Full moon escrita por VickSousa


Capítulo 5
Capítulo 4: Gravidade


Notas iniciais do capítulo

Olá leitorxs, como vocês estão? Espero que bem!
Não planejava postar esse capítulo por agora, gostaria de atualizar a fic com pelo menos mais três capitulos pra vcs não terem que ler aos pouquinhos. Mas como estou tendo alguns probleminhas pra escrever, resolvi postar logo! Espero que gostem! Boa leitura!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/274846/chapter/5

Havia duas semanas que Victoria esbarrara no rapaz mal humorado. E, nesse tempo, não conseguia tirá-lo da cabeça nem por um instante. Era estranho porque mesmo ele tendo sido um tanto quanto grosso, ela sabia no fundo de seu coração que ele não era assim. Parecia preocupado, aflito, como se tivesse de resolver algo muito importante. Sabia também que o frenesi que sentira aquele dia ao olhar nos olhos dele, tinha sido compartilhado por ambos. Não é possível que ele tivesse a encarado por nada. Chegou a pensar até em procurá-lo, mas como faria isso? Provavelmente não o encontraria na praia novamente e não conhecia as ruas e pessoas de La Push o suficiente para fazer uma busca. Podia perguntar a Charlie ou a Bella, que viviam por lá, mas não era o tipo de conversa que gostaria de ter com nenhum dos dois. Eles provavelmente achariam que ela está interessada no rapaz - o que de fato estava, mas não tinha coragem de admitir nem para si mesma - e não se sentia pronta para ter essa conversa com eles, nem com ninguém.

Por hora, tinha assuntos mais urgentes para tratar. Como por exemplo, a obsessão de Mike Newton por ela. No início, era apenas um galanteio movido pela semelhança física que possuía com sua irmã. E Victoria não se importava com isso. O problema era que ultimamente, ele estava dando nos nervos. Em todas as aulas que tinham juntos, Mike fazia questão de sentar-se ao lado da menina e puxar os mais variados assuntos. Todos os trabalhos em dupla ou até mesmo em grupo, ele queria fazer com ela. Teve até um dia, em que combinaram de se encontrar na casa dela para terminaram um trabalho de literatura, que Mike apareceu completamente arrumado e perfumado em sua porta, com uma caixa de chocolates recheados com creme de morango em mãos. A menina sabia que ele tinha feito isso para agradá-la pois na mesma semana havia confidenciado aos amigos que aqueles eram seus chocolates favoritos. No entanto, mesmo com a ‘perseguição’ e os chocolates, Mike nunca havia se declarado para ela com palavras, o que sempre a deixava receosa toda vez que pensava em cortar suas asinhas. Mas ela, e toda a Forks High School, já tinham sacado que ele queria algo a mais. E já tinha passado da hora de dizer a ele que aquilo não era recíproco.

O observou pelo canto de olho enquanto fingia fazer anotações em seu fichário. Estavam na aula de biologia onde Mike era seu parceiro de bancada e o professor falava ininterruptamente sobre biologia celular, assunto que já havia estudado milhões de vezes em sua antiga escola. Mesmo tentando ser discreta, Mike percebeu seu olhar para ele e abriu um sorriso de orelha a orelha. Não podia negar que ele era um rapaz bonito. Com cabelos louros, olhos azuis – que lembravam os de sua mãe – e um sorriso torto que deixava todas as meninas do colégio encantadas. Exceto por ela. E Bella. Sorriu de volta, mais pelo seu pensamento do que para Mike em si. E se arrependeu, não queria dar a ele falsas esperanças já que planejava desiludi-lo ainda hoje. Na próxima aula, para ser mais exata. Estava com vergonha e com pena de quebrar o coração do menino, mas começou:

— Mike – cochichou – se importa de escaparmos da aula de educação física hoje? – Ela sabia que o menino mataria aula com ela porque já fizeram isso outras vezes para adiantar os trabalhos de casa e porque ele fazia tudo que ela queria.

— Claro..., mas por quê? Esquecemos de entregar algum trabalho?

— Não – tentou dizer o mais sério que conseguia para não dar falsas esperanças ao rapaz. – É que tem algo que preciso falar com você.

— Ah, tudo bem. – disse preocupado.

— Me encontre no estacionamento, perto da picape de Bella, ok?

— Sim, senhora.

Estava nervosa. Aquilo seria extremamente constrangedor e era justamente o tipo de situação que evitava a todo o custo. Não tinha como aquilo acabar bem: ou partiria o coração de seu amigo ou ele diria que ela estava enganada e nunca tinha pensado nela de outra forma sem ser como amiga, o que a deixaria ainda mais desconfortável. De ambos os jeitos, talvez perdesse um dos poucos amigos que havia feito em Forks. Era uma situação que já conhecia de certa forma, porém, da perspectiva contrária. Ela era a apaixonada e temia perder seu amigo por se declarar para ele. E tudo acabou de uma maneira bem pior do que esperava e imaginava.

O sinal tocou indicando o final da aula e tirando Victoria de seus pensamentos, que haviam tomado um rumo que ela não gostava. Guardou seu material na mochila e lançou um sorriso cúmplice para Mike enquanto pegava seus pertences e ia em direção ao lugar combinado. Quando matavam o tempo de educação física, sempre se dirigiam ao local de encontro separados para não chamar atenção do inspetor que andava pelo prédio em busca de alunos infratores. Uma vez fora do edifício, estavam livres de tomar uma detenção, já que os inspetores pareciam preguiçosos demais para procurar por transgressores nas áreas abertas do colégio. O que era um erro, obviamente.

Quando Mike e Victoria se encontraram, a menina abriu a porta da picape Chevy vermelho-desbotada para que se sentassem. A chave do carro ficava com ela já que, ao voltar para casa, era ela quem dirigia e não Bella. Levou um tempo até que a menina tivesse os culhões necessários para despejar sua rejeição no rapaz. Não era algo que se orgulhasse, mas precisava dizer. Pelo seu bem e até mesmo de Mike. Havia tantas meninas no colégio interessadas nele, Jessica era uma, por exemplo. Era perda de tempo dar atenção as que não podiam correspondê-lo. Foi seguindo esse pensamento que Victoria deu início ao seu discurso. Falou o quanto gostava de Mike, enfatizando o quanto sua amizade era importante. Disse que percebia que ele a tratava diferente dos outros e temia que o menino nutrisse por ela algum tipo de sentimento que infelizmente, ela não poderia corresponder.

O menino a olhou cabisbaixo.

— Está tão óbvio assim? – perguntou tristemente.

— Um pouco, sim.

— Eu... ér...Me desculpe, Vic. Eu não queria te incomodar nem nada... Eu só...

— Achou que por ser parecida com minha irmã, mas não ser ela de fato, te daria uma chance? – perguntou tentando soar descontraída – Que isso, Newton! Todos sabem que sou bem mais bonita.  – Brincou

— Eu não sei... Talvez. Posso ter confundido um pouco as coisas. Ela te contou?

— Bella? – ele balançou a cabeça em afirmação – Ah não, na realidade foi Jessica. 

— Arg, é claro que foi ela.

— Não fique com raiva. Ela parece gostar de você pra valer. Talvez devesse olhar mais atentamente ao seu redor. Vai se surpreender. Se quiser, posso me afastar um pouco para não te magoar ou deturpar sua visão quanto a isso...

— Que? Ah não, isso não é necessário. Mesmo porque eu estou planejando a melhor viagem para esse final de semana e não seria a mesma sem você. Vi na meteorologia que fará sol no próximo final de semana. Pensei em fazermos uma trilha.

— Mike, não sei se é uma boa ideia. – Ele ouviu mesmo o que eu estava dizendo? pensou. Não tinha interesse em sair com ele e muito menos viajar. É assim que os garotos de Forks reagem a um fora? Me chamando pra sair?

— Não se preocupe, Vic. Isso não é um encontro. – Falou como se lesse os pensamentos da menina. – Iremos com o nosso grupo de amigos. E não é uma viagem propriamente dita, a trilha fica em La Push, há uns vinte minutos daqui.

Os olhos da menina brilharam. Pensou no rapaz mal humorado da praia.

— Sendo assim, estou dentro! Quando iremos?

— Domingo, mas ainda combinarei direito com o pessoal e aí te aviso.

— Beleza!

Então, Bella bateu no vidro sinalizando que provavelmente o dia letivo acabara e podiam se dirigir as suas casas. Se despediram com um abraço e então a menina mais velha tomou o lugar de Mike no banco do carona. Victoria deu partida no carro enquanto borboletas voavam livremente no seu estômago. Estava morrendo de felicidade pois estaria mais perto do homem da praia, ainda que não o encontrasse. O que ela não imaginava, era que o próximo encontro deles já estava marcado para antes mesmo do que ela esperava.

Quando estavam quase chegando em casa, para surpresa da mais nova, Bella quebrou o habitual silêncio que se instalava sempre que estavam juntas.

— Mike estava pegando no seu pé? - perguntou séria, como se estivesse forçando uma aproximação.

— Estava. Até hoje. Tive que pôr um fim nisso.

— Ah, era isso que estavam conversando agora pouco? – Victoria balançou a cabeça em afirmação – Achei que você gostasse dele.

— Como amigo apenas. Ele confundiu as coisas, acho eu. Só porque você não o correspondeu, não significa que teria chances comigo. Sabe como é...

— Acha que foi isso? Ele projetou em você os sentimentos que tinha por mim? Quer dizer, não sei se ele era tão apaixonado assim por mim. E, bem, você é uma garota incrível. Qualquer garoto em sã consciência gostaria de você por quem você é... ou pelo menos deveria.

Aquele era o primeiro elogio que Bella fazia à irmã desde que dividiam o mesmo teto. Victoria sorriu sinceramente.

— Obrigada. Bem, só estou dizendo o que Jessica me contou.

— Não acredite em tudo o que Jessica diz. Principalmente em relação ao Mike. – E, surpreendentemente, Bella riu.

— Anotado.

Quando chegaram em casa, Victoria estacionou a picape em frente ao jardim frontal de casa. Antes que saíssem do carro, voltou a falar:

— Bella, posso te perguntar algo? – A menina levantou as sobrancelhas, indicando que a outra prosseguisse – O que aconteceu?

A mais velha sabia que a pergunta se referia a coisas que se passaram antes da irmã chegar aqui. Coisas que tiravam seu sono, perturbavam seus pensamentos e justificavam seu comportamento estranho. Ela abriu a boca para começar, mas ainda não conseguia falar sobre aquilo sem que o buraco aberto em seu peito doesse. Então Victoria mesmo continuou:

— Não precisa falar se não quiser. Mas ele te deixou, não foi?

Bella apenas assentiu.

— Sabe que passei por algo parecido. – Não era uma pergunta.

— Charlie me contou recentemente.

— Sei que nunca fomos próximas, mas quero saiba que podemos ser amigas. Você pode contar comigo.

— Parece algo bobo, comparado ao que você viveu, mas...

— Não é bobo! Tudo que sentimos é legítimo, e deve ser levado a sério. – Victoria estava orgulhosa de si mesma por ter superado a raiva que sentia pela história de amor fracassada da irmã.

— Tudo bem, obrigada.

Então saíram do carro e se dirigiram à casa. Enquanto Victoria girava a chave para destrancar a porta, Bella a abraçou. A mais nova, surpresa, largou a chave e colou os braços ao redor da mais velha. Ficaram abraçadas por longos minutos, até que Bella se desvencilhou do abraço e ambas entraram em casa com um sorriso tímido no rosto.

Naquele dia, Bella tinha descoberto que existia uma pessoa – e ela estava bem a sua frente, esse tempo todo – que poderia entender sobre o buraco que havia sido aberto em seu peito quando Edward partiu. E que podia se abrir com ela, mesmo que com poucas palavras, pois ela a entenderia e a ajudaria. Feliz e confortada por isso, cozinhou um belo prato de macarronada para o jantar. A comida favorita de sua irmã. Vez ou outra, se olhavam cúmplices enquanto jantavam. Algo que não passou despercebido por Charlie, que ficou extremamente feliz.

/=/

A semana não demorou a passar. Era terça-feira quando Mike convidara Victoria para a trilha em La Push, e agora estavam na sexta. Já tinham combinado como fariam para ir e o que precisariam levar. O mais difícil foi convencer Charlie a permitir que sua filha caçula se embrenhasse no mato com um bando de outros adolescentes, ainda mais com a quantidade de lobos que residiam na reserva. Mas com muita insistência, ele cedeu. A menina agora se encontrava na Newton’s Olympic Outifitters, loja de equipamentos para camping dos pais de Mike, comprando tênis novos para fazer a trilha e um casaco corta-vento. Estaria sol, mas isso não impediria que fizesse frio. Enquanto experimentava um par de tênis que tinha gostado, Charlie ligou para seu telefone móvel, dizendo que a noite haveria um jantar de aniversário para seu amigo Billy, na reserva Quileute, e a convidou para ir. Sem pensar duas vezes, a menina aceitou. Desligou o telefone com um sorriso de orelha a orelha, com o mal humorado praiano em seus pensamentos novamente.

Assim que chegou em casa, foi para o banheiro afim de tomar um banho. Ligou a água quente e deixou que escorresse por todo seu corpo. Tinha uma boa impressão sobre esse jantar de aniversário e por isso usou seu shampoo e sabonete mais cheirosos. Quando acabou de se banhar, vestiu uma calça jeans azul royal que havia trazido para ocasiões especiais, uma blusa listrada em preto e branco e seu velho all star preto. Por cima da blusa, colocou sua jaqueta parka favorita, cuja cor era verde musgo. Arriscava dizer até que seu rosto perdera um pouco da palidez característica e estava mais corada. Quanto terminou de se arrumar, sentou-se no sofá para esperar Charlie voltar do trabalho e Bella ficar pronta. Eram tão lentos que acabou cochilando sentada.

Despertou assustada quando Charlie desceu as escadas de maneira estrondosa, indicando que estavam prontos para ir. Já era noite e estavam um pouco atrasados. Iriam na viatura, já que a picape de Bella não era cabine dupla e, portanto, não comportaria os três.

 Os vinte minutos de estrada passaram tão rápidos que era como se La Push ficasse na esquina de casa.

Ao chegarem, logo avistaram uma fogueira em frente à pequena casa vermelha de Billy, onde um grupo de jovens se agrupava. Charlie estacionou ao lado da casa e desceram do carro. Novamente reparou a pele bronzeada dos moradores da reserva e notou também que, além disso, todos possuíam os mesmos traços: olhos negros e pequenos, assim como os cabelos e uma fileira de dentes extremamente brancos, que contrastavam perfeitamente com sua pele.

Os rapazes sentados ao redor da fogueira eram incrivelmente grandes e fortes, e muito se assemelhavam ao rapaz da praia. A menina pensou que isso podia ser um bom sinal, deviam ser parentes. Não ia ser tão difícil encontrá-lo. Bella parecia conhecer os garotos, então começou:

— Olá, rapazes. Essa é minha irmã, Victoria. – Os quatro olharam para ela com um sorriso de orelha a orelha e olhos brilhantes, como se estivessem verdadeiramente felizes em conhecê-la. A menina achou isso muito fofo. – Vic, estes são Quil, Embry, Paul e Jared.

— É um prazer conhecê-los. – disse Victoria acenando juntamente com Charlie. Eles acenaram de volta, ainda sorrindo. Nesse exato momento, um casal saiu da casa de Billy, com pratos e copos nas mãos. Eles deviam ter a mesma idade de Charlie e possuíam os mesmos traços que todos os outros. Exceto pelo homem, que tinha cabelos brancos ao invés de madeixas negras. Dessa vez, foi Charlie quem apresentou:

— Querida, estes são Sue e Harry Clearwater. Bella já os conhece, certo? – Bella concordou enquanto Victoria cumprimentava Harry. Em seguida, a mulher mais velha a abraçou ternamente, abrindo um doce sorriso.

— É um prazer finalmente conhecê-la! Charlie fala muito de você.

— Ah, que isso. Fico muito contente em conhecer todos vocês também. – Sorriu de volta para a mulher, timidamente.

— Billy está lá dentro ainda, na cozinha. Podem esperar aqui se quiserem, ele já vem.

— Não não, vou até a cozinha me certificar de que ele pegou todas as cervejas. – brincou Charlie.

Bella ficou parada conversando com Sue, enquanto Victoria seguia o pai para dentro da casinha vermelha. Estava curiosa para conhecer seu interior. Assim que entraram, avistaram Billy pegando algo na geladeira.

— Cheguei na hora certa! – Exclamou Charlie.

— Meu amigo, chegou mesmo. Venha aqui e me ajude com essas latas. – O pai da menina se dirigiu até o homem de cadeira de rodas escorado na geladeira. – Ora, e quem é essa? Não me diga que é a pequena Victoria.

— A própria. – A garota respondeu também indo em direção ao homem para apertarem as mãos. A casinha era simples e aconchegante. A sala era pequena, com apenas um sofá voltado para uma tv velha e uma mesinha de centro. Um balcão largo separava o cômodo de uma cozinha improvisada. Também havia um corredor que provavelmente levaria ao banheiro e quartos.

— Meu Deus, como cresceu! Está com quantos anos?

— Dezessete.

— Mais velha que Jake! Lembro quando brincava de casinha com as minhas meninas. Estou ficando velho.

— Estamos aqui para comemorar isso! – comentou a menina em tom de brincadeira – Feliz aniversário, Billy.

— É mesmo amigo, parabéns por continuar velho e chato por mais um ano.

— Obrigado, querida. E Charlie, vá se catar. Vamos para fora, estão nos esperando para comer.

— Claro.

— Ah, Victoria, leve essas cestas de pão lá pra fora, por favor? Acho que Sue esqueceu aqui. Como poderíamos comer cachorro quente sem pão?

— Sim sim, já peguei.

— Obrigada. Você é um doce. Diferente do seu pai.

Saíram do casebre rindo. A menina notou então que mais quatro pessoas se juntaram aos meninos e aos Clearwater em volta da fogueira. Não era nem preciso dizer que eram iguais aos outros, só se diferenciavam pelo tamanho e pelo sexo, é claro. Seu pai, imaginando que a menina não fizesse ideia de quem eram os recém chegados, fez uma descrição para a filha enquanto se dirigiam aos seus lugares na roda.

O homem e a mulher sentados juntos num tronco de árvore posicionado como banco, eram Sam Uley e Emily Young, sobrinha dos Clearwater. Ambos pareciam estar na casa dos vinte anos, mas já estavam noivos e planejavam o casamento. O menino sentado ao lado de Sue, era seu filho mais novo Seth Clearwater. Junto de Bella estavam Quil, que já havia sido apresentada e Jacob, o filho de Billy. Quando os olhos de Victoria focaram no último rapaz, o reconheceu de cara. Era ele. O menino que há algum tempo invadia seu pensamento. O que lhe derrubara na praia. Não conseguia acreditar que ele era justamente o tal do Jacob, que brincou com ela na infância e era filho do melhor amigo de seu pai. Após ser cutucado por Embry, que indicou a menina que se aproximava, Jake viu que vindo na sua direção estava a menina dos cabelos de acobreados. A mesma que havia esbarrado na praia e que agora era dona de seus pensamentos mais intensos. A força que agora o prendia à Terra.

Acomodaram-se todos em banquinhos dispostos em volta da fogueira, e atacaram os cachorros quentes enquanto conversavam de maneira animada. Victoria havia sentado ao lado de Seth, que descobrira ser um menino de quatorze anos muito educado e sorridente. Contou a ele um pouco sobre sua vida, seus gostos e o que estava achando de morar do outro lado da península de Olympic. Ouvira também sobre a vida do rapaz, o que gostava de fazer no tempo livre e quais eram suas expectativas para o futuro. Enquanto embarcavam num novo assunto, a garota percebeu os olhares de Jacob – que estava sentado do olho lado da fogueira, de frente para Vic – para si. Ele a olhava como se admirasse uma obra de arte famosa exposta num museu. Muitas vezes a menina sustentava esse olhar, desviando apenas para olhar para Seth ou para disfarçar o rubor em seu rosto.

Os ponteiros do relógio completavam mais uma volta, e nenhuma das pessoas parecia querer ir embora. Muito pelo contrário, conversavam cada vez mais empolgados. Victoria já havia perdido a conta de quantas vezes rira das histórias que Sue contava sobre um Seth bebê. Charlie tinha tomado tantas cervejas acompanhado de Billy, que começara a trocar o nome das filhas. E Bella conversava com Jacob tranquilamente do outro lado da fogueira. Foi quando Quil, que havia se retirado há algum tempo, voltou para a fogueira com um violão em mãos.

— Alguém se arrisca? – Todos se entreolharam e ninguém respondeu. Ninguém ali sabia manusear o instrumento. Depois de alguns minutos, Charlie quebrou o silêncio.

— Victoria é uma ótima musicista. – A menina congelou. Há meses que não tocava um instrumento sequer. Seu conhecimento sobre violão já era pífio antes, agora então, após meses sem praticar, não devia saber tocar nem parabéns pra você.

— Ah não... faz muito tempo que não toco, não sei se consigo.

— Aposto que consegue! Vamos lá Vic, todos querem ouvir. – Incentivou Charlie

— Sim, com certeza!

— Será um prazer ouvi-la tocar, querida.

— Não sairemos daqui sem ouvir pelo menos uma musiquinha – disse um Seth sorridente enquanto tirava o violão das mãos de Quil e o depositava no colo de Victoria.

— Tudo bem, já que insistem. Alguma sugestão?

— Você que manda, gata.

— Tudo bem, então. Vamos lá. – Victoria se lembrou de uma música que com certeza saberia tocar no violão. Já tinha assistido milhões de vezes Will dedilhar aquela cifra. Começou com os primeiros acordes de Dust In The Wind, a música favorita de seu melhor amigo. Arriscou cantá-la também. Como filha de uma professora de música, já tinha aprendido tocar vários instrumentos, inclusive como usar sua própria voz. Não se considerava uma boa cantora já que Will sempre dizia que a menina não conseguia extravasar seus sentimentos através das cordas vocais, parecendo mais um robô alienígena recitando poesia do que uma garota cantando. Tocar violão também nunca fora seu forte, sabia apenas alguns acordes e só. O piano era sua vocação, sua arte e seu maior dom. Mas esse jamais voltaria a tocar. Era algo que fazia com seu melhor amigo, e agora ele estava morto.

Achava que conforme avançasse nos versos, mais pensamentos de Will viriam a sua mente trazendo a culpa, dor e a mágoa por tê-lo perdido naquele maldito acidente. E teria que parar a música devido a voz embargada pelo choro e provavelmente sairia correndo, morta de vergonha. Contudo, isso não aconteceu. Lembrou-se apenas dos dias em que tocavam juntos, na sala de música de sua casa. E a memória veio com um sentimento de paz. Era como se todas aquelas sensações ruins não conseguissem alcançá-la ali. Como se sob os olhares dos Quileutes e principalmente de Jacob, estivesse protegida de todo e qualquer mal.

Quando terminou a música, as pessoas ali presentes explodiram em palmas e elogios. A menina detestava ser o centro das atenções, mas agradeceu sorridente a cada demonstração de carinho e admiração. Conversaram por mais alguns minutos até que seu pai decretou que já passava da hora de ir embora. Antes que terminasse de se despedir de todos, Victoria notou que estava com a bexiga cheia e precisaria ir ao banheiro antes voltar ao seu lar. Billy então ordenou que Jacob mostrasse a ela onde era o banheiro da pequena casinha vermelha. O menino a chamou e juntos seguiram para a toalete.

— Então quer dizer que a turista magricela é a filha caçula de Charlie? – O garoto disse enquanto andavam lado a lado.

— E o brutamontes mal educado é o famoso Jacob Black. – Ao ouvir as palavras da menina, Jacob soltou uma risada alta e olhou para baixo em seguida, como se estivesse com vergonha.

— É, sou eu... Não começamos muito bem, né?

— Nem um pouco – riu

— Então vamos começar de novo. Prazer, sou Jacob Black, mas pode me chamar de Jake. – Ele disse e logo em seguida estendeu a mão para que a menina apertasse.

— O prazer é meu, Jake. Sou Victoria Rose Swan, mas meus amigos me chamam de Vic. – A menina retribuiu o aperto de mãos.

—  Victoria Rose? É um nome bonito. Gosta de rosas?

— Só porque meus pais escolheram esse nome brega e antiquado pra mim, significa que gosto de flores? – perguntou numa grosseria fingida, fazendo Jake rir – Estou brincando. Amo rosas, são minhas favoritas.

—Entendi. Bom, senhorita Victoria Rose, chegamos ao banheiro.

— Ah sim, obrigada. – O tempo mínimo que andou ao lado de Jacob foi o suficiente para esquecer tudo ao seu redor. Esquecera até mesmo que precisava fazer xixi. – E ah, por favor, só Vic.

— Realmente não gosta do nome?

— Gosto de Victoria e de Rose também. Só não acho que façam uma boa combinação.

— Ah bom, sendo assim, Vic, chegamos ao banheiro. Fique à vontade.

— Obrigada. – disse sorrindo enquanto entrava na pequena toalete.

A menina não demorou nem cinco minutos. Quando deixou o pequeno banheiro de linóleo verde, voltou a andar com Jacob para o lado de fora, em direção a seu pai. Enquanto andavam, Jake elogiara a voz da garota e suas habilidades no violão. Disse que, se possível, gostaria de ouvi-la tocar novamente. Era impressionante como ele era gentil e bem humorado. Não parecia nada com o homem estressado daquele dia. Aliás, ele não era nem tão velho como a menina imaginara, tinha apenas dezesseis anos apesar de ser enorme. Jacob não era um homem mal educado e sim um garoto sorridente e engraçado.

Encontrou novamente Charlie e Bella, que terminavam de se despedir de Sue. Com todos os Swan reunidos novamente, podiam voltar pra casa. Victoria se uniu a eles, despedindo-se da matriarca dos Clearwater.

— Volte novamente, querida. Adoramos ter você conosco.

— Domingo ela estará de volta, vai fazer trilha por aqui com os amigos do colégio. – Charlie disse com um tom de voz descontente e preocupado.

— Pode deixar que estaremos de olho nela. – Billy falou rindo.

— Não deixem que minha menina seja devorada por lobos.

— Nenhum lobo nunca a machucará, Charlie. Não se preocupe. – Foi a vez de Jacob falar.

Enquanto revirava os olhos com aquela preocupação paternal exagerada de Charile, Victoria entrou na radiopatrulha juntamente a Bella. O pai entrou depois, no banco de trás. A menina acenou timidamente para Jake, ao mesmo tempo que a irmã dava partida no carro e davam início a sua viagem de volta para casa.

Pai e filho observavam o carro partir, quando Billy disse sorridente:

— Não olhe tanto para a menina. Vai assustá-la.

— Eu não estava olhan...

— Ah Jake, conte outra. – Interrompeu o filho – Quando iria dizer ao seu velho pai que finalmente teve um imprinting?

— Eu...ah... Er... como soube disso?

— “Nenhum lobo nunca a machucará” – disse fazendo aspas no ar e imitando a voz de Jacob. – Isso e a cara de bobão que faz quando olha pra ela.

Jacob não sabia o que responder.

— Fico muito feliz por isso. Estava na hora de parar de sofrer por quem não te merece. Além do mais, ela parece uma ótima menina. Juntaremos as famílias, Charlie e eu. Compartilharemos os netos! – Falou Billy, pensando num futuro próximo. – Bom, vou me deitar. Arrume a bagunça. Te amo, filho.

E seguindo a ordem do pai, Jacob foi ajudar a arrumar a bagunça que haviam feito no jantar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que vocês estão achando da história? Comentem aqui com opiniões, críticas construtivas e sugestões!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Full moon" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.