A Gaiola de Prata escrita por Débora Falcão


Capítulo 19
O (Re)Encontro




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Voltei o mais rápido que pude para a mansão, mas parei assim que vi a casa. O cheiro era terrível. Eu mal conseguia respirar. Então, imediatamente eu soube o que se passava.

Jacob Black estava na mansão. É claro: para mim, uma vampira, ele cheirava a cachorro molhado. E isso era horrível. Horrível porque o cheiro era muito ruim, horrível porque eu o amava, horrível porque ele não podia me ver.

Planejei desviar e voltar para a mata, mas não consegui. A curiosidade era imensa, eu queria muito saber o que se passava na sala, o que eles estavam falando e, é claro, dar uma espiada nele. Eu estava morrendo de saudades. Já havia mais de dois anos que não o via.

Dei a volta na mansão, silenciosamente. Mesmo assim, eu sabia que os ouvidos da família Cullen e seus instintos saberiam que eu estava lá. Fui até a parede dos fundos, onde havia as janelas-parede de vidro. No mesmo lugar onde Jake havia tido uma impressão comigo, anos atrás (no meu tempo). O momento era o casamento de Bella e Edward.

Aquela lembrança abriu as comportas de meu coração para todas as lembranças e sentimentos que eu havia guardado e escondido. Se meu coração ainda batesse, estaria a ponto de explodir.

Olhei para dentro da sala. Todos estavam lá, com excessão de Edward, que estava com Bella em sua casa. Logo que o dia amanhecesse ele estaria de volta para se vestir e ir à casa dela buscá-la para a escola.

Jasper encontrou meu olhar. Seus olhos eram de um topázio duro. Ele sempre me deixava constrangida. Então, o vi.

Ele estava de costas para o vidro. Os cabelos não estavam mais curtos. Eles agora cresciam e estavam quase nos ombros. Ele falava veementemente.

"O que vocês pensam em fazer?"

"Não sabemos ainda" mentiu Alice. É claro que eles sabiam. Eu já havia passado a carta inteira para eles. "Vamos esperar. Eu ainda não vi nada. Ninguém tomou nenhuma decisão."

"É, mas um vampiro invadiu a casa dela!"

"Mas não aconteceu nada. E agora neste minuto Edward está lá, cuidando dela."

Jacob virou-se de costas para os Cullen, visivelmente irritado. E ficou de frente para mim. E me encarou.

Neste momento, eu tive o maior medo de toda a minha vida. Mais medo do que quando estive prestes a morrer em Volterra. Mais medo de quando estava sendo quebrada por James.

Eu tive medo da rejeição. Ao mesmo tempo, estava morrendo de vontade de ver a reação de Jacob, olhando para mim.

Aquilo era perigoso. "A impressão" eu pensei comigo mesma.

Então, vi seu semblante se enfurecer. Ele saiu da casa como um raio. E veio em minha direção.

Um alvoroço se seguiu dentro da mansão, mas Alice impediu todos de sairem. Jasper estava nervoso e me olhava do vidro.

Jacob chegou perto.

"Uma sugadora de sangue espiando!" ele berrou em minha direção.

Tomei um choque com sua reação. Eu nunca esperei isso dele. Muito menos naquele momento. Jacob estava me xingando?

"Quem é você? Outra sugadora de sangue? Foram eles que te transformaram? Ora, se eles quebraram o acordo!!!" Ele berrava e berrava, e eu tentava esconder meu rosto com meus cabelos, em vão.

"E ainda por cima fede mais do que eles!" Ele gritou.

Aquilo foi demais.

"Jake, por favor!"

"O quê? Você sabe meu nome? QUEM É ESSA SANGUESSUGA?"

"Basta!" Eu gritei.

Então, corri para a floresta. Não rápida o bastante para não ouvir Alice brigar com ele, dizendo que ele fizera a maior besteira de sua vida.

Se eu pudesse chorar, estaria aos prantos. Então, tomei uma decisão.

Não havia volta para mim. Eu não voltaria a Londres, não daquela maneira. Eu não teria coragem de voltar e mudar tudo, impedir de ser transformada. Chega. E eu era uma vampira agora. Não duraria muito tempo, por causa dos muros invisíveis. Dali a seis meses, Edward e Bella se casariam e viajariam em lua de mel, e eu me deixaria arrastar desta vez. Morreria.

Se Jacob Black não me queria, se ele me odiava, se me detestava, nada mais importava. Eu já estava num abismo de depressão e aquilo desencadeou o processo.

Então, que eu fosse pro inferno de vez. Que eu fosse um monstro.

Eu corria a toda a velocidade em direção à cidade.

Eu precisava saciar a minha raiva e minha sede.

Desta vez, eu seria uma predadora implacável. Na cidade, não na floresta.


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