A Mansão Subterrânea escrita por Justine
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem :P
- Ai! - gemeu Pedro,quando seu corpo chocou-se contra o chão. Luísa caiu sobre as costas do rapaz, que sentiu mais dor ainda.
Embora o corpo do amigo tenha amortecido a queda, a menina sentiu uma imensa dor no corpo. Mesmo assim levantou-se rapidamente e ajudou Pedro a levantar-se também. Bastou apenas os dois se colocarem de pé e recolher as lanternas que escaparam das mãos de ambos na queda para verem Lúcia gritando antes de atingir o chão.
- Ai! Minha coluna! - gemeu ela, trincando os dentes - Acho que não vou conseguir andar direito tão cedo!
Pedro revirou os olhos.
- Anda, deixa de frescuras. Vai conseguir andar sim! - disse ele, estendendo-lhe a mão e puxando-a - Eu também caí e, para piorar a situação recebi um torpedo nas costas, e ainda assim estou inteirinho, inteirinho.
Luísa dirigiu um olhar nada amigável ao amigo. Lúcia apanhou sua lanterna do chão e apontou-a para todas as direções. Luísa começou a proferir seu fatídico e repetitivo discurso, mais conhecido como resmungo:
- Lúcia, não acredito que você deixou isto acontecer! Mas tem que ser muito descuidada para ver duas pessoas cairem num buraco e depois cair também, não é?
Lúcia soltou um suspiro de fadiga:
- Acontece, queridinha, que eu me aproximei demais da beira do buraco, na intenção de ver se você e Peu estavam bem. Preciso te dar mais alguma explicação?
Luísa calou-se. Pedro apontou a lanterna para frente e teve uma surpresa: havia uma bifurcação, cuja entrada, apesar de pequena, seria o suficiente para um ser humano passar, desde que se abaixa-se um pouco.
- Ei, meninas! - disse ele, chamando a atenção das amigas. Olhem isto!
Lúcia e Luísa apontaram suas lanternas para frente. Elas não ficaram surpresas.
- É só uma bifurcação, Peu. - suspirou Luísa, que nem teve tempo de concluir sua frase direito. Uma voz conhecida, apesar de gritar algo incompreensível, chamou a atenção dos três amigos.
- Veio da bifurcação! - disse Lúcia, alarmada.
- Parece a voz de Rober! - acrescentou Pedro, e, sem dar um aviso sequer curvou-se um pouco e entrou na bifurcação de lanterna em punho.
- Peu! Espere aí! - gritaram as meninas, mas não viram outra opção, senão seguir Pedro. E foi o que fizeram.
Passos velozes e mancos, lanternas acesas, rostos transpirantes, os três corriam curvados, seguindo na direção de onde vinham os supostos gritos de Roberto, que ficavam cada vez mais claros e fortes. Os jovens não souberam calcular o quanto correram; mas foi o suficiente para sentir-se exaustos, já que suas condições físicas e a posição em que eram obrigados a ficar para locomover-se não eram as melhores. Mas mesmo assim, só pararam quando chegaram em uma área um pouco mais ampla.
A cena que viram não era a que desejavam ver: de mãos atadas, rosto machucado e sentado desconfortavelmente no chão estava Roberto, e com ele um rapaz que poderia ser seu parente próximo, já que tinha quase as mesmas características, apesar deste parecer ao menos quatro anos mais velho que o melhor amigo de Pedro. Este rapaz estava em pé ao lado de Roberto e quando viu os três jovens parados e atônitos a observa-los, sorriu como um caçador sorri antes de apertar o gatilho que tira a vida de sua presa.
Nenhum dos três ousou-se a chegar perto. Apenas observavam a tudo assombrados. Duas lanternas acesas no chão (uma delas pertencia a Roberto) eram as únicas iluminações antes da chegada do trio.
- Não vão dizer olá ao seu amiguinho? - perguntou o rapaz desconhecido, com um sorriso sarcástico nos lábios.
- O que você fez com ele? - gritou Pedro, enquanto avançava para ele, mas foi detido pelas amigas.
O estranho soltou uma risada maléfica e nada respondeu. Assustada, Lúcia tentou um pequeno interrogatório:
- Quem é você? O que quer conosco?
O rapaz esquisito voltou a sorrir cinicamente.
- Não precisa fazer esta cara de medo. Prometo que se forem bonzinhos, serei até um pouco piedoso com vocês no final das contas.
- Piedoso? O que quer dizer com isto? O que vai fazer conosco? Por que machucou Roberto?
- CHEGA DE PERGUNTAS! - gritou ele, tão ameaçador quanto rude, fazendo os três amigos se intimidarem. Depois abrandou a voz de tal maneira que os mesmos se assustaram: - Acho que o garoto aqui vai ficar feliz de ver seus coleguinhas de novo. Vamos, venham fazer companhia a ele. Vamos, crianças, estou sendo bonzinho. Não vão querer conhecer os meus métodos para educar criancinhas desobedientes tão cedo, não é?
Mortificados, Luísa, Lúcia e Pedro deram alguns passos e sentaram-se ao lado de Roberto. O estranho bateu palmas.
- Isso mesmo! E agora... - ele ergueu uma faca de lâmina afiada e brilhante. O pavor tomou conta do quarteto quando ele aproximou o objeto das mãos de Roberto. Percebendo a tensão dos prisioneiros, disse: - Calma pessoal! É que hoje estou de bom humor e não vou fazer nada de mal, tudo bem? Apenas vou desamarrar os pulsos do pirralho aqui.
As cordas afrouxaram-se dos pulsos de Roberto, que as afastou, enfurecido.
- Pronto, agora está tudo resolvido! Boa noite, crianças! Comportem-se, amanhã estarei aqui para cuidar de vocês. E não tentem fazer nenhuma gracinha, certo? Conversem um pouco com o amiguinho aí, pois ele já viu a propaganda do filme e já tem ideia do que faço com atrevidinhos. - dizendo isso, apanhou uma das lanternas, virou-se e começou a caminhar. Porém, de repente parou e disse:
- Ou melhor... Ele viu o rascunho da propaganda! - saiu então, gargalhando muito, e sua risada ecoou até que não pode ser mais ouvida. Só então os amigos tiveram coragem para se comunicar. A conversa começou com demonstrações de preocupação com Roberto.
- Rober... - sussurrou Pedro, apertando a mão do amigo - Você está bem?
- Como você veio parar aqui? - quis saber Lúcia.
- Ele te machucou muito? - perguntou Luísa, passando a mão pelo rosto e cabelo do rapaz.
- Calma, pessoal. - tranquilizou ele, mas sua voz soou cansada e baixa - Eu estou bem. Ele apenas socou meu rosto uma vez, só isso.
- Nos conte o que aconteceu depois que você deixou o acampamento. - pediu Pedro.
Roberto limpou a garganta e começou a sua narrativa.
- Bom... Eu entrei no mato e comecei a pegar gravetos e folhas secas. Fui avançando um pouco, mas não me afastei muito. Foi aí que vi uma luz de lanterna acender e apagar umas três vezes.
- A mesma que vimos antes de cairmos no buraco. - sussurrou Luísa, mordendo o lábio, enquanto lembrava-se do que aconteceu antes de encontrar Roberto.
- Eu fiquei um pouco temeroso, mas mesmo assim avancei em direção ao lugar. - continuou Roberto - E quando cheguei, lá estava este cara estranho, segurando a lanterna. Eu me aproximei dele e perguntei quem ele era, e se estava precisando de ajuda. Ele sorriu e disse que o único que estava precisando de ajuda ali era eu. Não deu tempo de eu sequer ter uma reação. Apenas senti a ponta de uma faca contra minha barriga. Então, com um golpe, pegou minha mãos e amarrou-as atrás de minhas costas. Puxou-me para a beira do buraco e com um pontapé me empurrou para dentro dele. Eu caí de costas, a dor foi horrível. Depois ele desceu usando uma corda, cuja a ponta que ficou lá em cima estava amarrada em algo pontiagudo, que prende-se ao chão. Eu vi quando ele a puxou. Daí mandou eu levantar do chão, me agarrou pelos pulsos e entrou na bifurcação, me puxando.
- Até aí, entendi. Mas ele sabia que você não estava sozinho, pois vimos o sinal da lanterna. Como ele sabia que tinha mais gente na serra? - indagou Lúcia.
- Eu já ia chegar lá. Quando ele me trouxe para cá, ele começou a dizer umas coisas esquisitas, então me deu um soco no rosto e perguntou se havia mais alguém comigo. Eu não quis falar, então ele me ameaçou com a faca e eu falei de vocês. - disse ele, sem esconder a culpa que sentia - Acho que ele não estava nos espionando. Daí ele saiu, e depois de algum tempo voltou, me ameaçou com a faca novamente e pediu para eu gritar sem parar. Aí vocês chegaram.
- Espera... Agora tudo está fazendo sentido. - observou Peu, coçando o queixo - Ele saiu para nos pegar, mas, por ironia do destino, saímos para te procurar e por puro azar nos enfiamos bem no caminho da armadilha. Daí, facilitamos o trabalho do sequestrador, que só precisou mandar o sinal da lanterna. Facilitamos mais ainda ao correr com tanta velocidade a ponto de eu e Luí não conseguirmos evitar a queda. Lúcia também se descuidou, ouvimos os seus gritos e... Aqui estamos nós.
Roberto sacudiu a cabeça desconsolado. Pedro e Luísa exibiam olhares apavorados.
- Ei... Calma, galera! Tudo vai acabar bem! Ele é um apenas, e nós somos quatro! - falou Lúcia tentando animar os amigos - Vamos lá, não vamos deixar que um sujeitinho covarde e metido a valentão e a sua faca nos intimide. Quando ele voltar aqui, podemos dar um jeitinho nele e nos mandar e também...
Roberto não deixou a amiga terminar a frase.
- Acho melhor seguirmos o conselho dele e não tentarmos fazer nenhuma gracinha, Lu.
Lúcia exibiu uma expressão que remetia zombaria no rosto.
- Ah, qual é, Rober? O que é um cara com uma faquinha perto do quarteto fantástico?
Roberto suspendeu os olhos.
- Ele tem uma arma, Lúcia.
- Claro que tem! E se acha o todo poderoso só por causa daquela faquinha de tratar peixes! Mas nós podemos ensinar a ele que não é bem assim e...
- É uma arma de fogo. - disse Roberto, sombrio.
O pavor tomou conta de Pedro, Lúcia e Luísa, mas apenas a primeira garota manifestou-se:
- O que? Como assim? Eu não vi nada!
- Estava no bolso da calça dele. - informou Roberto. Ele não me ameaçou com ela, mas mesmo assim eu consegui vê-la.
Luísa finalmente abriu a boca.
- Que tipo de sequestrador que tem uma arma de fogo não faria questão de mostrá-la a seus prisioneiros e ainda usaria apenas uma arma branca para intimidar quatro pessoas?
- Sei que não é o momento de dizer isso, mas receio que ele a esteja guardando para usar no momento certo. - disse Roberto, ainda com o mesmo ar sombrio.
O silêncio tomou conta do lugar até que Pedro decidiu quebrá-lo, dizendo, pensativo:
- Estamos em palpos de aranha.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Demorarei para postas, mas espero que vcs compreendam, queridos! Mas não desistam, continuem acompanhando. Deixem rewiews!