"Era pra ser amizade, me apaixonei."

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Pov. Gabi.

Abro meus olhos devagar e levo um susto com Marcela me olhando, era estranho, nunca havia acordado com ninguém no meu quarto, principalmente em pleno sábado.

– Que você tá fazendo aqui garota? – falo dando de ombros o susto que havia levado.

– Sua mãe me deixou entrar. – fala abrindo mais a janela.

– Tá né. – falo levantando da cama e pondo meu chinelo. – Bom dia pra você. – levanto e vou em direção ao banheiro.

Escovo meus dentes, ajeito o meu cabelo e saio do banheiro.

– Animada? – pergunta Mar.

– Pra quê? – pergunto tentando me recordar.

– Pra sua primeira festa! – fala animada. Lembro-me que Caio havia me convidado para uma festa que seria hoje a noite.

– Tá né. – falo indo em direção ao meu guarda roupa para tirar o pijama e por uma roupa de casa.

– Agora que eu reparei... – olho para ela. – Seu pijama é sexy hein. – fala rindo. Fico vermelha, realmente meu pijama mostrava demais, mesmo assim, não podia imaginar que Marcela iria me ver com ele.

– E- eu n- não sa- sabia que vo- você... – tento me explicar, mas as palavras não saiam direito e Marcela me interrompe.

– Tá, tá, tá, já sei que você não sabia que eu estava aqui e tal, mas mesmo assim tá muito sexy. – começa a rir novamente, eu, mostrando minha “maturidade”, mostro a minha língua em brincadeira a fazendo rir mais. – Por falar em roupa, com que roupa você vai ir pra festa? – fala olhando para meu armário e, se a conheço bem, avaliando meu estilo.

– Ah, eu pensei em uma calça jeans simples com uma blusinha. – falo tirando a peça de roupa do armário (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=64937648&.locale=pt-br). Ela olha com uma cara estranha como quem diz “Que roupa feia” e fala.

– Temos que dar uma limpo no seu armário sabe... – fala levantando da cadeira que estava. – Não, esse conjunto ficou horrível. – Fala mexendo no meu armário.

– O que está fazendo? – pergunto tentando tira-la de lá, em vão, ela abre a parte das roupas que eu havia ganhado de presente e que nunca tinha usado.

– Essas roupas são lindas. – fala com a mão na boca. – Você que comprou? – fala com a boca aberta, nem é pra tanto, mas tratando de Marcela só podia vir drama.

– Não, são roupas que ganhei, mas nunca usei não. – falo dando de ombros.

– Meu Deus, essas roupas são perfeitas, como você nunca usou essas roupas? Elas são caras! – fala olhando para mim.

– Ah, vem de uma parte da família que todo ano me dão um monte de roupas novas, são metidos a riquinhos sabe? – sento na cama.

– Então, você é rica? – pergunta sentando ao meu lado.

– Sim, mas eu e minha mãe deixamos o dinheiro guardado. – falo deitando na cama e olhando para o teto.

– Por que vocês deixam guardado o dinheiro? – fala olhando para mim.

– Gostamos de levar uma vida simples, fingimos que não temos dinheiro e trabalhamos duro para ganhar mais. – sento novamente, estava inquieta. Aquele assunto era chato.

– Vou fazer uma limpo no seu armário. – fala levantando da cama e indo em direção ao meu armário.

– Tá. – levanto e vou ajudar ela.

Passamos umas 2 horas arrumando meu armário e jogando fora roupas que, segundo Marcela, não se adequavam a meu corpo, de repente, sinto uma tontura.

– Você tá bem Gabi? – pergunta Marcela me ajudando a chegar a minha cama.

– Estou sim amiga, é que eu não comi nada ate agora, sempre fico assim, se eu não comer agora o máximo que acontece é eu desmaiar. – falo como se não ligasse para isso.

– Vou chamar sua mãe. – fala ela correndo em direção a onde minha mãe estava, ou seja, para a cozinha.

Segundos depois, sim, segundos, minha mãe já estava preparando meu café da manhã, minha mãe chega com bandeja em mãos. Na bandeja havia torradas, geleia, manteiga, uma maçã, um suco de laranja e um copo d’água. Após comer minha mãe repara em meu quarto, roupas espalhadas por todo canto.

– Passou um furacão por aqui? – fala boquiaberta. Meu quarto sempre foi arrumado.

– Foi culpa minha dona Mercedes, eu estava, digamos, mudando o estilo de sua filha. - minha mãe olha para as roupas e seus olhos se enchem de lágrimas.

– Que houve mãe? – pergunto segurando a mão dela e a puxando para a cama, ela deixa algumas lágrimas rolarem.

– Minha filhinha tá crescendo. – fala me abraçando.

– Não estou crescendo, Marcela que deu a louca e eu entrei na onda pra ela ficar calada. – falo brincando com Marcela e ela me mostra a língua. – Cadê meu pai? – pergunto percebendo que minha mãe não tinha tocado no assunto.

– Ele teve que trabalhar hoje. – fala minha mãe olhando para mim com ternura.

– Tá. – falo dando de ombros, já tinha me acostumado com ele distante de mim. Coloco a bandeja de lado e levanto da cama. – Esqueci-me de trocar de roupa. – falo pegando uma das roupas do chão e indo no banheiro.

Entro no banheiro e derramo lágrimas, podia ser forte, mas doía demais a distância dele, eu e ele somos muito juntos, conversamos sobre o que eu mais gosto, escola, ele me aconselhou quando eu sofri bullying, me ajudava em meu dever de casa, estudar para as provas, mas tudo na medida do possível, sempre que ele podia, ou seja, finais de semana e feriados, já com minha mãe era diferente, ela não conversa comigo, não sabe até hoje eu sofri bullying, não sabia me explicar os deveres de casa, não podia me ajudar a estudar... Acordo de meus pensamentos e percebo que nem se quer tinha trocado de roupa, vou para o Box e tomo um banho, depois coloco a roupa e penteio os cabelos. Olho-me no espelho e já não dava para reparar que chorei. Saio do banheiro e minha mãe já não estava lá, Marcela estava sentada na cama observando as roupas que eu usava.

– Demorou hein! – fala reparando que sai.

– Estava tomando banho – falo jogando o pijama em cima da cama.

– Temos muito que fazer mocinha. – fala Marcela levantando da cama e ficando em pé na minha frente.

– Como assim? – pergunto sem entender.

– Vamos cuidar do cabelo, maquiagem, você vai usar salto alto, então tem que aprender a andar neles... – começa com seu discurso, interrompo.

– Quem falou que vou usar salto? – falo indignada.

– Tem que usar! A roupa que eu separei é especialmente para usar salto. – fala em tom de ordem.

– Tá. – digo me rendendo, se eu não aceitasse ela ia começar um drama e eu não estava muito a fim de ouvir drama hoje. – O que faremos agora? – pergunto sentando em minha cama.

– Pode levantando, vamos começar pelo salto. – Tá se sacanagem, tinha acabado de sentar.

– Tá. – falo sem ânimo.

– Bora, se anima! – fala tentando em alegrar, esse português dela me mata de rir.

Começo a rir como boba e ela pega um salto bem pequeno. Os três primeiros até que eu dominei bem, mas o quarto fez com que eu me desequilibrasse e caísse com tudo no chão. Começamos a rir. Passamos horas treinando até que ela se cansa dessa “lição” e a próxima coisa da lista era uma transformação no rosto.