Não.

Aquele cara não podia ser meu pai. Ele estava mentindo. Mas mesmo assim meus olhos se encheram de lágrimas.

- Por que essa carinha? Por favor né - disse ele andando em volta da cadeira que eu estava amarrada - sua vida deve ter sido uma farsa. Achou que seus pais um dia voltariam? achou que aquelas pessoas que te adotaram eram boas? 

- CALA BOCA - gritei, eu não conseguia mais ouvir isso

- Vejo que ninguém te ensinou a ter educação. 

- Eu sei com quem usar.

- Está na hora de você saber a verdade Paola. - ele deu uma pausa - primeiramente, eu que lhe enviei aquela carta. Sua mãe estava escrevendo quando, quando eu cheguei bêbado em casa, e matei ela. Eu só sei disso porque ela estava gravando um vídeo, e eu vi depois. Não me arrependo até hoje. Sua mãe era falsa. Traidora. 

Eu não conseguia dizer nada, o que poderia dizer?

- Nunca amei ela. - continuou - mas amei você. Amei. Você foi a melhor coisa na minha vida, você era especial. Você é. 

Continuei calada sem conseguir olhar para aquele rosto, que antes eu percebi, realmente parecia com o meu. 

- Mas eles te tiraram de mim. Vanessa e Arnaldo. Eles mentiram para você. Dani e Rafa? você chama eles assim? não são os verdadeiros nomes. Eles sequestram crianças para usá-las como escravos. Mas não fizeram isso contigo, o que achei curioso. 

Ele deu outra pausa mas logo continuou: 

- Fui atrás do por que disso, e encontrei Arnaldo naquela livraria. Ele decidiu viajar e veio para cá. Então vim atrás. Encontrei então, Junior. Seu irmão.

"IRMÃO. JUNIOR É MEU IRMÃO?" pensei mas não disse nada.

- Ele disse que você estava bem, que você é diferente. O homem morto? eu que matei. Ele era um dos amigos de Arnaldo que eu me lembrei, não sei porque estava lá, mas eu não queria ninguém perto de você. 

Ele andou em direção a uma mesa, que depois percebi que havia uma televisão em cima. Tirou uma coisa do bolso. Um cd. Abriu o local do DVD no aparelho, e disse:

- Está na hora de você saber, antes de tudo, o que sua mãe estava gravando. 

E apertou o play.