"Se a natureza me oferecesse duas coisas e me mandasse escolher, eu não me importaria com a segunda, desde que a primeira fosse você."

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Pego minha mochila e saio da sala, desço as escadas e encontro Marcela.

– Gabi! Quando chegarmos na minha casa me conta hein!

– Não entendi! Contar o quê?

– Você sabe!

Fomos até a casa dela em completo silêncio.

– Conta tudo!

– Conta o quê, criança? – digo, ainda sem entender nada!

– Quem é esse tal de Eduardo que ficou te admirando? – disse ela toda empolgada. Se eu a conheço bem, deve estar achando que tenho algum rolo com ele.

– Um garoto! Que ideia.

– Que ficou te admirando! – “Aff” Marcela e suas ideias malucas.

– Que admirando o quê, Marcela! Deve ter achado engraçado uma menina nerd.

– Não foi o que pareceu!

– Ele nem fala comigo direito. Eu hein! Que coisa. – digo já me irritando de tantas falas sem sentido da Marcela.

– Você que não deu chance para ele falar com você! Ele fala com você e você fica se fazendo de difícil.

– De difícil nada! Só não sou muito de conversar só isso! – disse olhando para a mesinha que tinha ao lado.

– Amiga! Não quero discutir! Você me promete que vai tentar falar com ele, mesmo ele não puxando assunto? – Aí já forçou a barra, Marcela! “Aff” já até sei que, se eu recusar, eu vou ter que ouvir um discurso imenso. Dou um longo suspiro e respondo.

– Está bem! – Marcela pula de alegria. O que essa menina está planejando? – Marcela! Vou para minha casa! Tenho que estudar!

– Você sempre tem que estudar! Vai se preparando porque esses dias vão acabar! – diz ela enquanto vou me dirigindo a porta.

Chego em casa, como sempre, ninguém em casa, como meu almoço que minha mãe já deixa pronto, tomo banho e vou estudar, as 19h da noite minha mãe chega do trabalho, prepara nossa janta, as 21h meu pai chega do trabalho e todos vamos dormir em seus respectivos quartos. Nada de diferente na minha rotina.

No dia seguinte, acordo com meu celular despertando, pego meus óculos, tomo um banho faço meu coque (sempre uso um coque), arrumo meu material, dou um beijo em meu pai (minha mãe vai mais cedo por isto não posso dar um beijo nela) e saio. Vou à casa da Marcela e sempre a encontro colocando algum acessório bem chamativo.

– Preparada para falar com o Eduardo? – Ela disse assim mesmo! O nome do Eduardo com uma voz de apaixonada, olhando para o teto e com as mãos entrelaçadas, o que no caso não ficou nada bonito!

– Nem me lembre! Só vou fazendo isto porque eu te prometi! – disse me encostando a parede olhando para ela.

– Ai, que drama! Você nem o conhece! Vai que ele é legal?

– Duvido muito! Ele nem vai me entender! A maioria não entende!

– Qualquer coisa eu sou a tradutora. – disse brincando. Muito sem graça essa brincadeira, mas ela é a marcela né? Faz parte. Revirei os olhos e resolvi ver um pouco de televisão.

– Está tudo bem, Gabi?

– Está, por quê?

– Porque nunca vi você ver televisão.

– Não posso?

– Tem alguma coisa te incomodando, amiga? Pode falar.

– Nada! Vai se arrumar para não nos atrasarmos! – desliguei a televisão e voltei à boa e velha parede. Ela levanta e continua a passar sua maquiagem.

Chegamos à escola e eu vou para o meu lugar de sempre, o Eduardo senta ao meu lado direito e a Marcela ao lado esquerdo.

– Oi. – disse Eduardo olhando para mim. Dei um sorrisinho e levo uma cotovelada de leve em meu braço, era a Mar. Que com essa leve cotovelada teve o significado: “fala com ele!”.

– Oi. – disse eu olhando para o meu caderno.

– Tudo bem com você? – disse ele receoso de não obter resposta. Levo mais uma cutucada de Mar.

– Tudo e com você? – percebo que ele fica surpreso com minha resposta.

– Comigo está tudo ótimo! Posso perguntar uma coisa?

– À vontade! – ele arregala os olhos que por sinal eram lindos. Devia ter ficado surpreso já que não troquei mais que 50 palavras com ele!

– Por que ontem você não falou direito comigo e hoje você até me tratou bem?

– Porque você não entenderia meus assuntos.

– Posso não ser “nerd”, mas eu entendo o que você diz!

– Hum.

– Nós poderíamos ser amigos sabia?

– Quem iria querer s... – sou interrompida por Marcela falando mais alto que eu.

– Ela adoraria ser sua amiga! – disse ela olhando para mim com um sorrisinho cujo significado não foi identificado.

– Desculpe, mas... Eu preferia ouvir a resposta da boca de Gabriela. – diz ele fazendo eu e ela ficarmos boquiabertas.

– Aceito sua amizade. – respondo sorrindo.