A Gaiola de Prata escrita por Débora Falcão


Capítulo 20
Humanos




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Às bordas da floresta que circundava o Forks High School eu parei. Não estava nenhum pouco cansada. E eu estava com ódio. As emoções para um vampiro são intensas, ainda mais para um recém-nascido. E Jacob Black me ferira como ninguém o fizera. Nem mesmo Rilley ao me morder naquele beco.

Ele feriu meu coração. Um coração já morto, mas que insistia em sobreviver.

Eu queria morrer. Mas eu não conseguiria, não assim tão fácil. E eu tinha que me ater aos muros invisíveis do centro da história. Restava esperar pelos recém-nascidos de Victoria, ou pelos Volturi, ao final da chacina. Implorar para que Demetri me matasse. Não, não era necessário implorar. Bastava que eu dissesse ser uma sobrevivente do exército proibido.

Bastava.

Não, não bastava. Eu queria ser o demônio naquele momento. Eu queria trazer horror. Que coisa mais horripilante seria uma chacina na escola de Isabella Swan e a Família Cullen, bem no horário de aulas?

Dali a pouco tempo, amanheceria. Então, começariam a chegar os primeiros alunos, e depois mais e mais, até que o estacionamento ficasse abarrotado de carros, crianças e adolescentes, humanos cheios de sangue fresco e latejante, pronto para mim.

Fiz meus cálculos. Eu poderia, em média, sugar dois pescoços por minuto, se eu fosse suficientemente rápida. Isso assustaria os demais, eles começariam a correr. Então, eu os mataria tão rápido meu ser permitisse, o que me daria mais ou menos quatro crianças por segundo. Seria rápido e indolor para eles. Um preço que teriam que pagar.

O horror das imagens passando pela minha cabeça foi se intensificando. Eu não podia fazer aquilo!

Mas eu ia fazer! Eu estava com ódio, ódio de tudo, ódio de mim!

Foi quando ouvi a voz atrás de minha cabeça. Uma voz musical que eu reconhecia muito bem. Voz de veludo.

"Não faça isso, Lisa."

Eu não me virei para contemplá-lo. Eu não queria ver no espelho de seus olhos o monstro em que eu tinha me transformado. Ele sabia bem o que era isso, ele mesmo pode ver nos olhos de Bella, na primeira vez que se conheceram, a sede de matá-la.

Mas a situação era bem diferente.

E agora, eu queria realizar um capricho.

Um capricho dos demônios, mas apenas um capricho.

Toda a dor que eu carregava não justificava. Era Jacob Black que me ferira, mesmo até sem saber a razão. Ele não fazia idéia do que estava se passando em minha mente.

Edward viu a mudança em meus pensamentos e esperou. Mas eu não me virei.

Ao invés disso, desabei no chão. Se eu pudesse chorar, o estaria fazendo agora. Mas não posso. Não há lágrimas em meus olhos. Apenas soluços presos em minha garganta.

Fui então carregada por braços fortes. Para onde? Apesar de reconhecer o cheiro e o local pela minha alta capacidade de localização, eu não queria saber. Eu daria um braço meu pela inconsciência. Mesmo esse braço voltaria ao seu lugar, tão logo encontrasse meu corpo.

Eu literalmente estava presa. Uma bela gaiola de prata. O ódio não era mais tão forte. Apenas a tristeza.

Então, estava de volta à mansão dos Cullen.


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