duro para compensar a falta que ele fará.

—Senhor, o McMillan poderá voltar a jogar?- um dos jogadores fez a pergunta que pairava na cabeça de todos.

William ao mesmo tempo temia e esperava tal interrogação. E ele preparou uma resposta que julgou ser a melhor no momento.

—Bem, senhores. O acidente foi grave. Ele ficou preso pelas pernas no carro, o que causou muitos danos. Exames de imagem mostraram que a coluna não foi afetada pelo impacto, mas as pernas são outra estória. Ele vai demorar a se recuperar- talvez nem isso acontecesse, William sabia. Havia ferimentos que eram fatais para jogado­­res. Ele mesmo era prova disso e com certeza muitos daqueles garotos também o sabiam. Seu olhar recaiu no filho e ele pode ver o entendimento estampado na cara dele- Mas a recuperação dele está fora de nossas mãos. Tudo o que podemos fazer é rezar, dar apoio para ele e também darmos o nosso melhor em campo.

O grupo acatou a resposta e William pode ouvir um murmurinho de aceitação vindo deles. Ele os deixou conversar um momento e depois chamou novamente a atenção para si.

—Agora, precisamos resolver as questões práticas primeiro. Precisamos de alguém para ocupar seu lugar até ele voltar. Grissom já é o segundo batedor, então é natural que ele assuma a posição de Ian. Sr. Lambert, o senhor fica na segunda posição e assim por diante...

— E por que ele tem que ser o primeiro? Isso me cheira a favoritismo- reclamou Dean, o que fez com que todas as cabeças se virassem para ele.

William ficou uns segundos sem saber o que falar, surpreso com a atitude do jogador.

—Não entendo sua acusação, Dean. Grissom tem jogado como segundo batedor desde que entrou no clube, isso com outro técnico. Se você acha que está sendo preterido já devia ter reclamado faz tempo...

—Com todo o respeito, senhor, mas eu jogo tão bem quanto ele. Acho que mereço uma chance de ser o primeiro em campo.

—Isso veremos no decorrer das partidas. É natural que o segundo jogador assuma a posição, e Gil levou mais pontos que o senhor nas últimas partidas, então as métricas estão do lado dele. Caso o senhor consiga fazer melhor, poderá assumir a posição. Isso até o Ian voltar.

Dean ficou com cara de quem comeu e não gostou, mas não podia contestar o que o técnico falou. William o encarou por um instante e, como o jogador ficou calado, virou-se para o resto do grupo:

—Mais alguém está incomodado com o jeito que eu conduzo a equipe?- como ninguém se pronunciou ele continuou- Certo, então nos resta decidir o capitão.  Como o sr. Lambert fez questão de lembrar, todos os senhores são bem capazes em suas posições. Como líder não tenho como saber. Estou aqui a pouco tempo e por isso faço uma sugestão. O posto de capitão vai ficar em rodízio... veremos quem tem o que é preciso para me ajudar a liderar o time até nosso capitão voltar. Alguém tem um problema com isso? Não, então quem quer ser o primeiro?

William perguntou, embora já soubesse quem iria se voluntariar. Não deu outra e Dean tomou a iniciativa. Gil teve que se esforçar para não deixar transparecer sua raiva. Além de tudo, teria que aturara aquele ser lhe dando ordens...

—Gil, vamos?- William o chamou quando viu que o garoto ficou para trás.

—Não tenho outra escolha, tenho?

William balançou a cabeça em negativa e ele e seu filho foram se encontrar com o resto dos jogadores para iniciar o treino.

***********************BATTERUP*************************

Para uma primeira experiência com um capitão que fazia questão de mostrar sua raiva para com ele, Gil acreditou que o treino não fora de todo ruim. Dean simplesmente ignorou a presença de Gil, somente falando com ele quando estritamente necessário. Gil se perguntou se seu pai percebia tal fato, mas diante do ocorrido naquela manhã imaginou que o velho estivesse tentando se resguardar.

—Ei, Gil!- o jogador levantou a cabeça e viu D.B. se aproximar dele, já pronto para sair- Estava pensando em ir visitar o Ian hoje, você me acompanha?

—Sim, só preciso tomar um banho- Gil se levantou do banco do vestiário e abriu a porta de seu armário- Não demoro.

Uns 20 minutos mais tarde os dois amigos andavam trocando impressões sobre o treino quando Gil ouviu novamente alguém o chamar pelo nome. Quando ele se virou não pode evitar o sorriso que tomou seus lábios.

—Ora, se não é Heather Kessler!

—Eu mesma!- a morena chegou mais perto dos dois amigos e deu um abraço caloroso em Gil, sendo prontamente abraçada de volta- Sabia que te encontraria por aqui!

Gil se separou da amiga e respondeu.

—É meio óbvio, não é? Mas o que a senhorita faz aqui?

—Aham!- D.B. achou por bem lembrar aos dois de sua presença ali.

—Ah, D.B. essa aqui é a Heather, nós somos amigos de faculdade.

—Prazer, senhorita- D.B. pegou a mão da morena e lhe beijou o dorso- Então fizeram Biologia juntos?

—Não, eu fiz Fisioterapia. Fizemos umas matérias em comum, entretanto. Mas não diria que fomos simples amigos...

Heather alfinetou e Gil ficou vermelho com a insinuação. D.B. sorriu ante a coragem da moça em falar tão candidamente sobre um antigo relacionamento para um completo estranho.

—Bem... isso não vem ao caso- completou Gil – Nós sempre fomos melhores como amigos do que como...humm

—Isso é verdade- Heather concordou – E ainda é muito fácil te constranger, pelo visto...

—Ah, isto é!- D.B. afirmou, recebendo do amigo um olhar fulminante- Tá vendo, só? Já o fiz- apontando para Gil e arrancando risos de Heather.

—Ok, ok... vocês venceram!- Gil foi logo mudando de assunto, antes que os dois pudessem o sacanear ainda mais – Mas me conta, o que faz aqui?

—Em Vegas ou aqui nos Devils?

—Nos dois, se não for muito perguntar.

—Bem, eu vim a Las Vegas para tratar de...um negócio em particular... mas como tal negócio vai demorar para dar frutos, comecei a buscar trabalho como fisioterapeuta. Uma das empresas que responderam foram o seu time. E bem, comecei hoje.

—Que bom! Fico feliz por você!

—Você já está de saída? Podemos parar em algum restaurante para jantar e colocar a conversa em dia.

—Ah... eu adoraria Heather, mas...combinei com D.B. de visitar um amigo no hospital...

—Fique sabendo disso...uma tragédia.

—Olha, Gil, se quiser ir com sua amiga não tem problema, afinal você já viu o Ian ontem, não é mesmo?

Gil afirmou com um aceno de cabeça e logo D.B. se despediu dos dois.

—Então- Heather comentou enquanto estendia o braço para Gil- Você que já está em casa, leve-me em um lugar legal para conversarmos.

Assim Gil o fez, sem nem pensar em avisar a sua namorada que não iria direto para casa.


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