Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 45
O tropeço


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos leitores!

Entrego mais um capítulo feito com carinho. E já vou avisando que estamos na reta final da fic.

Segundo meu roteiro, tenho mais seis capítulos a escrever. Após isso, devo lançar uns one-shots contando sobre o futuro dos nossos amigos.

Escolhi fazer isso devido a minha irregularidade nas postagens. Ao que parece, as fics que eu planejo são imensas, com muitos fatos que gostaria de postar. mas não é sempre que consigo escrever tudo o que quero. O que faz com que as postagens tenham um tempo longo entre elas, e talvez isso diminua o entusiasmo dos leitores pela história.

Portanto, fiz um recorte que me possibilitará contar a história que precisa ser contada, e todas as outras ideias que tiver, tentarei colocá-las em formato de one-shots.

Espero agradar os leitores, e de quebra aumentar o número de comentários.
E falando nisso, tenho que agradecer demais a Ana Camila GSR. Minha linda, sempre que posto fico ansiosa para ver suas ideias sobre a fic. Muito obrigada, de coração!

Boa leitura !



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Fora irreal. Uma mancada feia. Falta de sorte. Lei de Murphy. Qualquer uma dessas expressões podia resumir o que se passou a Gil no primeiro jogo dos Playoffs daquele ano. A vergonha era maior que a dor para o jogador. Bem no estádio de seu time, com toda uma torcida gritando seu nome, ensandecida, esperando ver um espetáculo de jogo. Porque era isso o que os Devils esperavam entregar. Em vez disso, os habitantes de Las Vegas presenciaram uma das estrelas do time passar vergonha no meio de campo.

A jogada começou como todas as outras. A primeira bola do jogo, na verdade. Nada podia dar errado. Era só rebater, correr as bases o mais rápido que podia e ganhar quantas fossem possíveis, antes do time adversário devolver a bola para o diamante. Nada que ele não fizesse todo santo jogo. Mas aquele dia Gil estava mais ansioso do que o normal. Não dormira bem devido aos sonhos muito estranhos que tivera. Ao acordar, uma sensação de que não devia sair da cama o invadiu. Imaginando que era devido à noite mal dormida, o jovem seguiu em frente. Mas durante o dia, outras coisas passaram a dar errado. Ele queimou o almoço, seu carro não dava partida e por algum motivo ele não encontrara seu equipamento de baseball.

Enfim, tudo dera errado até aquela hora, mas Gil tinha certeza de que nada disso poderia atrapalhar sua performance em campo. Foi resoluto até a base e, como esperava, rebateu a jogada facilmente. Largou o taco e correu. Chegando na primeira base, Gil avaliou suas chances de tentar roubar mais uma. No campo externo, os adversários mandavam a bola de volta, porém Gil sabia que era veloz o suficiente. Ele conseguiria. Então não parou e conseguiria facilmente chegar na segunda, não fosse o chão de repente parecer sair de seus pés. O jogador escorregara, caindo feio no chão. A batida que levara na parte de trás da cabeça não fora nada em comparação com a dor lancinante que sentia em seu pé direito.

*^*^*^*^*^*^*^*CSI*^*^*^*^*^*^*^*

—Não há nenhum osso quebrado, senhor Grissom, somente uma entorse no tornozelo direito e um galo na cabeça. Não requer cirurgia, o senhor teve sorte! - Falou o médico ortopedista a seu paciente.

“Sorte... se ele soubesse o dia que tive...”

—É uma lesão de segundo grau, não houve ruptura dos ligamentos- o ortopedista continuou, examinando o raio-x de seu paciente – mas vamos ter que imobilizar esse seu pé. Vai perder o fim da temporada, mas felizmente, após 3 semanas vamos retirar a bota e, o senhor estará novo em folha. É claro, depois da fisioterapia.

Gil não conseguia entender de onde vinha a felicidade daquele médico. Será que ele não via que o paciente não estava nada feliz? Primeiro, ainda sentia dor. Seu tornozelo latejava e queimava muito. Segundo, pensar em perder os últimos jogos o irritava profundamente. Ele treinara tanto, e esperava conseguir chegar no mínimo até a semifinal. Terceiro, ah, o vexame. Ele escorregara! Muito provavelmente por conta do maldito tênis que pegara emprestado, por conta de seu equipamento sumido. Ele sabia que seria capa da sessão de esportes dos jornais do dia seguinte, todos provavelmente caçoando ele... e o desgraçado do médico falando em sorte?!

Para alívio de Gil, ele fora logo mandado para a sala de curativos, onde imobilizaram seu tornozelo com uma pequena bota de gesso. Após o ortopedista ter passado o tratamento para a entorse, e uma recomendação de fisioterapia após a retirada do gesso, o jovem foi levado para casa pelo médico da equipe.

Como era de se esperar, seus amigos e sua namorada estavam todos na sala de estar. Warrick e Jim ajudaram Gil a se sentar no sofá, e Sara elevou a perna do jovem com a ajuda de muitas almofadas, tudo sob protestos de Gil.

—Gente, tá tudo ótimo! Eu posso me virar sozinho!

—Eu sei que pode, Gil... mas nós só queremos ajudar- Sara respondeu, e Gil se calou. Ele não estava com vontade de discutir, afinal. Estava cansado, e só queria ser deixado em paz.

—Você não vai nos contar o que houve, cara? - Jim indagou e Gil repetiu as informações do médico. Os amigos ficaram aliviados pelo caso não ser tão grave, e logo começaram a zoar o jogador. A ideia era tentar alegrá-lo, mas Gil não queria saber disso. Antes que pudesse dar um fora nos amigos, sua namorada intercedeu. Percebendo o namorado ficar mais tenso à medida que os amigos caçoavam dele, Sara os cortou.

—Gente, acho que o Gil precisa descansar agora. Quem me ajuda a...

O interfone da casa tocou, cortando a garota no meio de sua fala. Jim foi atender, e logo voltou a companhia dos amigos.

—É o seu pai, Gil. Ele quer saber se pode subir.

Gil amarrou a cara. Teria sido mais fácil ligar e perguntar se podia aparecer, dando a Gil a oportunidade de dizer não. Mas agora que o velho estava lá embaixo. Bem, se ele o irritasse muito Gil o expulsaria com suas novas muletas!

—Pode deixar subir- e fechou os olhos, não vendo a cara de espanto de seus amigos.

Imaginando que seria efeito do remédio, Jim foi autorizar a subida do Grissom mais velho. Nick e Warrick pediram licença e cada um foi para seu quarto. Não queriam presenciar o banho de sangue que seguiria. Sara, entretanto, sentou-se ao lado de Gil e fez com que o namorado descansasse a cabeça em seu ombro, afagando os cabelos do jovem. O jogador relaxou com o carinho e já estava quase dormindo quando escutou a porta da sala ser aberta. Endireitando-se no sofá, Gil se preparou para receber seu pai.

— Gil, vou deixar vocês a sós- Jim falou.

— Eu vou ...- Sara fez menção de se levantar também, mas a mão de Gil em sua coxa a impediu.

— Olá, William. Eu apertaria sua mão, mas...- Gil indicou a perna elevada e o pai foi até ele.

—Não se preocupe, Gil. Sara, como vai?

—Bem, e o senhor?

—Menos preocupado do que umas horas atrás... encontrei o médico dos Devils a caminho daqui. Ele me disse que foi só uma entorse, e que não há razão para se preocupar.

Isso ele disse olhando para o filho, ainda de pé. Gil gostaria de perguntar então o porquê de ele estar ali, já que soubera do estado do filho anteriormente. Mas a curiosidade de saber o que houvera com o jogo falou mais alto.

— E quanto ao jogo? Qual foi o resultado?

William sorriu e disse que os Devils saíram vitoriosos, ainda que por poucos pontos de diferença. Gil ficou feliz pela equipe, mas ao mesmo tempo aquilo era, para ele, uma vitória amarga. Afinal, o jogador batalhara muito para ajudar a equipe a chegar até os Playoffs. Ele mais do que merecia estar nos gramados batalhando pelo troféu da Major League. E ele agora estava tão próximo, e ainda assim, tão longe. Não seria o mesmo pôr as mãos na taça sem ter ajudado o time a chegar lá. E esse era o destino dele, ficar nos bastidores assistindo à derrota ou à vitória de seu time. Tudo por conta de um estúpido escorregão, o qual não teria acontecido se ele estivesse utilizando o equipamento dele, e não um emprestado.

—William, por acaso vocês acharam a mochila com as minhas coisas?

—Acredito que não, Gil. Para falar a verdade, essa não era a minha prioridade quando o jogo acabou.

Gil não podia culpa-lo. Mesmo não tendo uma boa relação com o pai, sabia que era natural que o velho se preocupasse com ele.

— O senhor poderia me fazer um favor, então? Amanhã, quando voltar ao clube, descubra o que aconteceu... um equipamento de baseball inteiro não pode sumir assim sem deixar rastros.

—Claro Gil, mas...

— Estou cansado, agora. Quero me deitar, se não se importa...

William não ficou muito feliz ao ser interrompido daquele jeito, mas também sabia que não valeria a pena entrar em uma discussão com o filho naquele momento. Ele daria mais um tempo a Gil, entretanto não aturaria ser tratado com descaso por mais tempo. Ele era o pai e o treinador de Gil, e por isso merecia respeito!

—Tudo bem, amanhã a gente se fala. Se precisarem de alguma coisa, é só me telefonar.

Sara se levantou para abrir a porta para o “sogro”, enquanto Gil se levantava do sofá, bem devagar.

—Boa noite, meu filho.

—Boa noite, pai.

Gil pareceu não notar o termo que usou, mas Sara e William notaram. Os dois trocaram um olhar admirado, e o velho deixou escapar o maior sorriso.

—Se foram os remédios eu não sei, mas vou dormir contente hoje.

—O seu filho é muito teimoso, senhor Grissom. Mas ele é bem leal as pessoas de quem gosta. E acho que ele só precisa de um tempo para se aclimar a sua presença na vida dele.

—Espero que tenha razão, Sara. Boa noite.

William não sentira uma felicidade dessas há muito tempo. Era ótimo ser chamado de pai...

 *^*^*^*^*^*^*^*CSI*^*^*^*^*^*^*^*

Sara entrou no quarto de Gil e encontrou o namorado sentado em sua cama, se despindo lentamente.

—Quer ajuda aí?

—Não com isso... mas eu preciso mesmo de um banho.

—E você quer que eu te dê um banho, é isso?

—Não seria uma má ideia...mas devido as circunstancias, eu não aproveitaria direito. Eu só preciso que você pegue na cozinha um daqueles bancos dobráveis e o coloque no boxe. O resto eu me viro.

Sara fez o que o namorado pediu, e ficou com ele no banheiro enquanto tomava uma ducha rápida, “pra te socorrer se você cair”, ela disse. De banho tomado, o casal se acomodou na cama.

— Eu ainda não acredito que não vou poder jogar...

—É só por um tempo, Gil... poderia ter sido pior...

—Nem me lembre... o pior foi que eu acordei com uma sensação ruim, sabe... como se algo fosse dar errado, eu não sei...

—O nome disso é intuição- Sara deu um beijo no topo da cabeça do namorado- Às vezes é bom você escutá-la...

— Intuição, Sara... desde quando você acredita nessas coisas?

—Foi você que falou que acordou com uma sensação ruim... e olha o que aconteceu.

— Minha querida, há uma explicação lógica para tudo isso. A sensação ruim veio dos pesadelos que tive à noite... o que me deixou desconcentrado durante o dia.… e não ajudou em nada o fato de eu não ter meu equipamento comigo... e falando nisso... eu acho que isso teve dedo de alguém...

A mudança repentina de assunto fez com que Sara não entendesse direito o que o namorado dizia.

—Como assim?

—Acho que alguém escondeu as minhas coisas... por qual razão elas sumiriam assim?

—Mas Gil... para que alguém iria fazer isso?

—Eu não sei, Sara... mas o que eu tenho certeza é de que estava com todo o meu equipamento, meu uniforme completo ontem depois do treino... e por alguma razão, quando voltei no dia seguinte, tudo sumiu.

—Será que você guardou eu um lugar diferente e não se lembra?

—Não. Eu pus as minhas coisas no armário e tranquei com a chave. Tenho certeza.

—Mas então... você suspeita que alguém do time roubou as suas coisas? Mas para que? Isso só atrasaria a equipe...

—Parece difícil de acreditar, não é? Mas quanto mais eu penso nisso, mais sentido faz... porque eu procurei o lugar inteiro, e minhas coisas não estavam lá. E eu fui o primeiro jogador a chegar hoje. Quem quer que tenha feito isso o fez à noite. E essa pessoa precisaria ter acesso as chaves dos armários... tem que ser alguém de dentro.

—Tá, isso responde o como... mas e o porquê? Não vejo o que alguém do time ganharia com isso... e nem alguém de fora, se quer a minha opinião. Afinal, se fosse para sabotar o seu jogo, não foi um bom plano, não é? Ora, que garantias essa pessoa teria que, ao roubar suas coisas causaria um acidente com você durante o jogo? Nenhuma... você poderia muito bem ter feito uma partida inteira sem nada acontecer...

Gil concordou com a namorada. Como já dissera antes, ele não estava muito concentrado naquele dia, e a falta de seu tênis foi só mais um ponto que contribuíra para o acidente. Era muito improvável que algo assim poderia acontecer... talvez, o ladrão quisesse apenas o desestabilizar, irritando-o para que não jogasse tão bem na partida. Será que o culpado só queria mesmo era implicar com ele? Um trote de um companheiro de equipe insatisfeito com ele? Era provável... sua falta no jogo não foi decisiva para o time ganhar a partida, mas sua presença teria ajudado... e ele já tinha ideia de quem poderia ter feito isso e comentou com Sara.

— Aquele trombadinha do Dean? Sério, Gil? Se foi ele, bem, ele é muito mais desequilibrado do que eu pensei...

—Não tenho provas, Sara... e não vou sair acusando ninguém. Não preciso de mais uma cena dentro dos Devils. Sem contar que Dean é muito mais popular no time do que eu. Se aponto o dedo para ele acabo me indispondo com metade do time.

—Achei que você não ligasse para ser popular.

—E não ligo... mas também não posso desconsiderar as pessoas do time. Baseball é um jogo de equipe, preciso da confiança deles para jogar bem.

— E quanto ao fato de ter um cara com Dean no time? Gil, ele não me parece ter muito escrúpulo... ele pode ter começado pequeno, mas e se cismar com você de novo? Como você confia nisso?

—Não confio nele, não é? Mas não se preocupe, Sara... vou dar um jeito nele... só me aguarde...

Após essa conversa o casal demorou um pouco para dormir. Gil ficou remoendo os últimos fatos e agradeceu por o dia estar acabando... só um novo dia para lavar a má sorte de outro...

*^*^*^*^*^*^*^*CSI*^*^*^*^*^*^*^*

Apesar das suspeitas de Gil, ele não pode apontar nenhum culpado pelo sumiço de suas coisas. O jovem acreditara que elas logo seriam retornadas, pois o ladrão já havia cumprido seu propósito. Ledo engano. William fez o possível, mas ninguém parecia saber de nada ou ter visto as coisas do filho. Quando Gil o contou sobre suas suspeitas William resolveu investigar os jogadores, com ajuda de Ian e D.B., porém sem resultados.

Inconformado com esse revés do destino, o primeiro dia de repouso de Gil o deixou extremamente irritado. Sua vida andava tão boa nos últimos meses, e Gil tinha certeza de que iria melhorar assim que pusesse as mãos na taça. Ter essa oportunidade roubada dele foi uma apunhalada nas costas, pois o jovem tinha certeza de que fora alguém do time. Como se já não bastasse a traição de seus próprios companheiros, seu pé doía e o remédio parecia ter o efeito de deixar o jogador sem a capacidade de não se concentrar em nada.

Naquele mesmo dia Catherine entrou em trabalho de parto. Gil queria muito ter podido ajudar sua amiga, mas ele não podia pegar seu carro e leva-la ao hospital como havia prometido, e nem a visitar após Lindsay ter nascido. Sara o representou e trouxe muitas fotos da afilhada deles, mas não era a mesma coisa.

Para coroar outubro com chave de ouro, os Devils amargaram mais uma derrota nos playoffs, sem possibilidade de jogar a Word Series. Após acompanhar a derrota de seu time Gil estava inquieto demais para dormir. Deixando a namorada na cama, Gil voltou para a sala e se tacou no sofá. Um filme sobre tudo o que passou até aquele momento veio em sua cabeça. Todos os treinos, os jogos, as táticas.

 Gil não conseguia engolir a derrota. Apesar de não ter jogado, ele tinha confiança em seu time e no técnico. Tirando todas as inadequações de Will como pai, o homem se mostrara um exímio professor. Ele fizera tudo conforme o figurino, eles treinaram bastante e jogaram no seu maior portencial. E ainda assim perderam. Gil não conseguia racionalizar aquilo... não fazia sentido... eles tinham tudo para dar certo, mas no fim...

“... o mundo pode parecer contra você nesses próximos tempos...” Gil sussurrou a frase que vinha o incomodando desde o aniversário de Sara. Não era sempre, porém de vez em quando a voz de Nana soava em seus ouvidos e Gil prontamente ria disso e seguia com sua vida. Ele acreditava que somente ele traçava o seu destino, e não precisava se preocupar com visões do futuro. Porém, aquela sequência de acontecimentos o fez repensar suas crenças.

Seria possível que a senhora tivesse razão? E se tivesse, quanto tempo duraria essa fase? Gil esperava que não muito tempo...


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Notas finais do capítulo

A nana Olaf avisou... será que Gil se lembrará de seguir os conselhos dela?



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