POV. Sarah

   A noite passou bem rápido, parecia que na hora em que deitei na cama o despertador tocou. Eu conseguia escutar os passos de Antônio passando pelo corredor, levantei-me lentamente e espreguicei-me. Peguei o uniforme no meu armário e o vesti. Saí do quarto e encontrei minha mãe e Antônio na cozinha.

-Bom dia filha.

-Olá! –falei sentando-se à mesa.

-Tenho uma boa noticia.

-O que? –perguntei.

-Seu pai vai voltar de Moçambique amanhã! –exclamou e soltei um grito de felicidade.
Meu pai era diplomata e havia viajado para Moçambique a trabalho.

-Você não percebeu nada priminha? –pergunta Antônio.

-O que?

-Mark não está aqui. Ele foi embora. –falou e meu queixo caiu. Ah! E agora? A Rebeca gostou tanto dele!

-Porque ele foi embora? –pergunto a minha mãe.

-Filha, ele não mora aqui. Ele já terminou a faculdade e alugou um apartamento no centro de Dallas para morar por aqui.

-Ah! Que bom! –falei e me levantei passando por trás de Antônio e dei um tapa em sua
cabeça. Escovei os dentes e peguei minha mala que estava no meu quarto.

-Prontos para mais uma semana de aula? –pergunta minha mãe enquanto entravamos no carro.

-O que você acha? –falou Antônio e minha mãe riu. Passei a viagem toda tentando afastar Antônio de mim, pois ele não parava de puxar meu cabelo. Quando chegamos na escola, peguei minha mala e fui apressadamente para meu quarto.

-Bom dia! –falei colocando a mala em cima da cama.

-Bom dia Sarah, novidades?

-Mark não está mais morando na minha casa, mas ele alugou um apartamento no centro de
Dallas. –respondi à Rebeca e ela sorriu.

-Hoje sai o resultado de quem ganhou os dez mil dólares ou a bolsa de estudos. –falou
Kathe enquanto penteava o cabelo.

-Quem você acha que venceu?

-Não sei, a Meredith foi muito bem. –falou suspirando. Escutamos o sinal tocar e fomos para nossas salas.

POV. Katherine

 Eu estava com frio na barriga, hoje sairia o boletim e o resultado de quem ganhou o show de talentos. Entrei na sala e a primeira coisa que vi foi Meredith e Thomas abraçados em um canto da sala. Ele a balançava, beijava sua bochecha e ficava dando nós em seu cabelo liso. Os dois eram muito fofos juntos, finalmente Thomas achou a garota certa, dava para
ver a felicidade em seus olhos.

Sentei-me entre Matt e Rebeca, o professor entrou na sala e começou a dar sua aula, enquanto eu tentava prestar atenção, um papelzinho caiu na minha mesa. O abri e vi a letra de Rebeca.

O Antônio veio falar comigo antes da aula, ele que voltar comigo, o que eu faço?

Peguei minha caneta e respondi:

Acho que você deve voltar com ele, vocês dois são muito fofos juntos. Esquece o Mark, vai dar confusão ficar com o outro primo. Xoxo

Joguei o papel para a mesa dela e voltei à atenção para o quadro.

POV. Rebeca

    Eu estava indo para a sala junto com as meninas quando senti alguém me puxar para o canto, e as meninas nem perceberam. Virei-me e vi Antônio parado encostado na parede.

-O que foi Antônio? Eu tenho aula agora.

-Eu também, mais quero falar com você...

-Mas eu não quero falar com você. –respondi, comecei a andar de volta para o corredor quando ele falou:

-Quero voltar a namorar com você. –fiquei parada no meio do corredor e respirei fundo.

-Falo com você depois. –respondi e fui para a sala de aula.

Enquanto o professor passava matéria nova, jogo uma folha de papel para Katherine falando que Antônio queria voltar comigo. Esperei alguns minutos quando a folha voltou, estava escrito que era para eu voltar com ele e esquecer o Mark porque daria problema eu ficar com dois primos. Suspirei e amassei a folha guardando-a na mochila.

-Senhorita Rebeca, você sabe a resposta da conta? –pergunta o professor e franzi a testa
encarando o quadro que parecia estar escrito em hebraico.

-Desculpa, eu não sei. –ele balançou a cabeça e voltou a escrever no quadro.

Hoje a turma estava muito inquieta, o assunto do dia era o possível romance de Meredith e Thomas. Era estranho ver os dois juntos, Meredith fez de tudo para não ficar com ele, ela dava muita patada nele, mas os até que os dois são lindos juntos. O sinal tocou e juntei minhas coisas.

-Rebeca! –escutei Katherine e me virei.

-O que?

-Você vai voltar com o Antônio?

-Não sei, tenho que pensar um pouco. Você viu o novo casal da escola?

-Meredith e Thomas? Eles foram feitos um para o outro. –disse rindo enquanto entrávamos
na quadra para fazer a aula de educação física.

-Quase ninguém acredita que esse namoro é real.

-É sim. –respondeu Kathe entrando no vestiário feminino, trocamos de roupa e quando saímos senti alguém tocando minhas costas. Me virei e vi Antônio.

-O que você quer? –perguntei cruzando os braços, tentando não derreter pela carinha de cachorrinho sem dono que ele estava fazendo.

-Você vai voltar comigo?

-Olha...

-Por favor, Rebeca... –implorou.

-Ok, eu vou voltar com você! –falei e ele sorriu me abraçando e me erguendo no ar. Começamos a rir.

-Ok... Antônio! Para... –falei sorrindo, mas ele continuou me rodando pela quadra.  -Antônio, estou ficando tonta. –ele me soltou e me beijou.

-Que saudades de você. –ele me abraçou de novo, me esmagando contra seu peito.

-Alunos, deixem para namorar depois! Agora prestem atenção na aula! –gritou o professor.

Hoje jogaríamos handebol, eu adorava esse jogo, não era sempre que jogávamos isso, a
maioria das vezes a gente jogava basquete ou vôlei e como eu era baixinha eu sempre ficava de fora, ninguém me escolhia.

O jogo começou e começamos a correr pela quadra, nossos tênis faziam sons irritantes quando em contato com o chão da quadra.

As meninas estavam indo bem, mas então sinto alguém me empurrar e cai com força no
chão.

-Ah! Minha mão! –gritei quando escutei um estalo no meu pulso.

-Rebeca! Desculpa, eu não tinha te visto. –escutei Antônio dizer ao meu lado.

-Como você não me viu?! Eu não sou tão pequena assim! –falei tentando segurar as
lagrimas por causa da dor que eu estava sentindo no pulso.

-Desculpa amor... –disse novamente me ajudando a levantar. O professor chegou e me levou até a enfermaria.

-Acho que ela torceu o pulso. –ele falou a enfermeira. Essa era a segunda vez que eu me machucava na escola, a primeira foi quando eu quebrei o pé quando caí da escada no dia que acabou a luz na escola.

-De novo! –digo irritada enquanto via a enfermeira mexer no meu braço.

O professor saiu da enfermaria que ficara silenciosa o único som era o da enfermeira enfaixando meu braço. Minutos depois escutamos alguém bater na porta.

-Entre! –a porta se abre e vejo Antônio entrar olhando para mim.

-Você está bem?

-Sim, só torci o pulso. –falei ele suspirou.

-Desculpa Rebeca! É sério eu não queria te machucar. –ele segurou a minha mão boa
esperando que eu respondesse algo, mas não falei nada.

-Rebeca, você terá que ficar uma semana com o braço enfaixado. –diz a enfermeira.

-Ok.–levantei-me e saí da enfermaria com Antônio pedindo milhões de desculpas.

-Rebeca eu não vi...

-Tudo bem Antônio! Eu te perdoo. –falei olhando para ele.

-Obrigado. –ele falou e me abraçou.

-Temos que ir para nossa próxima aula. –fomos andando de mãos dadas até a sala de
literatura. Entramos na sala e nos sentamos em nossos lugares.

-Alunos, eu e o professor de artes tivemos uma ideia de realizar um amigo-oculto aqui na
turma de vocês. –disse o professor e todos começaram a gritar e bater palmas. –Na próxima segunda-feira já vai ser o amigo-oculto. –a professora foi passando de carteira a carteira e as pessoas pegavam os pequenos papeis com o nome da pessoa que tiraram. Peguei uma folhinha e a abri e comecei a rir ao ver quem eu tirei.