A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 72
Parte IV - Capítulo 72 - Guerra


Notas iniciais do capítulo

VOLTEEEI, MEU POVO! UHUUUU!
Não tenho avisos hoje. Só tenho a dizer MUITO OBRIGADA a Letícia Reedus pela MARAVILHOSA recomendação. Esse capitulo é pra você, gata! *-----*



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Capitulo 72

Guerras

- Vai, anda logo! – alguém gritou, a mesma pessoa que me carregava enquanto eu me debatia. Tinha algo errado, não só com meu com meu corpo que tremia convulsivamente como com os tiros que se seguiram e a dor aguda na barriga e na cabeça.

- Encontra o garoto! – outra pessoa gritou.

- Ele deve estar lá fora! E Carl? – outra perguntou.

- Estamos indo! – responderam.

Minha cabeça parou de rodar de repente e meu corpo se aquietou, só as dores permaneceram. Os barulho dos tiros foi diminuindo, então quem quer que seja que me carregava estava me levando para longe de toda a confusão.

- Delilah? Ah, droga, não é pra morrer! Você está muito quente. Está acordada?

- Estou – falei – Pode me colocar no chão, eu consigo andar.

- Já estamos chegando, ai eu te coloco no chão. Você levou uma pancada e tanto. – replicou, e percebi que era Glenn que me carregava.

- Que pancada? Pra onde está me levando?

- Devia estar concentrada mesmo nos tiros pra não perceber o pedaço de ferro que a Lola deixou cair na sua cabeça, do segundo andar. Ela se assustou com os tiros.

Minha cabeça deu uma pontada forte como se concordasse com a história. Um rangido alto fez meus ouvidos pulsarem e tudo ficou escuro.

- Que lugar é esse? Porque me trouxe pra cá?

- Quer mesmo que eu te conte? – ele fez um careta que indicava que eu não ia gostar nada.

- Porque estamos aqui enquanto OS OUTROS ESTÃO NO MEIO DOS TIROS? – gritei com raiva, já colocada no chão. Os outros estavam em perigo, minha família estava em perigo, e eu estava ali completamente fora de alcance para poder... – Espera ai, eles já sabiam que isso ia acontecer, não é? Só queriam me manter de fora.

Glenn ficou com a culpe estampada no rosto e fui tomada por uma vontade enorme de bater em alguém. Me limitei a apenas cerrar os dentes e perguntar:

- Porque?

- Porque você está grávida! E não queríamos que se machucasse. Era para você ficar aqui com Carl, Kalem e Judith, mas acabamos nos separando. Eles logo estarão aqui.

E então eu podia entender porque ninguém quis me chamar para a “pequena” reunião que estava acontecendo logo antes dessa confusão toda. Comecei a andar de um lado para o outro, até que pisei sobre algo estranho e arfei ao ver que era um corpo.

- Mas que droga! Argh! Porque esconderam isso tudo de mim! Há quanto tempo sabem que o Governador está aqui dentro?

- Faz pouco menos de um dia. Tivemos algumas pistas. Tipo o tapa-olho dele jogado no chão. Olha, não sabemos por que, mas parece que ele queria que soubéssemos que estava aqui. A teoria que temos é que ele estava avisando e tudo mais, tipo vingança, ou que queria algum tipo de distração para uma armadilha.

A porta se abriu de repente e Glenn apontou sua arma para a porta, mas era apenas Lola, com meu irmão. Ele veio até mim e passou um braço por minha cintura.

- Por favor, me desculpe pela cabeça. Espero que não esteja doendo. – pediu, e saiu, sem dizer mais nada. Mas o que falou me lembrou da dor intensa que ainda sentia em meu ventre baixo e que fazia meus olhos lacrimejarem.

Um estrondo muito forte veio do lado de fora, abalando as estruturas de onde estávamos.

- Droga. Tenho que ir ajudá-los. Não saia daqui, alguém vai vir buscar vocês. – Glenn falou e saiu apressado.

Abracei Kalem e apoiei o queixo no topo de sua cabeça, mexendo em seus cabelos dourados. A dor aumentou e o apertei contra mim, me apegando a ele como se fosse um salva-vidas, enquanto os estrondos continuavam cada vez mais fortes.

- O que você acha que está acontecendo lá fora? – ele perguntou.

- Eu não sei. – respondi, sem saber o que mais dizer. Eu queria chorar, gritar, fazer tudo. Até atirar numa pessoa (viva), coisa que nunca conseguiria fazer em sã consciência. Mas eu não estava mais em sã consciência.

Um barulho muito alto, como o de uma bomba explodindo, ecoou logo acima de nós, e um grande pedaço do teto despencou bem ao nosso lado. Uma poeira fina, cinzenta e sufocante subiu e comecei a tossir. Puxei Kalem para a porta e a abri com um pouco de dificuldade; não ficaria ali dentro com o teto desabando. Mas quando saí para o corredor e vi grandes pedaços de concreto caídos no chão, percebi que não era só lá que o teto estava despencando. Toda a prisão estava desabando sobre nossas cabeças. Eu não ficaria ali dentro esperando a morte.

- Vem comigo. – segurei a mão do meu irmão e o puxei pelo corredor, tapando o nariz com a manga fina da minha blusa para me proteger da poeira.

- O Glenn falou para esperarmos lá.

- Se quiser morrer com um bloco de concreto na cabeça pode voltar.

Continuamos a andar, até que um tremor muito forte abalou as estruturas e tivemos que nos apoiar na parede para não cairmos, enquanto um barulho ensurdecedor fazia minha cabeça doer.

- Para onde vamos? – Kalem perguntou.

Não respondi. Nem eu sabia para onde estava indo. Estava apenas me guiando pelos sons, pelos estouros, me mantendo o mais longe possível deles. Mas logo estávamos num corredor que eu conhecia, que dava para o pátio, e que estava caindo aos pedaços. Literalmente.

- Vamos passar depressa. Depois temos que ir direto para algum lugar protegido e que não esteja desabando, entendeu?

Meu irmão assentiu e corremos para fora. O sol quente queimou minha visão e tive que me encostar na parede por um momento, até recuperá-la. Podia ouvir os tiros próximos dali e me forcei a me recompor.

O primeiro problema que vi assim que recuperei a visão: a torre mais próxima estava tomada por pessoas desconhecidas. Segundo: o pátio estava cheio de zumbis. Terceiro: eu não tinha nenhuma arma. Quarto: nossa única opção era seguir para o carro estacionado abaixo, perto de onde antes estava a primeira cerca, logo abaixo de uma torre.

Apertei a mão de Kalem na minha e então corri puxando-o em direção ao carro, tentando não ser acertada pelos tiros e nem pega pelos zumbis, e ainda tentando proteger meu irmão que tinha os olhos assustados. Por sorte, conseguimos chegar ao carro e empurrei Kalem para que passasse pela porta do motorista e atravessasse até o banco do passageiro. Entrei e me sentei, apoiando a testa no volante completamente assustada. Nunca tinha presenciado nada igual, e meu coração palpitava, e a dor continuava persistente, mas tentei ignorá-la. Trinquei os dentes e deixei as lágrimas rolarem. E então, o que faríamos?

Assim que me fiz essa pergunta algo bater no capô do carro e gritei assustada assim como Kalem, enquanto um grupo de zumbis se amontoava sobre o corpo ali jogado, e que devia ter caído da torre. Senti as náuseas preencherem meu estômago, até que algo me chamou a atenção. Presa entre os dedos da pessoa morta sobre o carro, bem á frente do para-brisa, estava uma arma de grande porte e que devia ter uma ótima mira.

Com uma ideia insana, revirei o carro em busca de algo para me ajudar. Achei as chaves do carro no porta-luvas e uma chave de fenda muito grande com cabo amarelo berrante. Peguei a ferramenta e abri a porta do carro ignorando as perguntas de Kalem, tentando baixar o “espírito guerreiro” dentro de mim. Puxei o zumbi mais próximo pela gola da roupa que ainda lhe restava e enfiei a chave de fenda em sua cabeça. Como a maioria deles estava envolvida demais com o lanche, não foi tão difícil, tirando alguns dentes que quase acertaram meu braço e tudo mais. Logo puxei a arma da mão do que reconheci sendo uma mulher – embora seu rosto já estivesse praticamente todo desfigurado – e voltei para o carro.

Com um suspiro, joguei a chave de fenda suja no chão do banco traseiro e olhei para a prisão pensando no que eu poderia ajudar. Um dos blocos – felizmente um dos que não usávamos – tinha desabado completamente, e os outros tinham enorme buracos. Olhei em volta procurando o que poderia ter causado tudo aquilo e vi numa das torres um homem que manuseava algo muito grande, que parecia um tubo. Um tubo que parecia muito com uma bazuca. E como alguém conseguiria uma bazuca?

Tentando engolir o nó de infelicidade que se formava em minha garganta por estar prestes a atirar em uma pessoa (viva) – mas cheguei á conclusão que a minha família e meus amigos eram mais importantes - , abri a janela apenas o bastante para que o cano da arma passasse e mirei no cara da torre. Teria que acertá-lo com um tiro só, porque se errasse correria um sério risco de ele atirar com aquela coisa enorme no carro e CABUM! eu e meu irmão iríamos pelos ares.

Abri a janela um pouco mais para poder usar a mira da arma e apontei direto na torre, mas o homem se mexia demais, sempre indo de um ponto a outro. Eu precisava que ele ficasse parado. Com uma ideia louca, atirei na torre muitas vezes, apertando o gatilho vezes seguidas e sem hesitar, logo abaixo de onde o homem estava. Ele parou e olhou em volta buscando a origem dos tiros e aproveitei a situação. Mirei em sua cabeça e atirei, e, quando ele caiu, senti minha mãos trêmulas. Tinha matado uma pessoa. E esse foi um erro.

A bazuca, apoiada no ombro do homem e completamente carregada, despencou junto dele da torre e, quando atingiram o chão, a coisa disparou. Direto para a prisão, no bloco ao lado do que usávamos e metade dele desabou direto para o nosso. O lado bom foi que só atingiu uma parte pequena, mas a ruim era que alguém poderia ter morrido.

Um tiro atingiu o vidro da janela bem ao lado da minha cabeça e Kalem pulou assustado ao meu lado.

- Se abaixa. – falei pegando a chave do carro que tinha deixado sobre o painel. Girei-a na ignição e pisei no acelerador, assistindo uma mulher numa torre ser atingida e outros tiros atingirem o carro, e meu irmão se encolhendo cada vez mais.

Peguei a trilha que nos levava á rodovia e, assim que chegamos nela, parei o carro metros á frente no acostamento. De onde estava podia ouvia ouvir os tiros, e seríamos avisados quando aquilo acabasse. Queria voltar e atirar em todos aqueles malditos filhos da mãe – a essa altura minha culpa já tinha passado – que atacaram o lugar que devia ser seguro para nós, mas tinha Kalem e não podia deixá-lo sozinho.

Finalmente dei atenção á dor que continuava e que estava mais forte que nunca. Parecia uma cólica multiplicada por um milhão, como se fossem...

Senti minhas mãos tremerem novamente quando aquilo me veio á cabeça e uma enorme vontade de vomitar me subiu á garganta.

Como se fossem contrações.

Algo se chocou contra o meu lado do carro – que dava para a estada – e o impacto me jogou para o lado, me fazendo cair sobre Kalem. Acho que devia ter me lembrado do cinto de segurança, mas essa não é a primeira coisa na qual pensamos quando estão atirando na gente.

A porta do lado de Kalem se abriu e uma mão forte o tirou de lá. Eu não estava com forças para impedir, mas o desespero cresceu dentro de mim junto com a dor que agora fazia lágrimas rolarem por meu rosto.

Me forcei a levantar e tentei abrir a porta do carro, mas estava completamente retorcida, deixando-a emperrada. Cansada de tudo aquilo, farta de sempre ter uma dificuldade a mais – porque uma já não era o bastante, certo? -, ignorei tudo e juntei toda a raiva e dor que queimava dentro de mim e chutei a porta até ela se abrir com estalos e saí de lá cambaleando.

- Não. Se mexa. – a voz que eu mais odiava no mundo falou e parei assustada, de repente muito alerta.

O Governador mantinha uma faca enorme e brilhante no pescoço de Kalem, que me olhava com seus olhos verdes amendoados, aterrorizados e lacrimejando. O homem deu um sorriso afável, como se fôssemos velhos amigos.

- Agora... Vamos ter uma conversinha.


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Notas finais do capítulo

MUAHAHAHAHAHAHAAHAHAHA! I'm bad! SQN
Então... 9 recomendações... Só mais 3 capitulos pela frente... Que tal mais uma recomendação para fecharmos a fic com 10, hein, hein, hein? ~olhos brilhantes~

Espero que tenham gostado do capitulo,e saibam que a partir de agora as coisas vão começar a esquentar em alguns aspectos e a se resolver em outros!

Mil beijos e até a próxima ♥