"Porque quando o assunto é amor eu sempre me lembro de você."

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Passam-se semanas fingindo que nada aconteceu e não, não contei a Marcela. Por quê? Não sei, deve ser vergonha sei lá, ela já beijou muitos meninos desde seus 12 anos e eu aqui com 16 e só beijando uma vez na vida e não, não nos beijamos novamente, simplesmente voltamos à amizade como se o beijo fosse esquecido ou como se nada rolasse entre nós.

Aula de educação física:

– Vocês vão fazer um trabalho em grupo composto por 3 pessoas, quero cartazes ou maquete contando regras e a história do handebol. – diz o professor. Logo Marcela grita meu nome me chamando para o grupo, claro que aceito, mas depois me veio uma pergunta que não queria calar.

– Quem vai ser a outra pessoa do grupo?

– O Eduardo ué. – diz ela.

Nada original vindo de Marcela, como não previ que a resposta seria esta? Passou o primeiro, o segundo e o terceiro tempo de aula. Finalmente o intervalo! Marcela reúne o grupo para ditar o que faremos.

– Então, a gente vai para a casa de Gabriela... – Que abuso! Porque logo na minha casa? Não pode ser na dela?

– Por que na minha casa? – pergunto indignada.

– Por que na minha não dá, lá tem meu pai, minha mãe e meu irmãozinho para nos atrapalhar e ainda vai vir minha prima e minha tia para lá. – diz Marcela se explicando.

– E por que não faz na casa do Eduardo?

– Amiga tem certeza que quer ir a casa dele? – ela me põe contra parede. É realmente foi uma péssima pergunta. Ouço a gargalhada de Edu, que só ria da situação.

– É realmente foi uma péssima pergunta. – digo assumindo meu erro. Odeio estar errada.

– Então fica combinado assim: vamos fazer o trabalho na casa de Gabriela. Hoje faremos uma reunião lá para decidirmos se vamos fazer maquete e tal. – nós dois concordamos calados.

Após a aula entrego o endereço de minha casa para Eduardo e vou embora. Chego a minha casa, não fiz a visita a Marcela porque pela primeira vez ela vem em minha casa. Meu primo estava em casa vendo televisão. Almocei rapidamente, pois estava atrasada para minha aula.

– Primo, vão chegar amigos aqui em casa, espero que se comporte e que não suje a casa enquanto eu estiver na minha aula, qualquer coisa liga e aqui está o endereço da minha sala, só vá para lá quando acontecer algo muito, muito importante caso contrário não desejo que ninguém vá. – dito com palavras frias, ainda não havia engolido aquela história.

– Tá. – diz ele distante, aposto que não prestou a atenção no que eu disse.

– Tchau. – digo já tocando na maçaneta e batendo a porta logo em seguida.

Chego rapidamente a minha sala e minha professora, uma mulher severa, me manda cantar como castigo 20 músicas devido ao meu atraso. Teria que ir cantando ao longo da aula, sem desafinar ou perder a voz. Eu disse que ela era má.

Começo a canta uma música que ela escolheu.

Pov. Edu.

Chego a casa dela e toco a campainha, ninguém atente, toco-a novamente e ouço passos vindos em direção à porta. Abre à porta um homem, aparentava ter uns 17, 18 anos por aí.

– Com licença, a Gabriela está?

– Não. Ah, você deve ser uma das pessoas que iriam vir hoje. Cadê o resto? – pergunta olhando para os lados procurando o resto.

– Eu vim mais cedo que o “resto”.

– Ah, sim. Entra. – diz me dando passagem. Entro na casa e pergunto:

– Ela vai demorar muito?

– Eu acho que sim, mas ela deixou um endereço aqui deve ser pra vocês irem lá, sei lá. – diz pegando um papel de cima da mesa.

– Tá.

Anoto o endereço em meu caderno e saio da casa. Chego ao destino, era uma escola de canto, mas por que ela me mandou ir pra lá? Entro lá e encontro Gabriela cantando “Melhor pra mim – Ana Carolina” a música estava no início.

Meu coração está feliz
Por causa de você
Minha vida mudou de vez
Depois que você chegou
Sou outra pessoa
Uma pessoa bem melhor
Se o amor tivesse uma cor
Seria a sua
Se fosse branca essa cor
Seria a mais bela das luas
Toda a beleza que o amor pedir
Eu quero pra você
O melhor de mim, o melhor de mim
Se o amor tivesse um nome
Seria o seu
Se fosse flor o seu nome
Seria o mais doce jasmim
Você sabe me fazer feliz
E eu quero pra você
O melhor de mim, o melhor de mim
O meu corpo está mais quente
Por causa de você
Minha pele mudou de cor
Depois que você chegou
Você entrou na minha vida
Como um anjo cheio de luz
Tudo ficou mais claro
Tudo ficou azul.

“Ela canta como anjo.” penso enquanto ela cantava. Sua voz era doce, suave, gostosa de ouvir, ela cantava com emoção como se cantasse o que sentia. Será que ela sentia isso? Quem será o melhor pra ela? Ela para de cantar e uma senhora, gorda de cabelos loiros curtos, aparentado ter uns 40, 50 anos se levanta de um banquinho e diz:

– Está bem, mas não é o suficiente. Você tem que se empenhar. Tem que ser perfeito! Cante mais uma vez, mas dessa vez se entregue a música. – diz a senhora se sentando novamente.

Ela canta mais umas cinco vezes e a cada vez que cantava a senhora, que deve ser a professora, a criticava e dizia que não estava bom. Uma vontade de xingar aquela mulher correu por mim, a cada crítica, a cada insulto que a senhora se dirigia á Gabriela a vontade aumentava, mas achei melhor guardar para mim mesmo, se não atrapalharia a aula dela ou perderia a oportunidade de ouvi-la cantar novamente. Depois de uma hora mais ou menos acaba a aula dela e ela guarda seu violão. Na saída ela me encontra e diz:

– O que faz aqui? – diz séria.

– Seu primo falou que era para vir aqui. – digo me explicando. Ela revira os olhos e diz:

– Tinha que ser. – ela me fita e diz em um tom ameaçador. – Nunca! Nunca conte a ninguém o que você ouviu isto e não venha mais aqui.