Depois daquela noite em que a Bells me chamou as coisas ficaram piores com os membros da matilha. Sam e eu falávamos apenas o necessário um com o outro, os outros, ao perceberem meu comportamento começaram a me recriminar. Principalmente minha insistência em querer alguém que não era para mim, que estava se preparando para casar com outro, cheguei mesmo a ser comparado com Leah, o que deixou a nós dois muito irritados e em nada melhorou minha relação com a desequilibrada.

A única parte boa nisso tudo foi que voltei  a patrulhar com Seth, pois nenhum deles me aturava mais. O lobinho não reclamava de minhas lembranças e era o único que ainda gostava de Bella, entretanto teve uma hora em que ele também falou que estava cheio de ficar vendo Bells em minha cabeça, principalmente aquele beijo.

 - Isso parece um cd arranhado que fica repetindo a mesma coisa! – me falou uma noite e ameacei devolve-lo para Paul, o assunto então, morreu por ali, com a cara de poucos amigos ele se deitou sobre a grama macia e ficou calado o restante do tempo.

Há alguns dias Charlie passou lá em casa e falou sobre os preparativos para a formatura de Bella e que dera um presente para ela, um cão, sorri ao ouvir isso, fiquei imaginando a desastrada cuidando de um cachorro.

 – Deve estar passando o maior trabalho! – pensei, e imediatamente achei que isso poderia servir como desculpa para procurá-la, mas não, não faria,  me dera um prazo e por mais que estivesse sendo difícil ficar longe, precisava cumpri-lo.

 Era bom demais saber dela depois de tantos dias, ouvi cada palavra, cada mínimo detalhe sedento por saber se ela sentia minha falta como sinto a dela, mas Charlie não falou nada sobre isso me deixando irritado e muito decepcionado. Tive vontade de perguntar se Bells não perguntava por mim, mas não falei nada, escrevi um bilhete que não entreguei, Billy me olhava muito sério, parece que adivinhou minha intenção, ele recriminava meu comportamento e assumira definitivamente posição contrária a minha ralação com Bella.

Isso pouco me importava, já passara por tantas situações, já lutara com vampiros e Paul por ela, enfrentar meu pai e o resto da matilha não seria problema algum e eles sabem disso muito bem.

Mas meu pior inimigo com certeza era o tempo, os dias passavam acelerados e o prazo que me dera chegava ao fim, o nervosismo aumentava a medida que ele se esgotava, então, numa tarde gelada, em que precisava urgentemente de ar, esfriar a cabeça, escapar do olhar recriminador de Billy saí para a praia, ficar olhando o mar e colocar meus pensamentos em ordem, lembrar mais uma vez nossos passeios, nosso beijo, nossos momentos juntos.

Estava sentado já algum tempo sobre o tronco, o vento frio me obrigava a quase fechar os olhos, mas não importunava, não estava olhando para a paisagem estava perdido em minhas lembranças. Foi quando ouvi som de passos vacilantes, de uma respiração agitada e logo depois um latido. Me virei e a vi, lá estava a visão que desejava ter tido todos aqueles dias, meu primeiro impulso foi o de correr até onde ela estava, mas tive receio do que Bells viera me falar, ela também parecia esperar alguma coisa, enfiei as mãos nos bolsos tentando me conter, segurar o ímpeto de tê-la em meus braços e a apertar contra mim matando finalmente a saudade que me consumia.

Um novo latido mais próximo e só então percebi o cão de pêlo avermelhado que me olhava ameaçador. Me acoquei e encarei o bicho, ele latiu e eu rosnei mostrando a ele quem mandava, Bella que já estava bem perto me olhou assustada, provavelmente pensou que eu iria matar seu cão, então ele pulou em mim, querendo brincar, peguei-o no colo acariciando sua cabeça, ela sorriu e seu coração bateu apressado, permaneci sério tentando decifrar o que aquela visita significava.

- Vejo que você me substituiu bem. - disse depois de perceber o tom avermelhado do pêlo do cão.

Ela entendeu o que eu quis dizer e mencionou o fato dele ser um bom amigo, mas que era ciumento. Acariciei o pelo dele e encarando-a garanti que ele não se importava em dividi-la comigo.

Ela voltou a sorrir, só que eu ainda não estava seguro o suficiente, me mantive distante sem conseguir respirar a espera do que ela diria a seguir.

- Senti sua falta! Sinto muito não ter ligado nem... – era tudo o que queria ouvir, que ela também sentiu a minha falta, mas ainda assim, me segurei mantendo firme minha expressão, interrompendo suas desculpas falei:

- Nós decidimos que era melhor assim lembra?

Esperava que ela lembrasse, aquela não tinha sido uma conversa fácil.

- Amigos! – falei desejando que aquela palavra doesse tanto nela quando dói em mim e ela me veio com uma frase irritante:

- Senti falta do meu amigo. – seu tom era meigo, mas fui invadido por uma raiva incontrolável, - Foi para isso que ela voltou? Para reforçar que sou seu amigo? Tentei demonstrar ainda mais frieza em meu comentário:

- Senti sua falta também. Mas isso já não importa mais.

O cão se moveu e tentei prestar atenção a ele, era difícil, não conseguiria me controlar por muito tempo, ouvi o coração dela disparar, a respiração vacilar, um soluço contido travado na garganta, não consegui levar aquilo adiante, e sem  me conter deixei que ela visse como me sentia, levantei o rosto e vi o dela molhado pelas lágrimas, foi muito rápido e nossos corpos estavam juntos outra vez, abraçados, o cão reclamou e o larguei no chão sem soltar minha outra mão da cintura de Bella, abracei-a escondendo meu rosto no pescoço dela, entre seus cabelos sedosos, sentindo seu aroma suave, sua pele macia e delicada que eu amo tanto.

Ela chorou agarrada a mim, a mantive ali, apertando-a contra o meu corpo,  não desejava soltá-la mais, lentamente Bella se acalmou e calados, sentamos juntos no tronco onde eu estivera sozinho pensando nela, ainda  abraçados, naquele instante tudo que eu queria era aproveitar ao máximo aquele momento, ultimamente eles eram raros e poderiam não acontecer mais.

O cão corria na areia, brincando e olhava para Bella o tempo todo como se estivesse a espera da aprovação dela para o que ele fazia.

Ela estava calada, mas mais tranqüila, parecia não querer falar, o corpo totalmente relaxado colado ao meu, podia ouvir seu coração pulsar e sua respiração suave, sentira muita falta disso e então lembrei do casamento, por mais que saber desse assunto me torturasse, precisava saber.

- Quando será?

A voz dela saiu distraída.

- O que?

Aquela palavra quase não passou pela minha garganta e quando saiu  não era mais do que um sussurro.

- O casamento.

O corpo dela estremeceu antes de responder:

- Depois da formatura...

Depois da formatura? Como assim? Tão perto? Apertei-a contra meu corpo o máximo que pude e ela entrelaçou nossos dedos confirmando que  para ela isso também não estava sendo fácil.

 - Mas ela vai casar porque quer, ninguém a está obrigando. - pensei irritado em como ela se deixava levar assim, sem reservas,  mesmo com  dúvidas, mesmo sabendo que me amava.

Porém, quando ela demonstrava essas duvidas me dava  incentivos para fazer alguma coisa que pudesse pôr  fim a essa idiotice de casamento, principalmente porque sabia que o tempo estava correndo contra mim então falei:

- Não quero ficar longe de você. – fui sincero esperando que ela tivesse a mesma vontade, assim seria mais fácil lutar.

- Nem eu... - ela suspirou e mencionou aquele maldito dia quando nos despedimos, em que me disse que seria difícil ser minha amiga sabendo como me amava, se fechasse os olhos veria seu rosto falando exatamente essas palavras. Soltei um suspiro doído enquanto ela reduzia a distância entre nós apertando mais meu braço contra o corpo dela continuando:

- Entendi o que você fez aquele dia, me deu a oportunidade de escolher sem ficar pressionada...

Quando ela disse isso não pude deixar de reclamar:

- E você escolheu o sanguessuga.

Ela voltou a falar algo que eu não queria mais ouvir:

- Eu o amo!

- Mas me ama também! –  não a deixaria esquecer isso e ela me irritou mais uma vez falando sobre coisas que eu não queria mais ouvir.

- É, mas esse nosso amor tem os dias contados. – aquilo foi a gota d’agua, fiquei em pé lamentando estar ouvindo isso da boca dela também, não conseguia esquecer esse maldito fato, ninguém permitia, agora até Bella falava nisso!

Observei seu rosto e vi que ela estava decepcionada com a minha reação e se sentindo culpada mais uma vez, tive que esclarecer que qualquer coisa eu agüentava, menos ficar longe dela.

Ela respirou fundo como se o ar lhe faltasse antes de continuar:

- Lembra quando você me contou todas aquelas lendas?- claro que eu lembro, tive vontade de falar, mas não disse.

- Elas são reais Jake. ... – ela dizia isso para mim? Eu as vivia, tinha a certeza de que eram reais. Ela continuou e tocou na pior delas – Inclusive e principalmente o imprinting...- voltou a respirar como se estivesse com falta de ar. –  você sabe disso melhor do que eu... e... e se eu me entregar a esse am... sentimento? O que será de mim quando você... – ouvi um soluço travar sua voz.

Ela dissera mesmo isso? Bells tinha medo de ser abandonada por mim? Eu precisava garantir que não seria assim.

- Isso nunca vai acontecer! – falei o mais firme possível  percebendo sua respiração vacilar, ela me olhou esperançosa, mas quando falou mostrou que ainda não se convencera de que poderíamos mudar isso.

 - Isso não está nas suas mãos. – falou  baixinho.

- Eu não quero que aconteça! – gritei enfurecido.

- Tenho certeza que Sam também pensava assim. – ao ouvi-la falar isso, soltei um berro que estava trancado no meu peito desde o inicio desta conversa, o cão dela se assustou, não estava nem aí. – Droga! – pensei – Eu já conseguira o mais difícil, fazê-la me amar, fazê-la entender e ver que me amava e agora seria vencido por isso?

Ela continuou dura, mas com a voz embargada - Bella sofre tanto quanto eu. – pensei, e isso me consolava em parte. Ao mesmo tempo em que pensava não ser necessário tanto sofrimento se ela fizesse o que o coração dela pedia.

- Tudo o que você sente por mim será apagado. E eu? Como ficarei? – falou engasgada pelas lágrimas que ameaçavam voltar.

Parei de caminhar e fechei os olhos lembrando de Leah, de seu sofrimento, toda a sua amargura, sua dor tão profunda e vi Bella, a minha Bella vivendo a mesma coisa. Não suportaria ser o causador desse sofrimento. E uma luz surgiu em minha mente, uma pergunta se formou e tive de fazê-la, esperando que ela respondesse sendo  sincera.

 - Foi por isso? Por isso você escolheu ele?