Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 14
Um encontro intelectual


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Greg estava sentado com seus amigos na lanchonete da faculdade. Estavam planejando a estrutura de um projeto para sua aula de Química 2, ou melhor, tentando planejar. Como sempre acontece quando um grupo de jovens resolve se reunir, mais da metade do tempo do trabalho era destinada a jogar conversa fora e a parte final do tempo era reservada para o trabalho em si.

Mas Greg não estava muito interessado em nada disso. Sua mente vagava por um território doloroso. Sua relação com sua prima. Sabia que já estava ficando ridículo o tempo que passava se preocupando com ela. Ainda mais quando a mesma não dera a ele um minuto de sua atenção hoje pela manhã. Aliás, desde que começara a andar com aquele jogadorzinho Sara começara a trata-lo de forma diferente. O rapaz se sentia como se ela batesse em seu pobre coração com um taco de baseball, arrancando-o para fora de seu peito em um perfeito home-run. Greg suspirou profundamente e se afundou ainda mais em sua cadeira.

Bem próximo a ele, a sua direita, Morgan Brody sentia a melancolia de seu amigo e se virou para poder prestar atenção nele. Em sua opinião, Greg parecia abatido, sem aquele brilho costumeiro em seus olhos. Até seus cabelos espetados pareciam ter perdido a forma, como se o jovem não tivesse força para passar o gel que os faziam ficar em pé. Sentiu pena de seu amigo e resolveu ajuda-lo. Colocou uma mão no ombro dele e lhe chamou a atenção

-Ei, Greg- como o garoto não respondeu ela sacudiu seu ombro e tentou mais uma vez. Greggo, Terra chamando!

-Ah.. Morgan... o que foi, já terminaram?- Greg respondeu com um sobressalto, fazendo com que seus outros amigos parassem de conversar para prestar atenção nele.

-Não... você só parece... meio diferente hoje. Aconteceu alguma coisa?

-Nada...- aos olhares descrentes de seu grupo ele respondeu- gente tá tudo bem. Todo mundo tem direito a um dia assim. Eu hein.

-Mas cê tá assim não é só de um dia não- David Hodges respondeu- Acho que isso tem haver com uma tal cena que o senhor protagonizou na quarta-feira!

Greg olhou feio para Hodges e Wendy Simms, sua namorada o repreendeu.

-David!

Greg bufou e se jogou mais ainda na cadeira. Era óbvio que a notícia de sua briga com Sara teria percorrido a faculdade inteira. Mais óbvio ainda seria o fato de que David Hodges, o fofoqueiro de plantão do grupo seria aquele a tocar no assunto. E pela cara de repreensão dos outros, já havia um entendimento entre eles de que não deveriam tocar no assunto se Greg não o fizesse.

Morgan teve uma vontade súbita de abraçar seu amigo e dar uma porrada em Hodges. Aquele cara nunca sabia quando manter sua boca fechada.

- O que é? Ah, qual é só estou conversando com meus amigos.

-Isso não tem nada haver contigo, David.

-Se você não quer que as pessoas se metam em sua vida pessoal então talvez não devesse ficar gritando com uma mulher no corredor da faculdade.

Greg quase voou para cima de Hodges. Apesar de desnecessário, ele não falara nenhuma mentira. Os colegas ficaram calados, sem saber o que dizer. Então Hodges continuou.

-Já que o Greg não vai falar nada, será que podemos nos concentrar no trabalho? Eu tenho uma aula daqui a pouco.

-Que aula, David? Você não me disse que tinha aulas de noite.- reclamou Wendy,

-É que fiz minha inscrição ontem. Hoje é a primeira aula e...

Greg se desligou do som irritante que era a voz de Hodges. Olhando a sua volta, resolveu se acalmar contemplando os universitários e professores que compunham a UNLV em seu momento de descando. O pátio central da faculdade era o lugar preferido de Greg para relaxar. A lanchonete na qual Greg estava era considerada a principal da faculdade e estava localizada bem no centro do terreno. Os alunos e professores podiam aproveitar de uma refeição a céu aberto e se beneficiavam com a visão de um magnifico jardim, idealizado pela equipe de Artes Plásticas da universidade. Greg acreditava que suas melhores ideias surgiam sempre naquele espaço. Já podia sentir seu mau-humor se esvair aos poucos, mas logo o viu. Bem ali no seu território estava aquele que já considerava seu inimigo: Gilbert Grissom. Greg soltou um palavrão, assustando Morgan.

-Greg, o que foi?!

Mas o jovem não respondeu. Morgan, curiosa com o olhar vidrado de seu amigo se virou para ver o que chamava tanto a atenção de Greg.

~*~*~*~*~*~*~*~CSI~*~*~~*~*~*~*~*~*

Gil Grissom tomou banho no vestiário dos Devils e saiu direto do treino para se encontrar com Gerard antes da aula começar. Deixou seu equipamento no carro e se dirigiu até o pátio central da escola. Sorriu. O ar dentro de uma faculdade era diferente, e era um que Gil sempre apreciava. Encontrou seu caminho facilmente por entre os corredores sinalizados da escola.

O professor o recebeu com um grande sorriso e um abraço caloroso.

-Gil, meu garoto! Estamos prontos para regressar a suas raízes?

-Claro. Já estava sentindo falta da calmaria do mundo acadêmico.

-Se comparado a um estádio de baseball, está falando a verdade. Vamos, sente-se e tome um café com o seu velho mentor.

-Só um café, obridado!

Gerard se virou e foi pedir dois cafés enquanto Gil sorriu.  Antes de se sentar deu uma varrida pelo local com seu olhar. Isso porque, mal chegara e já sentira uma sensação estranha, como se alguém o estivesse vigiando. Seu olhar foi de estudante a estudante, várias faces desconhecidas até que ele encontrou um par de olhos o encarando.

-Mas será possível?

Que era possível isso era. Gil sabia que o primo de Sara estudava ali, mas não imaginou que fosse esbarrar com ele . A faculdade era enorme e Gil só a frequentaria uma vez por semana, e pela noite. O jovem teve vontade de rir das circunstancias, mas pela cara que Greg estava fazendo para ele isso não seria uma boa ideia. Gil simplesmente sorriu e acenou para Greg. Sabia que não deveria ir cumprimenta-lo, não sem Sara presente. Greg simplesmente o ignorou e voltou sua atenção para a loira que estava a seu lado. Gil balançou a cabeça e se sentou, no mesmo momento em que Gerard voltou com uma bandeja.

Uma conversa amigável tomou a atenção de Gil por alguns minutos, mas a sensação dos olhos de Greg em cima dele não o deixava. Gil volta e meia era obrigado a encarar o garoto para ver se ele se tocava. Infelizmente o efeito de seu olhar severo não era duradouro.

Gerard não pode deixar de reparar nesta cena peculiar. Percebendo que o garoto com quem Gil trocava olhares nada amistosos era o mesmo que brigara com Sara no dia anterior, o professor teve sua curiosidade aguçada.

-Então, Gil- ele chamou a atenção de seu pupilo – estou vendo que estava errado..

-Ah? Do que o senhor está falando?- Gil não acompanhou o raciocínio de seu professor.

-Estou falando de... suas preferências- Gerard achou por bem tentar fazer uma brincadeira com o jovem em vista da cara fechada dele- Achei que estava interessado naquela jovem que me apresentou, mas vejo que não é o caso.

-Do que o senhor está falando?

-Estou falando daquele jovem rapaz o qual o senhor não para de olhar- Gerard cutucou com um sorriso no rosto.

- O quê? NÃO, nunca!- Gil falou exasperado – Ele... quero dizer... eu... ah! Ele é só...

Gerard teve que rir do desespero do rapaz para tentar desfazer o mal entendido.

-Fique calmo, Gil! Eu sei, só estava brincando. Na verdade, aquele jovem é extremamente semelhante ao rapaz que esbarrou em Sara ontem...- Gerard não completou seu pensamento, esperando que Gil explicasse para ele a situação.

-Ah... verdade. Ele é primo da Sara e... bom, pode-se dizer que ele não gosta muito de mim.

-Bom... sendo assim fico mais aliviado. Pensei que tivesse estragado alguma coisa ontem... pela reação dele, devo dizer que essa animosidade é causada por ciúmes, não é? Cheguei até a pensar que ele era namorado de sua amiga.

-Não...- bem que ele queria, mas...

-Ah, o amor! Quando é correspondido é lindo... quando não é... bom, é um martírio.

Gil não poderia concordar mais com as palavras de seu mestre.

-Bom Gilbert, a conversa está ótima, mas infelizmente ainda tenho algumas coisas para resolver antes de entrar na sala de aula.

-A burocracia... isso sim é um martírio, professor.

-De certo, meu garoto. Bom, te vejo daqui a pouco.

-Sim, até.

Gerard foi embora e Gil aproveitou e olhou novamente na direção de Greg, mas o garoto já partira. Olhando seu relógio de pulso Gil constatou que Sara deveria chegar a qualquer momento, e sentiu seu coração acelerar ao pensar na morena.

~*~*~*~*~*~*~*~CSI~*~*~~*~*~*~*~*~*

Sara parou em frente ao imponente prédio da UNLV e suspirou. Da última vez que esteve naquela posição foi em Boston, um ambiente totalmente diferente daquele. Sua intenção era continuar com seus estudos quando se graduou em física, mas o acidente da avó pusera esse sonho de lado. E agora ela podia novamente pensar em voltar de onde nunca devia ter saído.

Ela combinara com Gil que se encontrariam no saguão de entrada e seguiriam para a sala de aula juntos. Mas seu jovem parceiro parecia ainda não ter chegado. Neste mesmo momento, porém, ela avistou mais alguém conhecido.

-Greg!

Greg andava apressado, os olhos no chão quando ouviu alguém gritar seu nome. Ao ver sua prima perto da porta de entrada da faculdade Greg sorriu e foi abraça-la.

-Sara! O que está fazendo aqui? Veio me buscar?

-Não, tolinho! Vim assistir a aula de Ciências Forenses, se esqueceu?

Na verdade, Greg fizera um grande esforço para se esquecer. E isso significava que ela iria se encontrar com Grissom. Greg deu um sorriso amarelo para a prima e disse;

-Verdade. É... Sara...

Greg não sabia o que queria falar, só tinha consciência de que queria manter Sara com ele por um pouco mais de tempo. Mas a sorte não parecia estar com Greg naquele dia. Pois que Gil Grissom parecia sua sombra naquele dia.

-Hey, Sara!

A jovem viu Gil se aproximar e abriu um imenso sorriso.

-Gil! Vem cá!

Gil já estava se aproximando, mas reparou que a companhia de Sara era “aquele moleque”. Passou a mão na cabeça, pensando que aquele momento seria constrangedor. Gil parou em frente a Sara, se segurando para não fazer o que mais tinha vontade. Arrebatá-la em seus braços e beijá-la até que Sara esquecesse seu nome. Em vez disso, se contentou com um sorriso para ela e um aceno de cabeça para Greg.

-Gil, ainda não te apresentei formalmente o meu primo. Greg Sanders, conheça Gil Grissom.

Greg sorriu para Gil e lhe estendeu a mão.

-E aí, Grissom, beleza?

Gil levantou uma de suas sobrancelhas, ficando confuso com o comportamento amigável de Greg. Há uns momentos atrás Gil poderia jurar que se fosse possível, Greg o mataria só com o olhar. Deste jeito, Greg não deixou opção a Gil que não fosse retornar o comprimento amigável do rapaz.

-Tranquilo- apertou a mão de Greg e quase fez uma careta de dor por conta da força que o garoto usou para apertar sua mão. “Há, agora sim , sua verdadeira face! Mas se é esse o jogo que você quer jogar, tudo bem.”

Gil podia muito bem fazer o jogo de Greg. Fingir que estava tudo bem na frente de Sara. Mas como dizia o ditado “quando o gato sai os ratos fazem a festa”. Se Greg pensava que ele ia ficar engolindo desaforos de crianças mimadas, estava muito, mas muito enganado. Era chegada  a hora de por fim na festa do mais novo.

-Então, Sara. Já está na hora da aula. Eu vou indo, não quero me indispor com meu mentor. Se você quiser ficar conversando com o Greg eu posso garantir seu lugar- Gil falou docemente.

-Não há necessidade. Greg, vou indo. A gente se vê em casa mais tarde.

Sara deu um beijo na bochecha de Greg e seguiu em direção as salas de aulas. Gil se virou para Greg e deu um sorriso e disse um até mais. Sem esperar respostas, foi atrás de Sara e com Greg observando, retirou a mochila do ombro da garota, que sorriu para ele e enlaçou seu braço direito no esquerdo de Gil. Foi com pesar que Greg voltou para casa, sentindo-se mais só do que nunca.

~*~*~*~*~*~*~*~CSI~*~*~~*~*~*~*~*~*

-Ei, Sara- Gil parou no meio do caminho, aproveitando que estavam quase sozinhos no corredor- Esqueci-me de uma coisa!

-O quê?- ela perguntou se virando para ele.

Só não esperava que Gil a segurasse pela cintura, a inclinasse para trás e dar-lhe um beijo de tirar o folego. Quando se endireitaram os dois riam do absurdo da cena, e Sara envolveu seus braços no pescoço de Gil.

-Desculpe por isso... mas é que eu esperei por isso a tarde toda- ele falou muito envergonhado. Não se reconhecia quando estava com Sara.

Sara deu um selinho nele, como forma de dizer que estava tudo bem.

-Ok... vamos, Gil, chega de fazer shows para a faculdade.

Sara falou enquanto puxava Gil em direção à sala de aula. O jogador somente riu e a alcançou, passando a mão pela cintura dela.


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Notas finais do capítulo

Gente, o próximo capítulo vai narrar o 1º jogo dos Devils na Major League. Vou tentar dar uma explicação rápida do baseball nele, mas não vou me prender a isso.
Quem aí acredita na força dos Devils para ganhar seu adversário?

Bjos



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