Durante muito tempo eu fiquei em um orfanato. Sozinha. Poucos amigos, sem família, apenas uma velha senhora para cuidar de mim. Eu queria uma vida nova, uma vida em que eu pudesse ser como qualquer garota normal por aí. Só isso.

Ele deu um tiro. O moço que estava no carro preto. O a bala acertou um pneu traseiro do nosso carro e houve um acidente. Dani e Rafa estão bem, segundo o médico. Se bem que, eu não sou lá de acreditar nele, havia algo estranho no cara.

Agora, sentada aqui, numa cama de hospital, com o braço engessado e a perna quebrada, e relembrando tudo o que aconteceu.

Depois que o nosso carro capotou, eu não me lembro de nada até um certo ponto. Quando acordei. Amarrada. Numa cadeira. Em uma sala escura, morrendo de fome, sangrando e dolorida.

– Socorro! - eu gritava a todo instante. Até que...

– Paola. Cale a boca. - ouvi uma voz que nunca tinha ouvido antes, do homem. O homem que causou tudo aquilo. O homem do carro. - você deve estar pensando quem sou eu, onde estão seus pais, por que diabos eu fiz isso ou por que você que está aí.

– O que está acontecendo? - gritei interrompendo ele

– Eu mandei você calar a boca. - ele disse me encarando, e continuou - está na hora de você saber a verdade. Sua mãe, não aquela vadia que estava no carro contigo, a biológica, não ia gostar de te ver assim.

"Ela não é vadia" pensei em dizer, mas era melhor não.

– Sim, eu conheci sua mãe. Melhor do que você imagina. Oh, sim, muito bem aliás. Mas coitada, era tão inocente, ela, sabe, Vitória, sua mãe. Você sabia o nome dela garota? - indagou ele, eu fiz não com a cabeça.

– Claro que não sabia. Eu consegui matar aquele velho antes de ele te contar. Carlos né? algo assim.

Não. Ele matou Carlos. Como assim?

– Ainda não me apresentei. Jonas. Mas quando você tinha 1 ano de idade, me chamava de papai.