Miranda estacionou o carro em frente à casa de Charlie e ambas se surpreenderam ao ver que o homem já as esperava na porta.

— Sabem como é... cidade pequena. Todo mundo comenta tudo. E não é difícil chegar nos ouvidos do xerife. – disse Charlie sorrindo e abrindo os braços para abraçar sua filha caçula.

— Olha, confesso que estou chocada. Não sabia que a fofoca por aqui chegava com tanta rapidez! Depois que entramos na cidade, foi tão rápido até aqui. – Exclamou Miranda, saindo do carro. Charlie já havia contado que as informações corriam rápido por Forks, mas não imaginava que era assim tão rápido.

— Com esses celulares móveis que inventaram, as informações chegam com mais facilidade. – comentou bem humorado, enquanto levava as bagagens da filha para seu novo quarto. Sua voz era grossa e firme, como se trovejasse cada vez que falava. Apesar disso, era um homem doce.

Victoria ocuparia o aposento que era de Charlie. O patriarca havia se mudado para o quarto de hóspedes para que a filha pudesse ter mais espaço e ficar ao lado de sua irmã mais velha. Depois de colocar as malas em um canto do quarto, a menina foi almoçar com os pais num restaurante do centro. Bella estava visitando um amigo então só a veria pela noite. O almoço fora tranquilo, seus pais conversaram entre si a maior parte do tempo, enquanto a menina comia em silêncio, sua mente vagando por diferentes lugares.

Depois do almoço, a menina se despediu de sua querida mãe, que viajaria de volta para casa. Era domingo, e a mesma tinha que dar aulas no dia seguinte. Como a viagem era relativamente curta, a mulher chegaria em casa antes mesmo do anoitecer. Foi uma despedida triste, mas não tão ruim como a menina imaginou. Em seguida, foi colocar as roupas no armário, pendurar seu antigo quadro de fotos e se ambientar no quarto que agora seria seu.

Estava arrumando sua escrivaninha com os acessórios de papelaria que trouxe de casa, quando Charlie se escorou silenciosamente no batente da porta.

— Sabe, estou feliz que está aqui – começou meio sem jeito – mas lamento pelo que houve com você e seu amigo, saiba que pode conversar comigo. Esse tipo de coisa acontece, querida, não precisa se cul...

— Estou bem pai. – Interrompeu a menina. O tom de sua voz triste, denunciou que ela estava mentindo. E Charlie sabia. Sabia que a filha não andava bem desde que Miranda ligou para ele pedindo que acolhesse a menina por algum tempo. Mas já que ela ainda não estava preparada para falar sobre o ocorrido, não forçaria. Deu meia volta para dar privacidade à filha, quando se lembro de algo que poderia confortá-la a abrir seus sentimentos:

— Bella também está passando uma fase difícil. Talvez vocês possam se ajudar.

— O que houve com ela?

— Ano passado ela se envolveu com um rapaz da cidade, Edward Cullen. Namoraram e tudo mais. Mas há algum tempo, ele se mudou com a família e, bom, acho que terminaram... ela não está lidando bem com isso.

— Ah sim. – Ela está triste pois terminou com o namoradinho? pensou com raiva. Como queria que meu problema se resumisse a Will me dando um fora. Preferia mil vezes que estivesse longe de mim, porém vivo e feliz.

— No momento ela está com Jacob Black, lembra dele? Vocês brincavam juntos quando eram crianças. Ele é filho de meu amigo Billy... Acho que ele gosta de Bella, o Jacob... Faço gosto, melhor do que o Mãos de tesoura. – A menina riu do comentário, é claro que o pai apelidaria o ex namorado de sua irmã de Edward Mãos de tesoura.

— Não me lembro muito desse Jacob. Nem de Billy.

— Tudo bem, vocês terão tempo para se conhecer. – E com isso, Charlie foi para sala assistir uma partida futebol.

Assim que terminou de ajeitar seu novo quarto, Bella chegou e preparou um jantar de boas-vindas. Nada muito elaborado, mas delicioso. Victoria notou o que o pai falara sobre a menina não estar lidando bem com o término do namoro. Encontrava em Bella as mesmas olheiras roxas e fundas que ela mesma possuía e um semblante triste de quem estava machucada por dentro. Mesmo assim, ainda sentia raiva. Sabia que estava sendo injusta, não podia julgar a irmã por seus sentimentos, no entanto, não conseguia controlar a irritação dentro de si.

Independentemente dos sentimentos de raiva e descontentamento que nutria pela mais velha, Victoria aceitou a carona de Bella para a Forks High School no dia seguinte. A menina havia sido muito gentil em não só em levá-la para escola como também em apresentar seus colegas de classe para que Victoria não ficasse sozinha, já que não fariam todas as disciplinas juntas. Mesmo sendo um ano mais nova, Victoria estava na mesma classe de Bella.