Ele continuou andando, em meio aquela multidão de formas e cores, quando alguém, acompanhado por outras figuras, o convidou para conhecer os quadros da exposição. Ele agradeceu e recusou o convite, porque iria passar o dia seguinte em outro quadro. Ele continuou andando, e por causa disso começaram a falar dele, que ele era estranho simplesmente porque iria passar o dia com ela. No outro dia ele saiu de seu quadro e foi para o dela. Ele passou o dia todo andando de um lado para o outro, olhando para o cenário e falando com ela, perguntando muitas e muitas coisas para ela. Ela não respondia. Ele continuava a falar com ela, a andar por todo o quadro, ele só não explorava todo o quadro como tinha vontade para não invadir o espaço da menina e acaba irritando-a.

Vários dias passaram, todos os dias ele seguia sua rotina de ir conversar com a menina. Todos os outros o achavam estranho por causa disso. Ele já havia notado que estavam lhe ignorando, mas ele não ligou muito. A menina o achava estranho porque ele sempre vinha lhe ver. Ela estranhava porque ele já deveria ter desistido assim como todos os outros, mas ele não desistiu. E outros dias se passaram.

E um dia ele não foi para o quadro da menina. Ele mudou de caminho, ele havia ido tentar falar com os outros. Ela continuou no seu canto, e quanto mais tempo passava e o menino não chegava ela ia achando estranho, e ela mesma a achava estranha por isso. Ela o esperou, mas ele acabou não vindo. Ela ficou triste. Ela havia sentido algo que ela nunca sentiu, ou pelo menos nunca percebeu que sentia. Ela se sentiu sozinha sem a presença dele com suas inúmeras perguntas e com seu falatório. Ela sentiu a solidão e percebeu que aquele sentimento machucava. Mas ela preferiu não se importar com isso, pois sabia que isso iria acontecer. Preferia esquecer, mas ao contrario de todas as outras vezes, dessa vez era mais difícil.