Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 46
Propostas inusitadas


Notas iniciais do capítulo

Olá! Sim, não é ilusão! Ainda há folego em Batter Up, e nós vamos terminar isso aqui,promessa.

Espero que ainda estejam curtindo a fic.

Boa leitura!



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Las Vegas era uma cidade conhecida por seu intenso brilho durante todo o ano, graças a Strip e aos cassinos e suas luzes de neon, o que tornava impossível para um morador da cidade ver estrelas da varanda de sua casa. Mas esse brilho todo atingia proporções caóticas quando dezembro chegava, com suas luzes pisca-pisca e a mania das pessoas em querer enfeitar suas casas com renas, papais noel e quaisquer outros objetos que poluíam as ruas residenciais.

Apesar de seu desgosto pela decoração deplorável dos seus vizinhos, Gil gostava das festas de Natal. Quando criança, passou muitos Natais agradáveis com os pais, e quando seu velho abandonou a família, o Natal serviu como uma espécie de recomeço para ele e sua mãe. Mas esse ano, Gil não estava muito no clima de comemorar. Isso porque sua mãe decidiu não mais seguir a tradição de tantos anos, realizando a festa em sua casa. Não, a senhora havia perguntado a Gil, ainda no Dia de Ações de Graças, se ela podia ir passar as festas em Vegas. Sem saber como dizer não a sua progenitora, Gil acabou aceitando a ideia, mas não gostara nenhum pouco. A contragosto, Gil pediu a Sara que o ajudasse a arrumar o apartamento dos meninos para receber sua mãe. A casa ficaria só para ele, já que seus amigos iriam visitar suas famílias durante as festas.

O único motivo para Gil ter aturado as compras de Natal foi ter a companhia de Sara. A morena , sabendo da contrariedade de Gil em passar as festas em Vegas, fez todo um planejamento para evitar ao máximo possíveis problemas. Por isso, os dois acordaram cedo na primeira semana de dezembro e se dirigiram ao shopping para aproveitar as primeiras horas de compra....assim como metade de Vegas, foi o que Gil pensou ao se deparar com uma multidão de gente no shopping.

— Será possível que ninguém tem trabalho a fazer no meio da semana!- Gil exclamou certa hora, indignado por mais uma vez ter sofrido um empurrão de uma pessoa carregada de sacolas de compra.

Sara riu com o comentário do namorado e o puxou para um canto menos conturbado do shopping.

—Vem cá, meu bebezão!- ela brincou com Gil e o puxou para um beijo rápido- Estamos quase acabando, só precisamos achar um presente para sua mãe.

—Mas eu já comprei o dela!

— Pois eu ainda não! Vamos, Gil. Eu sei a coisa perfeita, e depois nós podemos parar naquele restaurante mexicano que você tanto gosta.

Com a promessa de terminar aquele inferno com uma boa cerveja e comida mexicana, Gil se aquietou e foi atrás da na namorada.

No fim, Gil teve que admitir. Todo aquele trabalho valera a pena. O apartamento agora tinha um ar festivo, e o cheiro do pinheiro de Natal o transportou para aquela alegria que sentia aquela época do ano. Apesar de ele não poder manter as tradições que tinha com a mãe, ele teve certeza que podia criar novas com a mulher a seu lado. Após ver Sara pendurar o último quebra-nozes na árvore, Gil se aproximou dela com os braços escondidos nas costas.

—Acho que você se esqueceu de um enfeite...

Sara correu o olhar pela sala mas não vendo nenhum item esquecido ela se virou para o namorado, que de repente segurava bem acima de sua cabeça o tal enfeite esquecido.

—Não me lembro de ter comprado um visgo...

—Bem... é Natal... uma época mágica- ele foi se aproximando da namorada, ficando com o rosto a milímetros do dela, o visgo ainda seguro por sobre a cabeça dos dois- provavelmente ele brotou nas nossas coisas...talvez um presente antecipado do bom e velho Noel.

Sara riu com o jeito brincalhão do namorado.

—Poxa, mas não há mais espaço na nossa decoração de Natal!

—Honey, não podemos devolver esse presente... que tal se colocarmos ele em um lugar em que possamos fazer bom uso dele... tipo na cabeceira da minha cama?

—Hummm, talvez... mas primeiro precisamos testar para ver se ele está em perfeito funcionamento.

—Eu amo o jeito que você pensa!

E sem esperar mais nada, Gil beijou a namorada. Afinal, não se podia mesmo quebrar a tradição de trocar um beijo de baixo de um visgo. Aquele beijo seria o início para uma sessão de amor, não fosse o barulho da campainha assustando o casal.

—Honey... se não fizermos barulho quem quer que seja vai embora- Gil sussurrou, não se separando um instante da mulher. Sara estava na mesma vibe do namorado, e por isso voltou a beijá-lo, mas logo perdeu o interesse ao ouvir o choro inconfundível de sua afilhada do outro lado da porta.

Gil pediu para que Sara abrisse a porta para os recém-chegados enquanto ele ia no banheiro tentar se acalmar um pouco. Logo quando voltou viu Sara com o bebê no colo e sua amiga Catherine muito bem acomodada no sofá. Os velhos amigos trocaram um cumprimento e logo Catherine comentou com Gil sobre a qualidade da arrumação da casa.

—Eu prefiro muito mais isso aqui do que o que a dona Lily fez lá em casa. Sério, não sei da onde ela tirou tantos enfeites, e torço para que alguns deles não traumatizem a Linds no primeiro natal dela!

—Não pode ser tão mal assim, Cath. Afinal, sua mãe sempre teve bom gosto-  comentou Gil.

—Há, você diz isso por que não viu as coisas horríveis que ela me colocava para vestir quando era criança! Não gosto nem de lembrar!

— Bom, em defesa de Lily, a moda era bem esquisita naquela época...- ponderou Gil.

Catherine balançou a cabeça e completou:

—Ainda vou entender essa sua mania de defender a minha mãe, Gilbert... E falando em mães... isso tudo aqui é em benefício da senhora Grissom, é?

— É...

Catherine e Sara trocaram olhares, ambas sem entender muito bem o porquê dele estar tão contrariado em passar o Natal em Vegas. Afinal, não era o lugar que devia importar, e sim as pessoas com quem você divide as festividades. Querendo chegar ao fundo disso, Catherine abriu a boca para perguntar, mas logo o choro de Lindsay cortou sua voz ao mesmo tempo em que seu telefone começou a tocar. Uma breve olhada no visor do celular e Catherine resmungou:

—Droga! Eu precisava mesmo atender essa ligação...

— Deixa o bebê comigo, Cath- Sara se ofereceu e a loira aceitou de bom grado.

— Deve ser a fralda. Eu dei de mamar para ela há pouco- ela avisou enquanto se dirigia à cozinha, em busca de maior privacidade para sua ligação.

—Bem, vou usar o seu quarto para essa “operação”, ok?

—Sem problemas!- Gil logo se levantou e alcançou a bolsa de bebê- Deixa  que eu te ajudo.

Desde o nascimento de Lindsay, o casal já havia trocado algumas fraldas sujas para Catherine. Os padrinhos eram muito zelosos em suas funções. E como sempre, ao ver sua namorada concentrada limpando com tanto carinho sua afilhada, Gil não podia deixar de pensar que Sara seria uma excelente mãe.

Já há um tempo ele ensaiava em tocar nesse assunto com ela, mas sempre perdia a coragem. Afinal, era uma coisa que ele mesmo queria muito- como descobriu ao ter Lindsay em seus braços. Sua namorada, por outro lado, nunca mostrara essa inclinação. E este seria um ponto importante para o futuro do relacionamento dos dois. Se ambos não quisessem o mesmo, o que isso significaria? Para Gil, sua meta de vida não poderia ser cumprida sem ter filhos, e se o futuro que Sara desejasse não incluísse filhos, bem... ele tinha certeza que amava a morena, e por isso não queria pensar nisso a fundo se fosse acabar com o relacionamento deles...

—Gilbert!

—Hã?!

Gil percebeu que deve ter dado uma voada enorme agora, pela cara de Sara.

— Você pode me passar a pomada para assaduras, por favor? E rápido, não queremos acidentes tipo “cocô à jato” novamente.

Fazendo uma careta ao se lembrar deste dia em particular, Gil prontamente achou a pomada e passou para a namorada. A morena terminou o serviço e fechou o body de Lindsay.

—Pronto, meu amor! Limpinha agora, não estamos melhor?

A bebê deu uma risada gostosa e Sara não aguentou e saiu sapecando beijos na barriga de Lindsay, o que fez a menina desatar novamente a rir. Se aquela cena fosse um presságio do que estivesse por vir, Gil estaria muito satisfeito.

—Aí estão vocês!

Catherine apareceu na porta do quarto, e logo todos foram se reunir novamente na sala. A mãe espalhou uns brinquedos pelo chão e colocou a bebê ali, deixando com que ela se divertisse à vontade, enquanto os adultos resumiam sua conversa.

—Então, Cath, conseguiu resolver o que queria?- Sara quis saber.

—Hã?

—O telefonema que atendeu? Que era importante?- a morena riu com a falta de memória da amiga.

—Isso? Ah, claro! Era um cliente prospectivo...- Catherine fez mistério.

— E ficou só na prospecção?- Gil completou, sabendo que a amiga só queria dar um efeito para a notícia.

— Mas é claro... que não? O que acha que sou, Gil? Uma empresária incapaz?!

—Longe de mim pensar assim!- Gil levou as mãos ao coração, enfatizando sua “ dor” ante a acusação de sua amiga- Eu tenho a melhor Relações Públicas de Las Vegas... mas eu achava que cuidar da minha carreira seria o suficiente para você!

Gil comentou em tom de brincadeira. Era óbvio que com o que ela ganhava com ele não dava para sustentar um marido e uma filha.

—Não vou nem te responder, Gilbert! Mas voltando ao assunto, estou engordando minha lista de clientes. Com esse mais novo cheguei a 30. Ainda é um número pequeno, mas esperem só...

O casal trocou um olhar e sorriram. Não tinham dúvidas de que Catherine fosse obter sucesso. Sempre muito obstinada, ela era o tipo de pessoa que não descansaria enquanto não conseguisse chegar em seu objetivo.

—E falando em carreiras... tenho boas novas para você, Gil- ela disse e começou a mexer em sua bolsa. Após uns segundos, retirou um papel dobrado e entregou a ele.

Abrindo o papel, Gil vira que era um e-mail. Ao ler o conteúdo dele, se surpreendeu e olhou para sua amiga com um sorriso incrédulo.

—Isso é verdade?

—Por que eu mentiria para você?

—Mas, isso é fantástico!

—Sabia que iria gostar!

—Hey! Do que estão falando?- Sara ficou curiosa e um tanto desapontada por ser esquecida nessa conversa. Mas quando Gil olhou para ela e seu sorriso diminuiu, foi aí que seu coração deu um salto.

—Honey...

—Mostre a ela, Gil...

E assim Gil passou o e-mail para Sara. A morena foi logo ao assunto e entendeu o motivo da felicidade de seu namorado. Era uma proposta para ser transferido para um grande time de Basebal de Nova York.

—Uau, amor... isso é ótimo, não é?

Claro que era ótimo para seu namorado. Mas nem tanto para o relacionamento deles, os dois sabiam. Por um lado, Gil morria de vontade de aceitar a proposta. Era um time de visibilidade maior que os Devils, e se propunham a pagar a multa de recisão de contrato de seu time. Gil nem entrou no mérito do salário, porque não era sobre isso, para ele. Aquela carta nas mãos de sua namorada era reconhecimento. Reconhecimento do trabalho e do bom desempenho dele. Gil tinha um futuro grande no esporte, e disso ele sabia. Mas ter aquela proposta era confirmação disso. E claramente, isso o poria fora do eixo de relacionamento explosivo com o pai. Era tudo o que ele mais queria.

Por outro lado...havia Sara. Aquela garota sentada a seu lado não era qualquer uma. Gil nunca se sentira tão fora do eixo por outra mulher. Ela mexia com ele de formas que ele não conseguia entender, e não queria perder, na verdade. Ele via um futuro para eles juntos, um futuro bom. O problema, ele sabia, era tentar construir um futuro com eles cada um vivendo em uma cidade.

—Você não precisa decidir isso agora. Eu falei com eles e prometeram aguardar até o fim do ano pela sua decisão. Até porque essa não foi a única que você recebeu.

—Sério? Quem mais?

—Bom, um time do Canadá e outro de Cincinnati.

—Uau... bem, por que eu não fiquei sabendo antes disso?

—Todos disseram que tentaram te ligar, mas que não atendeu...

Gil cruzou os braços e se lembrou que recebera algumas ligações de números estranhos, mas que não atendeu. Era uma mania sua, de não atender números estranhos. Talvez ele tivesse que mudar esse hábito.

—Gil, se você quer minha opinião- Catherine começou a dizer e, mais uma vez, foi interrompida por seu celular. Só que dessa vez ela fez uma careta ao notar o número- Eddie... eu preciso...

Levantou-se e atendeu o telefone enquanto ia para a cozinha mais uma vez, fechando a porta do aposento com um pouco mais de força do que o necessário.

—Essa foi estranha...- mas sua atenção foi parar em Lindsay quando o bebê começou a bater nas pernas da morena, pedindo colo. O casal então ficou brincando com ela e em pouco tempo Cath saiu da cozinha. Tinha os olhos vermelhos, mas sustentava no rosto um sorriso.

—Gente, eu preciso ir...não, Gil, não faça essa cara!- ela comentou quando viu o amigo olhar para ela de forma emburrada- Eddie e eu, nós tivemos uma briga, mas...

—Quantas brigas vocês já tiveram esse mês, hein?- Gil teve que perguntar.

—Casais brigam, Gil! Você e Sara...

—Isso não vem ao caso, Cath, e você sabe!

—Gil...- Sara colocou a mão no braço do namorado, impedindo-o de se levantar.

—Obrigada, Sara. Gil, mais tarde a gente se fala- Catherine não perdeu tempo em pegar as suas coisas e colocar Lindsay em seu colo.

—Deixa eu te ajudar, ao menos- Gil foi ao encontro da amiga, e a acompanhou até a rua , colocando-a em um táxi.

Quando voltou ao apartamento, encontrou sua namorada ainda no sofá, com o e-mail impresso que Catherine deixara para ele.

—Honey...

Sara olhou para o namorado, ainda parado bem na entrada da sala. Seus olhos brilhavam com lágrimas que ela tentava manter. Gil detestava ver sua amada chorar, e logo foi se sentar ao lado dela, passando um dos braços pelos ombros magros dela.

—Ei, Sara... você sabe que eu não preciso disso, não é?

—Não, Gil- a garota balançou a cabeça e balançou a carta que tinha em mãos- Isso é exatamente o que você queria... eu sei.

Gil não podia negar a verdade daquela frase. Apesar de estarem na Major League, os Devils não tinham o prestígio e a visibilidade que times com os Yanques de NY ou de seu time do coração, os Cubs de Chicago. Se a proposta tivesse vindo desse último, Gil não saberia dizer não. Mas como não fora... ele ainda tinha tempo para decidir. Puxando Sara para um abraço apertado, ele suspirou.

—Amor... não vamos nos precipitar, ok? Tenho que pensar no que é bom para mim, para nós... e também para os Devils.

— Faça o que seu coração mandar, Gil... pode ser difícil... mas eu vou te apoiar...

Gil sorriu e deu um beijo na namorada. Mesmo com as coisas incertas, era bom ter o apoio de que se amava.


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Notas finais do capítulo

Então, essa belezinha aí era para ter saído no natal, acho que dá para perceber. E ainda tem umas ideias que precisam ser exploradas. Até o próximo!



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