Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 30
Embates


Notas iniciais do capítulo

Olá! Não sei se vocês repararam, mas hoje postei dois capítulos dessa fic. Aproveitem!

Boa leitura!



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A chegada do mês de agosto trouxe consigo a animação de mais um aniversário para Gil. O jovem nunca fora muito de comemorar aniversários, mas aquele ano sua vida estava tão boa que ele abriria uma exceção. Seu relacionamento com Sara estava mais forte que nunca, e ele até conheceu os sogros na festa de aniversário do avô de Sara. No trabalho, o time estava indo tão bem que só faltava míseros dois jogos para se classificarem para os playoffs. Por isso, quando Catherine insistiu em organizar uma festa de aniversário para ele, Gil aceitou prontamente, assustando sua amiga. A contenda veio quando se falou da lista de convidados. Gil gostaria de comemorar com um seleto grupo de convidados, mas a loira fez questão de explicar o motivo pelo qual isso não seria possível. Dizia ela que era imprescindível que ele convidasse seus companheiros de equipe e os diretores dos Devils. “Você precisa ser mais político, Gil”, No fim, ela conseguiu o que queria, e Gil viu o número de convidados crescer assustadoramente.

Logo, alguns dias antes do dia 17, Gil foi até o aeroporto buscar sua mãe e seu tio Herbie. Betty queria passar algum tempo de qualidade com seu único filho antes da festa, e o jovem nunca dizia não a sua adorada mãe. Já Herbie era irmão de Betty e também era muito próximo a Gil. Fora a figura paterna que faltara na vida de Gil quando o pai se fora. Fazia um tempo maior ainda que não se viam, e como Betty era surda ele resolveu fazer a viagem com a senhora, a fim de ajudá-la a se comunicar e também ver o adorado sobrinho.

Gilbert recebeu os familiares com um enorme sorriso, mas também um pouco de trepidação. Afinal, apresentar a namorada para a família nunca era fácil. Ainda mais que teria que deixar Betty e Sara sozinhas enquanto ele jogava uma partida em casa hoje. Ele estremecia só de pensar no que essas duas poderiam conversar.

Ao chegar ao aeroporto, Gil avistou os parentes facilmente, e após uns abraços apertados os três seguiram viagem até o hotel Eclipse, onde Betty e Herbie se hospedaram. Nick havia convidado os dois para ficarem no apartamento com Gil, mas a senhora não quis desalojar os rapazes. Catherine então conseguiu coloca-los em uma das melhores suítes do hotel a um preço razoável. Após o check-in os três foram até o restaurante do hotel para tomarem um café da manhã.

—Nossa, Gil, este hotel é uma maravilha- admirou-se Herbie- Como que sua amiga conseguiu arranjar isso para nós?

—Cath tem muitos contatos, tio- sem falar que o pai dela era dono daquele hotel, mas ele não entraria nesse mérito- Então, o que vocês vão querer comer?- Gil perguntou aos dois, tanto em voz alta quanto com as mãos.

Após terem feito seus pedidos e trocarem algumas histórias, Betty não se aguentou e perguntou:

“Então, filho, onde está sua namorada? Achei que fosse conhece-la...”

“Ela está com o grupo de trabalho dela. Daquele curso de criminologia de que te falei”

“Ah, então se conheceram na faculdade?”- Herbie quis saber

“Não, tio. Nos conhecemos em uma festa. Ela é amiga de um dos rapazes que divide o apartamento comigo.” Gil se virou para a mãe “ Ela deve estar a caminho. Sara disse estar ansiosa para te conhecer”

Betty pareceu satisfeita por hora, e começou a perguntar da vida de Gil na cidade, como estava a saúde, se ele se alimentava bem ( você está muito magro, meu filho!) e todas as coisas que as mães querem saber dos filhos. Gil aguentava o interrogatório com um sorriso no rosto. Já estava acostumado com essa inquisição da mãe, e como não era sempre que eles se viam isso não o incomodava muito. Só tinha pena de Sara, que não estava acostumada e teria que passar a tarde inteira com ela, enquanto Gil fazia um jogo em casa pelos Devils.

Os três estavam quase terminando o café quando Gil avistou de longe sua namorada chegando, os passos apressados. Quando os viu, Sara desacelerou e Gil pôs uma mão no braço da mãe.

“Mamãe, Sara está aqui.” Dito isso, o jogador se levantou e foi até a namorada. Dando um selinho nela, ele a conduziu até a mesa e começou as apresentações. Utilizando tanto a linguagem dos sinais quanto sua voz, Gil apresentou as mulheres mais importantes de sua vida. Betty foi muito gentil com Sara, como Gil sabia que seria. Herbie fez de suas graças, o que também era esperado. O jovem jogador se surpreendeu com Sara, pois com algum esforço a jovem conseguiu dar um “bom dia” na língua dos sinais para sua mãe.

—Mas não fique muito contente, não sei muito mais coisas! - ela brincou ao ver a cara de surpresa da família.

—Minha cara, só de já ter se proposto a aprender já é uma boa coisa- Herbie disse, já aprovando a nova namorada do sobrinho.

O grupo passou alguns momentos a mais ali, Sara pedindo somente um café, conversando sobre amenidades. Após o café, Gil teve que ir até o estádio se preparar para o jogo de mais tarde, e deixou Sara para apresentar Vegas para sua família. Assim Sara o fez. Ela agradeceu aos céus por ter Herbie ali com ela, facilitando a conversa com a sogra. Betty não era difícil de agradar mas não saber ASL era uma barreira difícil de se transpor.

Assim, no fim da tarde o trio se dirigiu até o estádio dos Devils, onde veriam Gil jogar. Betty não se cabia em felicidade, pois sabia que aquele era um jogo importante para o filho. Seu único pesar era que não poderia dar um abraço em seu garoto antes da partida começar. O trio se acomodou nas cadeiras e, enquanto Herbie e Sara começaram uma discussão sobre as chances do time no campeonato, Betty passava o olhar sobre o estádio, que começava a encher. O que ela não sabia é que estava também sendo observada.

Não muito longe de onde eles sentavam, William Grissom se encontrava com a diretoria dos Devils, tendo finalmente aceitado um dos convites de Doug para assistir a um jogo. Apesar de ainda não ter decidido por aceitar uma vaga no time, o velho Grissom tinha lá suas intenções. Daqui a dois dias seria o aniversário de seu filho, e Will havia escrito uma carta para ele, sabendo que Gil não aceitaria falar com ele. Sua intenção era entregar a carta a Doug para que ele passasse para Gil, imaginando que o filho não se recusaria a receber um envelope do cara que o pagava. Mas seus planos mudaram drasticamente ao ver sua ex-mulher ali no estádio.

Como ela ainda era linda! Will sentiu seu coração acelerar, e engoliu em seco. Não havia muitas coisas no mundo que Will poderia dizer com certeza que amava. Mas no momento, todas elas estava no mesmo lugar, o que fazia anos, não acontecia. Betty, Gil e Basebal. Seu amor ao último havia lhe custado os primeiros... não, isso não era bem a verdade. Sim, foi o baseball que lhe fez perder as estribeiras. A fama não caiu bem com ele, e quando seu ferimento o tirou dos holofotes, bem... ele não lidou bem com isso, e acabou descontando em sua família. Mas ele não tinha ninguém além dele mesmo para culpar. Foram estas as últimas palavras que Betty lhe lançara antes dele sair de casa. E Will nunca mais esquecera. Quando finalmente se reestabeleceu, a vergonha do que fizera o consumira, e ele nunca procurou pelos dois, preferindo recomeçar sua vida com seu primeiro amor. Mas parecia que esse mesmo amor ao esporte que um dia separou-o de sua família queria uni-los de volta. Afinal, ali estavam Betty e Herbie e mais uma garota que ele não conhecia.

—Hey, Doug!

—Hã?- o gerente se virou para Will.

—Por acaso, você saberia me dizer se Gil está namorando?

—Bem... ele tem andado acompanhado de uma moça sim. Fiquei sabendo que ela andou por aqui acompanhando os treinos...

—Humm... se me dá licença, eu preciso usar o banheiro- e saiu em disparada, sem esperar que Doug pudesse falar mais nada.

William estava decidido a falar com a jovem. Ele bem que gostaria de conversar com Betty, mas como Herbie estava ali tinha certeza de que não seria bem-sucedido. Sua maior chance era falar com a garota sozinho. O problema era, é claro, que ele não sabia nem o nome dela! Mas ele daria um jeito. Isso era importante demais para deixar pra lá.

O jogo estava parado agora para uma pausa, e Sara resolveu ir ao banheiro. Como Betty não queria, ela foi sozinha, e na saída sentiu uma mão a agarrando pelo braço e a puxando para o lado.

—Ei!- ela exclamou, mas foi prontamente cortada pela mesma pessoa.

—Sinto muito, senhorita, mas precisamos conversar.

O homem soltou o braço de Sara, e a jovem o encarou pela primeira vez. E tomou um susto.

—Você... não pode ser coincidência...

O homem sorriu, e Sara viu ali o sorriso de seu namorado.

—William Grissom- ele se apresentou e ofereceu sua mao. Sara aceitou o cumprimento, muito surpresa ainda com essa aparição repentina- Me desculpe pelo modo como lhe peguei ainda a pouco. Mas não sabia seu nome.

—Se não sabe o meu nome, o que quer comigo?- Sara tinha certeza que William sabia que era namorada de Gil, mas não conseguia pensar em como o homem sabia disso. Ele poderia estar seguindo o filho, é claro, mas se fosse o caso ele teria que saber o nome dela, não é?

—Você estava do lado de Betty... eu estou um pouco acima de vocês... e não pude resistir em te conhecer.

—Ok... sou Sara... namorada de Gil.

—Meu filho tem bom gosto- ele disse- assim como a mãe dele...

—Obrigada... mas eu tenho que voltar, Betty deve estar se perguntando onde estou- ela comentou, querendo cair fora dali. Conversar com ele dava em Sara uma sensação estranha. Gil nunca falara nada com ela sobre o pai, e ela tinha certeza de que o namorado não ficaria feliz quando soubesse que o homem estava por perto.

—Sara, espere... sei que Gil não deve ter falado coisas boas sobre mim, mas peço um minuto de sua atenção. Não é muita coisa, não é ?

Sara cruzou os braços e olhou bem para o homem a sua frente.

—Gil nunca mencionou seu nome para mim. E por isso mesmo eu sei que há algo de errado na relação de vocês. Eu não sei em que posso te ajudar, senhor Grissom.

—Não se preocupe, querida. Eu só preciso que entregue isso pra mim. Ele faz aniversário em alguns dias, e eu queria muito... pelo menos dar um abraço nele. Mas meu filho é muito teimoso...então só queria que ele lesse isso. Somente isso...

William entregou a carta para Sara, agradeceu e começou a refazer seu caminho. Sara sentiu seu coração partir pelo homem a sua frente. Ela não sabia da história deles, somente que Gil foi muito machucado por seu pai emocionalmente. Mas o homem que estava a sua frente demonstrara muita dor ao falar sobre o filho. Sara sabia bem da dor de não ter o pai por perto, e Will parecia sincero em sua vontade de falar com o filho.

—Sr Grissom, espere!

O homem parou e se voltou para Sara.

—Eu... como posso entrar em contato com o senhor... caso Gil queira...

William sorriu, retirou a carteira do bolso, pegou um cartão de visitas e estendeu-o para Sara.

—Ele pode me encontrar nesse número. Muito obrigado, Sara.

—Não prometo nada, mas... acho que vale a pena tentar...

—Com certeza... nunca se esqueça, família em primeiro lugar.


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