POV. Katherine

  Até que enfim tinha chegado sexta-feira, acordei seis e meia e as garotas já estavam arrumadas.

-Estou atrasada? –perguntei e Rebeca negou. O professor de física pediu para que todos fossem para a aula mais cedo, pois ele falaria algo importante para a gente.

Comecei a me arrumar e olhei para Sarah e Rebeca que estavam afastadas uma da outra e
suspirei, eu odiava ver minhas melhores amigas irritadas umas com as outras.

-É sério que vocês duas vão ficar irritadas? –perguntei e Sarah suspirou.

-Rebeca que está fazendo drama! –disse.

-Olha, então não vou falar mais com vocês enquanto vocês não voltarem a ser amigas. –falei e elas me olharam chocadas. Saímos do quarto e fomos para a sala onde já havia alguns alunos.

Sentei-me no meu lugar e a turma ficou em silencio quando o professor chegou.

-Olá alunos, sei que a escola não permite passeios, mas resolvi montar um por fora da escola. –ele falou e alguns alunos vibraram. –O que vocês acham de ir a um planetário? –ele perguntou e a turma começou a bater palmas. –Então vocês façam os pais ou responsáveis de vocês assinarem, o ônibus esperará as oito da manhã em frente à escola no domingo.

-Professor, eu e meu irmão somos emancipados, o que fazemos? –perguntou Alisson.

-Matt tem 18 anos né? –perguntou o professor e ela assentiu. –Então por ele ser maior de
idade ele é seu responsável. –ele falou e ela sorriu.

Guardei o comunicado na minha pasta.

-Outra coisa que quero falar, é que hoje vai vir dedetizadores para a escola e o diretor não quer que vocês respirem veneno, então vocês vão para casa agora. –ele falou e todos vibraram novamente.

-Dede o que? –perguntou Thomas do fundo da sala.

-Dedetizadores, são pessoas que vem se existem insetos em lugares públicos, tipo lanchonetes, padarias e escolas. –o professor falou. –Bom, vocês estão dispensados e já
podem ir para casa. –peguei minhas coisas e sai da sala.

-Acha que você vai poder ir? –perguntou Alisson.

-Não sei, vou ver com a minha mãe. –falei. –E você?

-Matt é louco para conhecer um planetário então com certeza eu vou. –falou e sorri.

-Até domingo então. –falei entrando no meu quarto.

-Tchau. –ela falou. Comecei a arrumar minha mala quando vi Sarah e Rebeca entrarem,
elas olharam para mim, mas desviei o olhar.

-Kathe, sério que você vai ficar sem falar com a gente? –perguntou Rebeca.

-Só vou voltar a falar quando vocês duas se resolverem. –falei. –Prometemos que nenhum
garoto atrapalharia nossa amizade! –falei olhando para elas.

-Tem razão. –falou Sarah.

-Desculpa Sarah, eu deveria ter acredito em você. –falou Rebeca e sorri ao ver as duas se
abraçando.

-Tudo bem. –falou.

-Agora eu volto a falar com vocês. –falei abraçando elas também. –É melhor eu ir logo antes que minha saia para fazer a caminhada dela e eu fique presa do lado de fora de casa. –falei e elas riram.

-Tchau Kathe. –falaram as duas juntas.

-Tchau meninas. –falei.

No corredor encontrei Thomas.

-Kathe, você vai poder ir à excursão do professor? –ele perguntou.

-Não sei, mas quero muito ir. –falei.

-Eu vou, meu pai é louco por essas coisas do céu, ele acredita em extraterrestres! –falou e comecei a rir.

-Então até domingo. –falei abraçando ele.

-Como você vai para casa? –perguntou franzindo a testa.

-De ônibus.

-Não quer uma carona?

-Não precisa. Tchau. –falei e ele acenou com a mão. Enquanto eu esperava o ônibus chegar mandei uma mensagem para a minha mãe.

Mãe, vou chegar em casa hoje, o diretor liberou a escola. Não saia de casa antes de eu chegar.

Sentei-me lá no fundão e coloquei a mala do meu lado. Nesse momento eu não queria pensar em nenhum menino, só queria curtir a minha mãe um pouco, estava com saudades
dela.

Quando o ônibus se aproximou da minha casa, desci lentamente dele e fui andando pela
calçada, mas antes, resolvi parar no mercadinho do Walter.

-Deseja alguma coisa Kathe? –perguntou Walter, um velhinho que eu admirava muito por
não ter morrido ainda, pois desde que eu era criança, ele era velho.

-Aqui ainda vende aquele sorvete de banana? –perguntei e ele riu.

-Sim. –falou saindo de trás do balcão. –Você pode cuidar do caixa enquanto procuro o sorvete? –perguntou e assenti. Desde quando eu tinha 13 anos, quando ele saia para o banco, eu ficava tomando conta do caixa. E como ele sempre dizia: “Quando eu morrer, você vai herdar o mercado”. Vi Walter chegar lentamente com o sorvete na mão.

-Aqui. –falou estendendo a mão enrugada na minha direção.

-Quanto é?

-Esse é de graça, tenha um bom dia Katherine! –falou enquanto eu saia do mercado. Fui para casa esperando ter chegado antes de a minha mãe sair para fazer a caminhada
matinal dela. Bati na porta algumas vezes e ela abriu a porta vestindo uma roupa de ginástica.

-Filha, que bom ver você! –falou me abraçando.

-Também estou feliz de ver você. –falei entrando em casa. –Trouxe sorvete de banana!
–gritei do meu quarto enquanto acariciava a cabeça de Spider...

                                                       ***

    Aproveitei que minha mãe tinha ido se exercitar e coloquei o som alto e fui dar uma arrumada no meu quarto, mas antes de começar meu celular tocou.

-Alô?

-Kathe, é o Thomas, preciso da sua ajuda! –falou e me sentei na cama.

-O que houve? –perguntei.

-Preciso rapidamente de aulas extras! Minhas notas estão muito baixas e não sei se vou conseguir passar de ano!  -gritou e afastei o celular do ouvido.

-Thomas, não vai dar para eu te dar aulas, eu preciso estudar para as provas e para o simulado, e já estou dando aulas para Sarah, Rebeca, Santana e Alisson! –falei me lembrando de quanta coisa eu teria que fazer na semana.

-Você conhece alguém que seja esperta como você? –perguntou e sorri.

-Tem o Matt...

-Não!!! –falou irritado e me lembrei de uma coisa.

-Tem a Meredith, ela gabaritou a prova de química e de trigonometria. –falei e escutei
o silencio do outro lado da linha.

-Ok, no domingo falo com ela. –disse suspirando. –Tchau.

-Tchau Thomas. –falei e desliguei o celular. Voltei à atenção para o meu quarto que mais parecia um lixão. Eu ainda tinha que perguntar para a minha mãe se eu poderia ir ao passeio com a turma no domingo. Meu celular tocou novamente e suspirei. Será que não vou conseguir arrumar meu quarto? Só que dessa vez eu tive que atender, era Matt.

-Matt, o que foi? –falei enquanto catava um saco de plástico do chão.

-Você vai poder ir ao passeio? –perguntou.

-Não sei, vou ver com a minha mãe.

-Você soube da competição que vai ter na escola? –falou e franzi a testa me encostando na parede.

-Que competição? –perguntei.

-De talento...

-Matt, eu não tenho nenhum talento. –falei rindo.

-Eu sei, mas lembra daquela vez que cantamos juntos no jardim? Quando ainda namorávamos? –sorri com a lembrança daquele dia.

-Sim, cantamos Beautiful do Akon com a Dulce María! –falei.

-Você cantou bem...

-Está querendo que eu cante? –perguntei assustada.

-Não! Só estou pedindo para você pensar no assunto, olha, eu tenho que ir. Tchau Kathe. –falou.

-Tchau Matt. –falei e desliguei o telefone novamente para voltar novamente a arrumar meu quarto. Enquanto isso um pensamento veio a minha cabeça: Cantar? Será que eu teria coragem?