Fear And Light escrita por Barbara Soares


Capítulo 6
Capítulo 6




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Ela abriu os olhos e a luz de uma janela iluminou sua visão. Olhou ao redor. Rachel estava em seu quarto na casa dos pais em Manhattan. O espaço estava exatamente como ela havia deixado há três meses atrás: Desenhos espalhados sobre a mesa, livros abertos na estante e tubos de tintas espalhados pelo chão.


O quarto era bem grande e os pais nunca tentavam arrumar a bagunça nem retirar as coisas de Rachel de lá. Mesmo que não quisessem, ela sempre voltava ao seu antigo quarto.


Ela levantou a cabeça para o criado ao seu lado e verificou a hora no rádio relógio. Quatro e meia da tarde. Havia dormido quase doze horas.


Foi ai que ela percebeu o que havia acontecido, a visão havia a feito desmaiar no elevador. As imagens passaram rapidamente em sua cabeça, mas com muita clareza e ela se sentiu apavorada, nunca havia acontecido algo como aquilo.


Ela se levantou com um pouco de tontura e começou a revirar o quarto a procura de um dracma, ela sempre tinha um por perto, mas eles sempre insistiam em desaparecer. Finalmente achou um em baixo de algumas roupas.


Foi ao banheiro, ligou o chuveiro e abriu as janelas deixando a luz do fim do dia entrar. Jogou o dracma no arco-íris formado e ofereceu a deusa, desejando ver Quíron do outro lado.


Quíron estava na floresta quando viu Rachel na névoa. Ela lhe contou sobre a visão e sobre o desmaio. Quíron não tinha palavras.


– Eles não podem pensar nisso, sem ao menos saber os fatos – Rachel disse.


– Os deuses olham apenas para os seus próprios pés – Quíron disse – Eles dificilmente olham o futuro.


– Será que posso ajudá-los a mudar de idéia contando o que eu vi?


– Talvez possa – Ele disse – Mas ainda é muito cedo, a criança nem nasceu.


Rachel concordou e prometeu não contar nada a mais ninguém. Iria somente esperar os fatos acontecerem assim com devia ser. Quando a imagem de Quíron desapareceu, Rachel decidiu esfriar a cabeça. Colocou uma roupa qualquer, vestiu seu casaco e desceu decidida a ir a qualquer lugar onde pudesse pensar.


Quando chegou a sala de estar, sua mãe que estava lendo um livro, levantou os olhos para ela.


– Rachel? – a mãe disse – Você devia estar descansando, aonde vai?


– Estou bem mãe, preciso tomar um ar.


– Rachel, você desmaiou, o médico disse que precisa de repouso.


Mas Rachel não ligou para sua mãe, virou e saiu pela porta dos fundos. Pegou seu carro e dirigiu sem pensar muito aonde ia. Acabou parando no litoral de Hamptons. A praia de areia branca estava totalmente vazia provavelmente por causa do frio e esse era o ambiente perfeito para ela.


Deixou seus sapatos no carro e foi caminhando pela areia sem se importar se seus pés congelassem. Apesar de acalmar os pensamentos de Rachel, o mar a lembrava muito suas visões e sonhos que se a atormentavam agora dia e noite.


A praia era longa e ela parou e se sentou na areia. O sol estava começando a bater no horizonte e a brisa gelada estava cortando seu rosto. Ela fechou os olhos absorvendo o cheiro salgado.


– O por do sol é lindo, não é? – Uma voz masculina falou ao lado de Rachel.


Ela abriu os olhos e deu de cara com um homem de cabelos negros e pele muito branca sentada ao seu lado. Usava bermudas também brancas e uma camisa pólo amarela escrita Chasing The Sun – The wanted. Ele tinha olhos cor de caramelo e fitava o por do sol no horizonte.


– Apolo? – Rachel disse reconhecendo o deus do dia em que aceitou o espírito de Delfos.


– Acertou! – ele disse, sorrindo para ela – boa memória, heim!


Rachel simplesmente se virou para o mar novamente.


– Puxa, vim só conversar – Apolo riu. – Você não era tão quieta assim há sete anos atrás.


– Só estou tensa – Rachel disse – e você sabe o por quê.


– Sei – ele disse – Você sabe que quando aceitou ser portadora do espírito de Delfos, ficou sujeita a tudo isso? Profecias, visões e tudo que vem junto.


– Eu sabia os riscos – Rachel disse – Você não pode convencer os deuses a mudar de idéia?


– Eu não posso – Apolo disse – eu não vi o que você viu. Sou apenas a ponte entre você e as profecias, mas não tenho nada a ver com as visões. Elas acontecem por decisão de Delfos.


– Ou seja, estou sozinha – Rachel disse – na verdade, sempre estive sozinha.


– Correto! – Apolo sorriu – Você é boa nisso, conseguiu se virar. Talvez fosse por isso que Delfos a escolheu.


– Mas eu não entendo uma coisa – Ela começou – Porque tenho que ser a única a saber, o futuro? Porque os deuses não vêem o que eu vi, antes de julgar o garoto?


– O Futuro é algo que esta longe e ao mesmo tempo muito perto e pode ser mudado. Nem uma profecia ou visão é certa.


Rachel ficou em silêncio só fitando as ondas.


– Preciso ir – Apolo disse – Como sempre, Zeus está me vigiando. Ele não gosta quando falamos de mais, e aliás, tenho muito sol para puxar ainda. O por do sol já vai começar.


Apolo se levantou, sacudiu a areia das roupas e tirou um chaveiro do bolso. Apertou o botão e um bip soou, desarmando o alarme do lamborghini amarelo que havia acabado de aparecer no fim da praia.


– Se cuide Rachel, e não fique muito perturbada, Quíron tem razão, deixe acontecer, depois vemos o que deverá ser feito.


Ele começou a caminhar em direção ao carro e a recitar alguns versos enquanto sua pele se transformava em ouro.


Rachel desviou o olhar enquanto o deus se transformava em pura luz.


Ela acabou voltando para casa antes da noite chegar. Subiu para o seu quarto sem ao menos dar alguma satisfação para os pais que a estavam esperando na sala. Pegou algumas tintas de cor escura e começou a jogar em todas as suas telas que representavam visões.


Ela teve a impressão que fez isso a noite toda. Quando estava satisfeita com o resultado, apagou as luzes e se jogou na cama do jeito que estava, adormeceu rapidamente com a cabeça tranqüila e os pensamentos em ordem pela primeira vez em muito tempo.



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Notas finais do capítulo

adoro mistérios, kkkk



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